Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Esta introdução se omite
quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
Agora é tempo favorável,
divino dom da Providência,
para curar o mundo enfermo
com um remédio, a penitência.
Da salvação refulge o dia,
na luz de Cristo a fulgurar.
O coração, que o mal feriu,
a abstinência vem curar.
Em corpo e alma, a abstinência,
Deus, ajudai-nos a guardar.
Por tal passagem, poderemos
à páscoa eterna, enfim, chegar.
Todo o Universo vos adore,
Trindade Santa, Sumo Bem.
Novos por graça entoaremos
um canto novo a vós. Amém.
Salmodia
Ant.1 Inclinai o
vosso ouvido para mim,
apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me!
Salmo 30(31),2-17.20-25
Súplica confiante do aflito
Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito (Lc 23,46).
I
–2 Senhor, eu ponho em vós minha esperança; *
que eu não fique envergonhado eternamente!
= Porque sois justo, defendei-me e libertai-me, †
3 inclinai o vosso ouvido para mim; *
apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me!
– Sede uma rocha protetora para mim, *
um abrigo bem seguro que me salve!
–4 Sim, sois vós a minha rocha e fortaleza; *
por vossa honra orientai-me e conduzi-me!
–5 Retirai-me desta rede traiçoeira, *
porque sois o meu refúgio protetor!
–6 Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, *
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!
–7 Detestais os que adoram deuses falsos; *
quanto a mim, é ao Senhor que me confio.
=8 Vosso amor me faz saltar de alegria, †
pois olhastes para as minhas aflições *
e conhecestes as angústias de minh’alma.
–9 Não me entregastes entre as mãos do inimigo, *
mas colocastes os meus pés em lugar amplo!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Inclinai o vosso ouvido para mim,
apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me!
Ant.2 Mostrai serena
a vossa face ao vosso servo.
II
=10 Tende piedade, ó Senhor, estou sofrendo: †
os meus olhos se turvaram de tristeza, *
o meu corpo e minha alma definharam!
–11 Minha vida se consome em amargura, *
e se escoam os meus anos em gemidos!
– Minhas forças se esgotam na aflição, *
e até meus ossos, pouco a pouco, se desfazem!
–12 Tornei-me o opróbrio do inimigo, *
o desprezo e zombaria dos vizinhos,
– e objeto de pavor para os amigos; *
fogem de mim os que me vêem pela rua.
–13 Os corações me esqueceram como um morto, *
e tornei-me como um vaso espedaçado.
–14 Ao redor, todas as coisas me apavoram; *
ouço muitos cochichando contra mim;
– todos juntos se reúnem, conspirando *
e pensando como vão tirar-me a vida.
–15 A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio, *
e afirmo que só vós sois o meu Deus!
–16 Eu entrego em vossas mãos o meu destino; *
libertai-me do inimigo e do opressor!
–17 Mostrai serena a vossa face ao vosso servo, *
e salvai-me pela vossa compaixão!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Mostrai serena a vossa face ao
vosso servo.
Ant.3 Seja bendito o
Senhor Deus
por seu amor maravilhoso!
III
–20 Como é grande, ó Senhor, vossa bondade, *
que reservastes para aqueles que vos temem!
– Para aqueles que em vós se refugiam, *
mostrando, assim, o vosso amor perante os homens.
–21 Na proteção de vossa face os defendeis *
bem longe das intrigas dos mortais.
– No interior de vossa tenda os escondeis, *
protegendo-os contra as línguas maldizentes.
–22 Seja bendito o Senhor Deus, que me mostrou *
seu grande amor numa cidade protegida!
–23 Eu que dizia quando estava perturbado: *
“Fui expulso da presença do Senhor!”
– Vejo agora que ouvistes minha súplica, *
quando a vós eu elevei o meu clamor.
=24 Amai o Senhor Deus, seus santos todos, †
ele guarda com carinho seus fiéis, *
mas pune os orgulhosos com rigor.
