Primeira leitura
Segunda leitura
Dos Sermões de Santo Elredo de Rielvaux, abade
(Sermo 3, in apparitione Domini: PL 195,228-229)
Põe-te em pé, resplandece, porque a tua luz é chegada
Põe-te em pé, resplandece, Jerusalém, porque a tua luz
é chegada (Is 60,1). Esta é a Jerusalém que o Senhor Jesus,
verdadeira e suprema paz, constrói com pedras vivas, e que
tende a contemplá-lo, crendo firmemente que na sua visão
há de encontrar a felicidade futura. Esta Jerusalém é a santa
Igreja, cada comunidade santa, cada alma santa.
Põe-te em pé, resplandece, Jerusalém! Com razão lhe é
dito: Põe-te em pé, a ela que jazia por terra. Com razão lhe
é dito: resplandece, a ela que estava cega. Jazia por terra,
cega e nas trevas, no erro e na iniquidade. É-lhe dito: põe-te
em pé, porque já se inclinara quem havia de erguê-la. É-lhe
dito: resplandece, porque já estava presente quem lhe traria
a luz. Que exclama hoje no céu a estrela nova, senão: põe-te
em pé, resplandece? Por essa razão apareceu no céu o sinal
do nascimento do Senhor, a fim de que nos elevemos de
amor das coisas terrenas ao céu. E também por isso o sinal
está numa estrela, para que saibamos que o nascimento do
Senhor nos há de iluminar.
Mas a quem dirigia essa estrela tal clamor? Sem dúvida
àquela Jerusalém representada pela rainha que acorreu
pressurosa dos confins da terra, para ouvir a sabedoria
de Salomão, cujo nome significa pacífico. Por isso ela é
Jerusalém, que significa visão de paz, pois vinha para ver
o pacífico. Essa rainha, que também era gentia, simboliza
a Igreja formada de gentios. A Igreja é sem dúvida rainha,
pois governa muitas nações e povos. Dela diz Davi: à tua
direita uma rainha, ornada com ouro (Sl 44,10).
Essa Igreja começou hoje a nascer naqueles pagãos que
viram a estrela e lhe compreenderam o sentido. Assim,
essa rainha vem hoje dos extremos da terra para ver a face
daquele que disse: Aqui está algo mais do que Salomão
(Mt 12,42). Certamente mais que Salomão, pois aquele
era apenas Salomão, isto é, apenas pacífico, enquanto este
é tão pacífico que é a própria paz, como diz o Apóstolo:
Ele é a nossa paz: de ambos os povos fez um só (Ef 2,14).
Por isso aquela rainha é bem simbolizada por Jerusalém,
a visão de paz, pois acorria pressurosa para essa paz. E é
expressivo que esta nossa rainha seja também chamada
rainha de Sabá. Sabá, de fato, se traduz por cativeiro. A
Igreja é realmente rainha de Sabá, porque ordena e conduz
com acerto o cativeiro em que peregrinamos, longe daquele
reino onde não há cativos nem miséria. Tal reino lhe será
dado por herança no dia do juizo, segundo diz o Senhor:
Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o reino
preparado para vós (Mt 25,34). Essa rainha, que é a Igreja
santa formada de gentios, até este dia jazia por terra, até
este dia estava cega. Mas, hoje lhe é dito: põe-te em pé,
resplandece.
Responsório
R. Hoje apareceu para nós a Luz da luz,
que João batizou
no rio Jordão.
* Nós cremos que ele nasceu da Virgem Maria.
V. Desceu para nós do céu uma alegria eterna;
o Cristo Deus,
Rei dos céus,
apareceu no mundo por nossa causa.
* Nós cremos.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.