16a SEMANA DO TEMPO COMUM

IV Semana do Saltério

QUARTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro de Jó 18,1-21

Discurso de Baldad: a luz do ímpio se apagará.

1Baldad de Suás tomou a palavra e disse: 2Até quando impedireis as palavras? Refleti e depois falaremos. 3 Por que nos consideras como animais, e passamos por limitados aos teus olhos? 4Tu, que te desmembras em tua cólera, acaso ficará a terra desabitada por tua causa, ou os rochedos serão mudados de seu lugar? 5A luz do ímpio se extingue, e a chama de seu fogo deixará de brilhar. 6A luz se obscurece em sua tenda, e acima dele se extingue sua lâmpada. 7Seus passos vigorosos encurtam-se, e seus próprios projetos o fazem tropeçar. 8Os seus pés jogam-no na armadilha, e ele caminha entre as redes. 9A armadilha prende-o pelo calcanhar, e o laço segura-o firme; 10a corda está escondida no chão, e a armadilha em seu caminho. 11Rodeiam-no terrores que o amedrontam, perseguindo-o passo a passo. 12Em pleno vigor ele fica com fome, e a desgraça se instala a seu lado. 13A enfermidade consome-lhe a pele, devora seus membros o Primogênito da Morte. 14Arrancam-no da paz de sua tenda, e tu o conduzes ao rei dos terrores. 15Podes habitar a tenda que não é mais sua, e espalhar o enxofre sobre o seu redil. 16Por baixo secam suas raízes, por cima murcham seus ramos. 17sua memória desaparece de sua terra, seu nome se apaga na região. 18Lançado da luz às trevas, ele se vê banido da terra, 19sem prole nem descendência entre seu povo, sem um sobrevivente em seu território. 20De seu destino espanta-se o Ocidente, e o Oriente enche-se de terror. 21Não há outra sorte para as moradas da injustiça e o lugar daquele que não conhece a Deus!

Responsório Jó 9,12-14; Rm 9,20
R. Quem poderá impedir a Deus de arrebatar uma presa?
Quem lhe dirá: Por que fazes isso?
De sua cólera Deus não volta atrás;
diante dele jazem, prosternados, os auxiliares de Raab.
*
Quem sou eu para replicar-lhe,
para escolher argumentos contra ele?
V.
Mas quem és tu, ó homem, para contestar a Deus?
Porventura o vaso de barro diz ao oleiro:
Por que me fizeste assim?
*
Quem sou eu.

Segunda leitura
Dos “Livros das Confissões”, de Santo Agostinho, bispo
(Liv. 11,2,3-3,5)
(Séc. V)


Eis que a tua voz é a minha alegria

Teu é o dia e tua é a noite (Sl 73,16): a um sinal teu voam os instantes, partilha generosamente comigo deste teu tempo para as minhas meditações sobre a profundeza da tua lei e não feches a porta àquele que bate.
Pois, com toda a certeza, não quiseste que se escrevessem em vão tantas páginas de segredos misteriosos. Ou não terão aqueles bosques os seus cervos que se refugiam, se restauram, correm, neles pastam, repousando-se e ruminando?
Ó Senhor, continua em mim a tua obra e revela-me aquelas páginas. Eis que a tua voz é a minha alegria; a tua voz vale mais do que todos os prazeres colocados juntos. Satisfaze o meu amor: sim, eu amo, e também este é um dom teu. Não deixes no abandono os teus dons e não desprezes este teu fio de erva sedento.
Que eu te louve por toda verdade que descobrirei nos teus livros, que eu escute a voz do louvor e me sacie de ti, e leve em conta as maravilhas da tua lei, desde o momento em que criaste o céu e a terra até o reino eterno contigo na tua Cidade Santa.
Ó Senhor, tem piedade de mim e realiza o meu desejo, que não me parece terreno: de fato, não desejo ouro ou prata, pedras preciosas, bonitas vestes, honrarias, prazeres ou afetos, e nem mesmo o que é necessário para o corpo durante esta peregrinação da nossa vida; tudo coisas que nos serão dadas em acréscimo, se buscarmos o teu reino e a tua justiça (cf. Mt 6,33).
Vê, meu Deus, qual é o meu desejo. Os maus me contaram coisas prazerosas, porém não conformes à tua lei. Eis aí qual o objeto do meu desejo. Vê, ó Pai, olha, observa e aprova; e que seja agradável à presença da tua misericórdia que eu encontre graça diante de ti, para que não estejam fechados, quando bato, os segredos íntimos das tuas palavras. Suplico-te com veemência pelo Senhor nosso Jesus Cristo, teu filho, homem da tua direita, filho do homem que tu confirmaste como teu e nosso mediador, por meio do qual nos buscaste a nós que não te procurávamos, e ao contrário tu nos buscaste para que nós pudéssemos buscar-te; é o teu Verbo por meio do qual fizeste todas as coisas, e também eu entre elas; o teu Unigênito, pelo qual chamaste à adoração o povo dos que creem, entre os quais também eu, por ele eu te suplico com veemência, por ele que se senta à tua direita e te pede por nós, no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Cl 2,3); é ele que eu procuro nos teus livros. Que eu possa ouvir e compreender como no princípio tu criaste o céu e a terra. Isto escreveu Moisés: escreveu e se foi, passando desta terra, de ti para ti, e agora não está mais aqui diante de mim. Se estivesse aqui eu retê-lo-ia para interrogá-lo e suplicar, em teu nome, para que me explicasse estas palavras, e poria os meus ouvidos atentos para ouvir o som das suas palavras. Ele, porém, falando hebraico, em vão me tocaria os ouvidos: nada conseguiria tocar a minha inteligência. Se, ao contrário, falasse latim, eu compreenderia o que disse. Não podendo, portanto, interrogar a Moisés, eu suplico a ti, ó Verdade, da qual estando ele repleto disse coisas verdadeiras. Peço-te, Deus meu: perdoa os meus pecados; e, porque concedeste àquele teu servo poder expressar estas coisas, concede também a mim compreendê-las.

Responsório Confissões 10,27; Lc 19,10
R. Tão tarde te amei,
beleza sempre antiga e sempre nova!
*
Chamaste, gritaste e venceste a minha surdez
V.
O Filho do Homem veio para buscar
e salvar o que estava perdido.
*
Chamaste.

Oração

Ó Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.