Do Segundo Livro dos Reis
22,8.10-23,4.21-23
Descoberta do livro da Lei.
Renovação da aliança e celebração da Páscoa
22,8O sumo sacerdote Helcias disse ao secretário Safã:
“Achei o livro da Lei no Templo do Senhor.” Helcias deu o
livro a Safã, que o leu. 10Depois o secretário Safã anunciou
ao rei : “O sacerdote Helcias deu-me um livro”, e Safã leuo diante do rei.
11Ao ouvir as palavras contidas no livro da Lei, o rei
rasgou as vestes. 12Ordenou ao sacerdote Helcias, a Aicam,
filho de Safã, a Acobor, filho de Micas, ao secretário de
Safã e a Asaías, ministro do rei: 13Ide consultar o Senhor
por mim, pelo povo e por todo Judá a respeito das palavras
deste livro que acaba de ser encontrado. Grande deve ser
a ira do Senhor, que se inflamou contra nós porque nossos
pais não obedeceram às palavras deste livro, praticando
tudo o que nele está escrito para nós.”
14O sacerdote Helcias, Aicam, Acobor, Safã e Asaías
foram ter com a profetisa Hulda, mulher de Selum, filho de
Tícua, filho de Haraas, guarda dos vestiários; ela morava em
Jerusalém, na cidade nova. Expuseram-lhe a questão 15e ela
lhes respondeu: “Assim fala o Senhor, Deus de Israel. Dizei
ao homem que vos enviou a mim: 16‘Assim fala o Senhor:
Eis que estou para fazer cair a desgraça sobre este lugar e
sobre os seus habitantes, tudo o que diz o livro que o rei de
Judá acaba de ler, 17porque me abandonaram e sacrificaram
a outros deuses para me irritar com suas ações. Minha ira
se inflamou contra esse lugar e ela não se aplacará.’ 18E direis ao rei de Judá que vos enviou para consultar o Senhor:
“Assim fala o Senhor, Deus de Israel: As palavras que
ouviste... 19Mas porque teu coração se comoveu e te humilhaste diante de Deus, ouvindo as palavras que pronunciei
contra este lugar e seus habitantes, que se tornarão objeto
de espanto e de maldição, e porque rasgaste as suas vestes
e choraste diante de mim, eu também te ouvi, oráculo do
Senhor. 20Por isso te reunirei a teus pais, serás deposto em
paz nos vossos sepulcros, e teus olhos não verão todos os
males que vou mandar sobre este lugar.” Eles levaram ao
rei essa resposta.
23,1Então o rei mandou reunir junto de si todos os anciãos de Judá e de Jerusalém, 2e o rei subiu ao Templo do
Senhor com todos os homens de Judá e todos os habitantes
de Jerusalém, os sacerdotes e os profetas e todo o povo, do
maior ao menor. Leu diante deles todo o conteúdo do livro
da Aliança encontrado no Templo do Senhor. 3O rei estava
de pé sobre o estrado e concluiu diante do Senhor a Aliança
que obrigava a seguir a Deus e a guardar seus mandamentos,
seus testemunhos e seus estatutos de todo o seu coração e de
toda a sua alma, para pôr em prática as cláusulas da aliança
escrita neste livro. Todo o povo aderiu à Aliança.
4O rei ordenou a Helcias, o sumo sacerdote, aos sacerdotes que ocupavam o segundo lugar e aos guardas das portas
que retirassem do santuário do Senhor todos os objetos de
culto que tinham sido feitos para Baal, para Aserá e para
todo o exército do céu; queimou-os fora de Jerusalém, nos
campos de Cedron e levou suas cinzas para Betel.
