Ofício das Leituras

V.
Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Esta introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.

Hino

Eis o dia de Deus verdadeiro,
no clarão de luz santa banhado.
Nele, o sangue do novo Cordeiro
apagou deste mundo o pecado.

Deu a fé novamente aos perdidos,
deu aos cegos de novo a visão.
Quem não há de perder todo o medo,
vendo o céu ser aberto ao ladrão?

Eis o fato que aos anjos assombra:
ver o Cristo na cruz como réu,
e o ladrão que com ele padece,
conquistar a coroa do céu.

Admirável, profundo mistério:
lava a carne da carne a fraqueza
e, tirando os pecados do mundo,
restitui-lhe a antiga nobreza.

O que pode existir mais sublime
que o pecado à procura da graça?
Que da morte nascer vida nova
e um amor que aos temores desfaça?

Ó Jesus, dos fiéis corações
sede eterna alegria pascal;
congregai os nascidos da graça
pelo vosso triunfo imortal.

Glória a vós que vencestes a morte
e brilhais, com o Pai, Sumo Bem,
no esplendor coruscante do Espírito
pelos séculos eternos. Amém.

Salmodia

Ant.1 O Rei da glória é o Senhor onipotente. Aleluia.

Salmo 23(24)

1Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, *
o mundo inteiro com os seres que o povoam;
2porque ele a tornou firme sobre os mares, *
e sobre as águas a mantém inabalável.

3“Quem subirá até o monte do Senhor, *
quem ficará em sua santa habitação?”
=4“Quem tem mãos puras e inocente coração, †
quem não dirige sua mente para o crime, *
nem jura falso para o dano de seu próximo.

5Sobre este desce a bênção do Senhor *
e a recompensa de seu Deus e Salvador”.
6“É assim a geração dos que o procuram, *
e do Deus de Israel buscam a face”.

=7“Ó portas, levantai vossos frontões! †
Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, *
a fim de que o Rei da glória possa entrar!”

=8Dizei-nos: “Quem é este Rei da glória?” †
“É o Senhor, o valoroso, o onipotente, *
o Senhor, o poderoso nas batalhas!”

=9“Ó portas, levantai vossos frontões! †
Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, *
a fim de que o Rei da glória possa entrar!”

=10Dizei-nos: “Quem é este Rei da glória?” †
“O Rei da glória é o Senhor onipotente, *
o Rei da glória é o Senhor Deus do universo!”

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. O Rei da glória é o Senhor onipotente. Aleluia.

Ant.2 Nações, glorificai o nosso Deus,
é ele quem dá vida à nossa vida. Aleluia.

Salmo 65(66)

I
=1Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, †
2cantai salmos a seu nome glorioso, *
dai a Deus a mais sublime louvação!

=3Dizei a Deus: “Como são grandes vossas obras! †
Pela grandeza e o poder de vossa força, *
vossos próprios inimigos vos bajulam.

4Toda a terra vos adore com respeito *
e proclame o louvor de vosso nome!”
5Vinde ver todas as obras do Senhor: *
seus prodígios estupendos entre os homens!

6O mar ele mudou em terra firme, *
e passaram pelo rio a pé enxuto.
– Exultemos de alegria no Senhor! *
7Ele domina para sempre com poder,
– e seus olhos estão fixos sobre os povos: *
que os rebeldes não se elevem contra ele!

8Nações, glorificai ao nosso Deus, *
anunciai em alta voz o seu louvor!
9É ele quem dá vida à nossa vida, *
e não permite que vacilem nossos pés.

10Na verdade, ó Senhor, vós nos provastes, *
nos depurastes pelo fogo como a prata.
11Fizestes-nos cair numa armadilha, *
e um grande peso nos pusestes sobre os ombros.

=12Permitistes aos estranhos oprimir-nos, †
nós passamos pela água e pelo fogo, *
mas finalmente vós nos destes um alívio!


– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Nações, glorificai o nosso Deus,
é ele quem dá vida à nossa vida. Aleluia.

Ant.3 Vinde e ouvi: eu vou contar
todo o bem que Deus me fez. Aleluia.

II
13Em vossa casa entrarei com sacrifícios *
e cumprirei todos os votos que vos fiz;
14as promessas que meus lábios vos fizeram, *
e minha boca prometeu na minha angústia.

=15Eu vos oferto generosos holocaustos, †
a fumaça perfumosa dos cordeiros, *
ofereço-vos novilhos e carneiros.

16Todos vós que a Deus temeis, vinde escutar: *
vou contar-vos todo bem que ele me fez!
17Quando a ele o meu grito se elevou, *
já havia gratidão em minha boca!

18Se eu guardasse planos maus no coração, *
o Senhor não me teria ouvido a voz.
19Entretanto, o Senhor quis atender-me *
e deu ouvidos ao clamor da minha prece.

=20Bendito seja o Senhor Deus que me escutou, †
não rejeitou minha oração e meu clamor, *
nem afastou longe de mim o seu amor!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Vinde e ouvi: eu vou contar
todo o bem que Deus me fez. Aleluia.

V.
Deus, o Pai, ressuscitou a Jesus Cristo
dentre os mortos, aleluia,
R. Para que esteja no Senhor a nossa fé
e esperança. Aleluia.

Primeira leitura
Dos Atos dos Apóstolos 2,1-21

Descida do Espírito Santo. Primeiro discurso de Pedro
Tendo-se completado o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso, que encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram-lhes, então, línguas como de fogo, que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se exprimirem.
Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos, vindos de todas as nações que há debaixo do céu. Com o ruído que se produziu, a multidão acorreu e ficou perplexa, pois cada qual os ouvia falar em seu próprio idioma. Estupefatos e surpresos, diziam: “Não são, acaso, galileus todos esses que falam? Como é, pois, que os ouvimos falar, cada um de nós, no próprio idioma em que nascemos? Partos, medos e elamitas; habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, próximas de Cirene; romanos que aqui residem; tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, nós os ouvimos anunciar em nossas próprias línguas as maravilhas de Deus!” Estavam todos estupefatos. E, atônitos, perguntavam uns aos outros: “Que vem a ser isto?” Outros, porém, zombavam: “Estão cheios de vinho doce!”
Pedro, então, de pé, junto com os Onze, levantou a voz e assim lhes falou: “Homens da Judeia e todos vós, habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e prestai ouvidos às minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como pensais, pois esta é apenas a terceira hora do dia. O que está acontecendo é o que foi dito por intermédio do profeta: Sucederá nos últimos dias, diz Deus, que derramarei do meu Espírito sobre toda carne. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão. Sim, sobre meus servos e minhas servas derramarei do meu Espírito. E farei aparecer prodígios em cima, no céu, e sinais embaixo, sobre a terra. O sol se mudará em escuridão e a lua em sangue, antes que venha o Dia do Senhor, o grande Dia. E então, todo o que invocar o nome do Senhor, será salvo.

Responsório Jl 2,29.30;Lc 24,46.48-49
R. Naqueles dias, derramarei o meu Espírito sobre meus servos e servas,
*
E exibirei prodígios no céu e na terra;
e acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo, aleluia.
V.
Assim está escrito: Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos.
Vós sois as testemunhas dessas coisas.
Eu enviarei sobre vós o que meu Pai prometeu.
* E exibirei.

