12a SEMANA DO TEMPO COMUMIV Semana do SaltérioQUARTA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Primeiro Livro de Samuel 19,8-10; 20,1-17Amizade entre Davi e JônatasNaqueles dias: 19,8Tendo
recomeçado a guerra, Davi saiu a combater contra os filisteus,
infligindo-lhes uma grande derrota. E eles fugiram diante dele. 9Um
espírito maligno mandado pelo Senhor veio novamente sobre Saul. Ele
estava sentado em sua casa, e tinha uma lança na mão, enquanto Davi
tocava harpa. 10Saul, então, arremessou-lhe a lança,
procurando cravá-lo na parede; Davi porém desviou-se e a lança foi
cravar-se na parede. Davi esquivou-se e fugiu naquela mesma noite.20,1Davi
fugiu de Naiot em Ramá e foi ter com Jônatas, dizendo-lhe: "Que fiz eu?
Que crime cometi, e que mal fiz a teu pai, para que ele queira
matar-me? 2Jônatas respondeu: "Não, tu não morrerás! Meu pai
não faz coisa alguma grande ou pequena, sem me dizer. Por que me
ocultaria isso? Não é possível! 3Mas Davi jurou, dizendo:
"Teu pai sabe muito bem que gozo do teu favor, e por isso pensa:
"Jônatas não o deve saber, para não ficar magoado". E, contudo, pela
vida do Senhor e pela tua vida, estou apenas a um passo da morte".4Jônatas respondeu a Davi: "Que queres que eu faça? Farei por ti tudo o que me disseres". Disse-lhe Davi: 5"Amanhã
é lua nova, e eu deveria jantar, conforme o costume, à mesa do rei.
Deixa-me partir para me esconder no campo, até depois de amanhã à tarde.
6Se teu pai der pela minha ausência, tu lhe dirás que Davi
te pediu licença para ir depressa a Belém, sua cidade natal, onde toda a
sua família oferece o seu sacrifício anual. 7Se ele disser
que está bem, então o teu servo não corre perigo. Mas, se ao contrário
ele ficar irado, fica sabendo que ele está resolvido a matar-me. 8Faze
este favor ao teu servo, já que fizeste um pacto comigo em nome do
Senhor. Se tenho alguma culpa, mata-me tu mesmo, mas não me faças
comparecer diante de teu pai". 9Jônatas disse-lhe: "Deus te
livre de tal desgraça! Se eu souber que, de fato, meu pai resolveu
matar-te, podes estar certo de que te avisarei". 10E Davi perguntou: "Mas quem me informará se teu pai te responder com aspereza? 11Jônatas disse a Davi: "Vamos sair para o campo". E foram ambos para o campo. 12Então
Jônatas disse: "Pelo Senhor Deus de Israel, se eu, amanhã ou depois,
conseguir saber se as disposições de meu pai são favoráveis a Davi, e se
eu não te mandar dizer imediatamente, 13então o Senhor me
castigue com todo o seu rigor! Mas se persistir a má vontade de meu pai
contra ti, eu te avisarei, sem dúvida, a respeito disso. Poderás, então,
partir e ficar tranquilo. E o Senhor esteja contigo, como esteve com
meu pai! 14Mais tarde, se eu ainda for vivo, tu me tratarás de acordo com a misericórdia do Senhor. Mas, se eu morrer, 15terás sempre compaixão da minha casa, mesmo quando o Senhor exterminar um por um os inimigos de Davi da face da terra". 16Foi assim que Jônatas fez aliança com a casa de Davi, dizendo: "Que o Senhor livre Davi das mãos dos inimigos! 17Em seguida, Jônatas tornou a jurar a Davi por causa da amizade que lhe tinha porque o amava como a si mesmo.Responsório Pr 17,17; 1Jo 4,7bR. Amigo verdadeiro é aquele que ama sempre,
* E o irmão se reconhece nas horas de angústia.V. Todo aquele que ama, é nascido de Deus
e conhece a Deus. * E o irmão.Segunda leitura
Do Tratado sobre a amizade espiritual, do beato Elredo, abade(Lib. 3: PL 195,692-693)(Séc. XII)
Verdadeira, perfeita e eterna amizadeJônatas,
jovem de grande nobreza, sem olhar para a coroa régia nem para o futuro
reinado fez um pacto com Davi, igualando assim, pela amizade, o súdito
ao senhor. Deu preferência a Davi, mesmo quando este foi expulso por seu
pai o rei Saul, tendo de se esconder no deserto, como condenado à
morte, destinado à espada. Jônatas então humilhou-se para exaltar o
amigo perseguido: Tu, são suas palavras, serás rei e eu serei o segundo depois de ti.Que
espelho estupendo da verdadeira amizade! Admirável! O rei, furioso
contra o servo, excitava todo o país contra um possível rival do reino.
Assim, acusava sacerdotes de traição, trucidando-os por uma simples
suspeita. Percorria as matas, esquadrinhava os vales, cercava com suas
tropas os montes e penhascos, fazendo todos prometerem tornar-se
vingadores da indignação real.Entretanto,
Jônatas, o único que poderia ter razão de invejar, só ele julgou dever
resistir a seu pai, oferecendo a paz ao amigo, aconselhando-o em tão
grande adversidade, preferindo a amizade ao reino: Tu serás rei e eu serei o segundo depois de ti.
Em contraste, vede como o pai estimulava a inveja do adolescente contra
o amigo, apertava-o com repreensões, amedrontava-o com ameaças de ser
despojado do reino, prometendo privá-lo da nobreza.Quando pronunciou sentença de morte contra Davi, Jônatas não abandonou o amigo. Por
que deve morrer Davi? que culpa tem? que fez ele? Tomou sua vida em
suas mãos e feriu o filisteu e tu te alegraste. Por que então irá
morrer? A tais palavras, louco de cólera, o rei tentou transpassar Jônatas, com a lança contra a parede, ameaçando aos gritos: Filho de mãe indigna, bem sei que gostas dele para vergonha tua, confusão e infâmia de tua mãe.
Depois vomitou todo o veneno sobre o coração do jovem, acrescentando
incentivo à sua ambição, alimento à inveja, estímulo à rivalidade e à
amargura: Enquanto viver o filho de Isaí, não se estabelecerá o teu reino.Quem
não se abalaria com tais palavras? Quem não se encheria de inveja? Que
amor, que agrado, que amizade elas não corromperiam, não diminuiriam,
não fariam esquecer? Jônatas, o moço cheio de afeição, guardou o pacto
da amizade, forte contra as ameaças, paciente contra o furor, desprezou o
reino por causa da amizade, esquecido das glórias, bem lembrado da
graça. Tu serás rei e eu serei o segundo depois de ti.Esta
é a verdadeira, perfeita, estável e eterna amizade, aquela que a inveja
não corrompe, suspeita alguma diminui, não se desfaz pela ambição.
Assim provada, não cede; assim batida, não cai; assim sacudida por
tantas censuras, mostra-se inabalável e, provocada por tantas injúrias,
permanece imóvel. Vai, então, e faze tu o mesmo.Responsório Eclo 6,14-17R. O amigo fiel é refúgio seguro.
* Quem achou tal amigo, encontrou um tesouro.V. Quem teme ao Senhor,
também há de ter uma boa amizade,
porque tal ele é, tal será seu amigo. * Quem achou.OraçãoSenhor,
nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois
nunca cessais de conduzir os que firmais no vosso amor. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.