7a SEMANA DO TEMPO COMUM

III Semana do Saltério

TERÇA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro do Eclesiastes 3,1-22

Diversidade do tempo
1Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno para tudo que acontece debaixo do céu. 2Tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de colher a planta. 3Tempo de matar e tempo de salvar; tempo de destruir e tempo de construir. 4Tempo de chorar e tempo de rir; tempo de lamentar e tempo de dançar. 5Tempo de atirar pedras e tempo de as amontoar; tempo de abraçar e tempo de se separar. 6Tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de esbanjar. 7Tempo de rasgar e tempo de costurar; tempo de calar e tempo de falar. 8Tempo de amar e tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz. 9Que proveito tira o trabalhador de seu esforço? 10Observei a tarefa que Deus impôs aos homens, para que nela se ocupassem. 11As coisas que ele fez são todas boas no tempo oportuno. Além disso, ele dispôs que fossem permanentes; no entanto o homem jamais chega a conhecer o princípio e o fim da ação que Deus realiza. 12E compreendi que nada de melhor há para o homem a não ser alegrar-se e fazer o bem durante a sua vida. 13E que o homem coma e beba, desfrutando do produto de todo o seu trabalho, isso é dom de Deus. 14Compreendi que tudo o que Deus faz é para sempre. A isso nada se pode acrescentar, e disso nada se pode tirar. Deus assim faz para que o temam. 15O que existe, já havia existido; o que existirá, já existe, pois Deus renova o que passou.16Observo outra coisa debaixo do sol: no lugar do direito encontra-se o delito, no lugar da justiça encontra-se a iniquidade; 17e penso: ao justo e ao ímpio Deus julgará, porque aqui há um tempo para todo o propósito e um lugar para cada ação.18Quanto aos homens penso assim: Deus os põe à prova para mostrar-lhes que são como animais. 19Pois a sorte do homem e a dos animais é idêntica: como morre um, assim morre o outro, e ambos têm o mesmo sopro de vida; o homem não leva vantagem sobre os animais, porque tudo é vaidade. 20Tudo caminha para um mesmo lugar:tudo vem do pó e tudo volta ao pó.21Quem sabe se o alento do homem sobe para o alto e se o alento do animal desce para baixo, para a terra? 22Observo que nada de melhor há para o homem do que alegrar-se com suas obras: essa é a sua porção. Pois quem o fará voltar para saber o que vai acontecer depois dele?

Responsório 1Cor 7,29b.31; Ecl 3,1
R. Meus irmãos, o tempo é breve.
Os que se alegram sejam, pois,
como se não se alegrassem;
os que usam deste mundo, como se dele não usassem.
* Porque passa a aparência perecível deste mundo.
V. Para tudo há um tempo, e cada coisa sob o céu
tem a sua duração. * Porque passa.

Segunda leitura
Das Homilias sobre o Eclesiastes, de São Gregório de Nissa, bispo

(Hom. 6: PG 44,702-703)
(Séc. IV)

Há um tempo de dar à luz e um tempo de morrer
Há um tempo de dar à luz e um tempo de morrer. Muito bem expressa no princípio de suas palavras a necessária ligação ao unir a morte ao nascimento. Pois obrigatoriamente a morte segue o parto e toda geração vai dar na dissolução.

Há um tempo de dar à luz e um tempo de morrer. Oxalá que a mim também suceda nascer em tempo desejado e morrer também em tempo oportuno. Ninguém irá pensar que o Eclesiastes se refere ao nascimento involuntário e à morte natural, como se nisso houvesse uma reta ação virtuosa. Não é pela vontade da mulher que existe o parto, nem a morte depende do livre-arbítrio dos que morrem. Nunca se definirá como virtude ou vício aquilo que não está em nosso poder. É preciso, portanto, compreender o parto num tempo querido e a morte num tempo oportuno.

Quanto a mim, parece-me que um parto é perfeito e não abortivo quando, no dizer de Isaías, alguém concebe pelo temor de Deus e pela alma em dores de parto gera sua salvação. Pois somos, de certo modo, pais de nós mesmos, nos concebemos e nos damos à luz a nós mesmos.

Assim nos acontece, porque acolhemos Deus em nós, feitos filhos de Deus, filhos da virtude, filhos do Altíssimo. Mas também nos damos à luz como abortivos e nos tornamos imperfeitos e imaturos, quando não se formou em nós, segundo diz o Apóstolo, a forma de Cristo. É preciso ser íntegro e perfeito o homem de Deus.

Se, pois, está claro como se nasce em tempo, também é claro para todos de que maneira se morre em tempo; para São Paulo, todo tempo era oportuno para uma boa morte. Em seus escritos declara, quase como um protesto: Morro todos os dias para vossa glorificação, e ainda: Por ti somos entregues à morte cotidianamente. E nós também tivemos uma sentença de morte dentro de nós mesmos.

Não é difícil entender de que maneira Paulo morre diariamente, ele que nunca vive para o pecado, que sempre faz morrer seus membros carnais e traz em si a morte do corpo de Cristo, que sempre está crucificado com Cristo e nunca vive para si mas em si tem o Cristo vivo. Esta é, parece-me, a morte oportuna, aquela que obtém a verdadeira vida.

Foi dito: Eu dou a morte e faço viver, para que não haja dúvida que é um verdadeiro dom de Deus o morrer para o pecado e o ser vivificado pelo Espírito. Pelo fato mesmo de dar a morte, a palavra divina promete vivificar.

Responsório Dt 32,39b; Ap 1,18c
R. Sou eu que tiro a vida, sou eu quem faz viver;
eu firo e eu mesmo curo;
* E ninguém pode escapar de minha mão, diz o Senhor.
V. Tenho as chaves dos abismos e a vitória sobre a morte.
* E ninguém.

Oração

Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.