SEGUNDA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Segundo Livro dos Macabeus 12,32-46

O sacrifício pelos mortos
32Depois da festa chamada Pentecostes, marcharam impetuosamente contra Górgias, estratego da Idumeia, 33o qual saiu a campo com três mil soldados e quatrocentos cavaleiros. 34Aconteceu que, ao se darem combate, tombaram mortos alguns dos judeus.
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Mas certo Dositeu, cavaleiro do grupo dos tubianos, homem valente, conseguiu lançar a mão sobre Górgias: tendo-o agarrado pela clâmide, obrigava-o vigorosamente a segui-lo, a fim de capturar vivo esse maldito. Foi quando um dos cavaleiros trácios, investindo contra ele, cortou- lhe o ombro, e assim Górgias pôde escapar para Marisa. 36Entretanto, os que estavam com Esdrias combatiam havia tempo e já sentiam-se exaustos. Judas então invocou o Senhor para que se manifestasse como seu aliado e guia no combate. 37A seguir, entoando o grito de guerra com hinos na língua paterna, arremessou-se de surpresa contra os homens de Górgias, constrangendo-os à retirada.
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Tendo depois reunido o seu exército, Judas atingiu a cidade de Odolam. Chegado o sétimo dia, purificaram-se conforme o costume e, ali mesmo, celebraram o sábado. 39No dia seguinte, sendo já urgente a tarefa, vieram falar com Judas para recolher os corpos dos que haviam tombado, a fim de inumá-los junto com os seus parentes, nos túmulos de seus pais. 40Então encontraram, debaixo das túnicas de cada um dos mortos, objetos consagrados aos ídolos de Jâmnia, cujo uso a Lei vedava aos judeus. Tornou-se assim evidente, para todos, que foi por esse motivo que eles sucumbiram. 41Todos, pois, tendo bendito o modo de proceder do Senhor, justo juiz que torna manifestas as coisas escondidas, 42puseram-se em oração para pedir que o pecado cometido fosse completamente perdoado. E o valoroso Judas exortou a multidão a se conservar isenta de pecado, tendo com os próprios olhos visto o que acontecera por causa do pecado dos que haviam tombado. 43Depois, tendo organizado uma coleta, enviou a Jerusalém cerca de duas mil dracmas de prata, a fim de que se oferecesse um sacrifício pelo pecado: agiu assim absolutamente bem e nobremente, com o pensamento na ressurreição. 44De fato, se ele não esperasse que os que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. 45Mas, se considerava que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormecem na piedade, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis por que ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado.

Responsório Cf. 2Mc 12,45
R. Para aqueles que adormecem na piedade
* Está reservada excelente recompensa.
V. É um santo e piedoso pensamento
rezar por aqueles que morreram,
para serem absolvidos dos pecados.
* Está.

Segunda leitura

Dos “Sermões” de São Gregório de Nazianzo, bispo
(Or. 7, in laudem Caesarii fratris, 23-24: PG 35,786-787)
(Séc. IV)


É resolução santa rezar pelos defuntos
Que é o homem para que te lembres dele? (Sl 8,5). Que novo mistério é este a meu respeito? Sou pequenino e grande, humilde e excelso, mortal e imortal, terreno e celeste. Faz-se mister ser eu sepultado com Cristo, ressurgir com Cristo, ser coerdeiro de Cristo, tornar-me filho de Deus e até Deus mesmo. Tudo isso nos indica o grande mistério: é Deus que por nossa causa assumiu a humanidade e se tornou pobre, a fim de erguer a criatura prostrada, trazer a salvação à imagem e renovar o homem. Para sermos todos um só no Cristo, que, perfeitamente em todos nós, se fez tudo aquilo que ele próprio é. Que não sejamos mais homem e mulher, bárbaro e cita, escravo e livre (cf. Cl 3,11), discriminações e sinais vindos da carne, mas tenhamos unicamente o sinete de Deus, por quem e para quem fomos criados, somente por ele, e formados e gravados, a fim de sermos só por ele reconhecidos. Oxalá sejamos aquilo que esperamos, segundo a grande benignidade do Deus generoso. Pedindo pouco, dá o máximo aos que o amam com sincero afeto do coração, desde agora e no futuro. Por causa de nosso amor para com ele e da esperança, que tudo desculpa, tudo suporta. Por tudo dando graças (coisa que muitíssimas vezes é instrumento de salvação, a Palavra o sabe) e recomendando-lhe nossas almas e as daqueles que pela estrada comum, mais bem preparadas, chegaram primeiro à morada. Ó Senhor e Criador de tudo e, mais que tudo, desta imagem! Ó Deus de teus homens, Pai e Chefe, ó Árbitro da vida e da morte, ó Guarda e Benfeitor nosso! Ó tu, que tudo fazes a seu tempo e, pelo Verbo Artífice, transformas da maneira como em tua sabedoria e desígnio profundos bem sabes, agora, então, rogo-te, recebe Cesário, primícias de nossa separação. A nós, quando chegar a hora, mantidos em nossa vida mortal por tanto tempo quanto parecer bom, recebe-nos também. E recebe-nos, sim, preparados, e não perturbados por temor a ti. Sem voltar as costas ao dia derradeiro e de má vontade, como costumam proceder aqueles que se apegam ao mundo e à carne, arrancados à força. Mas com prontidão e ardor, partindo para aquela feliz e intérmina vida que está em Cristo Jesus, nosso Senhor, a quem a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

Responsório Cf. Sl 102(103),15
R. Acolhei, ó Senhor Deus, nós vos pedimos,
as almas dos irmãos que faleceram,
pelas quais o vosso sangue derramastes.
* Lembrai-vos, ó Senhor, que somos pó,
como o feno e a flor dos nossos campos,
transitórios são os dias que passamos.
V. O Senhor é bondade e clemência, é amor, compaixão e perdão.
* Lembrai-vos.

Oração

Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, criador de todas as coisas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.