16a SEMANA DO TEMPO COMUMIV Semana do SaltérioSEGUNDA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Livro de Jó
12,1-25
Resposta de Jó: Deus possui cada ser vivente,
Ele domina a sabedoria humana.
1Jó tomou a palavra e disse aos amigos:
2Realmente sois a voz do povo
e convosco morrerá a Sabedoria.
3Mas também eu tenho inteligência,
- não sou inferior a vós -;
quem ignora tudo isso?
4Mas o homem torna-se a irrisão do seu amigo
quando invoca a Deus para ter resposta.
Zombam do justo íntegro.
5No infortúnio, o desprezo!, dizem os que estão felizes,
um golpe a mais para quem titubeia!
6Nas tendas dos ladrões reina paz,
e estão seguros os que desafiam a Deus,
pensando que o têm na mão.
7Pergunta, pois, ao gado e ensinar-te-ão,
às aves do céu e informar-te-á.
8Fala à terra, ela te dará lições,
os peixes dos mares te hão de narrar:
9quem não haveria de reconhecer que tudo isso
é obra da mão de Deus?
10Em sua mão está a alma de todo ser vivo
e o espírito de todo homem carnal.
11Não distingue o ouvido as palavras
e não saboreia o paladar os manjares?
12Está nas venerandas cãs a sabedoria,
e o entendimento com os anciãos.
13Mas ele possui sabedoria e poder,
dele é o conselho e o discernimento.
14O que ele destrói, ninguém o reconstrói;
se ele aprisionar, não haverá escapatória;
15se retiver a chuva, virá a seca;
se a soltar, inundar-se-á a terra.
16Ele possui vigor e sagacidade,
com ele estão o enganado e aquele que engana.
17Torna estúpidos os conselheiros da terra
e fere os juízes com loucura.
18Desamarra o cinturão dos reis
e cinge-os com uma corda.
19Faz andar descalços os sacerdotes
e lança por terra os poderes estabelecidos.
20Tira a palavra aos confiantes
e priva de sensatez os anciãos.
21Derrama o desprezo sobre os nobres
e afrouxa o cinturão dos fortes;
22desvela o que há de mais recôndito nas trevas
e traz à luz as sombras espessas;
23engrandece as nações e arruína-as:
expande povos, e depois os suprime;
24tira o espírito dos chefes do povo de um país
e deixa-os errar num deserto sem estradas,
25cambalear nas trevas, sem luz,
e titubear como bêbado.
Responsório Jó 12,13.14; 23,13
R. Em Deus residem sabedoria e poder;
ele possui o conselho e a inteligência.
* O que ele destrói não será reconstruído;
se aprisiona um
homem, ninguém há que o solte.
V. Mas ele decidiu alguma coisa;
quem o fará voltar atrás?
Ele faz o que bem lhe agrada.
* O que ele destrói.
Segunda leitura
Dos “Livros Moralia sobre Jó”, de São Gregório Magno,
papa
(Lib. 10,47-48: PL 75,946-947)
(Séc. VI)
Testemunha interior
Quem é escarnecido por seu amigo, como eu, invocará
a Deus, que o atenderá. Com frequência o espírito fraco, ao
receber o bafejo da fama humana por suas boas ações, deixa-se levar para as alegrias exteriores, chegando a interessar-se
menos pelo que deseja interiormente. Deleita-se, então,
languidamente no que ouve de fora. Alegra-se mais por
ser chamado de bem-aventurado do que por sê-lo de fato.
Esperando com avidez as palavras de elogio, abandona o
que começara a ser. Separa-se de Deus justamente naquilo
que deveria ser louvado em Deus.
Às vezes, ao contrário, o homem firma-se com constância no agir reto e, no entanto, é maltratado pelas zombarias
humanas. Faz coisas admiráveis e só encontra opróbrios.
Podendo exteriorizar-se pelos louvores, é repelido pelas
afrontas e volta-se para dentro de si mesmo. Em seu íntimo, enche-se de tanto maior força em Deus quanto não
encontra fora onde repousar. Fixa toda a sua esperança no
Criador e, entre as zombarias ruidosas, invoca sua única
testemunha, a interior. Torna-se assim o espírito aflito tanto
mais próximo de Deus quanto mais estranho aos aplausos
humanos. Expande-se sem cessar em oração e, premido
no exterior, com mais nitidez se purifica para penetrar nos
bens interiores. É com razão, pois, que aqui se diz: Quem
é escarnecido pelo amigo, como eu, invocará a Deus, que
o atenderá, porque quando os maus censuram a intenção
dos bons revelam que testemunha desejam para seus atos.
O espírito ferido mune-se de força pela oração e alcança
ouvir dentro de si as palavras do alto por ter se separado
do louvor humano.
É de notar a justeza do inciso: como eu; pois há alguns
que são depreciados pelas críticas humanas, mas que não
são atendidos pelos ouvidos divinos. Porque a zombaria
provocada pela culpa não importa em nenhum mérito da
virtude.
Ri-se da simplicidade do justo: a sabedoria deste mundo
está em esconder as maquinações do coração, velar o
sentido das palavras, mostrar como verdadeiro o que é falso,
demonstrar ser errado aquilo que é verdadeiro.
Pelo contrário, a sabedoria dos justos consiste em nada
fingir por ostentação; declarar o sentido das palavras; amar
as coisas verdadeiras tais como são; evitar as falsas; fazer
o bem gratuitamente; preferir tolerar de bom grado o mal
a fazê-lo; não procurar vingança contra a injúria; reputar
lucro a afronta, em bem da verdade. Zomba-se, porém,
desta simplicidade dos justos, porque para os prudentes
deste mundo a virtude da pureza de coração é tida por
loucura. Tudo quanto se faz com inocência, eles reputam à
tolice, e aquilo que a verdade aprova nas ações soa falso à
sabedoria humana.
Responsório Sl 118(119),104b.105; Jó 6,68b
R. Eu odeio os caminhos da mentira;
* Vossa palavra é a luz para os meus passos,
é uma lâmpada
luzente em meu caminho.
V. Senhor, a quem nós iremos?
Tu tens as palavras de vida
eterna.
* Vossa palavra.
OraçãoÓ
Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em
nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e
caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.