QUINTA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Livro do Eclesiástico
38,24-39,11
Profissões manuais e o estudo da sabedoria
A sabedoria do escriba se adquire em horas de lazer,
e quem está livre de afazeres torna-se sábio.
25Como se tornará sábio o que maneja o arado,
aquele cuja glória consiste em brandir o aguilhão,
o que guia bois e o que não abandona o trabalho
e cuja conversa é só sobre gado?
26O seu coração está ocupado com os sulcos que traça;
as suas vigílias com a forragem das bezerras.
27Igualmente todo carpinteiro e construtor,
qualquer que trabalha dia e noite,
aqueles que fazem os entalhes dos selos,
sua tenacidade está em variar o desenho;
têm em mente reproduzir o modelo,
a sua preocupação está em concluir o trabalho.
28Igualmente o ferreiro sentado à bigorna:
ele observa a fadiga do ferro;
a chama de fogo cresta-lhe a carne,
debate-se ao calor da forja;
o barulho do martelo o ensurdece,
seus olhos estão fixos no modelo do utensílio;
aplica o seu coração em rematar o trabalho,
suas vigílias em trabalhá-lo com perfeição.
29Igualmente o oleiro sentado ao seu trabalho,
o que gira o torno com os pés,
dedica total cuidado à sua obra,
todos os seus gestos são contados;
30com o braço amolda a argila, com os pés a compele,
aplica o seu coração em terminar o envernizamento
e as suas vigílias em limpar a fornalha.
31Todos esses depositam confiança em suas mãos
e cada um é hábil na sua profissão.
32Sem eles nenhuma cidade seria construída,
não se poderia nem instalar-se nem viajar.
Mas eles não se encontram no conselho do povo
33e na assembleia não sobressaem.
Não sentam na cadeira do juiz e não meditam na lei.
Não brilham nem pela cultura nem pelo julgamento,
não se encontram entre os criadores de máximas.
34Mas asseguram uma criação eterna,
e sua oração tem por objeto os problemas de sua profissão.
Diferente é aquele que aplica a sua alma,
o que medita na lei do Altíssimo.
30,1Ele investiga a sabedoria de todos os antigos,
ocupa-se das profecias.
2Conserva as narrações dos homens célebres,
penetra na sutileza das parábolas.
3Investiga o sentido obscuro dos provérbios,
deleita-se com os segredos das parábolas.
Presta serviços no meio dos grandes
e é visto diante dos que governam.
Percorre países estrangeiros,
fez a experiência do bem e do mal entre os homens.
5Desde a manhã, de todo coração
volta-se para o Senhor, seu criador.
Suplica diante do altíssimo,
abre sua boca em oração.
Suplica o perdão de seus pecados.
6Se for da vontade do supremo Senhor,
ele será repleto do espírito de inteligência.
Ele mesmo fará chover abundantemente
suas palavras de sabedoria
e na sua oração dará graças ao Senhor.
7Adquirirá a retidão do julgamento e do conhecimento,
meditará seus mistérios ocultos.
8Ele mesmo manifestará a instrução recebida,
gloriar-se-á da lei da aliança do Senhor.
9Muitos louvarão a sua inteligência e jamais será esquecido.
Sua lembrança não se apagará,
seu nome viverá de geração em geração.
10As nações proclamarão a sua sabedoria
e a assembleia proclamará os seus louvores.
11Se vive muito, seu nome será mais glorioso do que mil
outros, e se morre, isto lhe basta.
Responsório
Eclo 39,5-6; Tg 1,5
R. O sábio abre sua boca em oração.
* Se for da vontade do supremo Senhor,
ele será repleto do
espírito de inteligência.
V. Se alguém dentre vós tem falta de sabedoria,
peça-a a
Deus, que a concede generosamente.
* Se for da vontade.
Segunda leitura
Do “Comentário sobre o profeta Isaias”, de São Cirilo de
Alexandria, bispo
(Liv. 4,2)
(Séc. IV)
Nós nos tornamos uma nova criatura em Cristo
O próprio nome de Igreja denota a multidão dos que
creem em Cristo; ministros e fiéis, pastores, doutores e súditos. Todos aqueles que foram verdadeiramente renovados
em Cristo a seu tempo, ou seja, quando o Senhor Deus se
manifestou a nós. Então, fomos levados a uma novidade de
vida, de costumes e de instituições, também no culto. Fomos
libertados do antigo pecado, e nos tornamos uma criatura
nova em Cristo; iniciados e guiados para uma conduta nobre
e amável, mediante a sua lei e a sua pedagogia. Por isso, o
sapientíssimo Paulo escreve àqueles que foram chamados
por meio da fé: Deveis depor o homem velho, que se corrompe pelas paixões enganadoras e revestir o homem novo
criado segundo Deus na justiça e na verdadeira santidade
(Ef 4,22.24). Ainda em outro lugar diz: Não vos conformeis à mentalidade deste século, mas transformai-vos renovando
a vossa mente para poder discernir a vontade de Deus, o
que é bom, perfeito e agradável a ele (Rm 12,2).
E ao mesmo tempo diz que crucifiquemos o homem
velho para revestir o novo mediante a conduta e a vida em
Cristo. Renovemo-nos, portanto, também com relação ao
culto: aqueles que seguem os ritos judaicos, depois de ter
abandonado as sombras e as figuras, não farão mais uso de
vítimas de bois e de incenso, mas de riquíssimos aromas
espirituais, e não materiais; aqueles, pois que foram retirados e colhidos dentre a multidão dos pagãos passarão a
melhores ritos e a todas as excelentes práticas, que não tem
limites. Na verdade, não terão mais a antiga obscuridade
de coração, mas, uma vez penetrada neles a luz divina e
inteligível, se tornarão santos e verdadeiros adoradores de
Deus. Cessarão de adorar a criatura e a matéria muda e insensível; renunciarão aos vaticínios e aos encantamentos e,
deixados os hábitos mais repugnantes, distanciando-se das
paixões execráveis, serão adornados de todas as virtudes e
expertos na doutrina da verdade.
Essa é, portanto, a renovação que nos diz respeito. É
nova, em verdade, a criatura em Cristo. O Deus do universo promete a salvação àqueles que são filhos de Abraão
segundo a carne e àqueles que foram contados como tais
em virtude da promessa, a fim de que se protejam das ações
que desonram e da vergonha, e isto para sempre. Então,
depois de sermos despojados em Cristo da impiedade do
pecado e de ter quebrado o jugo da tirania diabólica, tendo
repudiado a corrupção e revestidos da incorruptibilidade,
estaremos sempre nessas condições. Na realidade, o pecado
não nos ultrajará mais e Satanás não poderá submeter-nos
de novo à antiga tirania; e, também, o domínio da morte
cairá completamente em ruína e desaparecerá para sempre,
pisado por Cristo, pelo qual e com o qual seja dada a glória
e o reino a Deus Pai com o Espírito Santo na eternidade.
Amém
Responsório
Rm 7,6; 5,5
R. Fomos libertados da lei,
morrendo a tudo aquilo que nos
mantinha prisioneiros,
* Para servir no regime novo do Espírito,
e não no regime
antigo da letra.
V. O amor de Deus foi derramado em nossos corações
por
meio do Espírito Santo que nos foi dado.
* Para servir.
OraçãoDeus
eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso
dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.