Ofício das Leituras

V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.Aleluia.

Esta introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.

Hino

Eis o dia de Deus verdadeiro,
no clarão de luz santa banhado.
Nele, o sangue do novo Cordeiro
apagou deste mundo o pecado.

Deu a fé novamente aos perdidos,
deu aos cegos de novo a visão.
Quem não há de perder todo o medo,
vendo o céu ser aberto ao ladrão?

Eis o fato que aos anjos assombra:
ver o Cristo na cruz como réu,
e o ladrão que com ele padece,
conquistar a coroa do céu.

Admirável, profundo mistério:
lava a carne da carne a fraqueza
e, tirando os pecados do mundo,
restitui-lhe a antiga nobreza.

O que pode existir mais sublime
que o pecado à procura da graça?
Que da morte nascer vida nova
e um amor que aos temores desfaça?

Ó Jesus, dos fiéis corações
sede eterna alegria pascal;
congregai os nascidos da graça
pelo vosso triunfo imortal.

Glória a vós que vencestes a morte
e brilhais, com o Pai, Sumo Bem,
no esplendor coruscante do Espírito
pelos séculos eternos. Amém.

Salmodia

Ant.1 A casa de Israel agora o diga:
Eterna é a sua misericórdia. Aleluia.

Salmo 117(118)

Canto de alegria e salvação
Ele é a pedra, que vós, os construtores, desprezastes, e que se tornou a pedra angular (At 4,11).

1 Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! *
'Eterna é a sua misericórdia!'

2 A casa de Israel agora o diga: *
'Eterna é a sua misericórdia!'
3 A casa de Aarão agora o diga: *
'Eterna é a sua misericórdia!'
4 Os que temem o Senhor agora o digam: *
'Eterna é a sua misericórdia!'

5 Na minha angústia eu clamei pelo Senhor, *
e o Senhor me atendeu e libertou!
6 O Senhor está comigo, nada temo; *
o que pode contra mim um ser humano?
7 O Senhor está comigo, é o meu auxílio, *
hei de ver meus inimigos humilhados.

8 É melhor buscar refúgio no Senhor, *
do que pôr no ser humano a esperança;

9 é melhor buscar refúgio no Senhor, *
do que contar com os poderosos deste mundo!'

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. amém.

Ant. A casa de Israel agora o diga:
Eterna é a sua misericórdia. Aleluia.

Ant.2 O Senhor se tornou para mim o Salvador. Aleluia.

II

10 Povos pagãos me rodearam todos eles, *
mas em nome do Senhor os derrotei;
11 de todo lado todos eles me cercaram, *
mas em nome do Senhor os derrotei;

=12 como um enxame de abelhas me atacaram, †
como um fogo de espinhos me queimaram, *
mas em nome do Senhor os derrotei.

–13 Empurraram-me, tentando derrubar-me, *
mas veio o Senhor em meu socorro.
14 O Senhor é minha força e o meu canto, *
e tornou-se para mim o Salvador. –

15 'Clamores de alegria e de vitória*
ressoem pelas tendas dos fiéis.
=16 A mão direita do Senhor fez maravilhas, †
a mão direita do Senhor me levantou, *
a mão direita do Senhor fez maravilhas!'

17 Não morrerei, mas, ao contrário, viverei *
para cantar as grandes obras do Senhor!
18 O Senhor severamente me provou, *
mas não me abandonou às mãos da morte.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. amém.

Ant. O Senhor se tornou para mim o Salvador. Aleluia.

Ant.3 Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:
Que maravilhas ele fez a nossos olhos. Aleluia.

III

19 Abri-me vós, abri-me as portas da justiça; *
quero entrar para dar graças ao Senhor!
20 'Sim, esta é a porta do Senhor, *
por ela só os justos entrarão!'
21 Dou-vos graças, ó Senhor, porque me ouvistes *
e vos tornastes para mim o Salvador!

22 'A pedra que os pedreiros rejeitaram, *
tornou-se agora a pedra angular.
23 Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: *
Que maravilhas ele fez a nossos olhos!
24 Este é o dia que o Senhor fez para nós, *
alegremo-nos e nele exultemos!

25 Ó Senhor, dai-nos a vossa salvação, *
ó Senhor, dai-nos também prosperidade!'
26 Bendito seja, em nome do Senhor, *
aquele que em seus átrios vai entrando!
– Desta casa do Senhor vos bendizemos. *
27 Que o Senhor e nosso Deus nos ilumine! –

– Empunhai ramos nas mãos, formai cortejo, *
aproximai-vos do altar, até bem perto!
28 Vós sois meu Deus, eu vos bendigo e agradeço! *
Vós sois meu Deus, eu vos exalto com louvores!
29 Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! *
'Eterna é a sua misericórdia!'

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. amém.

Ant. Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:
Que maravilhas ele fez a nossos olhos. Aleluia.

