Ofício das Leituras

V.
Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.Aleluia.
Esta introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.

Hino

Exulte o céu do alto,
aplaudam terra e mar;
o Cristo, ressurgindo,
a vida vem nos dar.

O tempo favorável
à terra já voltou;
felizes, contemplamos
o dia salvador,

no qual o mundo, salvo
no sangue do Cordeiro,
já brilha em meio às trevas
com brilho verdadeiro.

A morte mata a morte,
da culpa nos redime;
a força do vencido,
vencendo, apaga o crime.

É esta a nossa espera,
é este o nosso gozo:
também ressurgiremos,
com Cristo glorioso.

Por isso, celebremos
a Páscoa do Cordeiro,
repletos pela graça
do seu amor primeiro.

Jesus, sede a alegria
perene dos remidos;
uni na vossa glória
da graça os renascidos.

Louvor a vós, Jesus,
da morte vencedor,
reinando com o Pai
e o seu eterno Amor.

Salmodia

Ant.1 Fostes vós que nos salvastes, ó Senhor!
Para sempre louvaremos vosso nome. Aleluia.

Salmo 43(44)

Calamidades do povo
Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou! (Rm 8,37).

I

2 Ó Deus, nossos ouvidos escutaram, *
e contaram para nós, os nossos pais,
– as obras que operastes em seus dias, *
em seus dias e nos tempos de outrora:

=3 Expulsastes as nações com vossa mão, †
e plantastes nossos pais em seu lugar; *
para aumentá-los, abatestes outros povos.
4 Não conquistaram essa terra pela espada, *
nem foi seu braço que lhes deu a salvação;

– foi, porém, a vossa mão e vosso braço *
e o esplendor de vossa face e o vosso amor.
5 Sois vós, o meu Senhor e o meu Rei, *
que destes as vitórias a Jacó;

6 com vossa ajuda é que vencemos o inimigo, *
por vosso nome é que pisamos o agressor.
7 Eu não pus a confiança no meu arco, *
a minha espada não me pôde libertar;

8 mas fostes vós que nos livrastes do inimigo, *
e cobristes de vergonha o opressor.
9 Em vós, ó Deus, nos gloriamos todo dia, *
celebrando o vosso nome sem cessar.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Fostes vós que nos salvastes, ó Senhor!
Para sempre louvaremos vosso nome. Aleluia.

Ant.2 Perdoai, ó Senhor, o vosso povo,
não entregueis à vergonha a vossa herança! Aleluia.

II

10 Porém, agora nos deixastes e humilhastes, *
já não saís com nossas tropas para a guerra!
11 Vós nos fizestes recuar ante o inimigo, *
os adversários nos pilharam à vontade.

12 Como ovelhas nos levastes para o corte, *
e no meio das nações nos dispersastes.
13 Vendestes vosso povo a preço baixo, *
e não lucrastes muita coisa com a venda!

14 De nós fizestes o escárnio dos vizinhos, *
zombaria e gozação dos que nos cercam;
15 para os pagãos somos motivo de anedotas, *
zombam de nós a sacudir sua cabeça.

16À minha frente trago sempre esta desonra, *
e a vergonha se espalha no meu rosto,
17 ante os gritos de insultos e blasfêmias *
do inimigo sequioso de vingança.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Perdoai, ó Senhor, o vosso povo,
não entregueis à vergonha a vossa herança! Aleluia.

Ant.3 Levantai-vos, ó Senhor, e socorrei-nos,
libertai-nos pela vossa compaixão! Aleluia.

III

18 E tudo isso, sem vos termos esquecido *
e sem termos violado a Aliança;
19 sem que o nosso coração voltasse atrás, *
nem se afastassem nossos pés de vossa estrada!
20 Mas à cova dos chacais nos entregastes *
e com trevas pavorosas nos cobristes!

21 Se tivéssemos esquecido o nosso Deus *
e estendido nossas mãos a um Deus estranho,
22 Deus não teria, por acaso, percebido, *
ele que vê o interior dos corações?
23 Por vossa causa nos massacram cada dia *
e nos levam como ovelha ao matadouro!

