TRÍDUO PASCAL
DA PAIXÃO E RESSURREIÇÃO DO SENHOR
SÁBADO SANTO
Ofício das Leituras
V. Vinde, ó
Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Hino
Jesus, Senhor supremo,
do mundo redentor,
na cruz salvastes todos,
da morte vencedor!
Mantende, suplicamos,
em nossos corações,
os dons que conquistastes
por todas as nações.
Cordeiro imaculado,
pregado sobre a cruz,
lavastes nossas vestes
em vosso sangue e luz.
Aqueles que lavastes
com sangue de Homem-Deus,
convosco ressurgidos,
levai-os para os céus.
Ó povos redimidos,
ao Deus do céu louvai,
Jesus nos fez, morrendo,
um reino para o Pai.
Salmodia
Ant.1 Tranqüilo eu
adormeço e repouso em vossa paz.
Salmo 4
=2Quando eu chamo, respondei-me, ó meu Deus, minha justiça!
†
Vós que soubestes aliviar-me nos momentos de aflição,*
atendei-me por piedade e escutai minha oração!
– 3Filhos dos homens, até quando fechareis o coração? *
Por que amais a ilusão e procurais a falsidade?
– 4Compreendei que nosso Deus faz maravilhas por seu servo,
*
e que o Senhor me ouvirá quando lhe faço a minha prece!
– 5Se ficardes revoltados, não pequeis por vossa ira; *
meditai nos vossos leitos e calai o coração!
– 6Sacrificai o que é justo, e ao Senhor oferecei-o; *
confiai sempre no Senhor, ele é a única esperança!
– 7Muitos há que se perguntam: “Quem nos dá felicidade?”*
Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!
– 8Vós me destes, ó Senhor, mais alegria ao coração, *
do que a outros na fartura do seu trigo e vinho novo.
– 9Eu tranqüilo vou deitar-me e na paz logo adormeço, *
pois só vós, ó Senhor Deus, dais segurança à minha vida!
Ant. Tranqüilo
eu adormeço e repouso em vossa paz.
Ant.2 Até meu corpo
no repouso está tranqüilo.
Salmo 15(16)
= 1Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio! †
2Digo ao Senhor: “Somente vós sois meu Senhor: *
nenhum bem eu posso achar fora de vós!”
– 3Deus me inspirou uma admirável afeição *
pelos santos que habitam sua terra.
– 4Multiplicam, no entanto, suas dores *
os que correm para os deuses estrangeiros;
– seus sacrifícios sangüinários não partilho, *
nem seus nomes passarão pelos meus lábios.
– 5Ó Senhor, sois minha herança e minha taça, *
meu destino está seguro em vossas mãos!
– 6Foi demarcada para mim a melhor terra, *
e eu exulto de alegria em minha herança!
– 7Eu bendigo o Senhor, que me aconselha, *
e até de noite me adverte o coração.
– 8Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, *
pois se o tenho a meu lado não vacilo.
=9Eis por que meu coração está em festa, †
minha alma rejubila de alegria, *
e até meu corpo no repouso está tranqüilo;
– 10pois não haveis de me deixar entregue à morte, *
nem vosso amigo conhecer a corrupção.
=11Vós me ensinais vosso caminho para a vida; †
junto a vós, felicidade sem limites, *
delícia eterna e alegria ao vosso lado!
Ant. Até meu
corpo no repouso está tranqüilo.
Ant.3 Elevai-vos bem
mais alto, antigas portas,
a fim de que o Rei da glória possa entrar!
Salmo 23(24)
– 1Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, *
o mundo inteiro com os seres que o povoam;
– 2porque ele a tornou firme sobre os mares, *
e sobre as águas a mantém inabalável.
– 3“Quem subirá até o monte do Senhor, *
quem ficará em sua santa habitação?”
=4“Quem tem mãos puras e inocente coração, †
quem não dirige sua mente para o crime, *
nem jura falso para o dano de seu próximo.
– 5Sobre este desce a bênção do Senhor *
e a recompensa de seu Deus e Salvador”.
– 6“É assim a geração dos que o procuram, *
e do Deus de Israel buscam a face”.
=7“Ó portas, levantai vossos frontões! †
Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, *
a fim de que o Rei da glória possa entrar!”
=8Dizei-nos: “Quem é este Rei da glória?” †
“É o Senhor, o valoroso, o onipotente, *
o Senhor, o poderoso nas batalhas!”
=9“Ó portas, levantai vossos frontões! †
Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, *
a fim de que o Rei da glória possa entrar!”
