3a SEMANA DO TEMPO COMUMIII Semana do SaltérioQUARTA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Da Carta de São Paulo aos Romanos
9,19-33
A livre onipotência do Criador
19Dir-me-ás então: por que ele ainda se queixa? Quem,
com efeito, pode resistir à sua vontade? 20Mais exatamente,
quem és tu, ó homem, para discutires com Deus? Vai acaso
a obra dizer ao artífice: Por que me fizeste assim? 21O oleiro
não pode formar da sua massa seja um utensílio para uso
nobre, seja outro para uso vil? 22Ora, se Deus, querendo
manifestar sua ira e tornar conhecido seu poder, suportou
com muita longanimidade os casos da ira, prontos para a
perdição, 23a fim de que fosse conhecida a riqueza da sua
glória para com os vasos de misericórdia, preparados para a
glória, 24isto é, para conosco, que ele chamou não só dentre
os judeus, mas também dentre os gentios?...
25Como também diz em Oseias: Chamarei meu povo
àquele que não é meu povo e amada àquela que não é
amada. 26E acontecerá que no lugar onde lhes foi dito: vós
não sois meu povo, lá serão chamados filhos do Deus vivo!
27Isaías, por sua vez, proclama a respeito de Israel: Mesmo
que o número dos filhos de Israel fosse como a areia do
mar, o resto é que será salvo; 28porque, dando execução e
abreviando os tempos, Deus cumprirá sua palavra sobre a
terra. 29E ainda como Isaías havia predito: Se o Senhor dos
Exércitos não nos tivesse preservado um germe, teríamos
ficado como Sodoma, teríamos ficado como Gomorra.
30Que diremos, então? Que os gentios, sem procurar a
justiça, alcançaram a justiça, isto é, a justiça da fé, 31ao passo
que Israel, procurando uma lei de justiça, não conseguiu
esta Lei. 32E por quê? Porque não a procurou pela fé, mas
como se a conseguisse pelas obras. Esbarraram na pedra
de tropeço, 33conforme está escrito: Eis que ponho em Sião
uma pedra de tropeço, uma rocha de escândalo; mas quem
nela crer não será confundido.
Responsório
Os 2,25; Rm 9,23.25
R. Amarei àquela que não é amada;
* E direi àquele que não é meu povo:
“Tu és meu povo”, e
ele dirá: “Meu Deus”.
V. Deus, a fim de que fosse conhecida a riqueza da sua
glória,
nos chamou, como disse Oseias:
* E direi àquele.
Segunda leitura
Do “Comentário sobre a carta aos Gálatas”, de Santo Agostinho, bispo
(Liv. 1,27-28)
(Séc. V)
Única descendência de Abraão: Cristo e a Igreja
A lei, disse o Apóstolo, é para nós como um pedagogo
que nos conduziu a Cristo (Gl 3,24). Antes, nós estávamos
fechados sob a custódia da lei. Mas logo que veio a fé, nós
não estamos mais sob um pedagogo (Gl 3,23.25). Corrige
assim aqueles que tornam vã a graça de Cristo e, como se
ainda não tivesse vindo aquele que deveria chamar-nos à
liberdade, querem ainda permanecer sob o pedagogo.
Quando disse que todos, pela fé, são filhos de Deus,
enquanto aquele que é batizado é revestido de Cristo, quer
demonstrar que os gentios, mesmo que não tenham ficado sob a sujeição
do pedagogo, não devem se desesperar
pensando que não podem se considerar filhos. Revestidos
de Cristo mediante a fé, todos se tornam filhos: não por
natureza, como o Unigênito que é também a Sabedoria de
Deus, e nem por simples usurpação da pessoa da Sabedoria
e de suas ações. Uno com a Sabedoria é o próprio mediador,
Cristo, por ela elevado na sua humanidade sem qualquer
interposição ou intervenção de outro mediador. Eles, porém,
se tornam filhos pela participação da Sabedoria, por força
e por causa da fé no mediador.
Através desta fé, não há diferença entre judeus e gregos,
entre escravos e livres, entre homens e mulheres, pois todos
os que tem a fé são um só em Cristo Jesus. E se isto realiza
a fé, com a qual se vive segundo a justiça nesta vida, quanto
mais plenamente e perfeitamente não fará a própria visão,
quando o veremos face a face?
Agora, de fato, mesmo tendo pela justificação da fé as
primícias do Espírito que é vida, todavia, porque pelo pecado o corpo
ainda está sujeito à morte, estas diferenças entre
judeus e gentios, e de condições sociais e de sexo, mesmo
sendo eliminadas pela unidade da fé, permanecem ainda na
existência terrena. Também os apóstolos nos ensinam que
ao longo desta vida é oportuno conservar tais distinções;
eles, além disso, nos dão valiosíssimas normas para vivermos juntos,
mesmo mantendo as diferenças devidas à nacionalidade, à condição entre
escravos e senhores, sexo e outras
diferenças que eventualmente possam se manifestar. Antes
mesmo deles, o próprio Senhor havia dito: Daí a César o
que é de César e a Deus o que é de Deus (Mt 22,21).
Todos vós, disse o Apóstolo, sois um em Cristo Jesus
(Gl 3,28); mas, mesmo levando em conta tais diferenças
ele acrescenta: E se pertenceis a Cristo significa que sois
descendência de Abraão (Gl 3,29). O sentido é este: Todos
vós sois um em Cristo Jesus, vós, portanto, sois descendência de Abraão. Antes, de fato, havia dito que a Escritura não
disse aos teus descendentes como se si tratasse de muitos,
mas à tua descendência, como a um só, isto é, Cristo (Gl
3,16). Aqui, portanto, ele demonstra que Cristo é o único
descendente não referindo-se apenas a ele, único mediador,
mas também à Igreja seu corpo, do qual ele é a cabeça. E
isso para que todos sejam um em Cristo e recebam, segundo
a promessa, a herança por meio da fé. Na espera da sua
vinda, o povo estava preso à lei como sob a custódia de um
pedagogo, até a idade oportuna: ou seja, até quando, fossem
chamados à liberdade aqueles que no mesmo povo foram
chamados segundo o desígnio de Deus, isto é, aqueles que
naquele campo foram encontrados como o grão.
Responsório
Gl 3,26-27; 1Cor 6,15
R. Todos vós sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus,
* Pois todos vós que fostes batizados em Cristo,
fostes
revestidos de Cristo.
V. Os vossos corpos são membros de Cristo.
* Pois todos.OraçãoDeus
eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para
que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por
nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.