9o DOMINGO DO TEMPO COMUM
I Semana do Saltério

Ofício das Leituras
Primeira leitura
Da Carta de São Paulo aos Gálatas 1,1-12

O Evangelho de Paulo

1Paulo, apóstolo - não da parte dos homens nem por intermédio de um homem, mas por Jesus Cristo e Deus Pai que o ressuscitou dentre os mortos -, 2e todos os irmãos que estão comigo, às Igrejas da Galácia. 3Graça e paz a vós da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo, 4que se entregou a si mesmo pelos nossos pecados a fim de nos livrar do presente mundo mau, segundo a vontade do nosso Deus e Pai, 5a quem seja dada a glória pelos séculos dos séculos! Amém.
6Admiro-me de que tão depressa abandoneis aquele que vos chamou pela graça de Cristo, e passeis a outro evangelho. 7Não que haja outro, mas há alguns que vos estão perturbando e querendo corromper o Evangelho de Cristo. 8Entretanto, se alguém - ainda que nós mesmos ou um anjo do céu - vos anunciar um evangelho diferente do que vos anunciamos, seja anátema. 9Como já vo-lo dissemos, volto a dizê-lo agora: se alguém vos anunciar um evangelho diferente do que recebestes, seja anátema. 10É porventura o favor dos homens que agora eu busco, ou o favor de Deus? Ou procuro agradar aos homens? Se eu quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Cristo.
11
Com efeito, eu vos faço saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, 12pois eu não o recebi nem aprendi de algum homem, mas por revelação de Jesus Cristo.

Responsório Gl 1,3-4.10
R. A vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai,
e da parte do Senhor Jesus Cristo,
*
Que se entregou por nossos pecados.
V.
Se quisesse ainda agradar aos homens,
não seria servo de Cristo.
*
Que se entregou.

Segunda leitura

Do “Comentário sobre a Carta aos Gálatas”, de Santo Agostinho, bispo
(Pref., cap. 7)
(Séc. V)


Compreender a graça de Deus
O Apóstolo escreve aos Gálatas a fim de fazê-los compreender que a graça tem o efeito de subtraí-los ao domínio da Lei. De fato, quando lhes foi anunciado o Evangelho, havia entre eles alguns oriundos da circuncisão que, embora cristãos, ainda não eram capazes de compreender o dom da graça recebida, e queriam continuar a observar as prescrições da Lei que Deus havia imposto aos servos não da justiça, mas do pecado. Em outras palavras, Ele deu uma Lei justa a homens injustos; esta colocava em evidência seus pecados, mas não os apagava. Na verdade, apenas a graça da fé, agindo por meio da caridade, redime os pecados. Ao contrário, os convertidos do judaísmo pretendiam submeter às obrigações da Lei os Gálatas, que já estavam sob o regime da graça, afirmando que o Evangelho não lhes serviria de nada se não se submetessem à circuncisão e se não aceitassem as outras observâncias formais do ritual judaico.
Foi por isso que os convertidos começaram a suspeitar do Apóstolo Paulo, que havia pregado o Evangelho aos Gálatas, e o culparam por não seguir a linha de conduta dos outros Apóstolos, que obrigavam os pagãos a viver de acordo com os hábitos judaicos. Até o Apóstolo Pedro havia cedido às pressões de tais pessoas e tinha sido induzido a deixar que pensassem que o Evangelho não serviria de nada aos gentios se estes não cumprissem as obrigações da Lei. Mas o próprio Apóstolo Paulo conseguiu dissuadi-los desta farsa, como narra nesta carta.
O mesmo problema é abordado na Carta aos Romanos. Todavia, parece haver algumas diferenças: nesta resolve a disputa e acalma o litígio ocorrido entre os crentes vindos do judaísmo e os crentes originários do paganismo. Ao contrário, na Carta aos Gálatas, Paulo escreve àqueles que já haviam sido abalados pela autoridade dos homens vindos do judaísmo, que os haviam obrigado à observância da Lei. De fato, os Gálatas haviam começado a confiar nos judaizantes, como se o apóstolo Paulo tivesse pregado mentiras, pedindo-lhes para não fazer a circuncisão. É por isso que ele começa assim a sua exposição: Estou admirado de que tão depressa passeis daquele que vos chamou à graça de Cristo para um Evangelho diferente (Gl 1,6). Com essa introdução, ele fez uma referência discreta à controvérsia em questão. Já na saudação em que se proclama Apóstolo não da parte de homens, nem por meio de algum homem (Gl 1,1) - declaração que não encontramos em nenhuma outra carta - ele mostra claramente que aqueles pregadores de falsas ideias não vinham de Deus, mas dos homens. Então, não havia necessidade de considerá-lo como inferior aos outros apóstolos no que concerne à autoridade do testemunho evangélico. Porque ele sabia que era Apóstolo não da parte de homens, nem por meio de algum homem, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai (Gl 1,1).

Responsório Gl 3,24-25.23
R. A Lei é para nós como um pedagogo que nos conduziu a Cristo,
para que fôssemos justificados pela fé.
* Chegada a fé, já não estamos sob os cuidados de um pedagogo.
V.
A Lei tomava conta de nós,
à espera da fé que devia ser revelada.
*
Chegada a fé.

Hino

Te Deum
em latim

(A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)
A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,

e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

(A parte que se segue pode ser omitida, se for oportuno).

Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!

Oração
Ó Deus, cuja providência jamais falha, nós vos suplicamos humildemente: afastai de nós o que é nocivo, e concedei-nos tudo o que for útil. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.