SEXTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura

Da Carta de São Paulo aos Efésios 3,14-21

Oração de Paulo

14Por essa razão dobro os joelhos diante do Pai - 15de quem toma o nome toda família no céu e na terra -, 16para pedir-lhe que conceda, segundo a riqueza da sua glória, que vós sejais fortalecidos em poder pelo seu Espírito no homem interior, 17que Cristo habite pela fé em vossos corações e que sejais arraigados e fundados no amor. 18Assim tereis condições para compreender com todos os santos qual é a largura e o comprimento e a altura e a profundidade, 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que sejais plenificados com toda a plenitude de Deus. 20Àquele, cujo poder, agindo em nós, é capaz de fazer muito além, infinitamente além de tudo o que nós podemos pedir ou conceber, 21a ele seja a glória na Igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações dos séculos dos séculos! Amém.

Responsório Ef 3,20.21; Gl 1,4

R. Àquele cujo poder, agindo em nós,
é capaz de fazer muito
além do que nós podemos pedir ou conceber,
* A ele seja a glória na Igreja e em Cristo Jesus,
por todas
as gerações dos séculos dos séculos.
V. Cristo se entregou a si mesmo pelos nossos pecados,

segundo a vontade de nosso Deus e pai. * A ele seja.

Segunda leitura

Dos “Discursos” do bem aventurado Martinho de Lion, monge

(21.º sobre a última ceia)

No seu último discurso Cristo consolidou mais

fortemente o amor no coração dos seus
discípulos com a palavra e o exemplo

A oblação do corpo de Cristo se renova todos os dias, mesmo que Cristo tenha morrido uma só vez, porque todos os dias caímos nos pecados, por causa da debilidade da nossa carne.

Na espécie do pão Cristo quis tornar patente o seu corpo, pois Ele é o pão vivo descido do céu (Jo 6,51), e ainda, na espécie do pão, quis mostrar a união do corpo com a cabeça, como diz o Apóstolo: sendo que há um só pão, nós, mesmo sendo muitos, somos um só corpo: todos, em verdade participamos do único pão (1Cor 10,17). Assim como de muitos grãos de trigo se forma um só pão, assim pela unidade da fé, esperança e caridade, de diversos membros nos tornamos um só corpo de Cristo.

Portanto, quem deseja estar unido ao corpo de Cristo como membro vivo, deve participar com os outros do único pão celeste que o Senhor partiu e distribuiu. Na verdade, Ele quis que fosse compartilhado por todos os que formam uma só unidade quando disse: Tomai, para que vos torneis semelhantes, comei todos o mesmo sacramento: fazei isto em memória de mim (Lc 22,19); a fim de que, recebendo o seu corpo e o seu sangue nos recordemos de sua paixão de tal forma que, como ele morreu por nós, assim, também nós, se for necessário, morramos por Ele. Igualmente assim aconteceu com o cálice, que chamou de nova aliança, isto é a nova promessa, porque, por meio daquele sangue não prometia bens terrenos, mas eternos; portanto, esta solenidade deve renovar-se até que Ele retorne, ou seja, até o final dos tempos, quando Ele virá para o julgamento.

Portanto, caríssimos irmãos, porque o Senhor quis que recebêssemos o seu corpo e dele nos tornássemos participantes para guardar a unidade, se alguém se separa desta unidade cedendo à ira, ao ódio ou à discórdia, este não recebe dignamente o corpo do Senhor, nem a sua participação pode uni-lo a Cristo. Na verdade, o vínculo da caridade une os diversos, enquanto a discórdia e o ódio divide o que é uno.

Vigiai, portanto, atentamente, irmãos, para que o veneno da discórdia não faça gerar o ódio no meio de vós, e assim corrompa e anule em vós a delicadeza da caridade.

Voltai os vossos olhos à Vossa Cabeça, e tende sempre presente o preço da vossa redenção.

Cristo nos salvou somente por amor, como diz o Apóstolo: Deus, rico em misericórdia, pelo grande amor com o qual nos amou, quando estávamos mortos por causa dos nossos pecados, nos fez reviver em Cristo: na verdade, pela sua graça é que fostes salvos ( Ef 2,4-5).

Assim, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus por meio da morte do seu Filho (Rm 5,10). Ninguém tem amor maior do que este: dar a vida pelos próprios amigos (Jo 15,13). No entanto, Cristo teve um amor maior ainda que este, porque não morreu pelos amigos, mas pelos inimigos; em verdade, enquanto éramos ainda inimigos, fomos reconciliados com Deus por meio de sua morte: Ele morreu, o justo pelos injustos (1Pd 3,18). Ainda assim, quem está disposto a morrer por um justo? (cf. Rm 5,7). Ninguém. Portanto, antes de ensinar com palavras o amor, Cristo o demonstrou; e depois de tê-los exortado muitas vezes ao amor, no último discurso consolidou mais fortemente o amor no coração dos seus discípulos com a palavra e com o exemplo.

Responsório Jo 17, 20-21; Jr 32,38.39

R. Rogo por aqueles que por sua palavra crerão em mim;
* Para que todos sejam um. Como tu, Pai,
estás em mim e eu em ti, sejam também eles um em nós.
V. Eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus.
Dar-lhes-ei um só coração e um só modo de agir.
*
Para que todos.

Oração

Ó Deus, preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.