Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Esta introdução se omite
quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
Agora é tempo favorável,
divino dom da Providência,
para curar o mundo enfermo
com um remédio, a penitência.
Da salvação refulge o dia,
na luz de Cristo a fulgurar.
O coração, que o mal feriu,
a abstinência vem curar.
Em corpo e alma, a abstinência,
Deus, ajudai-nos a guardar.
Por tal passagem, poderemos
à páscoa eterna, enfim, chegar.
Todo o Universo vos adore,
Trindade Santa, Sumo Bem.
Novos por graça entoaremos
um canto novo a vós. Amém.
Salmodia
Ant.1 Por
vossa bondade, salvai-me, Senhor!
Salmo 6
O homem aflito pede clemência ao SenhorAgora sinto-me angustiado. Pai, livra-me desta hora (Jo
12,27).
–2 Repreendei-me, Senhor, mas sem ira; *corrigi-me, mas não com furor!=3 Piedade de mim: estou enfermo †e curai o meu corpo doente! *4 Minha alma está muito abatida!
= Até quando, Senhor, até quando.? †5 Oh! voltai-vos a mim e poupai-me, *e salvai-me por vossa bondade!
–6 Porque, morto, ninguém vos recorda; *pode alguém vos louvar no sepulcro?
=7 Esgotei-me de tanto gemer, †banho o leito em meu pranto de noite, *minha cama inundei com as lágrimas!–8 Tenho os olhos turvados de mágoa, *fiquei velho de tanto sofrer!
–9 Afastai-vos de mim, malfeitores, *porque Deus escutou meus soluços!–10 O Senhor escutou meus pedidos; *o Senhor acolheu minha prece!–11 Apavorem-se os meus inimigos; *com vergonha, se afastem depressa!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Por vossa bondade, salvai-me,
Senhor!
Ant.2 O
Senhor é o refúgio do oprimido,seu abrigo nos momentos de aflição.
Salmo 9 A(9)
Ação de graças pela vitóriaDe novo há de vir em sua glória para julgar os vivos e os
mortos
I
–2 Senhor, de coração vos darei graças, *as vossas maravilhas cantarei!–3 Em vós exultarei de alegria, *cantarei ao vosso nome, Deus Altíssimo!
–4 Voltaram para trás meus inimigos, *perante a vossa face pereceram;–5 defendestes meu direito e minha causa, *juiz justo assentado em vosso trono.
–6 Repreendestes as nações, e os maus perdestes, *apagastes o seu nome para sempre.=7 O inimigo se arruinou eternamente, †suas cidades foram todas destruídas, *e até sua lembrança exterminastes.
–8 Mas Deus sentou-se para sempre no seu trono, *preparou o tribunal do julgamento;–9 julgará o mundo inteiro com justiça, *e as nações há de julgar com eqüidade.
–10 O Senhor é o refúgio do oprimido, *seu abrigo nos momentos de aflição.–11 Quem conhece o vosso nome, em vós espera, *porque nunca abandonais quem vos procura.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. O Senhor é o refúgio do oprimido,seu abrigo nos momentos de aflição.
Ant.3
Anunciarei vossos louvoresjunto às portas de Sião.
II
–12 Cantai hinos ao Senhor Deus de Sião, *celebrai seus grandes feitos entre os povos!–13 Pois não esquece o clamor dos infelizes, *deles se lembra e pede conta do seu sangue.
=14 Tende pena e compaixão de mim, Senhor! †Vede o mal que os inimigos me fizeram! *E das portas dos abismos retirai-me,=15 para que eu possa anunciar vossos louvores †junto às portas da cidade de Sião, *e exultar por vosso auxílio e salvação!
–16 Os maus caíram no buraco que cavaram, *nos próprios laços foram presos os seus pés.–17 O Senhor manifestou seu julgamento: *ficou preso o pecador em seu pecado.
–18 Que tombem no abismo os pecadores *e toda gente que se esquece do Senhor!–19 Mas o pobre não será sempre esquecido, *nem é vã a esperança dos humildes.
