16a SEMANA DO TEMPO COMUM

IV Semana do Saltério

SÁBADO

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro de Jó 23,1-24,12

Jó afirma que os ímpios restam impunes.

23,1Jó tomou a palavra e disse: 2Ainda hoje minha queixa é uma revolta; minha mão comprime meu gemido. 3Oxalá soubesse como encontrá-lo, como chegar à sua morada. 4Exporia diante dele a minha causa, com minha boca cheia de argumentos. 5Gostaria de saber com que palavras iria responder-me e ouvir o que teria para me dizer. 6Usaria ele de violência ao pleitear comigo? Não, bastaria que me desse atenção. 7Ele reconheceria em seu adversário um homem reto, e eu triunfaria sobre meu juiz. 8Mas, se for ao oriente, não está ali; ao ocidente, não o encontro. 9Quando ele age no norte, eu não o vejo; se me volto para o meio-dia, ele permanece invisível. 10E todavia, o meu caminho, ele o conhece! Que me ponha no crisol, dele sairei como ouro puro. 11Meus pés se apegaram a seus passos, segui seu caminho sem me desviar. 12Não me afastei do mandamento de seus lábios e guardei no peito as palavras de sua boca. 13Mas ele decide; quem poderá dissuadi-lo? Tudo o que ele quer, ele o faz. 14Executará a sentença a meu respeito, como tantos outros dos seus decretos. 15Por isso estou consternado em sua presença, e estremeço ao pensá-lo. 16Deus abateu-me o ânimo, Shaddai encheu-me de terror. 17E, todavia, não me dou por vencido por estas trevas; ele, porém, cobriu-me o rosto com a escuridão. 24,1Por que Shaddai não marca o tempo e seus amigos não chegam a ver seus dias? 2Os ímpios mudam as fronteiras, roubam rebanho e pastor. 3Apoderam-se do jumento dos órfãos e tomam como penhor o boi da viúva. 4Os indigentes devem se afastar do caminho, e os pobres da terra se esconder todos juntos. 5Como onagros do deserto eles saem para o trabalho, procurando desde a aurora uma presa, e, de tarde, o pão para os seus filhos. 6Ceifam no campo do malvado e rebuscam a vinha do ímpio. 10Andam nus por falta de roupa, famintos carregam os feixes. 11Entre duas muretas eles espremem o azeite; alterados, eles pisam as cubas. 7 Nus passam a noite, sem roupa e sem coberta contra o frio. 8Ensopados pelas chuvas das montanhas, sem abrigo comprimem-se contra o rochedo. 9O órfão é arrancado do seio materno e a criança do pobre é penhorada. 12Da cidade sobem os gemidos dos moribundos e, suspirando, os feridos pedem socorro e Deus não ouve a sua súplica.

Responsório Jó 23, 3.10.13
R. Ah! se pudesse encontrá-lo,
e chegar até seu trono!
*
Mas ele conhece o meu caminho;
e, se me põe à prova, dela sairei puro como o ouro.
V.
Mas ele decidiu alguma coisa;
quem o fará voltar atrás?
Ele faz o que bem lhe agrada.
*
Mas ele conhece.

Segunda leitura
Dos “Livros das Confissões”, de Santo Agostinho, bispo
( Liv. 13,35, 50 - 38,53)
(Séc. V)


Tudo nos deste, ó Senhor: a paz do repouso,

a paz do sábado sem noite
Ó Senhor Deus, dá-nos a paz. Tu que nos deste tudo, dá-nos a paz do repouso, a paz do sábado, do sábado sem noite. Toda essa ordem belíssima de coisas muito boas, cumpridas as funções delas, deverá passar: nelas existem uma manhã e uma tarde. Mas o sétimo dia não tem tarde nem escurecer, pois tu o santificaste para ser um dia eterno. Tu, depois de ter criado sem sair do teu repouso as tuas obras maravilhosas, no sétimo dia, repousaste, como disse a palavra do teu livro, para prenunciar-nos que também nós, depois das nossas obras, também elas pela tua graça muito boas, repousaremos em ti, no sábado da vida eterna.
E então também tu repousarás em nós, como agora atuas em nós: o teu repouso então será nosso, como essas obras nossas serão tuas. Tu, ó Senhor, sempre atuas e sempre repousas; não vês no tempo, nem te moves ou repousas no tempo; também és tu que atuas o que se vê no tempo e crias o próprio tempo e o repouso temporal.
Nós, portanto, vemos as tuas obras porque elas existem; tu, porém, porque as vê, fá-las existir. Nós vemos exteriormente que existem, tu as vê no seu interior que são boas. Tu as viste prontas no mesmo instante em que ainda estavam para serem feitas. Nós, ao contrário, nos dispomos a cumprir o bem num tempo sucessivo, depois que o nosso coração concebeu do teu Espírito: antes, porém, nós nos colocávamos à disposição para realizar o mal, abandonando a ti. Mas tu, ó Deus, que és o único bom, não cessaste de realizar o bem. Existem algumas das nossas obras que são boas, mas por teu dom; porém não são eternas: depois delas esperamos encontrar repouso na tua infinita santidade. Tu, ao contrário, és o bem que não tem necessidade de outro bem, por isso estás sempre no teu repouso. Que homem poderá fazer compreender tudo isso a outro homem? Que anjo a outro anjo? Que anjo ao homem? A ti se pergunta, em ti se procura, a ti se bate: dessa forma, assim se recebe, assim se encontra, assim nos será aberto.

Responsório Sl 16,15; 1Cor 13,12
R. Eu, pela justiça, contemplarei a tua face;
*
Ao despertar, me saciarei da tua presença.
V.
Agora conheço de modo imperfeito,
mas depois conhecerei perfeitamente,
como também eu sou conhecido.
*
Ao despertar.

Oração

Ó Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.