Hino
Fonte única da vida,
que nos séculos viveis,
aos mortais e réus da culpa
vosso olhar, ó Deus, volvei.
Pai, ao homem pecador
dais a morte em punição,
para o pó voltar ao pó,
submetendo-o à expiação.
Mas a vida, que inspirastes
por um sopro, permanece
como germe imperecível
dum viver que não fenece.
A esperança nos consola:
nossa vida brotará.
O primeiro a ressurgir,
Cristo, a vós nos levará.
Tenham vida em vosso Reino
vossos servos, que Jesus
consagrou no Santo Espírito
e os guiou da fé à luz.
Ó Princípio e Fim de tudo,
ao chegar a nossa hora,
conduzi-nos para o Reino
onde brilha a eterna aurora.
Salmodia
Ant. 1 Do pó da terra me formastes
e de carne me vestistes:
no fim dos dias, ó Senhor,
meu Redentor, ressuscitai-me!
Salmo 39(40),2-14.17-18
I
– Esperando, esperei no Senhor, *
e inclinando-se, ouviu meu clamor.
– Retirou-me da cova da morte *
e de um charco de lodo e de lama.
– Colocou os meus pés sobre a rocha, *
devolveu a firmeza a meus passos.
– Canto novo ele pôs em meus lábios, *
um poema em louvor ao Senhor.
– Muitos vejam, respeitem, adorem, *
e esperem em Deus, confiantes.
= É feliz quem a Deus se confia; †
quem não segue os que adoram os ídolos *
e se perdem por falsos caminhos.
– Quão imensos, Senhor, vossos feitos! *
Maravilhas fizestes por nós!
– Quem a vós poderá comparar-se *
nos desígnios a nosso respeito?
– Eu quisera, Senhor, publicá-los, *
mas são tantos! Quem pode contá-los?
– Sacrifício e oblação não quisestes, *
mas abristes, Senhor, meus ouvidos;
= não pedistes ofertas nem vítimas, †
holocaustos por nossos pecados. *
E então eu vos disse: “Eis que venho!
= Sobre mim está escrito no livro: †
“Com prazer faço a vossa vontade, *
guardo em meu coração vossa lei!”
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito
Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Do pó da terra
me formastes e de carne me vestistes:
no fim dos dias, ó Senhor,
meu Redentor, ressuscitai-me!
Ant. 2 Dignai-vos, Senhor, libertar-me,
vinde logo, Senhor, socorrer-me!
II
= Boas-novas de vossa justiça †
anunciei numa grande assembleia; *
vós sabeis: não fechei os meus lábios!
= Proclamei toda a vossa justiça, †
sem retê-la no meu coração; *
vosso auxílio e lealdade narrei.
– Não calei vossa graça e verdade *
na presença da grande assembleia.
– Não negueis para mim vosso amor! *
Vossa graça e verdade me guardem!
= Pois desgraças sem conta me cercam, †
minhas culpas me agarram, me prendem, *
e assim já nem posso enxergar.
= Meus pecados são mais numerosos †
que os cabelos da minha cabeça: *
desfaleço e me foge o alento!
– Dignai-vos, Senhor, libertar-me, *
vinde logo, Senhor, socorrer-me!
– Mas se alegre e em vós rejubile *
todo ser que vos busca, Senhor!
– Digam sempre: “É grande o Senhor!”, *
os que buscam em vós seu auxílio.
= Eu sou pobre, infeliz, desvalido, †
porém, guarda o Senhor minha vida, *
e por mim se desdobra em carinho.
– Vós me sois salvação e auxílio: *
vinde logo, Senhor, não tardeis!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito
Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Dignai-vos, Senhor,
libertar-me,
vinde logo, Senhor, socorrer-me!
Ant. 3 Do Deus vivo tem sede a minh’alma.
Quando irei contemplar sua face?
Salmo 41(42)
– Assim como a corça suspira *
pelas águas correntes,
– suspira igualmente minh’alma *
por vós, ó meu Deus!
– Minha alma tem sede de Deus, *
e deseja o Deus vivo.
– Quando terei a alegria de ver *
a face de Deus?
– O meu pranto é o meu alimento *
de dia e de noite,
– enquanto insistentes repetem: *
“Onde está o teu Deus?”
– Recordo saudoso o tempo *
em que ia com o povo.
– Peregrino e feliz caminhando *
para a casa de Deus,
– entre gritos, louvor e alegria *
da multidão jubilosa.
– Por que te entristeces, minh’alma, *
a gemer no meu peito?
– Espera em Deus! Louvarei novamente *
o meu Deus Salvador!
– Minh’alma está agora abatida, *
e então penso em vós,
– do Jordão e das terras do Hermon *
e do monte Misar.
– Como o abismo atrai outro abismo, *
ao fragor das cascatas,
– vossas ondas e vossas torrentes *
sobre mim se lançaram.
– Que o Senhor me conceda de dia *
sua graça benigna
– e de noite, cantando, eu bendigo *
ao meu Deus, minha vida.
