17a SEMANA DO TEMPO COMUM

I Semana do Saltério

SEGUNDA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios 8,1-24

Paulo pede uma coleta em favor de Jerusalém
1Irmãos, queremos levar ao vosso conhecimento a graça de Deus que foi concedida às Igrejas da Macedônia. 2Com efeito, em meio a grandes tribulações que as provaram, a sua extraordinária alegria e extrema pobreza transbordaram em tesouros de liberalidade. 3Eu sou testemunha de que esses irmãos, segundo os seus recursos e mesmo além dos seus recursos, por sua própria iniciativa 4e com muita insistência, nos pediram a graça de participar da coleta em favor dos santos de Jerusalém. 5E, indo além de nossas expectativas, colocaram-se logo à disposição do Senhor e também à nossa, pela vontade de Deus. 6Por isso solicitamos a Tito que, assim como a iniciou, ele leve a bom termo entre vós essa obra de generosidade.

7E como tendes tudo em abundância – fé, eloquência, ciência, zelo para tudo, e a caridade de que vos demos o exemplo – assim também procurai ser abundantes nesta obra de generosidade. 8Não é uma ordem que estou dando; mas é para testar a sinceridade da vossa caridade que eu lembro a boa vontade de outros. 9Na verdade, conheceis a generosidade de nosso Senhor Jesus Cristo: de rico que era, tornou-se pobre por causa de vós, para que vos torneis ricos, por sua pobreza. 10Estou dando-vos um conselho a este respeito. É uma coisa boa para vós, pois, desde o ano passado, não somente tivestes a iniciativa de empreender essa obra, mas também fostes os primeiros a desejá-la. 11Agora, portanto, acabai de realizá-la. Assim, aos vossos generosos propósitos corresponderá a completa realização, de acordo com os recursos de que dispondes. 12Quando existe a boa vontade, ela é aceita segundo o que tem, e não segundo o que não tem. 13Não se trata de vos colocar numa situação aflitiva para aliviar os outros; o que se deseja é que haja igualdade. 14 Nas atuais circunstâncias, a vossa fartura supra a penúria deles e, por outro lado, o que eles têm em abundância venha suprir a vossa carência. Assim haverá igualdade, como está escrito: 15"Quem recolheu muito não teve de sobra e quem recolheu pouco não teve falta".

16Graças sejam dadas a Deus, que pôs no coração de Tito a mesma solicitude por vós. 17Não só ele recebeu bem o meu pedido, mas ainda, no ardor de seu zelo, partiu espontaneamente para vos visitar. 18Com ele enviamos o irmão que é elogiado em todas as Igrejas, por sua pregação do evangelho. 19Mais ainda, esse irmão foi designado pelas Igrejas para ser nosso companheiro de viagem, nesta obra de generosidade que fazemos para a glória do próprio Senhor e como prova da nossa boa vontade. 20Assim, procuramos evitar suspeitas ou críticas, na administração desta grande coleta. 21Pois procuramos fazer o bem, não somente diante do Senhor, mas também diante dos homens. 22Com os delegados, enviamos aquele de nossos irmãos, cujo zelo foi comprovado em várias ocasiões e muitas vezes e que, agora, se mostra muito mais zeloso ainda, pela grande confiança que tem em vós.

23Quer se trate de Tito, que é meu companheiro e, junto de vós, meu colaborador; quer se trate de nossos irmãos que são enviados das Igrejas, a glória de Cristo, 24– diante das Igrejas –, mostrai-lhes a vossa caridade e justificai os elogios que de vós temos feito.

Responsório 2Cor 8,9; Fl 2,7a

R. Conheceis bem a bondade de Jesus Cristo, Senhor nosso,
que, embora sendo rico, por vós se tornou pobre,
* A fim de enriquecer-vos mediante sua pobreza.
V. Ele, porém, esvaziou-se de sua glória
e assumiu a condição de um escravo. * A fim.

Segunda leitura
Dos Sermões de São Cesário de Arles, bispo

(Sermo 25,1: CCL 103,111-112)
(Séc. VI)

A misericórdia divina e a humana
Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia. É suave a palavra misericórdia, meus irmãos. E se a palavra assim é, o que não será a realidade? Apesar de todos a desejarem, não agem de modo a merecer recebê-la, o que é mau. De fato, todos querem receber a misericórdia, mas poucos querem dá-la.

Ó homem, com que coragem queres pedir aquilo que finges dar! Deve, portanto, conceder misericórdia aqui na terra quem espera recebê-la no céu. Por isto, irmãos caríssimos, já que todos queremos misericórdia, tenhamo-la por padroeira neste mundo, para que nos liberte no futuro. Há no céu uma misericórdia a que se chega pelas misericórdias terrenas. A Escritura assim diz: Senhor, no céu, tua misericórdia.

Há, então, a misericórdia terrena e a celeste, a humana e a divina. Qual é a misericórdia humana? Aquela, é claro, que te faz olhar para as misérias dos pobres. E a misericórdia celeste? Certamente a que concede o perdão dos pecados. Tudo quanto a misericórdia humana distribui pelo caminho, paga-o na pátria a misericórdia divina. Neste mundo, Deus, em todos os pobres, sofre frio e fome; ele mesmo o disse: Sempre que o fizestes a um destes pequeninos, a mim o fizestes. Deus, pois, que no céu se digna dar, quer na terra receber.

Que espécie de gente somos nós que, quando Deus dá, queremos receber, quando ele pede, nós nos recusamos a dar? Se um pobre tem fome, Cristo sofre necessidade, conforme disse: Tive fome e não me destes de comer. Por conseguinte, não desprezes a miséria dos pobres, se queres esperar confiante o perdão dos pecados. Agora Cristo passa fome, irmãos. Em todos os pobres ele se digna ter fome e sede. Mas aquilo que recebe na terra, paga-o no céu.

Pergunto-vos, irmãos, que quereis ou que buscais quando vindes à igreja? Não é a misericórdia? Dai, então, a misericórdia terrena e recebereis a celeste. O pobre pede a ti e tu pedes a Deus. O pobre pede um pedaço de pão; tu, a vida eterna. Dá ao mendigo o que merecerás receber de Cristo. Escuta o que ele diz: Dai e dar-se-vos-á. Não sei com que coragem queres receber aquilo que não queres dar. Por isto, vindo à igreja, dai, segundo vossas posses, esmolas aos pobres.

Responsório Lc 6,36.37c-38a; Mt 5,7

R. Sede misericordiosos
como o vosso Pai celeste é misericordioso.
* Perdoai e vos será perdoado,
dai aos outros e a vós será dado.
V. Felizes os misericordiosos,
pois também alcançarão misericórdia. * Perdoai.

Oração

Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.