16o DOMINGO DO TEMPO COMUM

IV Semana do Saltério

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro de Jó 11,1-20

Discurso de Sofar: Crês poder escrutar o íntimo de Deus?

1Sofar de Naamar tomou a palavra e disse: 2O falador ficará sem resposta? Dar-se-á razão ao eloquente? 3A tua vã linguagem calará os homens? Zombarás sem que ninguém te repreenda? 4Disseste: “Minha conduta é pura, sou inocente aos teus olhos.” 5Se apenas Deus falasse, abrisse os lábios por tua causa, 6revelar-te-ia os segredos da Sabedoria, que desconcertam toda sensatez! Então saberias que Deus te pede contas da tua falta. 7Acaso podes sondar a profundeza de Deus, e atingir os limites de Shaddai? 8É mais alto que o céu: que poderás fazer? Mais profundo que o Xeol: que poderás saber? 9É mais vasto que a terra e mais extenso que o mar. 10Se ele intervém para encerrar e convocar a assembleia, quem pode impedi-lo? 11Pois ele conhece os fazedores de ilusão, vê o crime e nele presta atenção. 12Homens estúpidos deverão começar a ser sábios: asno selvagem é o homem em seu nascimento! 13Se endireitares teus pensamentos e estenderes as mãos para ele, 14 se afastares das tuas mãos a maldade e não alojares a injustiça em tua tenda, 15poderás levantar teu rosto sem mácula, serás inabalável e nada temerás. 16Esquecerás teus sofrimentos ou recordá-los-ás como a água que passou. 17Tua vida ressurgirá como o meio-dia, a escuridão será como a manhã. 18Terás confiança, porque agora há esperança; vivias perturbado, deitar-te-ás tranquilo. 19Repousarás sem sobressaltos e muitos acariciarão teu rosto. 20Porém, os olhos do ímpio se turvam, seu refúgio malogra, sua esperança é entregar a alma.

Responsório 2Cor 4,8.9.10
R. Somos oprimidos,
mas não sucumbimos.
Vivemos em completa penúria,
mas não desesperamos.
*
Somos perseguidos,
mas não ficamos desamparados.
V.
Trazemos sempre em nosso corpo
os traços da morte de Jesus,
para que também a vida de Jesus
se manifeste em nosso corpo.
*
Somos.

Segunda leitura
Dos “Livros Moralia sobre Jó”, de São Gregório Magno, papa
(Lib. 10,7-8.10: PL 75,922.925-926)
(Séc. VI)


Múltipla é a lei do Senhor.

Nesta passagem, o que se deve entender por lei de Deus a não ser a caridade? Pois por meio dela sempre se pode encontrar na mente como traduzir na prática os preceitos de Deus. Sobre esta lei de Deus, é dito pela palavra da Verdade: Este é o meu mandamento, que vos ameis uns aos outros. Desta lei fala Paulo: A plenitude da lei é o amor. E ainda: Carregai os fardos uns dos outros e cumprireis assim a lei de Cristo. O que de melhor se pode entender por lei de Cristo senão a caridade, vivida na perfeição, quando suportamos os fardos dos irmãos por amor?
No entanto, esta mesma lei pode-se dizer ser múltipla, porque com zelosa solicitude a caridade se estende a todas as ações virtuosas. Começando por dois preceitos, ela vai atingir muitos outros. Paulo soube enumerar a multiplicidade desta lei, ao dizer: A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não se ensoberbece, não age mal; não é ambiciosa, não busca o que é seu, não se irrita, não pensa mal, não se alegra com a iniquidade, mas rejubila com a verdade.
Na verdade é paciente a caridade, pois tolera com serenidade as afrontas recebidas. É benigna porque retribui os males com bens generosos. Não é invejosa, porque, nada cobiçando neste mundo, não tem por onde invejar os êxitos terrenos. Não se ensoberbece; deseja ansiosamente a retribuição interior, por isso não se exalta com os bens exteriores. Não age mal, pois somente se dilata com o amor a Deus e ao próximo, por isto ignora tudo quanto se afasta da retidão.
Não é ambiciosa,
porque, cuidando ardentemente de si no íntimo, não cobiça fora, de modo algum, as coisas alheias. Não busca o que é seu, pois tudo quanto possui aqui considera-o transitório e alheio, sabendo que nada lhe é próprio a não ser aquilo que permanece sempre com ela. Não se irrita, pois, quando insultada, não se deixa levar por sentimentos de vingança, já que por grandes trabalhos espera prêmios ainda maiores. Não pensa mal, porque, firmando o espírito no amor da pureza, arranca pela raiz todo ódio e não admite na alma mancha nenhuma.
Não se alegra com a iniquidade: o seu único anseio consiste no amor para com todos sem se alegrar com a perda dos adversários. Rejubila-se, porém, com a verdade, porque, amando os outros como a si próprio, enche-se de gozo ao ver neles o que é reto como se se tratasse do progresso próprio. É múltipla, portanto, a lei de Deus.

Responsório Rm 13,8.10b; Gl 5,14
R. Não devais coisa alguma a ninguém
a não ser o amor mútuo;
pois aquele que ama o seu próximo tem cumprido a lei.
*
Pois amar é cumprir plenamente a lei do Senhor.
V.
Esta frase contém toda a lei:
Ama o próximo como a ti mesmo.
*
Pois amar.

Hino
Te Deum
em latim

(A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)

A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,

e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

(A parte que se segue pode ser omitida, se for oportuno).

Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!

Oração

Ó Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.