TERÇA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Livro de Judite
6,1-10.14-16; 7,1.4-5
Aquior é entregue aos israelitas
1Quando cessou o tumulto dos homens em torno do
Conselho, Holofernes, general do exército assírio, disse
a Aquior, diante de toda a multidão de estrangeiros, e
a todos os amonitas: 2“Quem, pois, és tu, Aquior, e os
mercenários de Efraim, que profetizas entre nós, como
hoje, e dizes para não guerrearmos contra a raça de Israel,
porque o Deus deles os protegerá? Quem é deus além de
Nabucodonosor? Este enviará sua força e os exterminará da
face da terra, e o Deus deles não os salvará. 3Mas nós, seus
servos, os esmagaremos como se fossem um único homem.
Não poderão resistir à força dos nossos cavalos. 4Nós os
queimaremos todos juntos. Seus montes embriagar-se-ão
com o sangue deles, e suas planícies ficarão repletas de seus
cadáveres. O rastro de seus pés não se manterá firme diante
de nós, mas perecerão todos, diz o rei Nabucodonosor, o
rei de toda a terra. Porque ele disse, e suas palavras não se
tornarão vãs. 5Tu, porém, Aquior, mercenário amonita, que
disseste essas palavras no dia de tua iniquidade, a partir de
hoje não verás a minha face até que eu me vingue dessa
raça que fugiu do Egito. 6Então a espada dos meus soldados
e a lança dos meus servos atravessarão teu flanco. Cairás
entre seus feridos quando eu voltar. 7Agora meus servos te
conduzirão à montanha e te deixarão em uma das cidades
dos desfiladeiros. 8Só perecerás quando fores exterminado
com eles. 9Não fiques de cabeça baixa, se em teu coração
confias que não serão capturados. Eu disse, e nenhuma de
minhas palavras cairá por terra.”
10Holofernes ordenou a seus servos, que estavam diante
de sua tenda, que tomassem Aquior, o conduzissem a Betúlia
e o entregassem nas mãos dos israelitas.
14Desceram, então, os israelitas de sua cidade, vieram
até ele, desamarraram-no, conduziram-no a Betúlia e o
apresentaram aos chefes de sua cidade, 15que naqueles dias
eram Ozias, filho de Micas, da tribo de Simeão, Cabris, filho
de Gotoniel, e Carmis, filho de Melquiel. 16Eles convocaram
todos os anciãos da cidade. Também os jovens e as mulheres
foram para a assembleia. Colocaram Aquior no meio de todo
o povo e Ozias o interrogou sobre o que acontecera.
7,1No dia seguinte, Holofernes ordenou a todo o seu
exército e a todo o seu povo, os quais se tinham reunido a ele
como aliados, que avançassem contra Betúlia, ocupassem as
passagens da montanha e fizessem guerra aos israelitas.
4Quando os israelitas viram a multidão deles, turbaram-se profundamente e disseram uns aos outros: “Agora eles
engolirão toda a face da terra. Nem os montes elevados,
nem os precipícios, nem as colinas suportarão a sua força.”
5Cada um tomou seus equipamentos de guerra, acenderam
fogo sobre suas torres e permaneceram de guarda toda
aquela noite.
Responsório
Sl 9,10.35; 10,14
R. O Senhor sentou-se para sempre, para o julgamento firmou seu trono, em ti confiam os que conhecem o teu nome.
* Porque tu vês a fadiga e o sofrimento.
V. A ti se abandona o miserável, para o órfão tu és um
socorro.
* Porque tu.
Segunda leitura
Do Tratado “sobre a oração”, de Orígenes, presbítero
(Nn. 2)
(Séc. III)
Sobre o modo de orar
Sobre o modo de orar, ouçamos o Apóstolo: Quero que os homens orem em todo lugar, elevando as mãos puras,
sem ira nem discussão. Igualmente, as mulheres, que elas
tenham roupas decentes, se enfeitem com pudor e modéstia, sem tranças nem objetos de ouro, pérolas ou vestuário
suntuoso, mas que se ornem, antes, com boas obras, como
convém a mulheres que se professam piedosas (1Tm 2,8-10). Orar do modo que convém, nos é ensinado também por
esta palavra: Portanto, se estiveres para trazer a tua oferta ao altar, e ali te lembrares que o teu irmão tem alguma coisa
contra ti, deixa a tua oferta diante do altar, e vai primeiro
reconciliar-te com teu irmão, e depois virás apresentar a
tua oferta (Mt 5,23). Qual, com efeito, é o dom da criatura
racional que pode ser mais agradável a Deus, do que a palavra suave da oração, que parta duma consciência isenta
da pestilência do pecado?
Mas Paulo sabia tudo isso. Teria podido atingir muitas
coisas mais da Lei, dos Profetas e da plenitude do Evangelho, e expor de modo variado e abundante cada uma delas.
Entretanto, não só com modéstia, mas com verdade, vendo,
depois de tudo isso, quanto está longe de saber o que orar
e como orar, ele afirma: Não sabemos o que pedir como convém (Rm 8,26).
A esta palavra, ele ajunta como tal defeito pode ser
suprido por aquele que, embora não sabendo, se esforça
por ser digno de ver suprida a sua inépcia. Diz, com efeito,
que o próprio Espírito suplica por nós a Deus com gemidos inefáveis. Aquele que perscruta os corações conhece
o pensamento do Espírito, que suplica a Deus pelos santos (Rm 8,26-28). O Espírito que grita nos corações dos
bem-aventurados, “Abba, Pai”, e sabe que, sem dúvida, os
gemidos emitidos pelos pecadores e transgressores nesta
nossa tenda servem-lhes mais de gravame do que de alívio,
roga junto de Deus com gemidos inefáveis, acolhendo em
sua bondade e misericórdia os nossos gemidos. Vendo em
sua sabedoria, “humilhada na terra a nossa alma”, que se
acha contida num corpo humilhado (cf. Sl 43,26), ele roga
junto de Deus com gemidos, não quaisquer, mas inefáveis,
afins daquelas palavras arcanas que não é lícito ao homem proferir (2Cor 12,4). Não contente de rogar, aquele Espírito
usa uma oração mais intensa por aqueles que, simplesmente, segundo minha opinião, triunfam, como era Paulo, ao
dizer: Mas em todas estas circunstâncias triunfamos (Rm
8,37). Mas é provável que ele rogue apenas pelos incapazes
de “triunfar”, por aqueles que não se deixam vencer, mas
simplesmente vencem. Esta palavra: Não sabemos o que pedir como convém, mas o próprio Espírito suplica por nós
a Deus com gemidos inefáveis (Rm 8,26), é afim daquela
outra: Orarei em espírito, orarei também na mente; salmodiarei em espírito, salmodiarei também na mente (1Cor
14,15). Não pode, com efeito, a nossa mente orar, a não ser
que antes, fique à escuta do Espírito a orar. Como não pode
ela cantar nem louvar com melodia, medida e harmonia o
Pai em Cristo, a não ser que o Espírito, que tudo perscruta,
inclusive as profundezas de Deus, comece a louvar e cantar
àquele, do qual perscrutou as profundezas, e como podia,
as compreendeu.
Responsório
Jo 16,24; Sl 144(145),19
R. Até agora nada pedistes em meu nome;
* Pedi, e recebereis, para que o vosso gozo se cumpra.
V. Ele cumprirá o desejo dos que o temem;
ouvirá o seu
clamor, e os salvará.
* Pedi, e recebereis.OraçãoÓ
Deus, que mostrais vosso poder sobretudo no perdão e na misericórdia,
derramai sempre em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro
das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais. Por nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.