Ofício das Leituras

V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
 
R. Socorrei-me sem demora.
 Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
 Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Esta introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.

 Hino

Exulte o céu do alto,
aplaudam terra e mar;
o Cristo, ressurgindo,
a vida vem nos dar.

O tempo favorável
à terra já voltou;
felizes, contemplamos
o dia salvador,

 no qual o mundo, salvo
no sangue do Cordeiro,
já brilha em meio às trevas
com brilho verdadeiro.

A morte mata a morte,
da culpa nos redime;
a força do vencido,
vencendo, apaga o crime.

É esta a nossa espera,
é este o nosso gozo:
também ressurgiremos,
com Cristo glorioso.

Por isso, celebremos
a Páscoa do Cordeiro,
repletos pela graça
do seu amor primeiro.

Jesus, sede a alegria
perene dos remidos;
uni na vossa glória
da graça os renascidos.

Louvor a vós, Jesus,
da morte vencedor,
reinando com o Pai
e o seu eterno Amor.

 Salmodia

 Ant. 1 A palavra do Senhor é proteção
para aqueles que a ele se confiam. Aleluia.

Salmo 17(18),31-51

Ação de graças
Se Deus é por nós, quem será contra nós? (Rm 8,31).

IV

31 São perfeitos os caminhos do Senhor, *
sua palavra é provada pelo fogo;
– nosso Deus é um escudo poderoso *
para aqueles que a ele se confiam.

 –32 Quem é deus além de Deus nosso Senhor? *
Quem é Rochedo semelhante ao nosso Deus?
33 Foi esse Deus que me vestiu de fortaleza *
e que tornou o meu caminho sem pecado.

 –34 Tornou ligeiros os meus pés como os da corça *
e colocou-me em segurança em lugar alto;
35 adestrou as minhas mãos para o combate, *
e os meus braços, para usar arcos de bronze.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. A palavra do Senhor é proteção
para aqueles que a ele se confiam. Aleluia.

 Ant. 2 Com a vossa mão direita me amparastes. Aleluia.

 V

=36 Por escudo vós me destes vossa ajuda; †
com a vossa mão direita me amparastes, *
e a vossa proteção me fez crescer.
37 Alargastes meu caminho ante meus passos, *
e por isso os meus pés não vacilaram.

 –38 Persegui meus inimigos e alcancei-os, *
não voltei sem os haver exterminado;
39 esmaguei-os, já não podem levantar-se, *
e debaixo dos meus pés caíram todos.

 –40 Vós me cingistes de coragem para a luta *
e dobrastes os rebeldes a meus pés.
41 Vós fizestes debandar meus inimigos, *
e aqueles que me odeiam dispersastes.

 –42 Eles gritaram, mas ninguém veio salvá-los; *
os seus gritos o Senhor não escutou.
43 Esmaguei-os como o pó que o vento leva *
e pisei-os como a lama das estradas.

 –44 Vós me livrastes da revolta deste povo *
e me pusestes como chefe das nações;
– serviu-me um povo para mim desconhecido, *
45 mal ouviu a minha voz, obedeceu.

 = Povos estranhos me prestaram homenagem, †
46 povos estranhos se entregaram, se renderam*
e, tremendo, abandonaram seus redutos.

 – Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

 Ant. Com a vossa mão direita me amparastes. Aleluia.

 Ant. 3 Viva o Senhor! Bendito seja o meu Rochedo! Aleluia.

 VI

47 Viva o Senhor! Bendito seja o meu Rochedo! *
E louvado seja Deus, meu Salvador!
48 Porque foi ele, o Senhor, que me vingou *
e os povos submeteu ao meu domínio;

 = libertou-me de inimigos furiosos, †
49 me exaltou sobre os rivais que resistiam *
e do homem sanguinário me salvou.
50 Por isso, entre as nações, vos louvarei, *
cantarei salmos, ó Senhor, ao vosso nome.

 =51 Concedeis ao vosso rei grandes vitórias †
e mostrais misericórdia ao vosso Ungido, *
a Davi e à sua casa para sempre.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Viva o Senhor! Bendito seja o meu Rochedo! Aleluia.