24 Levantai-vos, ó Senhor, por que dormis? *
Despertai! Não nos deixeis eternamente!
25 Por que nos escondeis a vossa face *
e esqueceis nossa opressão, nossa miséria?

26 Pois arrasada até o pó está noss’alma *
e ao chão está colado o nosso ventre.
– Levantai-vos, vinde logo em nosso auxílio, *
libertai-nos pela vossa compaixão!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Levantai-vos, ó Senhor, e socorrei-nos,
libertai-nos pela vossa compaixão! Aleluia.

V. Céus e terra se alegram cantando: aleluia,

R. Pela resureição do Senhor. Aleluia.

Primeira leitura

Dos Atos dos Apóstolos 22,22-23,11

Paulo perante o Sinédrio
Os judeus escutaram Paulo até este ponto. A estas palavras, porém, começaram a gritar: “Tira da terra este indivíduo! Não convém que ele viva!” E vociferavam, arremessavam os mantos e atiravam poeira aos ares. O tribuno mandou então recolhê-lo à fortaleza, ordenando também que o interrogassem sob os açoites, a fim de averiguar o motivo por que gritavam tanto contra ele.
Quando o amarraram com correias, Paulo observou ao centurião presente: “Ser-vos-á lícito açoitar um cidadão romano, ainda mais sem ter sido condenado?” A estas palavras, o centurião foi ter com o tribuno para preveni-lo: “Que vais fazer? Este homem é cidadão romano!” Vindo então o tribuno, perguntou a Paulo: “Dize-me: tu és cidadão romano?” “Sim”, respondeu ele. O tribuno retomou: “Precisei de vultoso capital para adquirir esta cidadania”. “Pois eu, disse Paulo, a tenho de nascença”. Imediatamente se afastaram dele os que iam torturá-lo. O próprio tribuno teve receio, ao reconhecer que era cidadão romano, e que mesmo assim o haviam acorrentado.
No dia seguinte, querendo saber com segurança por que motivo estava ele sendo acusado pelos judeus, o tribuno soltou-o e ordenou que se reunissem os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio. Fez então descer Paulo e apresentou-o perante eles.
Fixando os olhos no Sinédrio, Paulo assim falou: “Irmãos, é inteiramente em boa consciência que me tenho conduzido perante Deus, até o dia de hoje”. Foi quando o sumo sacerdote Ananias mandou a seus assistentes que lhe batessem na boca. Então lhe disse Paulo: “Deus vai ferir-te a ti, parede caiada! Tu te sentas para julgar-me segundo a Lei, e violando a Lei ordenas que me batam?” Os que estavam a seu lado observaram-lhe: “Tu insultas o sumo sacerdote de Deus?” Paulo respondeu: “Não sabia, irmãos, que este é o sumo sacerdote. Pois está escrito: Não amaldiçoarás o chefe do teu povo ”.
A seguir, tendo conhecimento de que uma parte dos presentes eram saduceus e a outra parte eram fariseus, exclamou no Sinédrio: “Irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus. É por nossa esperança, a ressurreição dos mortos, que estou sendo julgado”. Apenas disse isso, formou-se um conflito entre fariseus e saduceus, e a assembleia se dividiu. Pois os saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo nem espírito, enquanto os fariseus sustentam uma e outra coisa. Levantou-se um vozerio enorme. Então, alguns escribas do partido dos fariseus puseram-se a protestar, dizendo: “Nenhum mal encontramos neste homem. E se lhe tivesse falado um espírito, ou um anjo?” Crescia em proporções o conflito. Receando o tribuno que Paulo viesse a ser estraçalhado por eles, ordenou que o destacamento descesse e o subtraísse ao meio deles, reconduzindo-o à fortaleza.
Na noite seguinte, aproximou-se dele o Senhor e lhe disse: “Tem confiança! Assim como deste testemunho de mim em Jerusalém, é preciso que testemunhes também em Roma!”

