SEXTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro do Eclesiástico 17,15-28

Exortação à conversão
15Seus caminhos estão sempre diante dele, não podem ficar ocultos aos seus olhos. 16Desde a juventude seus caminhos os levam ao mal e eles não puderam mudar seus corações, de pedra em coração de carne, 17pois na repartição dos povos e de toda a terra, para cada povo estabeleceu um príncipe; mas Israel é a porção do Senhor, 18seu primogênito que ele alimenta de disciplina, ao qual dispensa a luz de seu amor, sem abandoná-lo. 19Todas as suas ações são para ele como o sol, os seus olhos observam continuamente os seus caminhos. 20As suas injustiças não lhe são ocultas, e todos os seus pecados estão diante do Senhor. 21Mas o Senhor é bom e conhece sua criatura, não as destrói nem as abandona, mas a poupa. 22A esmola de um homem é para ele como um sinete, ele conserva a boa obra como a pupila do olho, dispensando a seus filhos e a suas filhas o arrependimento. 23Levantar-se-á depois para dar-lhes a recompensa, recairá sobre suas cabeças o merecido. 24Mas aos que se arrependem ele concede o retorno, reconforta os que perderam a resistência. 25Converte-te ao Senhor e abandona os pecados, suplica diante de sua face e atenua a ofensa. 26Volta para o Altíssimo, desvia-te da injustiça, pois é ele que te guiará das trevas à iluminação da salvação e odeia profundamente a iniquidade. 27Quem louvará o Altíssimo do Xeol, se os vivos não lhe dão glória? 28Para o morto, como se não existisse mais nada, o louvor acabou, o que tem vida e saúde glorifica o Senhor.

Responsório Cf. Eclo 17,13.24.15
R. Os caminhos do homem estão sempre diante do Senhor,
não podem ficar ocultos aos seus olhos.
* Mas aos que se arrependem ele concede o retorno,
reconforta os que perderam a resistência.
V. Todas as suas ações são para ele como o sol,
os seus olhos observam continuamente os seus caminhos.
* Mas aos que.

Segunda leitura

Da “Exortação aos pagãos”, de Clemente Alexandrino
(C.10)
(Séc. III)


O homem imortal é um estupendo hino de glória a Deus
“Revigore-se o coração de quem busca a Deus” (Sl 68,33). Aquele que busca a Deus procura cuidar da própria salvação. Encontrou-o? Possui a vida. Busquemo-lo, portanto, para ter a vida. A recompensa por tê-lo encontrado é a vida junto dele. “Felicidade e grande alegria para aqueles que te buscam; digam sempre: Deus é grande” (Sl 69,5). Um estupendo hino à glória de Deus é o homem imortal, que é alicerçado sobre a justiça e traz esculpidas no seu coração as palavras da verdade. E, de fato, onde pode ser inscrita a justiça, se não for num coração sábio? Onde a caridade? Onde o pudor? Onde a mansidão? Aqueles cujos corações foram marcados com esses divinos sinais, penso que atingiram a sublime meta da sabedoria, para ser dali lançados para todas as situações da vida. Aquela mesma sabedoria também pode ser considerada como um porto seguro de salvação. Por ela são bons pais para os filhos aqueles que encontraram misericórdia junto ao Pai, são bons maridos para com as suas mulheres os homens que se recordam do Esposo, enfim são bons patrões para com os seus empregados aqueles que foram libertados da mais grave das escravidões.
E vós, que tendes gastado tanto tempo na impiedade, não vos envergonhais de vos tornardes mais irracionais do que os animais privados de razão? De fato, fostes crianças, depois adolescentes, depois jovens e enfim homens; porém bons, jamais! Tendes pelo menos respeito pelos idosos, agora que chegastes ao entardecer da vida. Fazei uma revisão neste breve espaço da vossa existência e confessai-vos a Deus, de maneira que o fim da vida vos proporcione um início de salvação. Na verdade, os alimentos mais doces nos dão prazer e são preferidos por nós e insistimos neles por causa da atração pelo gosto; e, no entanto, são os amargos, que ferem e irritam o palato, que nos curam e restituem a saúde, ou seja, o amargor do medicamento fortifica e robustece as pessoas de estômago delicado. Da mesma forma, o que é habitual nos agrada e nos aguça o apetite, mas é isto que nos lança no abismo.
Porém aquela que nos leva ao céu é a verdade, que num primeiro momento é mais dura, azeda, mas que depois é ótima ama de leite para os jovens (Omero, Odisseia V.27); ela é um sério e decoroso ancião cheio de sabedoria. Não é de difícil acesso, a ponto de os homens não conseguirem alcançá-la; mas é muito próxima, mora em nossa casa e, como aponta simbolicamente aquele homem revestido de toda a sabedoria, que foi Moisés, reside nos nossos membros, ou seja, nas mãos, na boca e no coração (cf. Dt 30,14). Essa expressão é um autêntico símbolo da verdade, porque para cumpri-la plenamente são necessários três requisitos: a reflexão, a ação e a oração.

Responsório Cf. Sb 7,30;8,1; At 15,18
R. A sabedoria não é jamais dominada pela maldade.
* Se estende com poder de uma extremidade a outra do mundo.
V. Deus conhece a sua obra desde toda a eternidade.
* Se estende.

Oração

Ó Deus, sempre nos preceda e acompanhe a vossa graça para que estejamos sempre atentos ao bem que devemos fazer. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.