17a SEMANA DO TEMPO COMUMI Semana do SaltérioTERÇA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Livro de Jó
31,1-8.13-23.35-37
Jó age com justiça.
Jó disse: 31,1Eu tinha feito um pacto com meus olhos:
para não olhar para uma virgem.
2Que galardão me reserva Deus lá do alto,
que herança o Shaddai lá dos céus?
3Acaso não é o desastre para o criminoso,
e o infortúnio para os malfeitores?
4Não vê ele os meus caminhos,
não conta todos os meus passos?
5Caminhei com a ilusão, acertei passo com a fraude?
6Que Deus me pese numa balança exata
e reconhecerá minha integridade.
7Se se desviaram do caminho os meus passos,
e o meu coração seguiu as atrações dos olhos,
se se apegou alguma mancha às minhas mãos,
8que outro coma o que semeei,
e que arranquem as minhas plantações!
13Se deneguei seu direito ao escravo ou à escrava,
quando pleiteavam comigo,
14que farei quando Deus se levantar,
que lhe responderei quando me interrogar?
15Quem me fez a mim no ventre não o fez também a ele?
Quem nos formou a ambos não é um só?
38Se minha terra pede vingança contra mim,
e os seus sulcos choram com ela;
39se comi o seu produto sem pagar,
asfixiando aquele que o cultivou,
40aque nasçam cardos em vez de trigo,
no lugar de cevada, a erva fétida!
16Se fui insensível às necessidades dos fracos,
se deixei tristes os olhos da viúva,
17enquanto comi meu bocado sozinho,
sem reparti-lo com o órfão;
18- na verdade, desde minha infância Deus criou-me como
um pai, e desde o seio de minha mãe guiou-me; -
19se vi um miserável sem roupas,
um pobre sem cobertor,
20e não me agradeceram os seus flancos,
aquecidos com a lã de minhas ovelhas;
21se levantei a mão contra o órfão,
sabendo-me importante na Porta,
22que minha espádua se desprenda de minha nuca,
e que meu braço se quebre no cotovelo!
23Porque o castigo de Deus seria meu terror,
não subsistirei diante da sua majestade.
35Oxalá houvesse quem me ouvisse!
Esta é minha última palavra: que me responda Shaddai!
O libelo redigido por meu adversário
36levá-lo-ia sobre meus ombros,
atá-lo-ia como um diadema.
37Dar-lhe-ia conta de meus passos
e aproximar-me-ia dele, como príncipe.
Responsório Cf. Jó 31,3.4; Pr 15,3
R. A infelicidade está reservada ao injusto,
e o infortúnio
ao iníquo.
* Em todo o lugar estão os olhos do Senhor,
observando
os maus e os bons.
V. Deus conhece os meus caminhos
e conta todos os meus
passos.
* Em todo.
Segunda leitura
Das “Instruções”, de São Doroteu, abade
(Doct. 13, De accusatione sui ipsius, 2-3:PG 88,1699)
(Séc. VI)
A falsa paz espiritual
Quem se acusa a si mesmo, por mais que lhe venham
importunações, danos, opróbrios, afrontas da parte de quem
quer que seja, tudo recebe com serenidade, julgando-se merecedor de tudo isso, sem que possa perturbar-se de modo
algum. Quem mais tranquilo do que este homem?
Talvez haja quem objete: “E se, quando um irmão me
aflige, procuro, e não vejo ter-lhe dado motivo para isto,
por que então hei de me acusar?”
Na verdade, se alguém com temor de Deus se examina
com cuidado, nunca se julgará, de todo, inocente e verá
que o motivo está em algum ato seu, palavra ou gesto. Se
em nada se achou culpado, talvez em outra ocasião o tenha
aborrecido em coisa parecida ou diferente. Ou ainda, quem
sabe, maltratou outro irmão. Com razão deve sofrer por
isto ou por outros pecados, tão numerosos, que cometeu.
Perguntará alguém por que se acusar quando, quieto e sossegado, é molestado por palavras ou gestos ofensivos de
um irmão. Não podendo suportar nada disso, julga-se com
direito de se irritar. Pecaria se porventura não se desse esse
encontro e essa palavra?
Isto é ridículo, e é claro que não se apoia em motivo
algum. Não foi por ter dito uma palavra qualquer que se lhe
suscitou a paixão da cólera, mas, antes, revelou a paixão
oculta que o minava; dela, se quiser, faça penitência. Este
tal se fez semelhante a um pão branco, belo e todo limpo
que, ao ser cortado, mostra estar sujo por dentro.
Do mesmo modo, se alguém se julga quieto e pacífico,
tem, no entanto, uma paixão que não vê. Chega um irmão,
lança uma palavra desagradável, e imediatamente lhe jorram
de dentro o pus e a sujeira ocultos. Se quiser alcançar a
misericórdia, faça penitência, purifique-se, esforce-se por
progredir e reconheça que, em vez de retrucar à injúria,
deveria agradecer ao irmão ocasião de tão grande utilidade.
Depois disso, não se afligirá tanto com as tentações, pois
quanto mais progredir tanto mais lhe parecerão leves. A alma
se fortalece à medida que caminha, faz-se mais corajosa em
suportar todas as coisas duras que lhe advêm.
Responsório Cf. Jó 9,2.14; 15,15
R. Eu bem sei que ninguém pode ter razão
se com Deus ele
quiser se confrontar.
* Quem sou eu para poder lhe responder,
para escolher meus
argumentos contra ele?
V. Nem mesmo em seus santos Deus confia,
e a seus olhos
não são puros nem os céus.
* Quem sou eu.OraçãoÓ
Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e, sem vosso auxílio,
ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de amor para conosco, para
que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que
possamos abraçar os que não passam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.