Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R.
Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Esta
introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao
Ofício das Leituras.
Hino
Exulte o céu do alto,
aplaudam terra e mar;
o Cristo, ressurgindo,
a vida vem nos dar.
O tempo favorável
à terra já voltou;
felizes, contemplamos
o dia salvador,
no qual o mundo, salvo
no sangue do Cordeiro,
já brilha em meio às trevas
com brilho verdadeiro.
A morte mata a morte,
da culpa nos redime;
a força do vencido,
vencendo, apaga o crime.
É esta a nossa espera,
é este o nosso gozo:
também ressurgiremos,
com Cristo glorioso.
Por isso, celebremos
a Páscoa do Cordeiro,
repletos pela graça
do seu amor primeiro.
Jesus, sede a alegria
perene dos remidos;
uni na vossa glória
da graça os renascidos.
Louvor a vós, Jesus,
da morte vencedor,
reinando com o Pai
e o seu eterno Amor.
Salmodia
Ant.1 Olhai e vede, ó Senhor, a
humilhação do vosso povo!
Salmo 88(89),39-53
Lamentação sobre a ruína da casa
de Davi
Fez aparecer para nós uma força
de salvação na casa de Davi (Lc 1,69).
IV
–39
E no entanto vós, Senhor, repudiastes vosso Ungido, *
gravemente vos irastes contra
ele e o rejeitastes!
–40
Desprezastes a Aliança com o vosso servidor, *
profanastes sua coroa,
atirando-a pelo chão!
–41
Derrubastes, destruístes os seus muros totalmente, *
e as suas fortalezas reduzistes
a ruínas.
–42
Os que passam no caminho sem piedade o saquearam *
e tornou-se uma vergonha para os
povos, seus vizinhos.
–43
Aumentastes o poder da mão direita do agressor, *
e exultaram de alegria os
inimigos e opressores.
–44
Vós fizestes sua espada ficar cega, sem ter corte, *
não quisestes sustentá-lo quando
estava no combate.
–45
O seu cetro glorioso arrancastes de sua mão, *
derrubastes pelo chão o seu
trono esplendoroso,
–46
e de sua juventude a duração abreviastes, *
recobrindo sua pessoa de
vergonha e confusão.
- Glória ao Pai e ao Filho e ao
Espírito Santo,*
como era no princípio, agora e
sempre. Amém.
Ant. Olhai e vede, ó Senhor, a
humilhação do vosso povo!
Ant.2 Sou o rebento da estirpe de
Davi,
sou a estrela fulgurante da
manhã. Aleluia).
V
–47
Até quando, Senhor Deus, ficareis sempre escondido? *
Arderá a vossa ira como fogo
eternamente?
–48
Recordai-vos, ó Senhor, de como é breve a minha vida, *
e de como é perecível todo homem
que criastes!
–49
Quem acaso viverá sem provar jamais a morte, *
e quem pode arrebatar a sua vida
dos abismos?
–50
Onde está, ó Senhor Deus, vosso amor de antigamente? *
Não jurastes a Davi fidelidade
para sempre?
–51
Recordai-vos, ó Senhor, da humilhação dos vossos servos, *
pois carrego no meu peito os
ultrajes das nações;
–52
com os quais sou insultado pelos vossos inimigos, *
com os quais eles ultrajam vosso
Ungido a cada passo!
–53
O Senhor seja bendito desde agora e para sempre! *
Bendito seja o Senhor Deus,
eternamente! Amém, amém!
- Glória ao Pai e ao Filho e ao
Espírito Santo,*
como era no princípio, agora e
sempre. Amém.
Ant. Sou o rebento da estirpe de
Davi,
sou a estrela fulgurante da
manhã. Aleluia
Ant.3 Os nossos dias vão murchando
como a erva;
vós, Senhor, sois desde sempre e
para sempre. Aleluia
Salmo 89(90)
O esplendor do Senhor esteja
sobre nós
Para o Senhor, um dia é como mil
anos, e mil anos como um dia (2Pd 3,8).