Segunda leitura
Do Tratado sobre a solenidade da Páscoa, de Eusébio de Cesareia, bispo
(Nn. 4-5: PG 24,698-699)


É muito justo que, nestes dias, transbordemos
de alegria, como se já estivéssemos com o Esposo
Esses são os novos ensinamentos, outrora ocultos em símbolos e agora manifestos em plena luz. E nós também, a cada ano, renovamos o início dessa solenidade com períodos de preparação: antes da festa, a fim de prepará-la, entregando-nos aos exercícios quaresmais, imitando Moisés e Elias com práticas piedosas, na verdade repetindo incessantemente essa festa através dos tempos. Principiando assim o caminho que leva a Deus, cingimos os rins com o cinto da temperança, protegendo com cuidado os passos da alma. Semelhantes a homens calçados, iniciamos a caminhada da vocação celeste. Usando o bastão da palavra divina, e não só a força da prece, para afastar os inimigos, apressamo-nos com toda a alegria em realizar a passagem que conduz até Deus, subindo das coisas inferiores para as superiores, da vida mortal para a imortalidade.
Realizada com bom êxito esta passagem, chegaremos à outra solenidade maior, que os hebreus chamam Pentecostes, e que é como a imagem do reino dos céus. Assim diz Moisés: Depois de teres ceifado a messe, contarás sete semanas e oferecerás a Deus os novos pães da nova colheita (Dt 16, 9; cf. Lv 23, 15-16). Essa figura profética da messe significava o chamado dos pagãos; os novos pães são as almas oferecidas a Deus pelos méritos de Cristo, como também as Igrejas oriundas do paganismo, por causa das quais se celebra a grande festa perante Deus, rico em misericórdia. Colhidos pelas foices simbólicas dos apóstolos e reunidos de todas as Igrejas da terra como numa única eira, tornados um só corpo pela profissão da mesma fé, temperados com o sal dos ensinamentos e mandamentos de Deus, regenerados pela água e pelo fogo do Espírito Santo, somos oferecidos a Deus por Cristo como pães agradáveis e saborosos.
Assim, portanto, reunidos os símbolos proféticos de Moisés para exprimirem uma realidade verdadeira, que realiza em nós uma santidade maior, aprendemos por tradição a celebrar uma solenidade bastante alegre, como já estando unidos a nosso Salvador e gozando de seu reino. Por conseguinte, não nos é permitido, durante essa festa, mortificar-nos com nenhuma atividade ascética, mas somos instruídos no sentido de apresentarmos a imagem do repouso que esperamos gozar no céu. Eis o motivo pelo qual não nos ajoelhamos durante as orações nem praticamos espécie alguma de jejum. A quem recebeu a graça de ressuscitar em Deus, não fica bem prostrar-se. Nem a quem foi libertado das paixões, submeter-se a semelhantes austeridades como se ainda fosse escravo dos prazeres.
Essa é a razão pela qual, depois da Páscoa, que dura sete semanas inteiras, celebramos Pentecostes, assim como, antes da Páscoa, nos havíamos virilmente submetido, durante seis semanas, aos exercícios quaresmais. O número seis é, por assim dizer, ativo e eficiente. Por isso está escrito que Deus criou o mundo em seis dias. Não é sem motivo que, aos sacrifícios suportados durante a Quaresma, segue-se uma segunda solenidade que dura sete semanas, e nos é concedido um repouso prolongado, cujo símbolo é o número sete.
Portanto, é muito justo que, nos santos dias de Pentecostes, figura do descanso futuro, transbordemos de alegria e demos também descanso ao nosso corpo, como se já estivéssemos com o Esposo: não se fale, pois, em jejum.

Responsório Ap 5,5.12
R. O leão da tribo de Judá, o rebento de Davi, saiu vencedor.
*
Ele pode romper os selos e abrir o livro, aleluia.
V.
O Cordeiro imolado é digno de receber o poder,
a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor.
*
Ele pode.

Hino
Te Deum
em latim

(A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)

A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,

e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

(A parte que se segue pode ser omitida, se for oportuno).

Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!

Oração

Ó Deus, que nos concedestes a salvação pascal, acompanhai o vosso povo com vossos dons celestes, para que, tendo conseguido a verdadeira liberdade, possa um dia alegrar-se no céu, como exulta agora na terra. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.