TERÇA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro de Ester 4,1-8.8a.9-17

Amã pede o aniquilamento de todos os judeus
1 Quando Mardoqueu soube o que se tinha passado, rasgou suas vestes e cobriu-se de vestes de penitência, derramando cinzas sobre a própria cabeça. E clamava no meio da praça da cidade, enchendo-a com gritos de amargura. 2Deste modo chegou até à porta do palácio real, que ninguém podia transpor vestido de vestes de penitência. 3E em todas as províncias, em toda a parte aonde chegou o decreto do rei e sua ordem, havia grande desolação entre os judeus, os quais jejuaram, choraram e fizeram lamentações; e muitos se deitaram sobre cinza, vestidos de vestes de penitência.

4 As servas e os eunucos de Ester vieram contar-lhe o que se passava. A rainha ficou profundamente consternada. Mandou roupas para que Mardoqueu se vestisse e despisse as vestes de penitência de que estava coberto. Mas ele não as aceitou. 5Então Ester chamou Atac, um dos eunucos que o rei pusera a seu serviço, e enviou-o a Mardoqueu, para saber o que estava acontecendo e qual era o motivo do seu comportamento. 6Atac foi ter com Mardoqueu, que estava na praça da cidade, diante da porta do palácio do rei. 7E Mardoqueu contou-lhe tudo o que tinha acontecido, e a soma que Amã prometera recolher no tesouro real em troca do extermínio dos judeus. 8Deu-lhe também uma cópia do decreto ordenando o seu extermínio, que estava afixado em Susa, para que a mostrasse à rainha, e para exortá-la a que fosse apresentar-se ao rei e intercedesse pelo povo. 8aQue lhe dissesse: "Lembra-te de quando eras pequenina e eu te dava de comer com minhas próprias mãos. O vice-rei Amã pediu a nossa morte. Invoca o Senhor, fala ao rei em nosso favor, livra-nos da morte".

9Atac voltou e transmitiu a Ester tudo o que Mardoqueu dissera. 10Mas a rainha encarregou Atac de lhe responder: 11"Todos os servos do rei e todas as províncias que estão debaixo do seu domínio sabem que, por decreto real, qualquer homem ou mulher que se apresente ao rei no pátio interior do palácio, sem ter sido chamado, é réu de morte; a não ser que o rei lhe estenda o seu cetro de ouro, para que possa viver. Há trinta dias que eu não fui convidada para me aproximar do rei". 12Estas palavras de Ester foram transmitidas a Mardoqueu, 13que lhe mandou responder: "Não imagines que, por estares no palácio, serás a única a escapar dentre todos os judeus. 14Pelo contrário, se te obstinares a calar agora, de outro lugar se levantará para os judeus a salvação e a libertação, mas tu e a casa de teu pai perecereis. E quem sabe se não terá sido em previsão de uma circunstância como esta que foste elevada à realeza?

15Então Ester mandou dizer a Mardoqueu: 16"Vai reunir todos os judeus que vivem em Susa e jejuai por mim. Não comais nem bebais, por três dias e três noites, e eu e minhas servas também jejuaremos". 17Mardoqueu retirou-se e executou as instruções de Ester.

Responsório Cf. Est 14,14(Vg);
Tb 3,13(Vg); Jt 6,15(Vg)

R. Jamais eu coloquei em algum outro a esperança
além de vós, Deus de Israel.
* Vós mostrais misericórdia depois de vos irardes,
e perdoais todo pecado dos que estão arrependidos.
V. Ó Senhor e nosso Deus, Criador do céu e terra,
vede a nossa humilhação. * Vós mostrais.

Segunda leitura
Da Carta a Proba, de Santo Agostinho, bispo

(Ep. 130,11,21-12,22: CSEL 44,63-64)
(Séc. V)

A oração do Senhor
Temos necessidade de palavras para incitar-nos e ponderarmos o que pediremos, e não com a intenção de dá-lo a saber ao Senhor ou a comovê-lo.

Quando, pois, dizemos: Santificado seja o teu nome, exortamo-nos a desejar que seu nome, imutavelmente santo, seja também considerado santo pelos homens, isto é, não desprezado. O que é de proveito para os homens, não para Deus.

E ao dizermos: Venha teu reino que, queiramos ou não, virá sem falta, acendemos o desejo deste reino; que venha para nós e nele mereçamos reinar.

Ao dizermos: Faça-se a tua vontade assim na terra como no céu, pedimos-lhe conceder-nos esta obediência de sorte que se faça em nós sua vontade do mesmo modo como é feita no céu por seus anjos.

Dizemos: O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Pela palavra hoje se entende este nosso tempo. Ou, com a menção da parte principal, indicando o todo pela palavra pão, pedimos aquilo que nos basta. O sacramento dos fiéis, necessário agora, não, porém, para a felicidade deste tempo, mas para alcançarmos a felicidade eterna.

Dizendo: Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos a nossos devedores, tomamos consciência do que pedimos e do que temos de fazer para merecer obtê-lo.

Ao dizer: Não nos leves à tentação, advertimo-nos a pedir que não aconteça que, privados de seu auxílio em alguma tentação, iludidos, consintamos nela, ou cedamos perturbados.

Dizer: Livra-nos do mal nos leva a pensar que ainda não estamos naquele Bem em que não padeceremos de mal algum. E este último pedido da oração dominical é tão amplo, que o cristão em qualquer tribulação em que se veja, por ele pode gemer, nele derramar lágrimas, daí começar, nele demorar-se, nele terminar a oração. É preciso guardar em nossa memória, por meio destas palavras, as realidades mesmas.

Pois quaisquer outras palavras que dissermos – tanto as formadas pelo afeto que as precede e esclarece, quanto as que o seguem e crescem pela atenção dele – não dirão nada que não se encontre nesta oração dominical, se orarmos como convém. Quem disser algo que não possa ser contido nesta prece evangélica, sua oração, embora não ilícita, é carnal; contudo não sei como não ser ilícita, uma vez que somente de modo espiritual devem orar os renascidos do Espírito.

Responsório 2Mc 1,5.3a

R. Que Deus ouça as vossas preces e vos seja favorável;
* E não vos abandone no tempo da desgraça
o Senhor e vosso Deus.
V. Que ele dê a todos vós um coração para servi-lo
e fazer sua vontade. * E não.

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.