–1
Vós fostes um refúgio para nós, *
ó Senhor, de geração em geração.
=2
Já bem antes que as montanhas fossem feitas †
ou a terra e o mundo se
formassem, *
desde sempre e para sempre vós
sois Deus.
–3
Vós fazeis voltar ao pó todo mortal, *
quando dizeis: “Voltai ao pó,
filhos de Adão!”
–4
Pois mil anos para vós são como ontem, *
qual vigília de uma noite que
passou.
–5
Eles passam como o sono da manhã, *
6 são iguais à erva verde pelos
campos:
– De manhã ela floresce
vicejante, *
mas à tarde é cortada e logo
seca.
–7
Por vossa ira perecemos realmente, *
vosso furor nos apavora e faz
tremer;
–8
pusestes nossa culpa à nossa frente, *
nossos segredos ao clarão de
vossa face.
–9
Em vossa ira se consomem nossos dias, *
como um sopro se acabam nossos
anos.
–10
Pode durar setenta anos nossa vida, *
os mais fortes talvez cheguem a
oitenta;
– a maior parte é ilusão e
sofrimento: *
passam depressa e também nós
assim passamos.
–11
Quem avalia o poder de vossa ira,*
o respeito e o temor que
mereceis?
–12
Ensinai-nos a contar os nossos dias, *
e dai ao nosso coração sabedoria!
–13
Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis? *
Tende piedade e compaixão de
vossos servos!
–14
Saciai-nos de manhã com vosso amor, *
e exultaremos de alegria todo o
dia!
–15
Alegrai-nos pelos dias que sofremos, *
pelos anos que passamos na
desgraça!
–16
Manifestai a vossa obra a vossos servos, *
e a seus filhos revelai a vossa
glória!
–17
Que a bondade do Senhor e nosso Deus *
repouse sobre nós e nos conduza!
– Tornai fecundo, ó Senhor,
nosso trabalho, *
fazei dar frutos o labor de
nossas mãos!
- Glória ao Pai e ao Filho e ao
Espírito Santo,*
como era no princípio, agora e
sempre. Amém.
Ant. Os nossos dias vão murchando
como a erva;
vós, Senhor, sois desde sempre e
para sempre. Aleluia
V. Deus, o Pai que a Jesus,
nosso Senhor, ressuscitou,
aleluia,
R. Nos fará também a nós
ressuscitar por seu poder.
Aleluia.
Primeira leitura
Dos Atos dos Apóstolos
10,1-33
Pedro na casa do centurião Cornélio
Vivia em Cesareia um homem chamado Cornélio,
centurião da coorte itálica. Era piedoso e temente a Deus,
com toda a sua casa; dava muitas esmolas ao povo judeu e
orava a Deus constantemente.
Ele viu claramente, em visão, cerca da nona hora do
dia, o Anjo do Senhor entrando em sua casa e chamando-o: “Cornélio!” Fixando os olhos nele e cheio de temor,
perguntou-lhe: “Que há, Senhor?” E o Anjo lhe disse: “Tuas
orações e tuas esmolas subiram até a presença de Deus
e ele se lembrou de ti. Agora, pois, envia alguns homens
a Jope e manda chamar Simão, cognominado Pedro. Ele
está hospedado na casa de certo Simão, curtidor, junto ao
mar”. Assim que se retirou o Anjo que lhe falara, Cornélio
chamou dois de seus empregados, bem como um soldado
piedoso, daqueles que estavam a seu serviço, explicou-
lhes tudo e enviou-os a Jope.
No dia seguinte, enquanto caminhavam e estando já
perto da cidade, Pedro subiu ao terraço da casa, por volta da
sexta hora, para orar. Sentindo fome, quis comer. Enquanto
lhe preparavam alimento, sobreveio-lhe um êxtase. Viu o
céu aberto e um objeto que descia, semelhante a um grande
lençol, baixado à terra pelas quatro pontas. Dentro havia
todos os quadrúpedes e répteis da terra, e aves do céu.
