SEXTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Da Segunda Carta de São Pedro 3,11-18

Exortação à espera da vinda do Senhor
11Se todo este mundo está fadado a desfazer-se assim, qual não deve ser a santidade do vosso viver e da vossa piedade, 12enquanto esperais e apressais a vinda do Dia de Deus, no qual os céus, ardendo em chamas, se dissolverão e os elementos, consumidos pelo fogo, se fundirão? 13O que nós esperamos, conforme sua promessa, são novos céus e nova terra, onde habitará a justiça.
14Assim, visto que tendes esta esperança, esforçai- vos ardorosamente para que ele vos encontre em paz, vivendo vida sem mácula e irrepreensível. 15Considerai a longanimidade de nosso Senhor como a nossa salvação, conforme também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada. 16Isto mesmo faz ele em todas as cartas, ao falar nelas desse tema. É verdade que em suas cartas se encontram alguns pontos difíceis de entender, que os ignorantes e vacilantes torcem, como fazem com as demais Escrituras, para a própria perdição.
17
Vós, portanto, amados, sabendo-o de antemão, precavei-vos, para não suceder que, levados pelo engano desses ímpios, venhais a cair da vossa firmeza. 18Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória agora e até o dia da eternidade! Amém.

Responsório Is 65,17a.18; Ap 21,5a
R. Novos céus e nova terra criarei
e tereis uma alegria sempiterna
com aquilo que estou para criar:
* Eis que agora eu faço novas as coisas todas.
V. Eu crio alegria para Sião
e para o seu povo regozijo.
* Eis que agora.

Segunda leitura

Das “Homilias” de São Beda o Venerável, presbítero
(1,24)
(Séc. VIII)


O Filho do homem virá na glória do seu Pai
Nosso Senhor e Redentor dispôs que seus eleitos, através dos sofrimentos presentes, chegassem a uma vida bem-aventurada no futuro. Por isso, em seu evangelho, descreve ora as grandes fadigas das lutas deste mundo, ora o esplendor dos prêmios eternos, de modo que os combates necessários lembrem aos fiéis que nesta vida nunca se deve almejar o descanso. Além disso, a suavidade da futura retribuição torna-lhes mais leve o peso dos males transitórios, pelos quais esperam uma recompensa eterna.
O Filho do Homem há de vir na glória do seu Pai, com
os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com o seu comportamento (Mt 16,27). Nesse texto, o Senhor refere-se de maneira manifesta ao dia do juízo final: após ter vindo no tempo da humildade e da abjeção para ser julgado pelo mundo, voltará em toda a sua magnificência e poder para julgar o mundo. Com o rigor de um juiz, exigirá a perfeição das obras por parte daqueles aos quais, com superabundante misericórdia, oferecera a graça dos seus dons. Tratando cada um segundo suas obras, conduzirá os eleitos para o reino do seu Pai, e repelirá os maus com o diabo para o fogo eterno.
Diz-se justamente que o Filho do Homem virá na glória do seu Pai. O Filho do homem virá na glória de Deus Pai, porque aquele que, em sua natureza humana, é inferior ao Pai, na divindade, tem a mesma e única glória com o Pai, verdadeiro homem e verdadeiro Deus em tudo.
As seguintes palavras, “e dará a cada um conforme suas obras”, alegram os justos e enchem de pavor os pecadores obstinados; pois, pela intervenção do justo Juiz, aqueles que agora praticam o bem e estão aflitos pela iníqua opressão dos malvados, não somente serão libertados da violência dos ímpios, mas receberão também o prêmio pela sua justiça e paciência. Pelo contrário, aqueles que vivem hoje no pecado, considerando Deus um fraco por causa da sua paciência, arrepender-se-ão tarde demais e padecerão uma justa sentença de eterna condenação. De acordo com essa sentença evangélica é a palavra do salmista: “Vou cantar o amor e o direito; a ti, Senhor, eu quero tocar” (Sl 100,1). Diz querer cantar, primeiro, o amor e, depois, a justiça, porque, sem dúvida, em sua segunda vinda, o Senhor exigirá, com mais rigor, o depósito que benignamente nos confiou em sua primeira vinda. Mas o perverso, que despreza a misericórdia oferecida por Deus, com razão, ficará aterrorizado pela justiça do justo Juiz.
Quem, porém, sente gratidão por ter recebido a graça da misericórdia aguarda com prazer a decisão da justiça. Na realidade, sendo obscuros o tempo do juízo universal e a hora da morte de cada um, os sofrimentos presentes poderiam parecer excessivamente vagarosos aos que ignoram o dia do descanso prometido. Por isso, o bom Mestre quis manifestar antecipadamente os gozos da eterna promessa a alguns de seus discípulos ainda nesta terra. Isso tinha a finalidade de que os mesmos discípulos e todos os que mais tarde poderiam vir a escutar a palavra suportassem mais facilmente as atuais adversidades, lembrando-se com frequência da esperada graça da retribuição futura. Em virtude disso, nosso bom Mestre prossegue: Em verdade vos digo que alguns dos que aqui estão não provarão a morte até que vejam o Filho do Homem vindo em seu Reino (Mt 16,28).

Responsório Ap 22,12; Jr 17,10
R. Eis que eu venho em breve.
* Trago comigo o salário para retribuir a cada um
conforme o seu trabalho.
V. Eu, o Senhor, perscruto o coração e sondo os rins.
* Trago comigo.

Oração

Ó Deus, pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e filhas, concedei aos que crêem no Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.