– Digo a Deus: “Vós que sois meu amparo, *
por que me esqueceis?
– Por que ando tão triste e abatido *
pela opressão do inimigo?”
– Os meus ossos se quebram de dor, *
ao insultar-me o inimigo;
– ao dizer cada dia de novo: *
Onde está o teu Deus?”
– Por que te entristeces, minh’alma, *
a gemer no meu peito?
– Espera em Deus! Louvarei novamente *
o meu Deus Salvador!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito
Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Do Deus vivo
tem sede a minh’alma.
Quando irei contemplar sua face?
V. Como é grande, ó Senhor, o vosso amor!
Da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 15,12-34
A ressurreição de Cristo, esperança dos fiéis
Irmãos: 12 Se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como podem alguns dizer entre vós que não há ressurreição dos mortos? 13 Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo não ressuscitou. 14 E se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vã e a vossa fé é vã também. 15
Nesse caso, nós seríamos testemunhas mentirosas de Deus, porque
teríamos atestado – contra Deus – que ele ressuscitou Cristo, quando, de
fato, ele não o teria ressuscitado – se é verdade que os mortos não
ressuscitam. 16 Pois, se os mortos não ressuscitam, então Cristo também não ressuscitou. 17 E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor e ainda estais nos vossos pecados. 18 Então, também os que morreram em Cristo pereceram. 19 Se é para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, nós somos – de todos os homens – os mais dignos de compaixão.
20 Mas, na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. 21 Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. 22 Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. 23
Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: em primeiro lugar,
Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião
da sua vinda. 24 A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo o principado e todo o poder e força. 25 Pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. 26 O último inimigo a ser destruído é a morte. 27
Com efeito, “Deus pôs tudo debaixo de seus pés”. Mas, quando ele
disser: “Tudo está submetido”, é claro que estará excluído dessa
submissão aquele que submeteu tudo a Cristo. 28 E, quando
todas as coisas estiverem submetidas a ele, então o próprio Filho se
submeterá àquele que lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja
tudo em todos.
29 De outro modo, o que pretendem aqueles que batizam em
favor dos mortos? Se os mortos realmente não ressuscitam, por que se
batizam por eles? 30 E nós, por que nos expomos a perigos a toda hora? 31 Cada dia, irmãos, me exponho à morte, tão certo como sois a minha glória em Jesus Cristo, nosso Senhor. 32
Se foi por intenção humana que combati com feras em Éfeso, o que me
aproveita isso? Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos porque
amanhã morreremos. 33 Não vos enganeis: “As más companhias corrompem os bons costumes”. 34 Caí em vós, como é justo, e não pequeis porque alguns vivem na ignorância de Deus. Para vossa vergonha é que digo.
Responsório 1Cor 15,25-26; cf. Ap 20,13.14
R. É preciso que ele reine até que tenha colocado
debaixo de seus pés seus inimigos, todos eles,
* A morte há de ser o seu último inimigo,
a ser exterminado.
V. A morte e o seu reino devolverão todos os mortos
e a morte e o seu reino serão precipitados
no lago incandescente. * A morte.
Ou:
Da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 15,35-57
Ressurreição dos mortos e vinda do Senhor
Irmãos: Alguém perguntará: como ressuscitam os
mortos? Insensato! O que semeias, não nasce sem antes morrer. E, quando
semeias, não semeias o corpo da planta, que há de nascer, mas o simples
grão, como o trigo, ou de alguma outra planta. E Deus lhe dá o corpo
segundo quis, a cada uma das sementes o próprio corpo. Não é toda carne
a mesma carne, senão que uma é a carne dos homens, outra a do gado,
outra a das aves e outra a dos peixes. E há corpos celestes e corpos
terrestres, e um é o resplendor dos corpos celestes e outro o dos
terrestres. Um é o resplendor do sol, outro o da lua e outro o das
estrelas, e uma estrela difere da outra no brilho. Pois assim será
também a ressurreição dos mortos. Semeia-se em ignomínia, e
ressuscita-se em glória. Semeia-se em fraqueza, e ressuscita-se em
vigor. Semeia-se um corpo animal, e ressuscita-se um corpo espiritual.
Se há um corpo animal, há também um espiritual. Por isso está escrito:
o primeiro homem, Adão, “foi um ser vivo”. O segundo Adão é um espírito
vivificante. Veio primeiro não o homem espiritual, mas o homem natural;
depois é que veio o homem espiritual. O primeiro homem, tirado da
terra, é terrestre; o segundo homem vem do céu. Como foi o homem
terrestre, assim também são as pessoas terrestres; e como é o homem
celeste, assim também vão ser as pessoas celestes. Como já refletimos a
imagem do homem terrestre, assim também refletiremos a imagem do homem
celeste.
