5a SEMANA DO TEMPO COMUM

I Semana do Saltério

QUINTA-FEIRA

Ofícios das Leituras

Primeira leitura
Do Livro do Gênesis 44,1-20.30-34

José e Benjamin

1José disse a seu intendente: “Enche de mantimento as sacas desses homens, quanto puderem levar, e põe o dinheiro de cada um na boca de sua saca. 2Minha taça, a de prata, tu a porás na boca da saca do mais novo, junto com o dinheiro de seu mantimento.” E assim ele fez.
3
Quando amanheceu, foram despedidos os homens com seus jumentos. 4Eles tinham apenas saído da cidade e não iam longe, quando José disse a seu intendente: “Levanta! Corre atrás desses homens, alcança-os e dize-lhes: ‘Por que pagastes o bem com o mal? 5Não é o que serve a meu senhor para beber e também para ler os presságios? Procedestes mal no que fizestes!’”
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Ele os alcançou, pois, e lhes disse essas palavras. 7Mas eles responderam: “Por que, meu senhor, falas assim? Longe de teus servos fazerem semelhante coisa! 8Vê: o dinheiro que tínhamos encontrado na boca de nossas sacas de trigo, tornamos a trazê-lo da terra de Canaã. Como teríamos nós roubado, da casa de teu senhor, prata ou ouro? 9Aquele de teus servos com quem se encontrar o objeto será morto e nós mesmos nos tornaremos escravos de meu senhor.” 10Ele retomou: “Que seja como dissestes: aquele com quem se encontrar o objeto será meu escravo, e os demais estareis livres.” 11Depressa, cada qual pôs no chão sua saca de trigo e a abriu. 12Ele os examinou, começando pelo mais velho e terminando pelo mais novo, e a taça foi encontrada na saca de Benjamim! 13Então eles rasgaram suas roupas, carregou cada qual o seu jumento e voltaram à cidade.
14Quando Judá e seus irmãos entraram na casa de José, este ainda estava ali, e eles prostraram-se por terra diante dele. 15José lhes perguntou: “Que é isso que fizestes? Não sabíeis que um homem como eu sabe adivinhar?” 16E Judá respondeu: “Que diremos a meu senhor, como falar e como justificar-nos? Foi Deus quem mostrou a falta de teus servos. Eis-nos, pois, escravos de meu senhor, tanto nós quanto aquele nas mãos de quem se encontrou a taça.” 17Mas ele retrucou: “Longe de mim agir assim! O homem nas mãos de quem se encontrou a taça será meu escravo; mas vós, retornai em paz à casa de vosso pai.”
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Então Judá, aproximando-se dele, disse: “Rogo-te, meu senhor, permite que teu servo faça ouvir uma palavra aos ouvidos de meu senhor, sem que tua cólera se inflame contra teu servo, pois tu és como o próprio Faraó! 19Meu senhor havia feito esta pergunta a seus servos: ‘Tendes ainda pai ou um irmão?’ 20E respondemos a meu senhor: ‘Nós temos o velho pai e um irmão mais novo, que lhe nasceu na velhice; morreu o irmão deste, ele ficou sendo o único filho de sua mãe e nosso pai o ama!’
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Agora, se eu chego à casa de teu servo, meu pai, sem que esteja comigo o rapaz cuja alma está ligada à alma dele, 31logo que vir que o rapaz não está conosco ele morrerá, e teus servos na aflição terão feito descer ao Xeol as cãs de teu servo, nosso pai. 32E teu servo se tornou responsável pelo rapaz junto de meu pai, nestes termos: ‘Se eu não to restituir, serei culpado para com meu pai durante toda a minha vida’. 33Agora, que teu servo fique como escravo de meu senhor no lugar do rapaz, e que este volte com seus irmãos. 34Como poderia eu retornar à casa de meu pai sem ter comigo o rapaz? Não quero ver a infelicidade que se abaterá sobre meu pai.”

Responsório Cf. Gn 43,29.30
R. É este, disse ele, vosso irmão mais novo do qual me falastes?
Que Deus te faça misericórdia, meu filho!
*
E retirou-se precipitadamente,
porque suas entranhas se tinham comovido por causa de seu irmão,
e tinha vontade de chorar;
entrou em seu quarto e deu livre curso às lágrimas.
V.
Levantando os olhos, José viu Benjamim,
seu irmão, filho de sua mãe.
*
E retirou-se.

Segunda leitura
Das “Homilias” atribuídas a São Macário, bispo
(28ª)
(Séc. IV)


A alma em que não habita Deus é infeliz

Deus, outrora, irritado contra os judeus, entregou Jerusalém à mercê dos seus inimigos. Foram, assim, dominados por aqueles que odiavam, e não puderam celebrar mais festas nem oferecer sacrifícios. Da mesma forma, o Senhor, irado contra as almas, por terem transgredido os seus mandamentos, entrega-as aos inimigos que, após seduzi-las, as levam à completa devastação.
Uma casa já não habitada pelo dono fica fechada na escuridão, entrando em decadência e se enchendo de poeira e imundície. O mesmo acontece com a alma quando é privada de seu Senhor: a princípio, iluminada pela Sua presença e pelo júbilo dos anjos; depois, mergulha nas trevas do pecado, de sentimentos vergonhosos e de completa infâmia. Ai da estrada por onde ninguém passa nem se ouve voz de homem! Ela acaba sendo a toca favorita de todo tipo de fera. Ai da alma na qual não caminha o Senhor, afastando, com Sua voz, as feras espirituais da maldade! Ai da terra sem o lavrador que a cultiva! Ai do navio sem o timoneiro! Sacudido pelas ondas e tempestades do mar, afundará. Ai da alma que não tiver em si o verdadeiro timoneiro, o Cristo! Coberta pela escuridão de um mar tempestuoso e sacudida pelas ondas das paixões, abalada pelos maus espíritos como em tempestade de inverno, encontrará miseravelmente a ruína. Ai da alma se lhe falta Cristo, o único que pode cultivá- la com diligência, para que nela possam germinar os bons frutos do Espírito! De fato, após o abandono, será coberta por espinhos e abrolhos e, ao invés de produzir frutos, terminará em queimada.
Ai da alma que não tiver Cristo em si! Abandonada, começará a ser um terreno fértil para as paixões e virará moradia dos vícios. O agricultor, quando se prepara para trabalhar a terra, escolhe as ferramentas adequadas e veste a roupa apropriada para o trabalho. Assim, também Cristo, o Rei celeste e verdadeiro agricultor, ao vir à humanidade devastada pelo pecado, assumiu um corpo humano e carregando, como instrumento de trabalho, a cruz, lavrou a alma árida e sem cultivo, arrancou-lhe os espinhos e abrolhos dos maus espíritos, extirpou o joio do pecado e lançou ao fogo toda a palha de suas culpas. Tendo-a assim lavrado com o lenho da cruz, nela plantou o maravilhoso jardim do Espírito, que produz toda espécie de frutos deliciosos e agradáveis a Deus, seu Senhor.

Responsório Jo 15,1.5.9
R. Eu sou a videira verdadeira, vós sois as varas.
*
Quem permanece em mim e eu nele,
esse dá muito fruto.
V.
Como o Pai me amou,
assim também eu vos amei.
*
Quem permanece.

Oração

Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.