SEXTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura

Do Segundo Livro dos Reis 11,1-21

Atalia e o rei Joás
1
Quando a mãe de Ocozias, Atalia, soube que seu filho estava morto, resolveu exterminar toda a descendência real. 2Mas Josaba, filha do rei Jorão e irmã de Ocozias, raptou furtivamente Joás, o filho de Ocozias, dentre os filhos do rei que estavam sendo massacrados e o colocou , com sua ama, no quarto dos leitos; assim ela o escondeu de Atalia e ele não foi morto. 3Ficou seis anos com ela, escondido no Templo do Senhor, enquanto Atalia reinava sobre a terra.

4No sétimo ano, Joiada mandou chamar os centuriões dos caritas e os guardas, e os convocou junto de si, no Templo do Senhor. Concluiu com eles uma aliança, fê-los prestar juramento no Templo do Senhor e mostrou-lhes o filho do rei. 5Deu-lhes esta ordem: “Eis o que haveis de fazer: a terça parte de vós, que termina o serviço no dia de sábado, montando guarda no palácio real, 6a terça parte na porta de Sur, e a terça na porta atrás dos guardas, tomareis a facção do Templo por turnos. 7Quanto às duas seções vossas, que entram de serviço no sábado, assegurarão a facção no Templo do Senhor junto ao rei. 8Fareis um círculo em torno do rei, cada qual com suas armas na mão; e todo aquele que quiser forçar vossas fileiras será morto. Acompanhareis o rei em todo lugar a que ele for.”

9Os centuriões fizeram tudo quanto lhes ordenara o sacerdote Joiada. Cada qual reuniu seus homens, tanto os que terminavam o serviço no dia de sábado, como os que começavam no dia de sábado, e vieram para junto do sacerdote Joiada. 10O sacerdote entregou aos centuriões as lanças e os escudos do rei Davi, que estavam no templo do Senhor. 11Os guardas se postaram, de armas na mão, desde o ângulo sul até o ângulo norte do Templo , rodeando o rei. 12Então Joiada mandou que trouxessem o filho do rei, cingiu-o com o diadema e entregou-lhe o documento da aliança; proclamaram-no rei e deram-lhe a unção. Bateram palmas e gritaram: “Viva o rei!”

13Ouvindo os gritos dos guardas e do povo, Atalia veio em direção ao povo no Templo do Senhor. 14Quando viu o rei de pé sobre o estrado, segundo o costume, os chefes e os tocadores de trombeta perto do rei, todo o povo da terra gritando de alegria e tocando as trombetas, Atalia rasgou suas vestes e bradou: “Traição! Traição!” 15Então o sacerdote Joiada deu ordens aos centuriões da tropa: “Arrastai-a para fora, por entre as fileiras, e se alguém a seguir, passai-o ao fio da espada”; pois o sacerdote dissera: “Não a mateis dentro do Templo do Senhor.” 16Agarraram-na e, quando ela chegou ao palácio real, na entrada da Porta dos Cavalos, foi morta nesse lugar.

17Joiada concluiu entre o Senhor, o rei e o povo uma aliança pela qual o povo se comprometia a ser o povo do Senhor; e a aliança entre o rei e o povo. 18Todo o povo da terra dirigiu-se depois ao templo de Baal e o demoliu; quebraram totalmente os altares e as imagens e mataram Matã, sacerdote de Baal, diante dos altares.

O sacerdote estabeleceu postos de vigilância no Templo do Senhor. 19Depois reuniu os centuriões, os caritas, os guardas e todo o povo da terra. Fizeram o rei descer do Templo do Senhor e entraram no palácio pela Porta dos Guardas. Joás sentou-se no trono dos reis. 20Todo o povo da terra estava em festa e a cidade estava calma. Atalia fora morta pela espada no palácio real.

Responsório 2Cr 23,3; Jr 23,5

R. Toda a assembleia concluiu uma aliança com o rei
no
Templo de Deus. “Eis o filho do rei”,
disse-lhes Joiada, que ele reine,
*
Como prometeu o Senhor aos filhos de Davi.