–25 Fortalecei os corações, tende coragem, *
todos vós que ao Senhor vos confiais!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Seja bendito o Senhor Deus
por seu amor maravilhoso!
V. Convertei-vos e crede no Evangelho.
R. Pois o reino de Deus está chegando.
Primeira leitura
Do Livro do Deuteronômio
24,1-25,4
Preceitos em relação ao próximo
Quando um homem tiver tomado uma mulher e
consumado o matrimônio, mas esta, logo depois, não
encontra mais graça a seus olhos, porque viu nela algo de
inconveniente, ele lhe escreverá então uma ata de divórcio
e a entregará, deixando-a sair de sua casa em liberdade.
Tendo saído de sua casa, se ela começa a pertencer a
outro, e se também este a repudia, e lhe escreve e entrega
em mãos uma ata de divórcio, e a deixa ir de sua casa em
liberdade (ou se este outro homem que a tinha esposado
vem a morrer), o primeiro marido que a tinha repudiado
não poderá retomá-la como esposa, após ela ter-se tornado
impura: isso seria um ato abominável diante do Senhor. E
tu não deverias fazer pecar a terra que o Senhor teu Deus
te dará como herança.
Quando um homem for recém-casado, não deverá ir
para a guerra, nem será requisitado para qualquer coisa. Ele
ficará em casa, de licença por um ano, alegrando a esposa
que tomou.
Não tomarás como penhor as duas mós, nem mesmo a
mó de cima, pois assim estarias penhorando uma vida.
Se alguém for pego em flagrante sequestrando um dos
irmãos, dentre os israelitas - para explorá-lo ou vendê-lo
- tal sequestrador será morto. Desse modo extirparás o mal
do teu meio.
Quando houver lepra, cuida de pôr diligentemente em
prática tudo o que os sacerdotes levitas vos ensinarem;
cuidareis de pôr em prática o que eu lhes tiver ordenado.
Lembra-te do que o Senhor teu Deus fez a Maria no
caminho, quando saístes do Egito.
Quando fizeres algum empréstimo ao teu próximo, não
entrarás em sua casa para lhe tirar o penhor. Ficarás do lado
de fora, e o homem a quem fizestes o empréstimo virá para
fora trazer-te o penhor. Se for um pobre, porém, não irás
dormir conservando o seu penhor; ao pôr do sol deverás
devolver sem falta o penhor, para que ele durma com o
seu manto e te abençoe. E, quanto a ti, isso será um ato de
justiça diante do Senhor teu Deus.
Não oprimirás um assalariado pobre, necessitado, seja
ele um dos teus irmãos ou um estrangeiro que mora em tua
terra, em tua cidade. Pagar-lhe-ás o salário a cada dia, antes
que o sol se ponha, porque ele é pobre e disso depende a
sua vida. Deste modo, ele não clamará ao Senhor contra ti,
e em ti não haverá pecado.
Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os
filhos em lugar dos pais. Cada um será executado por seu
próprio crime.
Não perverterás o direito do estrangeiro e do órfão, nem
tomarás como penhor a roupa da viúva. Recorda que foste
escravo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus de lá te
resgatou. É por isso que eu te ordeno agir desse modo.
Quando estiveres ceifando a colheita em teu campo
e esqueceres um feixe, não voltes para pegá-lo: ele é do
estrangeiro, do órfão e da viúva, para que o Senhor teu Deus
te abençoe em todo trabalho das tuas mãos.
Quando sacudires os frutos da tua oliveira, não repasses
os ramos: o resto será do estrangeiro, do órfão e da viúva.
Quando vindimares a tua vinha, não voltes a rebuscá-la: o
resto será do estrangeiro, do órfão e da viúva.
Recorda que foste escravo na terra do Egito. É por isso
que eu te ordeno agir desse modo.
