6a SEMANA DO TEMPO COMUM

II Semana do Saltério

QUARTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro dos Provérbios 9,1-18

Sabedoria e insensatez
1A Sabedoria construiu sua casa, levantou sete colunas. 2Imolou suas vítimas, misturou o vinho e preparou a sua mesa. 3Enviou as empregadas para proclamarem, dos pontos mais altos da cidade: 4"Quem for simples, venha a mim! Ao ignorante ela diz: 5"Vinde todos comer do meu pão e beber do vinho que misturei! 6Deixai a ingenuidade e tereis vida plena! Segui o caminho do entendimento! 7Quem corrige o zombador obtém insultos, quem repreende o ímpio atrai desonra. 8Não repreendas o zombador, porque te odiará: repreende o sábio e ele te agradecerá. 9Dá conselhos ao sábio, e ele será mais sábio, ensina o justo, e aprenderá ainda mais. 10O começo da sabedoria é o temor do Senhor, e o conhecimento do Santo é prudência. 11Por mim se prolongarão os teus dias, e teus anos serão multiplicados. 12Se fores sábio, o serás para teu proveito; se te tornas enganador, somente tu o pagarás.13A senhora Loucura é agitada, é ingênua, nada conhece.14Senta-se à porta da sua casa, num assento que domina a cidade, 15para chamar os que passam na rua e os que seguem o seu caminho: 16"Quem for simples, venha a mim! Ao ignorante ela diz: 17"A água roubada é mais doce, o pão escondido é mais saboroso. 18E não sabem que em sua casa estão as sombras, e seus convidados, no fundo do inferno!

Responsório Cf. Lc 14,16-17; Pr 9,5
R. Certo homem deu uma ceia e a muitos convidou.
Chegando a hora do jantar, mandou seu servo avisar
que viessem os convidados, dizendo a cada um:
* Vinde, tudo já está pronto!
V. O meu pão, vinde comer, bebei meu vinho misturado.
* Vinde, tudo.

Segunda leitura
Do Comentário sobre o Livro dos Provérbios, de Procópio de Gaza, bispo

(Cap. 9: PG 87-1,1299-1303)
(Séc. VI)

A Sabedoria de Deus misturou o vinho e pôs a mesa para nós
A Sabedoria construiu para si uma casa. O poder por si subsistente de nosso Deus e Pai preparou para si próprio uma casa: o universo onde ele habita por sua virtude. No universo colocou também o homem que ele criou à sua imagem e semelhança, composto de natureza visível e invisível.

Ergueu, então, sete colunas. O Espírito Santo deu os seus sete dons ao homem depois de criado e conformado a Cristo, para que cresse em Cristo e observasse seus mandamentos. Por estes dons, o homem espiritual chega à perfeição e se fortalece, pelo enraizamento na fé, na participação da vida sobrenatural. Sua fortaleza é dinamizada pela ciência, enquanto que sua ciência se manifesta pela fortaleza.

Assim, a natural nobreza do espírito humano é elevada pelo dom da fortaleza, e predisposta a procurar com fervor e a desejar inteiramente as vontades divinas, pelas quais tudo foi criado. Pelo dom do conselho, torna-se capaz de distinguir, entre o que é falso e as santíssimas vontades de Deus, incriadas e imortais. Deste modo tornamo-nos capazes de as meditar, ensinar e cumprir. Pelo dom da prudência, enfim, somos levados a aprovar e aceitar estas mesmas vontades e não outras. Estas três virtudes exaltam o natural esplendor do espírito.

Misturou em sua taça o vinho e preparou a mesa. Neste homem, em quem, como em uma taça, mesclam-se a natureza espiritual e a corpórea, Deus uniu à ciência das coisas o conhecimento dele próprio como o criador de tudo. Este dom da inteligência, tal qual o vinho, faz o homem embriagar-se de tudo quanto se refere a Deus. Sendo assim, graças a ele, que é o pão celeste, nutrindo as almas pela virtude e inebriando e deleitando pela doutrina, a Sabedoria dispõe tudo como as iguarias do celeste banquete para os que dele desejam participar.

Enviou os seus servos, chamando-os em alta voz à sua mesa, dizendo. Enviou os apóstolos, a serviço de sua divina vontade na proclamação do Evangelho, que provindo do Espírito está acima de toda a lei, quer escrita, quer natural, a fim de chamar todos a si. Nele próprio, como numa taça, mediante o mistério da encarnação, fez-se a mistura admirável das naturezas divina e humana, de maneira pessoal, isto é hipostática, sem confusão. Enfim, pelos apóstolos ele proclama: Quem é insensato, venha a mim. Quem é insensato, porque julga em seu coração que Deus não existe, abandone a impiedade, venha a mim pela fé, e saiba que sou eu o criador de tudo e Senhor.

Aos carentes de sabedoria ele diz: Vinde, comei comigo o meu pão e bebei o vinho que misturei para vós. Tanto àqueles que não têm obras da fé quanto aos mais perfeitos em sua doutrina ele chama: "Vinde, comei o meu corpo que à semelhança do pão dos fortes vos nutre; e bebei o meu sangue, que como vinho de doutrina celeste vos deleita e conduz à deificação; pois de modo admirável misturei o sangue à divindade para vossa salvação".

Responsório Pr 9,1-2b; Jo 6,56
R. A sabedoria construiu a sua casa,
lavrou as suas sete colunas.
* Pôs a mesa com seu vinho misturado.
V. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue,
em mim permanece e eu fico nele. * Pôs a mesa.

Oração

Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.