V. Deus, o Pai, que a Jesus,
nosso Senhor, ressuscitou, aleluia,

R. Nos fa também a nós
ressuscitar por seu poder. Aleluia.

Primeira leitura
Dos Atos dos Apóstolos 19,1-20

Paulo em Éfeso
Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, depois de ter atravessado o planalto, chegou a Éfeso. Ali encontrou alguns discípulos e perguntou-lhes: “Recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé?” Eles responderam: “Mas nem ouvimos dizer que haja um Espírito Santo”. E ele: “Em que batismo fostes então batizados?” Responderam: “No batismo de João”. Paulo então explicou: “João batizou com um batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que viria após ele, a saber, em Jesus”. Tendo ouvido isto, receberam o batismo em nome do Senhor Jesus. E quando Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo veio sobre eles: puseram-se então a falar em línguas e a profetizar. Eram, ao todo, cerca de doze homens.
Paulo foi à sinagoga onde, durante três meses, falou com intrepidez, discutindo e tentando persuadir sobre o Reino de Deus. Alguns, porém, empedernidos e incrédulos, falavam mal do Caminho diante da assembleia. Afastou-se, então, deles e tomou à parte os discípulos, com os quais entretinha-se diariamente na escola de Tiranos. Isto prolongou-se pelo espaço de dois anos, de sorte que todos os habitantes da Ásia, judeus e gregos, puderam ouvir a palavra do Senhor.
Entretanto, pelas mãos de Paulo, Deus operava milagres não comuns. Bastava, por exemplo, que sobre os enfermos se aplicassem lenços e aventais que houvessem tocado seu corpo: afastavam-se deles as doenças, e os espíritos maus saíam.
Então, alguns dos exorcistas judeus ambulantes começaram a pronunciar, eles também, o nome do Senhor Jesus, sobre os que tinham espíritos maus. E diziam: “Eu vos conjuro por Jesus, a quem Paulo proclama!” Quem fazia isto eram os sete filhos de certo Ceva, sumo sacerdote judeu. Mas o espírito mau replicou-lhes: “Jesus eu o conheço; e Paulo, sei quem é. Vós, porém, quem sois?” E investindo contra eles, o homem no qual estava o espírito mau dominou a uns e outros, e de tal modo os maltratou que, desnudos e feridos, tiveram de fugir daquela casa. O fato chegou ao conhecimento de todos os judeus e gregos que moravam em Éfeso. A todos sobreveio o temor, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido.
Muitos dos que haviam abraçado a fé começaram a confessar e a declarar suas práticas. E grande número dos que haviam exercido a magia traziam seus livros e os queimavam à vista de todos. Calculando-se o seu preço, acharam que seu valor chegava a cinquenta mil peças de prata.
Assim, a palavra do Senhor crescia e se firmava poderosamente.

Responsório Cf. At 15,8-9;11,18
R. Deus, que conhece os corações,
deu aos pagãos o Espírito Santo como o deu a nós.
*
E não fez discriminação entre nós e eles,
mas purificou-lhes o coração mediante a fé, aleluia.
V.
Deus, também aos pagãos,
concedeu a conversão que leva à vida!
*
E não fez.

Segunda leitura
Do Tratado “A vida em Cristo”, de Nicolau Cabasilas
(Lib. 3: PG 150,574-575)

A unção do Espírito Santo
A obra do Batismo é comunicar a força e a eficácia do Espírito de bondade. A própria unção torna presente em nós o Senhor Jesus, no qual está toda a salvação dos homens, toda a esperança do bem; por ele é que nos vem a participação do Espírito Santo e o acesso ao Pai.
O que esse unguento garante aos cristãos e que é útil em qualquer tempo são os dons da piedade, da oração, da caridade, da castidade e outros muito proveitosos para quantos os recebem. Todavia muitos cristãos não o percebem e ignoram qual é a força desse mistério, conforme está escrito no livro dos Atos dos Apóstolos: Nem ouvimos dizer que existe Espírito Santo (At 1 9,2).
Acontece isso a alguns porque recebem o Batismo antes da idade conveniente; a outros porque o recebem nos anos da juventude, em que, voltados para os pecados ignominiosos, obcecam os olhos da alma.
Realmente é o Espírito Santo que concede seus dons aos batizados e os distribui a cada um conforme quer (1Cor 11,12). E o Senhor não deixa de nos beneficiar, ele que prometeu estar conosco até o fim dos tempos. De fato, essa iniciação não é vã nem supérflua: assim como recebemos, do banho divino do Batismo, o perdão dos pecados, e, da mesa sagrada, o Corpo de Cristo, esses benefícios não cessarão enquanto não aparecer aquele que é seu fundamento; do mesmo modo, é conveniente que os cristãos usufruam desse unguento santíssimo; e é absolutamente necessário que participem dos dons do Espírito Santo.
Com efeito, seria lógico que, entre os ritos sagrados, uns sejam eficazes e o outro completamente infrutífero? Como crer com São Paulo que aquele que fez a promessa é fiel (Hb 10,23) e duvidar disso? Uma vez que é preciso ou não ver o bem em cada sacramento ou vê-lo em todos, já que a mesma virtude opera em todos e é única a imolação do único Cordeiro, então é certo que sua morte e seu sangue dão a todos eles a perfeição. Portanto, o Espírito Santo é dado para edificar a Igreja (cf. 1Cor 14,4): a uns para pregar a vida futura, comunicar os mistérios ou debelar as doenças com sua palavra; a outros para que se tornem melhores e primem pela piedade, castidade, caridade ou extraordinária humildade.
Dessa forma, em todos os iniciados, o sacramento realiza o que lhe é próprio, embora nem todos tenham conhecimento dos dons ou capacidade de se utilizar de tais riquezas: uns porque, em razão da pouca idade, não podem alcançá-lo pela inteligência, outros porque não estão preparados ou carecem das devidas disposições.

Responsório Cf. Ef 1,13-14;2Cor 1,21-22
R. Por terdes acreditado,
vós recebestes a marca do Espírito Santo prometido,
que é a garantia de nossa herança,
* Até a completa redenção daqueles que Deus adquiriu para si, aleluia.
V.
É Deus que nos ungiu.
Foi ele que imprimiu em nós sua marca
e nos deu como garantia o Espírito derramado em nossos corações.
*
Até a completa.

Oração

Ó Deus, vossa graça nos santificou quando éramos pecadores e nos deu a felicidade, quando infelizes. Vinde em socorro das vossas criaturas e sustentai-nos com vossos dons, para que não falte a força da perseverança àqueles a quem destes a graça da fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R.
Demos graças a Deus.