Mas isto vos digo, irmãos: a carne e o sangue não podem possuir o reino de Deus, nem a corrupção herdará a incorrupção. Eu vos comunico um mistério: Nem todos nós morreremos, mas todos nós seremos transformados. Num instante, num abrir e fechar de olhos, ao soar da trombeta final – pois a trombeta soará – não só os mortos ressuscitarão incorruptíveis, mas nós também seremos transformados. Pois é preciso que este ser corruptível se vista de incorruptibilidade; é preciso que este ser mortal se vista de imortalidade. E quando este ser corruptível estiver vestido de incorruptibilidade e este ser mortal estiver vestido de imortalidade, então estará cumprida a palavra da Escritura: “A morte foi tragada pela vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Onde está o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a Lei. Graças sejam dadas a Deus que nos dá a vitória pelo Senhor nosso, Jesus Cristo.
Responsório Cf. Jó 19,25.26.27
R. Eu creio que vive
o
meu Redentor
e no último dia do pó me erguerei,
* Em minha carne eu verei o meu Deus, meu Salvador.
V. Eu mesmo o verei,
verei o Senhor,
com meus próprios olhos. * Em minha.
Segunda leitura
Do Livro sobre a morte de seu irmão Sátiro, de Santo Ambrósio, bispo
(Lib.
2,40.41.46.47.132.133: CSEL 73,270-274.323-324)
(Séc. IV)
Morramos com Cristo, para vivermos com ele
Percebemos que a morte é lucro, e a vida, castigo.
Por isso Paulo diz: Para mim, viver é Cristo, e morrer é lucro
(Fl 1,21). Como unir-se a Cristo, espírito da vida, senão pela morte do
corpo? Morramos então com ele, para com ele vivermos. Morramos
diariamente no desejo e em ato, para que, por esta segregação, nossa
alma aprenda a se subtrair das concupiscências corporais. Que ela, como
se já estivesse nas alturas, onde não a alcançam os desejos terrenos,
aceite a imagem da morte para não incorrer no castigo da morte. Pois a
lei da carne luta contra a lei do espírito e apóia-se na lei do erro.
Mas qual o remédio? Quem me libertará deste corpo de morte? (Rm
7,24) A graça de Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor (cf. Rm
7,25s). Temos o médico, usemos o remédio. Nosso remédio é a graça de
Cristo, e corpo de morte é o nosso corpo. Portanto afastemo-nos do
corpo e não se afaste de nós o Cristo! Embora ainda no corpo, não lhe
obedeçamos, não abandonemos as leis naturais, mas prefiramos os dons da
graça. E que mais? Pela morte de um só, o mundo foi remido. Cristo, se
quisesse, poderia não ter morrido. Não julgou, porém, dever fugir da
morte como coisa inútil nem que nos salvaria melhor, evitando a morte.
Com efeito, sua morte é a vida de todos. Somos marcados com sua morte,
ao orar anunciamos sua morte, ao oferecer o sacrifício pregamos sua
morte. Sua morte é vitória, é sacramento, é a solenidade anual do mundo.
Não diremos ainda mais sobre a sua morte, se provarmos pelo exemplo divino que dela resultou a imortalidade, e que a morte se redimiu a si mesma? Não se deve lastimar a morte, que é causa da salvação do povo. Não se deve fugir da morte, que o Filho de Deus não rejeitou, e da qual não fugiu. Na verdade, a morte não era da natureza, mas converteu-se em natureza. No princípio, Deus não fez a morte, mas deu-a como remédio. Pela prevaricação, condenada ao trabalho de cada dia e ao gemido intolerável, a vida dos homens começou a ser miserável. Era preciso dar fim aos males, para que a morte restituísse o que a vida perdera. Pois a imortalidade seria mais penosa que benéfica, se não fosse promovida pela graça. Por isso, tem o espírito de afastar-se logo da vida tortuosa e das nódoas do corpo terreno, e lançar-se para a celeste assembleia, embora pertença só aos santos lá chegar, e cantar a Deus o louvor, descrito no livro profético, que os citaristas cantam: Grandes e maravilhosas tuas obras, Senhor Deus onipotente; justos e verdadeiros teus caminhos, ó Rei das nações! Quem não temeria e não glorificaria teu nome? Porque só tu és santo; todos os povos irão e se prostrarão diante de ti (Ap 15,3-4). Contemplar também, ó Jesus, tuas núpcias, nas quais a esposa, ao canto jubiloso de todos, é conduzida da terra ao céu – a ti virá toda carne (Sl 64,3) – já não mais manchada pelo mundo, mas unida ao espírito. Era isto que o santo Davi desejava, acima de tudo, contemplar e admirar, quando dizia: Uma só coisa pedi ao Senhor, a ela busco: habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida e ver as delícias do Senhor (Sl 26,4).
Responsório Cf. 2Mc 12,45b; Mt 13,43a
R. Para aqueles que
adormecem na piedade,
* Está reservada excelente recompensa.
V. Como o sol,
então, os justos brilharão
no Reino do seu Pai onipotente. * Está
reservada.
Oração
Ó Deus, escutai com bondade as nossas preces e aumentai a nossa fé no
Cristo ressuscitado, para que seja mais viva a nossa esperança na
ressurreição dos vossos filhos e filhas. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.