Do Livro do Profeta Oseias
9,1-14
Tristezas do exílio
1Não te alegres, Israel:
não exultes como os povos!
Porque tu te prostituíste longe de teu Deus,
amaste o salário de prostituta em todas as eiras de trigo.
2A eira e o lagar não os alimentarão
e o mosto os enganará.
3Eles não habitarão na terra do Senhor.
Efraim voltará ao Egito,
na Assíria comerão coisas impuras.
4Não derramarão vinho em libação ao Senhor
e não lhe oferecerão os seus sacrifícios.
Será para eles como o pão de luto,
todos os que o comerem se tornarão impuros.
Porque o seu pão chegará apenas para o seu sustento,
mas não entrará na Casa do Senhor.
5Que fareis para o dia da assembleia
e para o dia da festa do Senhor?
6Pois eis que eles fugiram por causa da devastação!
O Egito os reunirá, Mênfis os sepultará,
seus objetos preciosos de prata, a erva daninha os herdará,
espinhos estarão em suas tendas.
7Chegaram os dias do castigo,
chegaram os dias da retribuição.
Que Israel o saiba!
- O profeta é tolo, o inspirado é louco!
- Por causa da gravidade de tua falta,
grande é a hostilidade.
8O atalaia de Efraim junto ao meu Deus é o profeta,
uma rede está estendida em todos os seus caminhos,
há hostilidade na Casa de seu Deus.
9Eles agiram de modo profundamente corrupto,
como nos dias de Gabaá.
Ele se lembrará da falta deles e castigará os seus pecados.
10Como uvas no deserto, assim eu encontrei Israel,
como um fruto em uma figueira nova,
assim eu vi os vossos pais.
Eles, porém, logo que chegaram a Baalfegor,
consagraram-se à Vergonha
e tornaram-se tão abomináveis
como o objeto de seu amor!
11Efraim é como um pássaro, a sua glória voará:
não há mais nascimento, não há mais gravidez,
não há mais concepção.
12Ainda que eles criem seus filhos,
eu os privarei deles antes que se tornem adultos.
Sim, ai deles, quando eu me afastar deles!
13Efraim, quando eu o vi,
era como Tiro, plantado em um prado;
contudo, Efraim deverá entregar os seus filhos ao carrasco.
14Dá-lhes, Senhor... Que darás?
Dá-lhes entranhas estéreis e seios secos.
Responsório Sl 59(60),3.13; Os 9,7
R. Ó Deus, tu nos rejeitaste e nos dispersaste,
estavas irado:
volta a nós!
* Concede-nos socorro na opressão,
pois a salvação humana
é inútil.
V. Chegaram os dias do castigo,
chegaram os dias da retribuição.
* Concede-nos socorro.
Do “Comentário sobre o profeta Isaías”, de São Cirilo de
Alexandria, bispo
(Liv. 2, t. 5)
Bendito o homem que espera em Deus
Com extraordinária insensatez, o povo judeu pensou
que jamais cairia nas mãos dos inimigos, e que estes, por
sua vez, não poderiam atingi-lo; acreditava levar uma vida
pacífica, sem tribulações; ainda que houvesse ofendido a
Deus e chegado ao mais alto grau de impiedade. Pois que
se prostraram diante dos ídolos e erigiram altares e templos
sob os carvalhos e álamos, fizeram sacrifícios aos deuses
vãos e ofereceram-lhes libações, desprezando, assim, a
glória devida ao Deus santíssimo.
Diz o Senhor aos habitantes de Jerusalém pela boca do
profeta Jeremias: “Não confieis nestas palavras mentirosas: ‘É o Templo do Senhor, é o Templo do Senhor!’ Só se
endireitardes mesmo vosso caminho, vosso modo de agir;
só então vos farei repousar neste lugar” (cf. Jr 7,4-6). Os
exorta também por meio do profeta Miqueias, dizendo:
“Seus chefes dão sentença a troco de uma propina, seus
sacerdotes instruem em vista do lucro, seus profetas adivinham por dinheiro. E é no Senhor que se apoiam dizendo:
‘O Senhor está no meio de nós, nada de mal nos poderá
acontecer!’ Por isso, por vossa culpa, Sião será como terreno arado, Jerusalém, um montão de ruínas, a montanha
do Templo, um morro no cerrado” (Mq 3,11-12).
Indica assim a devastação ocorrida no tempo de Jeconias
e repreende os Israelitas, os quais, encontrando-se já em
meio ao mal, e envoltos em gravíssimas e contínuas calamidades, não fizeram aquilo que sua condição exigia para
alcançar a benevolência celeste. De fato, deveriam chorar
e implorar, ir até a casa de Deus, aderir à penitência e pedir
que fosse esquecida a culpa daqueles que se desviaram;
implorando a intervenção Daquele que podia salvar.
O Senhor os ensinava por meio do santo profeta Joel:
“Revesti-vos de sacos, sacerdotes, e batei no peito! Lamentai-vos, ministros do altar! Vinde, passai a noite vestidos
de saco, servos de meu Deus! Publicai o jejum, convocai a
assembleia, reuni os anciãos e toda a população no templo
do Senhor, vosso Deus, e clamai ao Senhor: Ai, que dia!”
(Jl 1,13-15). Dessa forma era necessário proceder a fim
de que se aplacasse a ira Daquele que pode salvar. Mas ao
invés, soberbos e inchados de si mesmos, não pensaram
dever fazer essas coisas, e voltaram seu olhar para os lugares
altos; contrariamente aos ritos de seus pais e da cidade de
sua origem. Via-se luto por toda parte e gritos de mulheres e
crianças abatidas pela fome e pela sede. De fato, é inevitável
que aconteçam essas coisas em uma cidade sitiada.
Seria necessário chorar para obter o arrependimento,
que derramassem lágrimas diante de Deus. Eis, diz, antes
de iniciar a batalha, antes de apunhalar as espadas, antes
de colocar-se diante do confronto, a cidade ficará repleta
de cadáveres. Por isso, é útil e necessário à salvação que
quem está em condição de aplacar a Deus Salvador com
essas coisas o faça segundo a tradição, ainda que se encontre
em grave dificuldade. É como canta Davi: “Ó Senhor dos
exércitos, feliz o homem que em vós confia” (Sl 83,13).
Responsório Cf. Sl 105(106),47.4
R. Salva-nos, Senhor nosso Deus,
e congrega-nos dentre
as nações,
* Para que celebremos teu santo nome,
felicitando-nos com
teu louvor!
V. Lembra-te de nós, Senhor, por amor do teu povo,
visita-
nos com a tua salvação. * Para que.