Primeira leitura
Do Livro do Cântico dos Cânticos 6,2-7,10

Elogio da Esposa

2Meu amado desceu ao seu jardim, aos terrenos perfumados, foi pastorear nos jardins e colher açucenas. 3Eu sou do meu amado, e meu amado é meu, o pastor das açucenas. 4És formosa, minha amiga, és como Tersa, bela como Jerusalém, és terrível como esquadrão com bandeiras desfraldadas. 5Afasta de mim teus olhos, pois teus olhos me perturbam! Teu cabelo é rebanho de cabras Ondulando pelas faldas de Galaad; 6teus dentes... rebanho tosquiado subindo após o banho, cada ovelha com seus gêmeos, nenhuma delas sem cria. 7Metades de romã são tuas faces escondidas sob o véu. 8Que sejam sessenta as rainhas, e oitenta as concubinas, e as donzelas, sem conta: uma só é minha pomba sem defeito, 9uma só a preferida pela mãe que a gerou. Vendo-a, felicitam-na as jovens, louvam-na rainhas e concubinas: 10“Quem é essa que desponta como a aurora, bela como a lua, fulgurante como o sol, terrível como esquadrão com bandeiras desfraldadas?” 11Desci ao jardim das nogueiras para ver os brotos dos vales, ver se a videira florescia, se os botões das romeiras se abriam. 12Eu não conhecia meu coração: ele fez de mim os carros de Aminadib! 7.1Volta-te, volta-te. Sulamita, volta-te, volta-te... queremos te contemplar! Ah! Vós a contemplais, a Sulamita, como uma dança em dois coros 2Os teus pés... como são belos nas sandálias, ó filha de nobres; as curvas dos teus quadris, que parecem colares, obras de artista. 3Teu umbigo... essa taça redonda em que o vinho nunca falta; teu ventre, monte de trigo rodeado de açucenas; 4teus seios, dois filhotes, filhos gêmeos de gazela; 5teu pescoço, torre de marfim; teus olhos, as piscinas de Hesebon junto às portas de Bat-Rabim. Teu nariz, como a torre do Líbano voltada para Damasco; 6tua cabeça que se alteia como o Carmelo, e teus cabelos cor de púrpura, enlaçando um rei nas tranças. 7Como és bela, quão formosa, que amor delicioso! 8Tens o talhe da palmeira, e teus seios são os cachos. 9Pensei: “Subirei à palmeira para colher dos seus frutos!” Sim, teus seios são cachos de uva, e o sopro das tuas narinas perfuma como o aroma das maçãs. 10Tua boca é vinho delicioso que se derrama na minha molhando-me lábios e dentes.

Responsório Ct 6,4.3;Sl 84,11
R. És bonita, minha amiga, formosa como Jerusalém.
* Eu sou do meu amado, e meu amado é meu.
V.
Amor e verdade se encontram, justiça e paz se abraçam.
* Eu sou.

Segunda leitura
Dos Sermões de Juliano de Vézelay, monge

(Sermo 1 de Nativitate: SCh 192,52-54.60)

No silêncio mediano, veio o

mediador entre Deus e os homens
Um silêncio mediano envolvia todas as coisas, mesmo os profetas que haviam clamado, e os apóstolos que ainda haveriam de clamar. Esse silêncio estava no meio, integrando-se entre os clamores de ambos, isto é, dos que haviam clamado e dos que em breve clamariam. Assim, quando um silêncio mediano envolvia todas as coisas, a Palavra onipotente - isto é, o Verbo do Pai - lançou-se do trono real (Sb 18,14-15). Como convinha, como homem para os homens, como mortal para os mortais, a fim de salvar os mortos pela morte. Consciente da sua tarefa de mediador, operou a salvação pela terra (Sl 73,12), morreu sobre a cruz, elevado da terra, entre o céu e a terra, reconciliando os dois. Vê, se tens olhos para ver, o plano desse mediador: como tal nasceu, morreu e operou a salvação, sempre mediando.

Também nisto há um mistério: quando a noite mediava o seu rápido percurso, lançou-se do trono real (Sb 18,14-15). Davi mostrou que o conhecia, quando disse a respeito do Filho: “Desde o seio, desde a aurora eu te gerei (Sl 109,3 LXX); não do meu seio, mas do seio da Virgem, ou antes do meu seio, já que do seio da Virgem”. Desde a aurora, porque foi no meio da noite, no silêncio universal, antes do levantar da aurora, que o Senhor nasceu da Virgem. Nessa hora a luz de Deus brilhou em torno dos pastores que vigiavam sobre os seus rebanhos.

Quando a noite mediava o seu rápido percurso, é o que está dito: Mas que noite é esta? Talvez seja aquele período em que, desde as origens do mundo até o fim dos tempos, os filhos de Adão vivem no Egito tenebroso, submetidos às trevas da sua ignorância e totalmente incapazes de se verem uns aos outros.

Responsório Sl 109,3;2,7
R. No dia do teu nascimento,
já possuirás a realeza, no esplendor da santidade;
* Eu te gerei antes da aurora.
V. O Senhor me disse: Tu és meu Filho.
* Eu te gerei antes.

Oração
Deus eterno e todo-poderoso, nós vos pedimos que o Salvador, qual nova luz dos céus para a redenção do mundo, se levante cada dia para renovar os nossos corações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.