Uma voz lhe falou: “Levanta-te, Pedro, imola e come!”
Pedro, porém, replicou: “De modo algum, Senhor, pois
jamais comi coisa alguma profana e impura!” De novo,
pela segunda vez, a voz lhe falou: “Ao que Deus purificou,
não chames tu de profano”. Sucedeu isto por três vezes, e
logo o objeto foi recolhido ao céu.
Enquanto Pedro, no seu íntimo, hesitava sobre o
significado da visão que tivera, os homens enviados por
Cornélio, tendo perguntado pela casa de Simão, pararam
junto à porta. Chamaram e se informaram se era ali que
se hospedava Simão, cognominado Pedro. Entretanto,
meditando ainda Pedro sobre a visão, disse-lhe o Espírito:
“Alguns homens estão aí, à tua procura. Desce, pois, e
vai com eles sem hesitação, porque fui eu que os enviei”.
Descendo então Pedro ao encontro desses homens, disse:
“Aqui me tendes; sou eu a quem procurais. Qual o motivo
da vossa vinda?” E responderam: “O centurião Cornélio,
homem justo e temente a Deus, de quem toda a nação
judaica dá bom testemunho, recebeu de um santo anjo o
aviso para chamar-te à sua casa, para ouvir as palavras
que tens a dizer”. Convidando-os então a entrar, deu-lhes
hospitalidade.
No dia seguinte, levantou-se e partiu com eles. Alguns
dos irmãos que eram de Jope acompanharam-no. Mais um
dia, e entrou em Cesareia. Cornélio aguardava-os, e havia
convidado seus parentes e amigos mais íntimos. Quando
Pedro estava para entrar, Cornélio saiu-lhe ao encontro e
prostrou-se a seus pés, adorando-o. Mas Pedro reergueu-o,
dizendo: “Levanta-te, pois eu também sou apenas homem”.
E, falando amigavelmente com ele, entrou. Encontrando
muitos ali reunidos, assim lhes falou: “Bem sabeis que é
ilícito ao judeu relacionar-se com um estrangeiro ou mesmo
dirigir-se à sua casa. Mas Deus acaba de mostrar-me que
a nenhum homem se deve chamar de profano ou impuro.
Por isso vim sem hesitar, logo que chamado. Pergunto,
pois: Por que razão me chamastes?” Cornélio respondeu:
“Faz hoje três dias, por esta mesma hora, eu estava em
oração pela hora nona em minha casa, quando diante de
mim postou-se um homem de vestes resplandecentes. E
disse-me: ‘Cornélio, tua oração foi ouvida e tuas esmolas
foram lembradas diante de Deus. Manda, pois, alguém
a Jope, chamar Simão, cognominado Pedro. Ele está
hospedado em casa de Simão, o curtidor, à beira-mar’.
Imediatamente mandei chamar-te, e tiveste a bondade de
vir. Aqui estamos, pois, todos nós, diante de ti, para ouvir
tudo o que te foi ordenado por Deus”.
Responsório Cf. Ef 3,5.6;Cl 1,27
R. O mistério de Cristo não foi revelado nas gerações
passadas.
Só ultimamente ele foi revelado pelo Espírito
aos
seus santos apóstolos e profetas:
* Os pagãos são admitidos à mesma herança
e são beneficiários da mesma promessa, em Cristo Jesus, aleluia.
V. Deus quis revelar a riqueza da glória desse mistério entre os pagãos:
Cristo no meio de vós!
* Os pagãos.
