2a SEMANA DO TEMPO COMUM

II Semana do Saltério

QUINTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro do Deuteronômio 9,7-21.25-29

Os pecados do povo e a intercessão de Moisés
Naqueles dias, Moisés falou ao povo, dizendo:
7"Lembra-te, não te esqueças de que modo provocaste a ira do Senhor teu Deus no deserto. Desde o dia em que saíste do Egito até chegares a este lugar, foste rebelde ao Senhor. 8Já em Horeb o provocastes e ele, irado, vos quis exterminar. 9Quando subi à montanha para receber as tábuas de pedra, as tábuas da aliança que o Senhor havia concluído convosco, fiquei lá quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. 10Então o Senhor me deu as duas tábuas de pedra escritas com o dedo de Deus, nas quais estavam todas as palavras que o Senhor vos tinha dito na montanha, do meio do fogo, quando todo o povo estava reunido. 11E, passados quarenta dias e outras tantas noites, o Senhor me deu as duas tábuas de pedra, as tábuas da aliança, 12e me disse: "Levanta-te, desce imediatamente daqui, porque pecou o povo que tiraste do Egito. Depressa se desviaram do caminho que lhes prescrevi, fazendo para si uma imagem fundida". 13E o Senhor tornou a dizer-me: "Já vi que este é um povo de cabeça dura. 14Deixa-me destruí-lo e apagar o seu nome debaixo dos céus. Mas de ti farei uma nação mais poderosa e mais numerosa do que este povo". 15Pus-me, então, a descer a montanha que estava toda em fogo, trazendo em minhas mãos as duas tábuas da aliança. 16E olhando, percebi que havíeis pecado contra o Senhor vosso Deus. Tínheis feito um bezerro fundido, não tardando a afastar-vos do caminho que o Senhor vos traçara. 17Tomei, então, as duas tábuas e com minhas mãos arremessei-as ao chão, quebrando-as ante os vossos olhos. 18Depois prostrei-me na presença do Senhor, como da primeira vez, durante quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água, por causa dos pecados que havíeis cometido, fazendo o que desagrada ao Senhor, provocando-o à ira. 19Temi, então, sua indignação e sua cólera, com que o Senhor vos ameaçava, a ponto de vos querer exterminar. Mas ainda desta vez o Senhor me ouviu. 20O Senhor também estava fortemente irritado contra Aarão e queria fazê-lo perecer, mas então eu intercedi também em favor de Aarão. 21Quanto à obra do vosso pecado, o bezerro que tínheis feito, agarrei-o e atirei-o ao fogo. Depois de esmigalhá-lo bem, até reduzi-lo ao pó, lancei o pó à água da torrente que desce da montanha.

25E estive prostrado diante do Senhor, quarenta dias e quarenta noites, durante os quais lhe rogava humildemente que não vos exterminasse como tinha ameaçado. 26E orando, disse: Senhor Deus, não destruas o teu povo e a tua herança que tu resgataste com a tua grandeza, e tiraste do Egito com mão forte. 27Lembra-te de teus servos Abraão, Isaac e Jacó; não olhes para a obstinação deste povo, nem para a sua impiedade e seu pecado; 28para que os habitantes do país donde nos tiraste não digam: "O Senhor não podia introduzi-los na terra que lhes tinha prometido. Tirou-os daqui, porque os odiava, para fazê-los morrer no deserto". 29Eles, no entanto, são teu povo e tua herança, que tiraste do Egito com teu grande poder e teu braço estendido".

Responsório Cf. Ex 32,11.13.14; 33,17
R. Moisés pediu e suplicou na presença do Senhor:
Por que, Senhor, vos irritais assim contra o vosso povo?
Acalmai a vossa ira e lembrai-vos de Abraão,
de Isaac e de Jacó a quem jurastes dar a terra
onde correm leite e mel!
* E o Senhor se arrependeu do mal que ameaçara
fazer contra o seu povo.
V. O Senhor disse a Moisés: Tu tens todo o meu favor
e te conheço mais que a todos. * E o Senhor.

Segunda leitura
Da Carta de São Fulgêncio de Ruspe, bispo

(Epist. 14,36-37: CCL 91,429-431)
(Séc. VI)

Cristo, sempre vivo, intercede por nós
Antes do mais, chama-nos a atenção que, na conclusão das orações, dizemos: "por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho e nunca: "pelo Espírito Santo". Não é sem motivo que a Igreja católica o repete, por causa do mistério do mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem, sacerdote segundo a ordem de Melquisedec, que com seu próprio sangue entrou uma vez por todas no santuário, não feito por mãos de homens, figura do verdadeiro, mas no próprio céu, onde está à direita de Deus e intercede por nós.

Contemplando esta função pontifical, diz o Apóstolo: Por ele ofereçamos sempre o sacrifício de louvor, o fruto dos lábios daqueles que confessam seu nome. Por conseguinte, por ele oferecemos o sacrifício de louvor e da prece, pois, mediante a sua morte, fomos reconciliados, nós os inimigos. Por ele, que se dignou tornar-se sacrifício em nosso favor, o nosso sacrifício pode ser bem aceito diante de Deus. São Pedro adverte-nos, dizendo: E vós, quais pedras vivas, entrais na edificação deste edifício espiritual, no sagrado sacerdócio, oferecendo vítimas espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. É esta a razão que nos faz dizer: "Por nosso Senhor Jesus Cristo".

Quando se menciona o sacerdote, que vem à mente a não ser o mistério da encarnação do Senhor? Mistério do Filho de Deus que, embora de condição divina, aniquilou-se a si mesmo, assumindo a forma de escravo; em sua humilhação, fez-se obediente até à morte; a saber, feito um pouco menor do que os anjos, possuindo, embora, a igualdade com Deus Pai. O Filho se diminuiu, permanecendo igual ao Pai, porquanto se dignou assemelhar-se aos homens. Tornou-se o menor, quando se aniquilou a si mesmo, tomando a forma de servo. A diminuição de Cristo é seu aniquilamento, mas o aniquilamento consiste na aceitação da forma de servo.

Cristo, permanecendo na forma de Deus o unigênito de Deus, a quem juntamente com o Pai oferecemos sacrifícios, tomou a forma de servo, tornando-se sacerdote. Assim, por ele, podemos oferecer um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Nunca nos seria possível oferecer tal sacrifício se Cristo não se houvesse tornado, ele mesmo, sacrifício para nós. Nele, a própria natureza do gênero humano é o verdadeiro sacrifício de salvação.

Com efeito, quando nos apresentamos para oferecer, mediante nosso eterno sacerdote e senhor, nossas orações, afirmamos ter ele a verdadeira carne de nossa raça. O Apóstolo já dissera: Todo pontífice é escolhido dentre os homens e a favor dos homens é constituído para as coisas que dizem respeito a Deus, a oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Quando, porém, dizemos: "Vosso Filho e acrescentamos: "que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo , comemoramos aquela unidade naturalmente existente entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Daí se deduz ser o Cristo o que exerce a função sacerdotal para nós, o mesmo a quem pertence, por natureza, a unidade com o Pai e o Espírito Santo.

Responsório Hb 4,16.15a
R. Confiantes acheguemo-nos ao trono onde está a graça,
* Para obter misericórdia, e o auxílio encontrar
como ajuda oportuna.
V. Pois, não temos um pontífice que não possa condoer-se
das fraquezas que nós temos. * Para obter.

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.