QUARTA-FEIRA
Ofício das Leituras
Primeira leitura
Da Carta de São Tiago
3,13-18
A verdadeira e a falsa sabedoria
Irmãos, 13quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre
pelo seu bom comportamento as suas obras repassadas de
docilidade e sabedoria. 14Mas, se tendes inveja amarga e
preocupações egoísticas no vosso coração, não vos orgulheis
nem mintais contra a verdade, 15porque esta sabedoria não
vem do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca. 16Com
efeito, onde há inveja e preocupação egoística, aí estão as
desordens e toda sorte de más ações. 17Por outra parte, a
sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois
pacífica, indulgente, conciliadora, cheia de misericórdia e
de bons frutos, isenta de parcialidade e de hipocrisia. 18Um
fruto de justiça é semeado pacificamente para aqueles que
promovem a paz.
Responsório
Tg 3,17.18; Mt 5,9
R. A sabedoria que vem de cima, é primeiramente pura,
depois pacífica, condescendente, conciliadora, cheia de
misericórdia.
* O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que
praticam a paz.
V. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados
filhos de Deus!
* O fruto da justiça.
Segunda leitura
Dos “Discursos” de São Leão Magno, papa
(Disc. 16,1-2)
(Séc. V)
O maior prêmio será Deus,
que é a essência do próprio mandamento.
A sublimidade da graça de Deus, meus diletos, opera
diariamente nos corações dos cristãos e permite que todos
os nossos desejos desprendam-se aos poucos das coisas
terrenas e orientem-se para o céu. Também a vida terrena,
contudo, é dirigida pela obra do Criador e amparada por
sua providência: Ele não apenas promete bens eternos, mas
também oferece aqueles efêmeros. Então, assim como devemos dar graças a Deus pela esperança da felicidade eterna,
que nós buscamos através da fé, e que nos faz pregustar
o que Ele preparou para nós, da mesma forma devemos
agradecer e louvá-lo por todos os bens que nos oferece na
sucessão das estações. Desde o começo da criação, Ele deu
fertilidade à terra e dispôs, por meio de leis muito precisas,
a produção de cada germe e cada semente, e nada daquilo
que criou jamais falha, e tudo revela a proveitosa presença
da obra do Criador. Tudo que campos, vinhedos e olivais
produzem em benefício dos homens, é-nos oferecido com
generosidade pela divina providência, que, com a sucessão
alternada dos elementos naturais, apoia as incertezas do
trabalho dos agricultores; de modo que ventos e chuvas,
frio e calor, luz e trevas, tudo é preordenado para nossa
utilidade. A razão humana não seria suficiente para levar a
cabo a Sua obra, se as normais semeaduras e irrigações não
fossem incrementadas pela poderosa ação do Senhor.
Então, é dever de caridade e de justiça que também nós
ajudemos os outros com os mesmos dons que o Pai Celestial
nos ofereceu com tamanha misericórdia. Enorme é o número daqueles que não possuem campos, vinhedos e olivais:
devemos ir ao encontro deles, tomando da abundância que
o Senhor nos doou, de modo que também eles bendigam
conosco o Senhor pela fecundidade da terra, e alegrando-nos com o fato de que, aos que a possuem, foi dado o que
se tornou bem comum também dos pobres e dos peregrinos.
Abençoados e dignos de ser multiplicados são aqueles
celeiros que saciam a fome dos pobres e dos necessitados,
que aliviam as necessidades dos peregrinos e satisfazem os
desejos dos enfermos. A justiça de Deus permite que todos
eles se lamentem sob o peso de vários sofrimentos para,
depois, recompensar a paciência dos sofredores e a caridade
de quem usou de misericórdia com eles.
Os meios mais eficazes pra obter o perdão dos pecados
são, precisamente, a esmola e o jejum; e a oração, elevada
através de tais obras, alcança imediatamente as orelhas
divinas. Está escrito, de fato: O homem liberal faz bem a si
próprio (Pv 11,17) e nada nos pertence mais do que aquilo
que oferecemos ao próximo. Os bens efêmeros que doamos
aos necessitados entram no tesouro do céu, e o tesouro que
se acumula com tal caridade não diminui nem se perde
sem motivo. Bem-aventurados os misericordiosos, porque
alcançarão misericórdia (Mt 5,7) e o próprio Deus será o
seu maior prêmio, Ele que é a essência do mandamento.
Responsório
Lc 16,9; Tb 4,11;12,9
R. E eu vos digo:
* Fazei-vos amigos com a riqueza, para que, no dia em que
vos faltará,
eles vos recebam nos tabernáculos eternos.
V. A esmola livra da morte: ela apaga os pecados;
preserva
a alma de cair nas trevas.
* Fazei-vos amigos com a riqueza.
Oração
Ó Deus, cuja providência jamais falha, nós vos suplicamos
humildemente: afastai de nós o que é nocivo, e concedei-nos tudo o que
for útil. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.