Segunda leitura
Do Tratado sobre o Ideal do Cristão Perfeito, de São
Gregório de Nissa, bispo
(1,7-8)
Proponhamos a vontade de
Cristo como nossa norma de vida
Quando aprendemos que Cristo é a redenção - ele que,
para nos redimir, se entregou como preço - compreendemos
também que ele, como resgate de cada alma, dando-nos a
imortalidade, fez de nós, comprados à morte por sua vida,
propriedade sua. Se nos tornamos propriedade daquele
que nos remiu, sigamos de tal modo o Senhor que já não
mais vivamos para nós, mas antes para aquele que nos
adquiriu pelo preço de seu sangue. Por conseguinte, já não
somos senhores de nós mesmos, mas é Senhor aquele que
nos adquiriu, e nós estamos presos ao seu senhorio. Proponhamos, então, sua vontade como nossa norma de vida.
Quando a morte nos oprimia com seu domínio prepotente,
a lei do pecado dirigia tudo em nós. É razoável, portanto,
que estando agora consagrados à vida, nos deixemos
governar pelo Senhor de tudo. Desse modo, afastando-nos
do pecado pela vontade de viver, não tornaremos a cair na
iníqua dominação da morte.
Essa reflexão nos unirá intimamente com o Senhor, se
observarmos que Paulo o chamou de Páscoa e de Sacerdote.
Cristo, de fato, foi imolado por nós como verdadeira Páscoa
e, como Sacerdote, ofereceu a Deus o sacrifício. Cristo
- afirma - se entregou a Deus por nós como oferenda e sacrifício (Ef 5,2). Isso nos serve de exemplo; quem vê a
Cristo entregando-se a Deus como sacrifício e oferenda,
sendo também ele a verdadeira Páscoa, oferece igualmente
seu corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: esse é o nosso verdadeiro culto (cf. Rm 12,1). Essa é a maneira
de se oferecer em sacrifício: não conformar-se com esse
mundo, mas transformar-se pela renovação do espírito, para discernir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito (Rm 12,2).
A vontade amorosa de Deus não pode se manifestar na
carne, se esta não for sacrificada segundo a lei do espírito,
uma vez que as aspirações da carne são uma rebeldia contra Deus (Rm 8,7) e não se submetem à sua lei. Por
isso, se a carne não for antes sacrificada como hóstia viva,
mortificando nós os membros terrenos com que obedecemos a seus desejos, a vontade de Deus, agradável e
perfeita, não poderá ser realizada, sem obstáculos, na vida
dos fiéis. Destarte, como Cristo se fez propiciação por
seu próprio sangue, também nós aprendemos a fazer-nos
propiciação por nós mesmos, e a tornar imortais nossos
espíritos pela mortificação de nossos membros.
Quando Cristo é chamado de resplendor da glória de Deus e expressão do seu ser ( Hb 1,3), compreendemos
por tais palavras o quanto sua majestade deve ser adorada.
Paulo, realmente inspirado pelo Espírito Santo e, sem
dúvida, instruído por Deus, sondara nos abismos de riqueza
da sabedoria e da ciência divina os arcanos segredos dos
mistérios celestes. Sentindo-se incapaz de exprimir com
a língua os esplendores das coisas que não se podem
indagar nem investigar, mas que todavia foram mostradas
por Deus, para fazê-las entendidas de quem aceitava a sua
compreensão do mistério, indica-as com várias imagens,
dizendo tanto quanto podia explicar sua linguagem, posta
a serviço do pensamento.
Responsório Hb 13,21; 2Mac 1,4
R. Que Deus vos torne aptos para todo o bem,
a fim de
fazerdes sua vontade.
* Que ele realize em nós o que lhe é agradável,
por Jesus
Cristo, aleluia.
V. Que ele vos abra o coração a sua lei e a seus preceitos.
* Que ele.
Oração
Ó Deus eterno e onipotente, que
nestes dias vos mostrais tão generoso, dai-nos sentir mais de perto o
vosso amor paterno para que, libertados das trevas do erro, sigamos com
firmeza a luz da verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.