21O rei ordenou a todo o povo: “Celebrai a Páscoa em
honra do Senhor, vosso Deus, do modo como está escrito
neste livro da Aliança.” 22Não se havia celebrado uma Páscoa semelhante a esta em Israel desde os dias dos Juízes que
haviam governado Israel, nem durante todo o tempo dos reis
de Israel e dos reis de Judá. 23Foi somente no décimo oitavo
ano do rei Josias que semelhante Páscoa foi celebrada em
honra do Senhor em Jerusalém.
Responsório Jr 11,4; Jo 15,10
R. Escutai a minha voz
e fazei tudo como vos ordenei;
* Então sereis o meu povo
e eu serei o vosso Deu.
V. Se observardes os meus mandamentos,
permanecereis
no meu amor.
* Então sereis.
Dos “Discursos” de Santo Eusébio de Alexandria, bispo
(6,1.3.6)
Este dia vos trouxe o começo de toda graça
Escuta, ó filho: mostrar-te-ei por qual razão foram-te
transmitidas a observância do domingo e a abstenção do trabalho. Quando o Senhor confiou os sagrados mistérios a seus
discípulos, tomou o pão, deu graças, partiu-o e distribuiu-o
dizendo: Tomai e comei, isto é o meu corpo que é dado por
vós. Depois, fez o mesmo com o cálice, dizendo: Bebei dele
todos; isto é o meu sangue da nova aliança, derramado por
vós e por muitos para a remissão dos pecados. Fazei isso
em memória de mim (Mt 26,26; Lc 22,20).
O domingo, portanto, é o dia sagrado em que se faz memória do Senhor. Por isso, é chamado de domingo e é como
que o princípio de todos os dias. Antes da paixão do Senhor,
não se chamava de domingo, mas de primeiro dia.
Nesse dia, o Senhor deu início à ressurreição, a saber, à
criação do mundo; nele deu à humanidade as primícias da
ressurreição; nele, como já dissemos, mandou-nos celebrar
os sagrados mistérios. Esse dia vos trouxe, então, a fonte
de toda graça, o início da criação do mundo, a origem da
ressurreição, o começo da semana. Esse dia, que compreende em si três princípios, mostra-nos também a primazia da
Santíssima Trindade. Observamos o domingo, então, para
interrompermos o trabalho e termos tempo para a oração.
Por isso, se, após interromper o trabalho, tu não fores à
Igreja, não lograrás nada. Pelo contrário, terás causado não
pouco prejuízo a ti mesmo. Muitos esperam o domingo,
porém nem todos pelo mesmo motivo. Aqueles que temem
a Deus esperam-no a fim de elevar-lhe sua ação de graças
e recriar-se do seu precioso corpo e do seu sangue. Os
dissimuladores e os preguiçosos esperam o domingo para
fugirem do trabalho e inclinarem-se ao mal.
O que é que contemplam aqueles que se dirigem à
Igreja? Contemplam o Senhor Jesus Cristo posto na mesa
sagrada, o coro dos serafins cantado por três vezes, a vinda
e a presença do Espírito Santo, a salmodia do profeta e
rei Davi, a doutrina do bendito apóstolo Paulo, o hino dos
anjos, o aleluia perene, as vozes celestiais, as advertências
do Senhor, os ensinamentos e as exortações dos bispos e
dos presbíteros. Todas essas coisas celestes logram-nos a
salvação e o reino dos céus.
Quem vai à Igreja escuta e contempla tudo isso. O domingo, realmente, é o dia que te é concedido para a oração
e o descanso. Este é o dia que o Senhor fez para nós, exul-
temos e alegremo-nos nele (Sl 117,24). Àquele que, nesse
dia, ressuscitou, tributamos glória com o Pai e o Espírito
Santo, agora e sempre, pelos séculos dos séculos. Amém.
Responsório Cf. Sl 117(118),24; 1Cor 15,3-4
R. Este é o dia que o Senhor fez para nós,
* Exultemos e alegremo-nos nele.
V. Cristo morreu por nossos pecados,
segundo as Escrituras.
Foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia,
segundo as
Escrituras. * Exultemos.