15a SEMANA DO TEMPO COMUM

III Semana do Saltério

QUINTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro de Jó 5,1-27

Não desprezar a correção do Senhor

Elifaz continuou: 1“Grita, para ver se alguém te responde. A qual dos santos te dirigirás? 2Porque o despeito mata o estulto e o ciúme causa a morte ao imbecil. 3Vi um estulto deitar raízes e num momento eu amaldiçoei sua casa: 4que seus filhos sejam privados de socorro, pisados à Porta, sem que ninguém os defenda. 5O faminto comerá a messe dele, e Deus lha arrancará de entre presas, e os sedentos cobiçarão os bens. 6Pois a iniquidade não nasce do pó, e a fadiga não brota da terra. 7Mas o homem nasceu para o sofrimento, como as faíscas sobem para o alto. 8Mesmo assim eu recorreria a Deus, a ele exporia minha causa. 9Ele faz prodígios insondáveis, maravilhas sem conta: 10Dá chuva à terra, envia as águas sobre os campos, 11para os humildes poderem erguer-se e os abatidos pôr-se a salvo. 12Leva ao malogro os projetos dos astutos, para que fracassem suas manobras. 13Apanha os sábios na astúcia deles, e o conselho dos errados torna-se irrefletido. 14Em pleno dia eles caem nas trevas, e ao meio-dia tateiam como de noite. 15Ele salva da sua boca o homem arruinado, e o indigente das garras do forte; 16assim o fraco terá esperança, e a injustiça fechará a boca. 17Ditoso o homem a quem Deus corrige: não desprezes a lição de Shaddai, 18porque ele fere e pensa a ferida, golpeia e cura com suas mãos. 19De seis perigos te salva, e no sétimo não sofrerás mal algum. 20Em tempo de fome livrar-te-á da morte e, na batalha, dos golpes da espada. 21Esconder-te-ás do açoite da língua, e, ainda que chegue a pilhagem, não temerás. 22Zombarás da pilhagem e da fome, e não temerás os animais selvagens. 23Farás uma aliança com as pedras do campo, e o animal selvagem estará em paz contigo. 24Conhecerás paz em tua tenda, visitarás teus apriscos, onde nada faltará. 25Conhecerás uma descendência numerosa e teus rebentos serão como a erva do campo. 26Baixarás ao túmulo bem maduro, como um feixe de trigo recolhido a seu tempo. 27Foi isto o que observamos. E é de fato assim. Quanto a ti, escuta-o e aproveita-o”.

Responsório Jó 5,17-18; Ap 3,19
R. Bem-aventurado o homem a quem Deus corrige!
Não desprezes a lição do Todo-poderoso,
*
Pois ele fere e cuida;
se golpeia, sua mão cura.
V. Eu repreendo e castigo aqueles que amo.
Reanima, pois, o teu zelo e arrepende-te.
*
Pois ele fere.

Segunda leitura
Dos “Livros das Confissões”, de Santo Agostinho, bispo
(Liv. 11,1,1-2,3)
(Séc. V)
 
Que eu possa oferecer-te em sacrifício
a servidão do meu pensamento e da minha palavra.
Ó Senhor, é tua a eternidade: ignoras tu, por acaso, aquilo que te digo ou vês de maneira temporal o que acontece no tempo? Por que então exponho a ti a narração de tantas coisas? Certamente não é para que tu as conheça por meu intermédio, mas para despertar e redirecionar para ti o meu afeto e também o daqueles que me leem, e assim exclamarmos todos juntos: Grande é o Senhor e digno de todo louvor (Sl 47,2; 95,4; 144,3). Eu já o disse e o repito: por amor ao teu amor é que faço isso. De fato, nós oramos pedindo, todavia a Verdade diz: O vosso Pai sabe do que necessitais antes mesmo de lho pedirdes (Mt 6,8).
Portanto, quando te confessamos as nossas misérias e reconhecemos a tua misericórdia para conosco, não fazemos nada mais que manifestar-te o nosso afeto, para que tu, que já começaste, nos liberte definitivamente; e assim deixamos de ser infelizes em nós mesmos e nos tornamos felizes em ti, porque nos chamaste a ser pobres em espírito e mansos e sensíveis, famintos e sedentos de justiça, misericordiosos, puros de coração e pacíficos. Eis que eu te narrei muitas coisas, as que eu pude e quis, porque tu por primeiro quiseste que eu confessasse a ti, ó Senhor meu Deus, que és bom e a tua misericórdia dura pelos séculos (cf. Sl 105; 106; 117; 135,1).
Mas quando é que conseguirei contar com a língua da minha caneta todos os teus convites, os medos, as alegrias e as providências com as quais me conduziste a pregar a tua palavra e dispensar ao povo o teu sacramento? E, mesmo que eu consiga expor tudo com ordem, custa-me caro cada gota de tempo. Há tempo me ardo de desejo de meditar a tua lei e de confessar-te nela a minha ciência e a minha ignorância, os primórdios da tua iluminação e os últimos avanços das minhas trevas, a fim de que a minha debilidade seja absorvida pela tua força (cf. 2Cor 5,4). E não quero que em outra ocupação se consumam as horas que encontro livres da necessidade de restaurar o corpo, de aplicar o espírito e de prestar o serviço que devo aos homens, e também aquele que lhe faço mesmo sem ser obrigado a isso. Senhor meu Deus, presta teus ouvidos à minha oração, e a tua misericórdia atenda o meu desejo, porque não arde para mim somente, mas quer ser útil à caridade fraterna: e tu vês em meu coração que é assim. Que eu possa oferecer-te em sacrifício a servidão dos meus pensamentos e da minha palavra; e dá-me tu algo para oferecer-te, “porque eu sou pobre e infeliz”, mas tu és cheio de misericórdia para com aquele que te invoca (Sl 85,2.5), tu que sem nada levar em conta toma conta de nós.
Arranca toda temeridade e mentira dos meus lábios interiores e exteriores. Que minhas castas delícias sejam as tuas Escrituras: que nelas eu não me engane nem seja enganado. Ó Senhor, volta-te para mim e tem piedade; ó Senhor meu Deus, luz dos que são cegos, e força dos que são fracos, e ao mesmo tempo luz dos que veem e força dos fortes, volta-te para a minha alma e escuta o seu grito profundo.

Responsório Sl 60,2-3.6
R. Ó Deus, ouve o meu grito, atende à minha prece!
*
Dos confins da terra eu te invoco;
V.
Porque Tu, ó Deus, escutaste os meus pedidos,
deste-me a herança dos que temem o teu nome.
*
Dos confins.

Oração

Ó Deus, que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que professam a fé rejeitar o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno desse nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.