–20 Senhor, erguei-vos, não se ufanem esses homens! *Perante vós sejam julgados os soberbos!–21 Lançai, Senhor, em cima deles o terror, *e saibam todos que não passam de mortais!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Anunciarei vossos louvoresjunto às portas de Sião.
V. Convertei-vos e crede no Evangelho,
R. Pois o reino de Deus está chegando.
Primeira leitura
Da Carta aos Hebreus
11,1-19
Testemunho da fé dos Santos patriarcas
A fé é a garantia dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se veem. Foi ela que valeu aos antigos
seu belo testemunho.
É pela fé que compreendemos que os mundos foram
organizados por uma palavra de Deus. Por isso é que o
mundo visível não tem sua origem em coisas manifestas.
Foi pela fé que Abel ofereceu a Deus sacrifício melhor
que o de Caim. Graças a ela foi declarado justo, e Deus
apresentou o testemunho dos seus dons. Graças a ela, mesmo
depois de morto, ainda fala!
Foi pela fé que Henoc foi arrebatado, a fim de escapar
da morte; e não o encontraram, porque Deus o arrebatou.
Antes de ser arrebatado, porém, recebeu o testemunho de
que foi agradável a Deus. Ora, sem a fé é impossível ser-lhe
agradável. Pois aquele que se aproxima de Deus deve crer
que ele existe e que recompensa os que o procuram.
Foi pela fé que Noé, avisado divinamente daquilo que
ainda não se via, levou a sério o oráculo e construiu uma
arca para salvar sua família. Pela fé, condenou o mundo,
tornando-se herdeiro da justiça que se obtém pela fé.
Foi pela fé que Abraão, respondendo ao chamado,
obedeceu e partiu para uma terra que devia receber como
herança, e partiu sem saber para onde ia. Foi pela fé que
residiu como estrangeiro na terra prometida, morando em
tendas com Isaac e Jacó, os coerdeiros da mesma promessa.
Pois esperava a cidade que tem fundamentos, cujo arquiteto
e construtor é o próprio Deus. Foi pela fé que também
Sara, apesar da idade avançada, se tornou capaz de ter
descendência, porque considerou fiel o autor da promessa.
É por isso também que de um só homem, já marcado pela
morte, nasceu a multidão comparável à dos astros do céu e inumerável como a areia da praia.
Na fé, todos estes morreram, sem ter obtido a realização
da promessa, depois de tê-la visto e saudado de longe, e
depois de se reconhecerem estrangeiros e peregrinos nesta terra. Pois aqueles que assim falaram demonstram claramente que estão à procura de uma pátria. E se lembrassem a
que deixaram, teriam tempo de voltar para lá. Eles aspiram,
com efeito, a uma pátria melhor, isto é, a uma pátria celeste.
É por isso que Deus não se envergonha de ser chamado o
seu Deus. Pois, de fato, preparou-lhes uma cidade...
Foi pela fé que Abraão tendo sido provado, ofereceu Isaac; ofereceu o filho único, ele que recebera as promessas,
ele, a quem fora dito: É por Isaac que uma descendência te será assegurada. Mas ele dizia: Deus é capaz também de
ressuscitar os mortos. Por isso, recuperou seu filho, como
um símbolo.
Responsório Hb 11,17.19;Rm 4,17
R. Pela fé, Abraão, posto à prova,
ofereceu Isaac em
sacrifício;
ele, o depositário da promessa,
sacrificava o seu
filho único.
* Estava convencido de que Deus tem poder
até de ressuscitar os mortos.
V. Ele creu em Deus que vivifica os mortos
e chama à
existência o que antes não existia.
* Estava convencido.
