TERÇA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura

Do Segundo Livro das Crônicas 35,20-36,12

Corrupção de Judá. Primeira invasão de Jerusalém

35,20 Depois de tudo o que fizera Josias para reestabelecer a ordem no Templo, Necao, rei do Egito, partiu para uma guerra em Carquemis, no Eufrates. Josias marchou contra ele, 21e Necao enviou mensageiros para lhe dizer: “Que tenho a ver contigo, rei de Judá? Não é a ti que vou atacar hoje, mas é com outra dinastia que estou em guerra e Deus me ordenou que me apressasse. Deixa, pois, agir o Deus que está comigo, para não suceder que ele te arruíne.” 22Mas Josias não desistiu de atacá-lo, pois se disfarçou para combatê-lo e não ouviu o que lhe dizia Necao em nome de Deus. Deu-lhe combate no vale de Meguido; 23os arqueiros atiraram contra o rei Josias e este disse a seus servos: “Levai-me para fora porque me sinto muito mal.” 24Seus homens o tiraram para fora de seu carro , fizeram-no subir em outro de seus carros e o levaram a Jerusalém, onde ele morreu. Sepultaram-no nos sepulcros de seus pais. Todo o Judá e Jerusalém o pranteou; 25Jeremias compôs uma lamentação sobre Josias, que todos os cantores e cantoras recitam ainda hoje em suas lamentações sobre Josias; isso tornou-se um costume em Israel, e esses cânticos se acham nas Lamentações.

26O resto da história de Josias, os testemunhos de sua piedade, conforme tudo o que está escrito na Lei do Senhor, 27sua história, do começo ao fim, tudo isso está escrito no livro dos Reis de Israel e de Judá.

36,1O povo da terra tomou Joacaz, filho de Josias, e o constituiu rei em lugar de seu pai em Jerusalém. 2Joacaz tinha vinte e três anos quando começou a reinar e reinou três meses em Jerusalém. 3O rei do Egito retirou-o de Jerusalém e impôs ao país um tributo de cem talentos de prata e um talento de ouro. 4Depois o rei do Egito entronizou seu irmão Eliaquim como rei sobre Judá e Jerusalém e mudou seu nome para Joaquim. Quanto a seu irmão Joacaz, Necao levou-o consigo para o Egito.

5Joaquim tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar e reinou onze anos em Jerusalém; fez o mal aos olhos do Senhor, seu Deus. 6Nabucodonosor, rei da Babilônia, declarou-lhe guerra e prendeu-o com correntes para leválo para Babilônia. 7Nabucodonosor levou para Babilônia também uma parte do mobiliário do Templo do Senhor e guardou-o no seu palácio em Babilônia. 8O resto da história de Joaquim, as abominações que cometeu e todo o mal que se achou nele, tudo isso está escrito no livro dos Reis de Israel e de Judá. Jeconias, seu filho, reinou em seu lugar.

9Jeconias tinha dezoito anos quando começou a reinar e reinou três meses e dez dias em Jerusalém; fez o mal aos olhos do Senhor. 10No fim do ano, o rei Nabucodonosor mandou prendê-lo e conduzi-lo a Babilônia junto com os objetos preciosos do Templo do Senhor, e constituiu Sedecias, seu irmão como rei sobre Judá e Jerusalém.

11Sedecias tinha vinte e um anos quando começou a reinar e reinou onze anos em Jerusalém. 12Fez o mal aos olhos do Senhor, seu Deus. Não se humilhou diante do profeta Jeremias, que veio por ordem do Senhor.

Responsório Ne 9,30.29

R. Foste paciente com eles por muitos anos
e advertiste-
os para reconduzi-los à tua Lei:
mas se orgulharam, e não obedeceram.
*
Então os entregaste ao poder
dos povos de outras terras.

V. Pecaram contra as tuas normas,
mostraram um ombro
rebelde,
endureceram a cerviz. * Então os entregaste.

Segunda leitura

Da “Introdução à Vida Devota” de São Francisco de Sales, bispo

(P. III, c. 9)

A doçura para nós mesmos

Entre os usos que devemos saber fazer da doçura, o melhor é aplicá-la a nós mesmos, para não ter ressentimento de nós mesmos e das nossas imperfeições. Com efeito, embora a razão, depois de cometermos um erro, nos leve a ficar contristados e arrependidos, é necessário, todavia, não nos considerarmos com severidade excessiva, amarga, irascível e colérica. Consequentemente, erram todos aqueles que, após a cólera, se irritam em razão de ter ficado irados, afligem-se por causa de sua própria aflição, indignam-se com sua própria indignação. Dessa maneira, eles mantêm continuamente seu coração a angustiar-se na cólera. E essa segunda cólera altera a primeira, de maneira a provocar e favorecer uma terceira cólera que por ventura viesse a se apresentar. Sem falar de que esses ressentimentos, essas cóleras e angústias que sentimos contra nós mesmos tendem ao orgulho. Sua origem é um amor desordenado por nós mesmos; um amor que se perturba e se inquieta pela própria imperfeição.

O desagrado que sentimos pelas nossas faltas deve, pois, ser sereno, calmo e firme. Muito mais podemos nos emendar com um arrependimento pacato e constante, do que com reações cheias de aspereza, apressadas e coléricas. Até porque tais reações impetuosas são motivadas mais por nossas inclinações desordenadas do que pela gravidade objetiva da nossa culpa. Aquele que preza a castidade, por exemplo, se, por um lado, experimenta uma dor e um aborrecimento desproporcionado por uma falta ainda que mínima contra sua pureza, por outro lado, sorri por uma grave calúnia por ele provocada ou alimentada. Aquele que abomina a maledicência se atormenta por uma murmuração leve, mas não leva em conta uma falta grave contra a castidade ou qualquer outro erro. Isso ocorre porque tais pessoas não julgam sua consciência pela razão, e sim pela paixão. Assim como a correção benigna e amorosa de um pai produz no filho um efeito bem maior do que a indignação e o desprezo, a censura moderada e benévola que exorta o coração culpado a emendar-se, movida mais pela compaixão do que pela paixão, provoca arrependimento mais profundo e sincero do que uma condenação enraivecida e violenta.

Após a queda, portanto, levantai vossos corações com doçura e humilhai-vos profundamente perante Deus, porque conhecestes a vossa miséria. E não vos surpreendais pelo vosso pecado, pois é natural que a enfermidade seja enferma; a fraqueza, fraca; a miséria, miserável. Detestai, com todas as vossas forças, as ofensas feitas a Deus e retomai, com coragem e extrema confiança na misericórdia divina, o caminho da virtude que tínheis abandonado.

Responsório Lm 3,40-41; 2Cor 6,2

R. Examinemos e perscrutemos a nossa conduta,
convertamo-nos ao Senhor,
*
Elevemos nossos corações
e nossas mãos para Deus que está nos céus.
V. Eis agora o tempo favorável;
eis agora o dia da salvação. * Elevemos.

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.