SÁBADO

Ofício das Leituras

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Ezequiel 1,3-14.22-28

Visão da glória de Deus na terra do exílio

3Veio a palavra do Senhor ao sacerdote Ezequiel, filho de Buzi, na terra dos caldeus, junto ao rio Cobar. Ali pousou sobre ele a mão do Senhor.

4Eu olhei: havia um vento tempestuoso que soprava do norte, uma grande nuvem e um fogo chamejante; em torno de uma grande claridade e no centro algo que parecia electro, no meio do fogo. 5No centro, algo com forma semelhante a quatro seres vivos, mas cuja aparência fazia lembrar uma forma humana. 6Cada qual tinha quatro faces e quatro asas. 7As suas pernas eram retas e os seus cascos como cascos de novilho, mas luzentes, lembrando o brilho do latão polido. 8Sob as suas asas havia mãos humanas voltadas para as quatro direções, como as faces e as asas dos quatro. 9As asas se tocavam entre si; eles não se voltavam ao caminharem; antes, todos caminhavam para a frente; 10quanto às suas faces, tinham forma semelhante à de um homem, mas os quatro apresentavam face de leão do lado direito e todos os quatro apresentavam face de touro do lado esquerdo. Ademais, todos os quatro tinham face de águia. 11Suas asas abriam-se para cima. Cada qual tinha duas asas que se tocavam e duas que cobriam o corpo; 12todos moviam-se diretamente para frente, seguindo a direção em que o espírito os conduzia; enquanto se moviam, nunca se voltavam para o lado.

13Eles se assemelharam a seres vivos. Seu aspecto era o de brasas ardentes, com a aparência de tochas, indo e vindo entre os seres vivos. O fogo era brilhante e do fogo saíam relâmpagos. 14Os seres vivos iam e vinham à semelhança de um relâmpago.

22Sobre as cabeças do ser vivo havia algo que parecia uma abóbada, brilhante como o cristal, estendido sobre as suas cabeças, por cima delas. 23Sob a abóbada, as suas asas ficavam voltadas uma em direção à outra e cada um tinha duas que lhe cobriam o corpo. 24Eu ouvia o ruído de suas asas, semelhante ao ruído de grandes águas, semelhante à voz de Shaddai; quando se moviam, havia um ruído como de uma tempestade, como de um acampamento; quando paravam, abaixavam as asas. 25Houve um ruído. 26Por cima da abóbada que ficava sobre suas cabeças havia algo que tinha aparência de uma pedra de safira em forma de trono, e sobre esta forma de trono, bem no alto, havia uma forma com aparência humana.

27Vi um brilho como de electro, uma aparência como de fogo junto dele, e em redor dele, a partir do que pareciam ser os quadris e daí para cima; a partir do que pareciam ser os quadris e daí para baixo, vi algo que tinha a aparência de fogo e um brilho em torno dele; 28a aparência desse brilho, ao redor, era como a aparência do arco que, em dia de chuva, se vê nas nuvens. Era algo semelhante à Gloria de Deus. Ao vê-la, caí com o rosto em terra e ouvi a voz de alguém que falava comigo.

Responsório Cf. Ez 1,26.24; 3,12; Ap 5,13

R. Acima dessa abóbada havia uma espécie de trono,
seme
lhante a uma pedra de safira; e,
bem no alto dessa espécie de trono,
uma silhueta humana. * Louvor e glória ao Senhor do céu!

V. Àquele que se assenta no trono e ao Cordeiro,
louvor,
honra, glória e poder pelos séculos dos séculos.
* Louvor.

Segunda leitura

Dos “Discursos” de São Bernardo, abade

(10-11 sull’Avv.)

Jerusalém, não chores,

porque a tua salvação está próxima

O profeta consola a cidade santa de Jerusalém ainda exilada na mais deprimente miséria: Não chores, porque a tua salvação está próxima (cf. Is 40,1.10). Em verdade, sobre os rios da Babilônia nos sentávamos a chorar (Sl 136,1). Babilônia é a confusão. Na Babilônia se assentam e choram os cidadãos de Jerusalém, que, ainda que não sejam confusos nas ações, são porém nos pensamentos, querendo, mas não podendo volver o olhar da mente a Deus, porque, mesmo sem má intenção, são levados a se ocuparem de coisas vãs.

Portanto, os rios da Babilônia são os maus hábitos que se apresentam como bons em nossas recordações; no entanto correm velozmente, e aqueles que enganam, os arrastam consigo para as águas do mar deste mundo.

Mas sejam dadas graças a Deus que nos dá a vitória por meio do Senhor Nosso Jesus Cristo! (1Cor 15,57). Para que, se os maus costumes se insinuam, nós não permaneçamos neles, mas nos assentemos sobre os rios da Babilônia, para que nossa alma, calada diante da doçura e dos atrativos da vida secular, se torne surda aos novos convites e se enrijeça diante das falsidades e mentiras.

Impedidos portanto por estas vaidades, não é de se admirar que choremos ao recordar-nos de Sião, ou seja, trazendo-nos à memória a doçura e o prazer que experimentam aqueles que merecem contemplar sem véus a glória de Deus. E, todavia, “se eu devesse caminhar num vale escuro não temeria nenhum mal” se tu estás comigo; mais ainda não temeria porque tu estás comigo (Sl 22,4). E como suponho poder esperar isso? Porque o ramo da tua correção e o bastão de teu sustento me consolam.

Ainda que me corrija e reprima a minha soberba reduzindo-me ao pó da morte, mesmo assim sustenta a minha vida, fazendo com que não caia na fossa da morte. Não desobedecerei a lei do Senhor, nem me irritarei quando me repreender. Sei, de verdade, que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8,28).

Então, com impaciência? Não, suportando pacientemente. Por quê? Pelo querer daquele que a submeteu na esperança (Rm 8,20). Em verdade, a própria criatura será libertada da escravidão do mal para atingir a liberdade da glória dos filhos de Deus.

Então, Jerusalém, não chores, porque a tua salvação está próxima (cf. Rm13,11). “Se demora” a seu modo de ver, todavia não tardará (Ab 2,3) porque a seus olhos mil anos são como o dia de ontem que passou (Sl 89,4).

Responsório Is 40,10

R. Jerusalém, não chores,
porque o Senhor tem piedade de ti;
*
E te livrará de toda tribulação.
V. Eis, o Senhor vem com poder,
com o seu braço ele detém o domínio.
*
E te livrará.

Oração

Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.