Segunda leitura
Das Homilias pascais de São Cirilo de Alexandria, bispo
(Hom. 5,7: PG 77,495-498)
Por nossa salvação, Cristo tornou-se obediente ao Pai
Esta é a série dos acontecimentos que, registrados no
monumento das letras sagradas, exprimem o mistério
do Salvador, como em páginas lapidares absolutamente
perfeitas. E a nós, é-nos necessário iluminar com a luz
brilhante da verdade as coisas que aconteceram de modo
prefigurado e explicá-las, uma a uma, com mais clareza.
Assim será mais fácil para os ouvintes compreender o
profundo mistério de amor que nelas se esconde.
Toma, pois, Abraão, homem santo, a seu filho e se apressa
em levá-lo até o lugar que Deus lhe havia mostrado. O filho
era conduzido pelo pai para a imolação, como símbolo e
prova de que nosso Senhor Jesus Cristo não foi levado à cruz
nem pelo poder dos homens nem pela perversidade de seus
inimigos. A vontade de seu Pai é que, segundo um desígnio
preestabelecido, permitiu que ele sofresse a morte por todos
nós. Foi o que declarou a Pilatos o próprio Salvador: Tu não terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado do alto (Jo 19,11). E em outra passagem, falando com seu Pai
do céu: Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua! (Lc 22,42).
Abraão tomou a lenha para o holocausto e a pôs às costas do seu filho Isaac (Gn 22,6). Sem superar ou forçar
pela violência o poder da natureza divina, que porventura
lhes resistisse, mas com a permissão do Pai eterno, em
virtude de um plano preestabelecido e quase com a sua
cooperação, os judeus puseram a cruz sobre os ombros do
Salvador. Sabemos que o profeta Isaías, imune a qualquer
suspeita ou mentira, é testemunha disso, quando diz: A punição a ele imposta era o preço da nossa cura. Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo o seu caminho; e o Senhor fez recair sobre ele o pecado de todos nós (Is 53,5-6).
Quando chegou finalmente ao lugar que lhe fora
mostrado, o patriarca erigiu um altar com presteza e
habilidade; certamente para entendermos que aquilo que os
homens julgam ser apenas uma cruz imposta aos ombros
de nosso Salvador é, diante do Pai comum de todos, um
grande e excelso altar, erguido para a salvação do mundo e
impregnado do perfume de uma vítima santa e puríssima.
E a respeito de Cristo, flagelado em seu corpo e, mais
ainda, cuspido pelos judeus com extrema audácia, escreve
também o profeta Isaías: Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba (Is 50,6).
Deus Pai é um só, e um só o Senhor Jesus Cristo, que é
bendito pelos séculos. Para dar-nos a salvação, desprezou
todo insulto e fez-se obediente ao Pai, humilhando-se até
à morte. Por nosso amor, deu a própria vida, a fim de nos
poder ressuscitar dos mortos pelo Espírito vivificante. E
assim, depois de abrir as portas do céu, ofereceu-nos um
lugar na morada celeste, colocando em presença e ante os
olhos de seu Pai a natureza humana, que há tanto tempo
dele se afastara.
Caríssimos, por tão brilhantes feitos do nosso Salvador,
prorrompam em ações de graças os lábios de todos; e as
línguas todas cantem-lhe com entusiasmo hinos de louvor,
fazendo seu aquele canto cheio de doçura: Por entre aclamações Deus se elevou, o Senhor subiu ao toque da trombeta (Sl 46,6). Sobe, mas depois de realizar a obra da
nossa salvação; e não apenas subindo, mas levando os cativos,
recebendo homens cativos como presente (cf. Sl 67,19).
Responsório: Fl 2,6.8;Is 53,5
R. Jesus Cristo, existindo na condição divina,
não ambicionou o ser igual a Deus,
* Mas humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e
morte de cruz.
V. A punição a ele imposta era o preço da nossa paz,
e suas
feridas, o preço da nossa cura.
* Mas humilhou-se.
Oração
Ó Deus, que pela vossa graça inefável nos enriqueceis de todos
os bens, concedei-nos passar da antiga à nova vida, preparando-nos
assim, para o reino da glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.R. Graças a Deus.