Quando houver querela entre dois homens e vierem à
justiça, eles serão julgados, absolvendo-se o inocente e
condenando-se o culpado. Se o culpado merecer açoites, o
juiz o fará deitar-se e mandará açoitá-lo em sua presença,
com um número de açoites proporcional à sua culpa. Falo-á açoitar quarenta vezes, não mais; não aconteça que,
caso seja açoitado mais vezes, a ferida se torne grave e o
teu irmão fique aviltado a teus olhos.
Não amordaçarás o boi que debulha o grão.
Responsório Mc 12,32-33;Eclo 35,2-3
R. Na verdade, Mestre,
estás certo em dizer que Deus é
único,
e não existe outro além dele.
Amar a Deus de todo
o coração,
* E amar o próximo como a si mesmo,
isso supera todos os
sacrifícios e ofertas.
V. Quem pratica a misericórdia, oferece um sacrifício;
quem
se afasta da maldade, tem o agrado do Senhor.
* E amar.
Segunda leitura
Da Constituição pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja
no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II
(N. 48)
A santidade do matrimônio e da família
O homem e a mulher que, pela aliança conjugal, já não são dois, mas uma só carne (Mt 19,6), prestam ajuda e
serviço um ao outro com a íntima união das suas pessoas e
atividades, tomam consciência da própria unidade e cada vez
mais a realizam. Esta união íntima, que é o dom recíproco
de duas pessoas e se orienta do mesmo modo para o bem
dos filhos, exige plena fidelidade dos esposos e requer a
indissolubilidade da sua união.
Cristo Senhor cumulou de bênçãos este amor de
múltiplos aspectos, nascido da fonte divina da caridade e
formado à imagem da sua própria união com a Igreja.
Assim como outrora Deus tomou a iniciativa da aliança
de amor e fidelidade com o seu povo, agora o Salvador dos
homens e Esposo da Igreja vem ao encontro dos esposos
cristãos através do sacramento do matrimônio. Permanece
com eles, para que, assim como ele amou a Igreja e se
entregou por ela, de igual modo os esposos, dando-se um
ao outro, se amem com perpétua fidelidade.
O autêntico amor conjugal é assumido no amor divino, e
orientado e enriquecido pela força redentora de Cristo e pela
ação salvadora da Igreja. Deste modo, os esposos caminham
eficazmente para Deus e são ajudados e fortalecidos na sua
missão sublime de pai e mãe.
Por esta razão, os esposos cristãos são fortalecidos e como
que consagrados em ordem aos deveres e à dignidade do seu
estado por meio de um sacramento especial. Cumprindo a
sua missão conjugal e familiar com a força deste sacramento,
penetrados do espírito de Cristo que impregna toda a sua
vida de fé, esperança e caridade, progridem sempre mais
na própria perfeição e na mútua santificação, contribuindo
assim, os dois juntos, para a glória de Deus.
Os filhos, bem como todos os que vivem no círculo
familiar, encontrarão mais facilmente o caminho da perfeição humana, da salvação e da santidade, quando os pais os
precedem com o exemplo e a oração familiar. Os esposos,
revestidos com a dignidade e a missão da paternidade e da
maternidade, esforçar-se-ão por cumprir com amor o dever
da educação, principalmente da formação religiosa, que a
eles cabe em primeiro lugar.
Como membros vivos da família, os filhos contribuem a
seu modo para a santificação dos pais. Corresponderão, com
a sua gratidão, afeto e confiança aos benefícios recebidos
dos pais. Como bons filhos, assistem-nos nas dificuldades
e na solidão da velhice.
Responsório Ef 5,32.25.33
R. É grande este mistério, isto é,
a relação entre Cristo e
a Igreja.
* Cristo amou a sua Igreja e por ela se entregou.
V. Cada um ame sua esposa como ama a si mesmo;
e a
mulher, por sua vez, respeite seu marido.
* Cristo amou.
Oração
Ó Deus, que para remédio e salvação nossa nos ordenais a prática da
mortificação, concedei que possamos evitar todo pecado e cumprir de
coração os mandamentos do vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.