V. Eis que dias virão
em que suscitarei a Davi um germe
justo,
um rei reinará e agirá com inteligência. * Como.

Segunda leitura

Do Tratado “A vida em Cristo”, de Nicolas Cabasilas

(Liv. 1)

Eu vim para que tenham a vida

Se a felicidade procurada foi alcançada por meio de símbolos e figuras, a verdade e a realidade mesmas são vãs. Se pelo fato de que pela morte de Cristo foi destruída a inimizade, e a parede divisória foi demolida, e que a paz e a justiça são concernentes ao advento do Salvador, que sentido teriam agora esses acontecimentos, se antes daquele sacrifício os homens se apresentassem justos e amigos de Deus?

Existem outros argumentos em vista. Antes era a Lei que unia os homens a Deus: agora ao invés, é a fé, a graça e tudo o que a elas se corresponde. Parece evidente que naquele tempo a comunhão dos homens com Deus consistia em uma relação de escravidão, agora, ao contrário, trata-se de adoção filial e de amizade. Aos servos, de fato, se impõe uma lei, enquanto a graça, a fé e a fidelidade são próprias dos amigos e dos filhos. De tudo isso resulta evidente que o Salvador é o primogênito dos mortos (Ap 1,5), e que nenhum dos mortos poderia ressurgir à vida imortal antes da ressurreição de Cristo. Da mesma forma, tendo em vista a santidade e a justiça intrínsecas a Cristo, Ele precedeu, sozinho, todos os homens; Paulo o atesta quando diz que Cristo entrou no santo dos santos como nosso precursor (cf. Hb 6,20). Entrou, de fato, depois de oferecer-se a si mesmo ao Pai, introduzindo também aqueles que o desejarem, isto é, aqueles que se tornam participantes da sua sepultura; os quais não morrerão como ele, mas participarão espiritualmente daquela morte no banho do batismo e que, depois de ungidos, proclamam-na no altar do Senhor, saciando-se de forma inefável daquele que morreu e ressuscitou. E assim, por essas portas, os introduz no reino como majestades. Essas portas são, pois, muito mais úteis e dignas de veneração do que aquelas do paraíso terrestre. Aquelas não se abriam a ninguém que antes já não tivesse entrado, e podiam também deixar sair a quem já estivesse dentro; estas, ao contrário, considerando que as primeiras foram fechadas, apenas acolhem, sem deixar ninguém sair. Aquelas puderam ser fechadas e assim permanecem, sua fechadura foi destruída e o muro de separação abatido: não é mais possível reedificar as suas ruínas e refazer aquelas portas, nem dividir novamente com um muro de separação os dois mundos, aquele superior e aquele inferior. De fato, os céus não foram simplesmente abertos, mas dilatados e quase arrombados, como diz Marcos. É portanto evidente que não ficaram nem portas, nem portais, nem aldravas.

Aquele que reconciliou e uniu o mundo celeste com o terrestre, e restituiu a paz destruindo o muro de separação, não pode renegar a si mesmo, como afirma São Paulo. Era natural que aquelas portas, abertas para Adão a fim de que ali permanecesse, fossem fechadas em consequência da sua infidelidade. Foram reabertas pessoalmente por Cristo, Ele que não cometeu pecado nem poderia cometê-lo. A sua justiça, diz Davi, permanece para sempre (Sl 110,3).

Por isso é necessário que essas portas permaneçam sempre abertas, para introduzir a todos à vida, sem deixar ninguém de fora. Eu vim para que todos tenham vida (Jo 10,10), disse o Salvador. Essa é a vida que o Senhor trouxe consigo; que apropriando-nos desses mistérios, nos tornemos participantes e consortes da morte e paixão de nosso Senhor, sem o qual não podemos nos livrar da morte. E como não é possível entrar na vida sem o batismo na água e no Espírito Santo, assim, aquele que não come a carne do Filho do Homem e não bebe o seu sangue não pode ter em si mesmo a vida.

Responsório Gl 2,19-20

R. Na realidade, pela fé eu morri para a lei,
a fim de viver para Deus.
*
A minha vida presente, na carne,
eu a vivo na fé no Filho de Deus,
que me amou e se entregou por mim.
V. Estou pregado à cruz de Cristo.
Eu vivo, mas já não sou eu;
é Cristo que vive em mim.
*
A minha vida presente.

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos, para alcançarmos um dia a herança prometida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.