V. Céus e terra se alegram cantando, aleluia,

R. Pela ressurreição do Senhor. Aleluia.

Primeira leitura

Dos Atos dos Apóstolos 2,42-3,11

A comunidade primitiva; cura do coxo de nascença
Os discípulos mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações.
Apossava-se de todos o temor, pois numerosos eram os prodígios e sinais que se realizavam por meio dos apóstolos.
Todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um. Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no Templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o povo. E o Senhor acrescentava cada dia ao seu número os que seriam salvos.
Pedro e João estavam subindo ao Templo para a oração da hora nona. Trouxeram então, um homem que era aleijado de nascença, e que todos os dias era deixado à porta do Templo, chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam. Vendo Pedro e João, que iam entrar no Templo, implorou que lhe dessem uma esmola. Pedro, porém, fitando nele os olhos, junto com João, disse-lhe: “Olha para nós!” Ele os olhava atentamente, esperando receber deles alguma coisa. Mas Pedro lhe disse: “Nem ouro nem prata possuo. O que tenho, porém, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazoreu, anda!” E, tomando-o pela mão direita, ergueu-o. No mesmo instante seus pés e calcanhares se firmaram; de um salto pôs-se em pé e começou a andar. E entrou com eles no Templo, andando, saltando e louvando a Deus. Todo o povo viu-o andar e louvar a Deus; reconheciam-no, pois era ele quem esmolava, assentado junto à Porta Formosa do Templo. E ficaram cheios de admiração e de assombro pelo que lhe sucedera.
Como ele não largasse Pedro e João, acorreu todo o povo, atônito, para junto deles, no pórtico chamado de Salomão.

Responsório At 2,46-47
R. Perseverantes e bem unidos,
os discípulos frequentavam diariamente o templo,
partindo o pão pelas casas.
*
Tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração,
louvando a Deus, aleluia.
V.
E, cada dia, o Senhor acrescentava a seu número
mais pessoas que seriam salvas.
*
Tomavam.

Segunda leitura

Do Tratado sobre a solenidade da Páscoa, de Eusébio de Cesareia, bispo
(Nn. 7.9.10-12: PG 24,702-706)

Saciamo-nos sempre com o corpo do Salvador,
participamos sempre do sangue do Cordeiro
Os seguidores de Moisés imolavam uma vez por ano o cordeiro pascal, no dia catorze do primeiro mês, à tarde. Nós, porém, homens da Nova Aliança, celebrando nossa Páscoa todos os domingos, saciamo-nos sempre com o corpo do Salvador, participamos sempre do sangue do Cordeiro; cingimos sempre os rins de nossa alma com a castidade e a modéstia, estamos sempre com os pés preparados para a missão evangélica, temos sempre na mão os nossos cajados e descansamos apoiados na vara que brota da raiz de Jessé; afastamo-nos sempre do Egito, buscamos sempre a solidão da vida humana, caminhamos sempre para Deus, sempre celebramos a festa da passagem.
Com efeito, a palavra do Evangelho não quer que façamos isso apenas uma vez por ano, mas sempre e a cada dia. Por conseguinte, toda semana, aos domingos, dia do Salvador, festejamos a nossa Páscoa, celebrando os mistérios do autêntico Cordeiro, pelo qual fomos libertados. Não é com ferro que circuncidamos o corpo, mas é com a lâmina afiada da palavra do Evangelho que extraímos toda malícia de nossa alma. Nem usamos os ázimos do corpo, mas somente os da sinceridade e da verdade.
De fato, a graça que nos libertou dos velhos costumes, deu-nos um homem novo criado à imagem de Deus, concedeu-nos uma nova lei, uma nova circuncisão, uma nova Páscoa, e aquele que misticamente é judeu. Assim, ela nos libertou do jugo dos tempos antigos.
Cristo sentou-se à mesa com os discípulos no quinto dia da semana e, enquanto comia, disse: Desejei ardentemente, antes de sofrer, comer convosco esta ceia pascal (Lc 22,15). Porque as velhas Páscoas, ou melhor, as superadas, que antes comera com os judeus, não eram mais desejadas; porém, o novo mistério de sua Nova Aliança, que ele entregava a seus discípulos, tinha muita razão em desejá-lo. De fato, muitos profetas e justos que viveram antes dele, tinham querido ver os mistérios da Nova Aliança. Agora era o próprio Verbo que, confessando ser este o objeto de seu desejo, e ansiando pela salvação de todos, entregava o mistério cuja festa todos os homens iriam celebrar.
A Páscoa de Moisés não convinha realmente a todas as nações, pois estava prescrito que fosse celebrada em apenas um lugar, Jerusalém. Por isso, nem todos podiam desejá-la. Mas o mistério do Salvador, na Nova Aliança, adaptado a todos os homens, pode e deve, de pleno direito, ser desejado por todos. Por isso também nós devemos comer a Páscoa com Cristo, purificando nossa mente de todo fermento de maldade, saciando-nos com os ázimos da sinceridade e da verdade, tendo na alma aquele que misticamente é judeu e a verdadeira circuncisão. Devemos ainda impregnar os portais de nosso coração com o sangue do Cordeiro por nós imolado, a fim de afastarmos aquele que extermina. E isto não apenas de ano em ano, mas durante toda a semana.
Celebramos os mesmos mistérios a cada ano, ao comemorarmos no dia anterior ao sábado a paixão do Salvador, com aquele jejum que os apóstolos observaram ao ser-lhes tirado o Esposo. Mas todos os domingos somos vivificados pelo sagrado corpo da mesma Páscoa salutar e marcados na alma por seu sangue precioso.

Responsório 1Cor 5,7.8
R. Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado, aleluia.
*
Assim, celebremos a festa com os pães ázimos da sinceridade
e da verdade, aleluia, aleluia.
V.
Não com o velho fermento nem com o fermento da maldade,
mas com os pães ázimos da sinceridade e da verdade.
*
Assim, celebremos.

Hino
Te Deum
em latim

(A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)

A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,

e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

(A parte que se segue pode ser omitida, se for oportuno).

Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!

Oração
Ó Deus, que reunistes povos tão diversos no louvor do vosso nome, concedei aos que renasceram nas águas do batismo ter no coração a mesma fé e na vida a mesma caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.