QUINTA-FEIRA
Ofício das Leituras
Primeira leitura
Do Livro do Profeta Zacarias
11,4-12,8
Parábola sobre os pastores
11,4Assim disse o Senhor, meu Deus: “Apascenta
as ovelhas destinadas ao matadouro, 5aquelas cujos
compradores matam, sem serem castigados, e cujos
vendedores dizem: ‘Bendito seja Deus, eu sou rico,’ e
cujos pastores não as poupam. 6Porque não pouparei mais
os habitantes da terra - oráculo do Senhor! - Eis que eu
mesmo entregarei cada homem na mão de seu próximo e na
mão de seu rei. Eles destroçarão a terra, e eu não os livrarei
de suas mãos”. 7Então apascentei as ovelhas destinadas ao
matadouro, que pertenciam aos vendedores de ovelhas. Eu
tomei para mim dois bastões, chamei a um “Benevolência”
e ao outro chamei “União” e apascentei as ovelhas. 8Eu
destruí os três pastores em um só mês. Mas perdi a paciência
com eles, e eles também se aborreceram comigo. 9Então
eu disse: “Não vos apascentarei mais. O que deve morrer
que morra, o que deve desaparecer que desapareça, e os
restantes que se devorem mutuamente”. 10Tomei, então,
o meu bastão “Benevolência” e quebrei-o para romper a
minha aliança, que concluíra com todos os povos. 11E ela
foi rompida, naquele dia, e os vendedores de ovelhas, que
me observavam, reconheceram que esta era uma palavra do
Senhor. 12E eu lhes disse: “Se isto é bom aos vossos olhos,
dai-me o meu salário; se não, deixai!” E eles pesaram o
meu salário: trinta siclos de prata. 13E o Senhor me disse:
“Lança-o ao fundidor, esse preço esplêndido com que fui
avaliado por eles!” Tomei os trinta siclos de prata e os lancei
na Casa do Senhor para o fundidor. 14Quebrei, então, o meu
segundo bastão, “União”, para romper a fraternidade entre
Judá e Israel.
15Disse-me ainda o Senhor: “Toma os apetrechos de um
pastor insensato, 16porque eis que suscitarei um pastor na
terra; ele não cuidará da que desapareceu, ele não procurará
aquela que vagueia, não tratará aquela que está ferida, não
sustentará aquela que está de pé; antes devorará a carne dos
animais gordos e arrancará os seus cascos.
17Ai do pastor insensato,
que abandona as ovelhas!
Que a espada esteja sobre seu braço
e sobre o seu olho direito!
Que seu braço seque completamente
e que seu olho direito se obscureça totalmente!”
12,1Palavra do Senhor sobre Israel. Oráculo do Senhor, que
estendeu o céu e fundou a terra, que formou o espírito do
homem dentro dele.
2Eis que faço de Jerusalém uma taça de vertigem para
todos os povos em redor. (Acontecerá o mesmo com Judá,
por ocasião do cerco contra Jerusalém).
3E acontecerá, naquele dia, que eu farei de Jerusalém
uma pedra a levantar para todos os povos; todos aqueles
que a levantarem se ferirão gravemente. Contra ela se
reunirão todas as nações da terra. 4Naquele dia - oráculo do
Senhor -, ferirei de confusão todos os cavalos, e de loucura
seus cavaleiros mas sobre a casa de Judá abrirei os olhos
- todos os cavalos dos povos eu ferirei de cegueira. 5Então
os chefes de Judá dirão em seu coração: “A força para os
habitantes de Jerusalém está no Senhor dos Exércitos, seu
Deus”. 6Naquele dia, farei dos chefes de Judá como uma
bacia de fogo entre a madeira e como um facho ardente
entre a palha. Eles devorarão à direita e à esquerda todos
os povos ao redor. Jerusalém habitará novamente em seu
lugar (em Jerusalém). 7O Senhor salvará primeiro as tendas
de Judá, para que o orgulho da casa de Davi e o orgulho
dos habitantes de Jerusalém não se exaltem acima de Judá.
8Naquele dia, o Senhor protegerá o habitante de Jerusalém;
naquele dia, até o que tropeça entre eles será como Davi,
a casa de Davi será como Deus, como o Anjo do Senhor
diante deles.
Responsório
Zc 11,12b.13b; Mt 26,15
R. Eles pagaram meu preço: Trinta moedas de prata.
* Que belo preço é este com que fui avaliado!
V. Que me dareis, disse Judas, se eu vo-lo entregar?
Combinaram pagar-lhe trinta moedas de prata.
* Que belo.
Segunda leitura
Do “Comentário sobre o Cântico dos Cânticos”, de São
Gregório de Nissa, bispo
(Cap. 2: PG 44,802)
(Séc. IV)
Oração ao Bom Pastor
Onde apascentas, ó bom pastor, que carregas nos ombros
todo o rebanho? (pois uma é a ovelha, a natureza humana
que puseste sobre os ombros). Mostra-me o lugar da quietude, leva-me à erva boa e nutritiva, chama-me pelo nome
e, assim, eu que sou ovelha, ouvirei tua voz; e por causa de
tua voz, dá-me a vida eterna. Mostra-me a mim o amado de minha alma (Ct 1,6 vulg.).
Chamo-te com esta expressão, porque teu nome supera
todo outro nome e todo entendimento; nem a natureza racional toda inteira pode dizê-lo ou compreendê-lo. Por isso teu
nome, pelo qual se conhece tua bondade, é o bem-querer de
minha alma para contigo. Como não te amar a ti que amaste
minha alma, embora ainda manchada, a tal ponto que deste
a vida pelas ovelhas que apascentas? Impossível imaginar
maior amor que o trocar tua vida por minha salvação.
Ensina-me onde apascentas! (cf. Ct 1,7). Encontrando o
campo saudável, tomarei o alimento celeste; porque quem
dele não se nutre não pode entrar na vida eterna. Correrei
à fonte, beberei da água divina que tu proporcionas aos
sedentos. Igual à fonte, deixas correr água de teu lado, veio
aberto pela lança; para quem beber, ela se tornará fonte de água a jorrar para a vida eterna (Jo 4,14).
Se me apascentares deste modo, far-me-ás deitar ao
meio-dia, quando, dormindo logo na paz, repousarei na luz
sem sombras. O meio-dia não tem sombra, o sol cai a pino;
nesta luz, fazes deitar aqueles que alimentaste, ao pores teus
filhos contigo no quarto. Ninguém será considerado digno
deste repouso meridiano, se não for filho da luz e filho do
dia. Quem se separa igualmente das trevas vespertinas e
matutinas, quer dizer, de onde começa e de onde termina o
mal, está no meio-dia e, para nele deitar-se, ali o colocará
o sol da justiça.
Mostra-me, pois, como repousar e ser apascentada e qual
é o caminho para a quietude meridiana. Não aconteça que,
escapando-me da guia de tua mão, pela ignorância da verdade, venha a reunir-me com rebanhos estranhos aos teus.
Falou assim, solícita pela beleza que lhe veio de Deus
e desejosa de entender de que modo e para sempre a felicidade existe.
Responsório
Sl 26(27),13a.4a; Fl 1,21
R. Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos
viventes.
* Ao Senhor eu peço apenas uma coisa, e é isto que eu desejo:
habitar no santuário do Senhor por toda a minha vida.
V. Para mim viver é Cristo e morrer é uma vantagem.
* Ao Senhor.
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai,
dai-nos cada vez mais um coração de filhos, para alcançarmos um dia a
herança prometida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na
unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.