22o DOMINGO DO TEMPO COMUM

II Semana do Saltério

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro do Profeta Jeremias 11,18-20; 12,1-13

Desabafo do profeta

11,18 Tu, Senhor, avisaste-me e eu entendi;
fizeste-me saber as intrigas deles.

19 Eu era como manso cordeiro levado ao sacrifício, e não sabia que tramavam contra mim: "Vamos cortar a árvore em toda sua força, eliminá-lo do mundo dos vivos, para seu nome não ser mais lembrado.

20 E tu, Senhor dos exércitos,
que julgas com justiça
e perscrutas os afetos do coração,
concede que eu veja a vingança
que tomarás contra eles,
pois eu te confiei a minha causa.
12,1 Tu és justo, Senhor,
como disputar contigo?

Mas quero propor-te questões de justiça.
Por que a vida dos maus é um sucesso?
Tudo de bom acontece ao infiel e ao malfeitor.
2 Puseste-os no mundo, eles criam raízes,
crescem e dão fruto;
estás em seus lábios,
mas longe do seu coração.

3 Senhor, que me conheces e me vês,
e sabes que meu coração está contigo,
peço-te, separa-os como ovelhas de sacrifício
e preserva-os para o dia da matança.
4 Até quando há de chorar a terra
e ficará ressequida toda a erva do campo,
devido à má índole dos seus habitantes?
Animais e aves acabaram
para os que diziam: "Ele não os verá acabar".
5 "Se te foi difícil correr com pedestres,
como aguentarás competir com cavalos?

Tu estarás seguro em terra de paz,
mas como farás nas matas fechadas do Jordão?
6 Teus próprios irmãos e parentes
agiram falsamente contra ti
e por trás de ti clamaram em alta voz;
não creias neles, quando te agradam com palavras".

7 "Deixei a minha casa,
renunciei à minha herança,
entreguei a amada do meu coração aos seus inimigos.
8 O povo de minha herança
tornou-se para mim como leão na selva,
a dar rugidos contra mim; por isso detestei-o.
9 Essa herança não é, para mim,
uma ave de plumagem diferente?
Não virão outras aves, ao redor, atacá-la?

Vinde, ajuntai-vos, animais todos do campo,
correi, é a hora de devorar.
10 Muitos pastores destruíram a minha vinha,
pisotearam minha propriedade;
fizeram de minha aprazível herança
uma solidão desértica.
11 Ela ficou devastada,
e chora diante de mim em sua desolação;
toda aquela terra está destruída,
porque não há mais quem disso se preocupe".

12 Os atacantes foram chegando
a todos os outeiros do deserto,
é a devastadora espada do Senhor,
de um a outro extremo do país;
não há paz entre os seres humanos.
13 Semearam trigo e colheram espinhos,
trabalharam e não tiraram proveito;
envergonhai-vos de vossos parcos frutos,
lembrai-vos da ira do Senhor.

Responsório Jo 12,27-28; Sl 41(42),6a
R. Minha alma está agora perturbada; que direi?
Pai, salva-me desta hora!
Mas foi, precisamente, para esta hora que eu vim.
* Pai, glorifica o teu nome.
V. Por que te entristeces, minha alma,
a gemer no meu peito? * Pai.

Segunda leitura

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 23A,1-4: CCL 41,321-323)
(Séc. V)

O Senhor se compadeceu de nós
Felizes de nós, se o que ouvimos e cantamos também executamos. A audição é nossa semeadura, e nossos atos, frutos da semente. Disse isto de antemão para exortar vossa caridade a não entrardes sem fruto na igreja, ouvindo tantas coisas boas sem realizá-las. Porque por sua graça fomos salvos, assim diz o Apóstolo, não por nossas obras, não aconteça alguém se ensoberbecer (Ef 2,8-9) pois por sua graça fomos salvos (Ef 2,5). Pois não precedeu nenhuma vida virtuosa que Deus pudesse amar e dizer: "Ajudemos, socorramos estes homens porque vivem bem". Desagradava-lhe nossa vida, desagradava-lhe em nós tudo o que fazíamos, mas não lhe desagradava o que ele mesmo fez em nós. Por isto, o que nós fizemos, ele o condenará; o que ele próprio fez, ele o salvará.

Não éramos bons. Mas ele se compadeceu de nós e enviou seu Filho para morrer não pelos bons, mas pelos maus, não pelos justos, mas pelos ímpios. Na verdade Cristo morreu pelos ímpios (Rm 5,6). E como continua? Mal se encontra alguém que morra por um justo, pois talvez alguém se atreva a morrer por um bom (Rm 5,7). Quiçá haja alguém que ouse morrer por um bom. Mas pelo injusto, pelo ímpio, pelo iníquo, quem quererá morrer? Só Cristo, para que, justo, justifique até mesmo os injustos.

Não tínhamos, meus irmãos, nenhuma obra boa, mas todas eram más. E sendo tais os atos dos homens, sua misericórdia não abandonou os homens. Deus enviou seu Filho, para remir-nos, não por ouro, não por prata, mas ao preço de seu sangue derramado, cordeiro imaculado levado como vítima pelas ovelhas maculadas, se é que só maculadas e não totalmente corrompidas! Recebemos então esta graça. Vivamos de modo digno dessa graça e não façamos injúria à grandeza do dom que recebemos. Tão grande médico veio a nós e perdoou todos os nossos pecados. Se quisermos recair na doença, não só nos prejudicaremos a nós mesmos, mas seremos ingratos ao próprio médico.

Sigamos os caminhos que ele próprio indicou, muito em especial a via da humildade, via que ele mesmo se fez por nós. Mostrou-nos pelos preceitos o caminho da humildade e criou-o padecendo por nós. Com o intuito de morrer por nós – e sem poder morrer – o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14), para poder morrer por nós, aquele que não podia morrer. E com sua morte matar nossa morte.

Fez isto o Senhor, isto nos concedeu. O excelso humilhou-se, humilhado foi morto e, ressurgindo, foi exaltado, a fim de não nos deixar mortos nas profundezas, mas de exaltar em si na ressurreição dos mortos aqueles que já agora exaltou pela fé e o testemunho dos justos. Deu-nos então a humildade como caminho. Se nos agarrarmos a ela, confessaremos o Senhor e com toda razão cantaremos: Nós te confessaremos, Senhor, confessaremos e invocaremos teu nome (Sl 74,2).

Responsório Sl 85(86),12-13a; 117(118),28
R. Dou-vos graças com toda a minha alma,
sem cessar louvarei vosso nome.
* Vosso amor para mim foi imenso.
V. Vós sois meu Deus, eu vos bendigo e agradeço!
Vós sois meu Deus, eu vos exalto com louvores!
* Vosso amor.

Hino
Te Deum
em latim

(A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)

A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,

e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

(A parte que se segue pode ser omitida, se for oportuno).

Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!

Oração

Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.