12a SEMANA DO TEMPO COMUM

IV Semana do Saltério

TERÇA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Primeiro Livro de Samuel 17,57–18,9.20-30

Inveja de Saul contra Davi
Naqueles dias: 17,57Quando Davi voltou da vitória sobre o filisteu, tendo ainda na mão a cabeça de Golias, Abner levou-o à presença de Saul. 58Saul perguntou-lhe: "Quem é o teu pai, jovem? E Davi respondeu: "Eu sou filho de Jessé de Belém, teu servo".

18,1Quando Davi terminou de falar com Saul, Jônatas se sentiu profundamente ligado a Davi, e se lhe afeiçoou como a si próprio. 2Saul o engajou naquele dia, não o deixando voltar para a casa do pai. 3Jônatas concluiu uma aliança com Davi, pois o amava como a si próprio. 4Jônatas tirou o manto que vestia, e o entregou a Davi, dando-lhe igualmente a armadura e mesmo a espada juntamente com o arco e o cinturão. 5Davi partia em expedição, saindo-se bem em todos os encargos que Saul lhe dava. Por isso Saul o pôs à testa dos homens de guerra, tornando-se assim bem visto por todo o povo e mesmo pelos cortesãos de Saul.

6Quando Davi voltou, depois de ter matado o filisteu, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, dançando e cantando alegremente ao som de tamborins e címbalos. 7E, enquanto dançavam, diziam em coro: "Saul matou mil, mas Davi matou dez mil".

8Saul ficou muito encolerizado com isto e não gostou nada da canção, dizendo: "A Davi deram dez mil, e a mim somente mil. Que lhe falta ainda, senão a realeza? 9E, a partir daquele dia, não olhou mais para Davi com bons olhos.

20Micol, a outra filha de Saul, amava Davi. Quando o contaram a Saul, ele alegrou-se, porque pensava consigo: 21"Vou dar-lhe Micol, para que ela lhe seja uma armadilha e ele caia nas mãos dos filisteus". Por isso disse a Davi pela segunda vez: "Tu serás hoje meu genro". 22E ordenou a seus servos que dissessem em segredo a Davi: "Achaste graça aos olhos do rei e todos os seus servos te amam. Portanto, aceita ser o genro do rei". 23Os servos do rei repetiram estas palavras aos ouvidos de Davi, mas este respondeu: "Porventura, vos parece coisa pequena ser genro do rei? Tanto mais que sou pobre e de condição humilde". 24Os servos de Saul lhe comunicaram: "Assim respondeu Davi". 25Saul replicou: "Assim falareis a Davi: O rei não quer outro pagamento a não ser cem prepúcios de filisteus, para se vingar dos inimigos do rei". Deste modo, Saul tencionava entregar Davi nas mãos dos filisteus.

26Então os servos transmitiram estas palavras a Davi, e este achou boa a proposta de se tornar genro do rei. 27Antes que expirasse o prazo fixado, Davi partiu com seus homens, matou duzentos filisteus, entregando ao rei o número completo de prepúcios, a fim de se tornar seu genro.

Então Saul deu-lhe como esposa sua filha Micol. 28E Saul compreendeu muito bem que o Senhor estava com Davi, e que Micol, sua filha, o amava. 29Por isso Saul teve ainda mais medo de Davi, tornando-se seu inimigo para sempre.30Os chefes dos filisteus fizeram incursões, mas todas as vezes que se punham em campo, Davi tinha mais êxito do que todos os homens de Saul, de modo que o seu nome se tornou muito famoso.

Responsório Sl 55(56),2.4b.14ab

R. Tende pena e compaixão de mim, ó Deus,
pois há tantos que me calcam sob os pés
e agressores me oprimem todo dia.
* Porei em vós a minha inteira confiança.

V.
Porque da morte arrancastes minha vida
e não deixastes os meus pés escorregarem.
* Porei em vós.

Segunda leitura
Do Tratado sobre a verdadeira imagem do cristão, de São Gregório de Nissa, bispo

(PG 46,283-286)
(Séc. IV)

Por toda a nossa vida manifestemos Cristo
São três as coisas que manifestam e distinguem a vida cristã: a ação, a palavra e o pensamento. Das três, tem o primeiro lugar o pensamento. Em seguida, a palavra, que nos revela o pensamento concebido e impresso no espírito. Depois do pensamento e da palavra vem, na ordem, a ação, realizando por fatos o que o espírito pensou. Portanto, se alguma coisa na vida nos induz a agir ou a pensar ou a falar, é necessário que o nosso pensamento, a nossa palavra e a nossa ação sejam orientados para a regra divina daqueles nomes que descrevem a Cristo, de modo a nada pensarmos, nada dizermos e nada fazermos que se afaste do seu alto significado.

Então, o que terá de fazer aquele que se tornou digno do grande nome de Cristo, a não ser examinar diligentemente os próprios pensamentos, palavras e ações, julgando se cada um deles tende para Cristo ou se lhe são estranhos? De muitas maneiras operamos este magnífico discernimento. Tudo quanto fazemos, pensamos ou falamos com alguma perturbação, de nenhum modo está de acordo com Cristo, mas traz a marca e a figura do inimigo, que mistura a lama das perturbações à pérola da alma para deformar e apagar o esplendor da jóia preciosa.

O que, porém, está livre e puro de toda afeição desordenada, relaciona-se com o Autor e Príncipe da tranquilidade, o Cristo. Quem dele bebe, como de fonte pura e não poluída, as suas idéias e os seus sentimentos, revelará em si a semelhança com o princípio e a origem, tal como a água na própria fonte é igual à que corre no límpido regato e à que brilha na jarra.

De fato, é uma só e mesma a pureza de Cristo e a que se encontra em nossos espíritos. Mas a pureza de Cristo brota da fonte, enquanto que a nossa dela flui e chega até nós, trazendo consigo a beleza dos pensamentos para a vida. Portanto, a coerência do homem interior e do exterior aparece harmoniosa, quando os pensamentos que provêm de Cristo guiam e movem a modéstia e a honestidade de nossa vida.

Responsório Cl 3,17; Rm 14,7

R. O que fizerdes em palavras ou em obras,
* Fazei-o em nome de Jesus, nosso Senhor.
V. Ninguém vive e ninguém morre para si. * Fazei-o.

Oração

Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.