Responsório At 23,11;26,18
R. O Senhor disse a Paulo: Tem confiança.
Assim como deste testemunho de mim em Jerusalém,
*
É preciso que sejas minha testemunha
também em Roma, aleluia, aleluia.
V.
Assim, eles receberão o perdão dos pecados
e participarão da herança com os santificados.
*
É preciso.

Segunda leitura

Do Comentário sobre a segunda Carta aos Coríntios, de São Cirilo de Alexandria, bispo
(Cap. 5,5-6,2: PG 74,942-943)

Deus, por Cristo, nos reconciliou consigo
e nos confiou o ministério da reconciliação
Os que possuem o penhor do Espírito e vivem na esperança da ressurreição, como se já possuíssem aquilo que esperam, podem dizer que desde agora não reconhecem a ninguém segundo a carne; pois somos todos espirituais e isentos da corrupção da carne. Com efeito, desde que brilhou para nós a Luz do Unigênito de Deus, fomos transformados no próprio Verbo que dá vida a todas as coisas. E assim como nos sentíamos acorrentados pelos laços da morte, quando reinava o pecado, agora ficamos livres da corrupção, ao chegar a justiça de Cristo.
Por conseguinte, doravante ninguém vive mais sob o domínio da carne, isto é, sujeito à fraqueza carnal. A ela, com certeza, entre outras coisas, deve ser atribuída a corrupção. Nesse sentido afirma o apóstolo Paulo: Se, outrora, conhecemos Cristo à maneira humana, agora já não o conhecemos assim (2Cor 5,16). Como se quisesse dizer: O Verbo se fez carne e veio morar no meio de nós (Jo 1,14), sujeitando-se à morte segundo a carne, para a salvação de todos.
Foi desse modo que o conhecemos; todavia, desde esse momento, já não é mais assim que o reconhecemos. É verdade que ele conserva sua carne, pois ressuscitou ao terceiro dia, e vive no céu, à direita do Pai; mas sua existência é superior à vida da carne. Tendo morrido uma vez, Cristo não morre mais. A morte não tem mais poder sobre ele. Pois aquele que morreu, morreu para o pecado, uma vez por todas, e aquele que vive, vive para Deus (Rm 6,9-10).
Então, se ele se apresentou diante de nós como modelo de vida, é absolutamente necessário que também nós, seguindo seus passos, façamos parte daqueles que não vivem mais na carne, mas acima da carne. É o que diz o grande Paulo, com toda a razão: Se alguém está em Cristo, é criatura nova. O que era antigo passou, agora tudo é novo (2Cor 5,17). Fomos justificados pela fé em Cristo, e terminou o domínio da maldade. Uma vez que ele ressuscitou por nossa causa, calcando aos pés o poder da morte, conhecemos aquele que por sua própria natureza é o verdadeiro Deus. É a ele que prestamos culto em espírito e verdade, por intermédio de seu Filho, que distribui sobre o mundo as bênçãos divinas do Pai.
Por esse motivo, São Paulo diz com muita sabedoria: Tudo isso vem de Deus, que, por Cristo, nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da reconciliação (2Cor 5,18). Realmente, o mistério da encarnação e a renovação do qual se originou não se realizaram sem a vontade do Pai. É por Cristo que temos acesso ao Pai, como ele próprio afirma: ninguém pode ir ao Pai senão por ele. Portanto, tudo isso vem de Deus, que, por Cristo nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da reconciliação .

Responsório Rm 5,11;Cl 1,19-20
R. Nós nos gloriamos em Deus
por nosso Senhor Jesus Cristo.
*
É por ele que, já desde o tempo presente,
recebemos a reconciliação, aleluia.
V.
Pois Deus quis fazer habitar nele toda a plenitude e,
por ele, reconciliar consigo todos os seres.
*
É por ele.

Oração

Ó Deus, que fizestes o vosso povo participar da vossa redenção, concedei que nos alegremos constantemente com a ressurreição do Senhor. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.