=10Dizei-nos: “Quem é este Rei da glória?” †
“O Rei da glória é o Senhor onipotente, *
o Rei da glória é o Senhor Deus do universo!”
Ant. Elevai-vos bem mais alto, antigas
portas,
a fim de que o Rei da glória possa entrar!
V. Defendei a minha causa e libertai-me.
R. Pela palavra que me destes, dai-me a vida!
Primeira leitura
Do Livro do Profeta Jeremias
20,7-18
Ansiedade do Profeta
Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir;
tu te tornaste forte demais para mim, tu me dominaste.
Sirvo de escárnio todo o dia,
todos zombam de mim.
Porque sempre que falo devo gritar,
devo proclamar: “Violência e opressão!”
Porque a palavra do Senhor tornou-se para mim
opróbrio e ludíbrio todo dia.
Quando pensava: ‘Não me lembrarei dele,
já não falarei em seu Nome’,
então isto era em meu coração como fogo devorador,
encerrado em meus ossos.
Estou cansado de suportar, não aguento mais!
Eu ouvi a calúnia de muitos:
“Terror de todos os lados!
Denunciai! Denunciemo-lo”
Todo aquele que estava em paz comigo
aguarda a minha queda:
“Talvez ele se deixe seduzir!
Nós o dominaremos
e nos vingaremos dele!”
Mas o Senhor estará comigo como poderoso guerreiro;
por isso os meus perseguidores tropeçarão,
não prevalecerão.
Eles se envergonharão profundamente,
porque não tiveram êxito;
vergonha eterna, inesquecível.
Ó Senhor dos Exércitos, que perscrutas os justos,
que vês rins e coração,
verei a tua vingança contra eles,
porque a ti expus a minha causa.
Cantai ao Senhor,
louvai ao Senhor,
porque livrou a vida do pobre
da mão dos perversos.
Maldito o dia em que nasci!
O dia em que minha mãe me gerou não seja abençoado!
Maldito o homem que deu a meu pai a Boa-Nova:
“Nasceu-te um filho homem!”
e lhe causou grande alegria.
Que este homem seja como as cidades
que o Senhor destruiu sem compaixão;
que ouça o clamor pela manhã
e o grito de guerra ao meio-dia,
porque não me matou desde o seio materno,
para que minha mãe fosse para mim
o meu sepulcro
e suas entranhas estivessem grávidas para sempre,
Por que saí do seio materno
para ver trabalhos e penas
e terminar os meus dias na vergonha?
Responsório
Sl 87,5-6.7
R Sou visto como os que baixam à cova,
tornei-me homem
sem forças:
* Despedido entre os mortos,
como vítimas que jazem no
sepulcro,
V. Puseste-me no fundo da cova,
em meio a trevas nos
abismos;
* Despedido entre os mortos.
Segunda leitura
Dos Comentários sobre o Evangelho de São João, de São
Cirilo de Alexandria, bispo.
(Lib. 12: PG 74,679-682)
(Séc. IV)
Cristo com a morte do seu corpo redimiu a vida de todos
“Eles pegaram então o corpo de Jesus e o envolveram
em faixas de linho com os aromas, como os judeus
costumam sepultar. Havia um jardim, no lugar onde ele
fora crucificado, no qual ninguém fora ainda colocado.”
(Jo 19,40-41).
Foi vivificado dentre os mortos aquele que por nós foi
morto segundo a carne. Compreende-se, portanto, que tem a
vida Nele mesmo e no Pai, e assim é em realidade. Mas para
cumprir toda justiça (cf. Mt 3,15), isto é, para comunicar
cada realidade ligada à condição humana, submeteu o
templo do seu corpo não só à morte aceita espontaneamente,
mas também a outras situações que se seguiram à morte: a
sepultura e a deposição em uma tumba.
No jardim existia um sepulcro, e ele era novo, diz o
evangelista; o que, como um símbolo, significa que com a
morte de Cristo nos é preparado e concedido o retorno ao
paraíso. Ele, de fato, ali entrou como nosso precursor.
O fato, pois, de que o sepulcro era novo, indica o novo e
jamais dito retorno de Jesus da morte à vida e a restauração
por Ele operada nos confrontos da corrupção.
De fato, a nossa nova morte é transformada, pela morte
do Cristo, em uma espécie de sono ou de repouso. Vivemos
ao invés, como aqueles que, segundo a Escritura, vivem
pelo Senhor (cf. Rm 14,8).
Por isso o santo apóstolo Paulo, para indicar aqueles
que foram mortos em Cristo, usa quase sempre a expressão
“aqueles que adormeceram” (cf. 1Co 15,6.18.20.51;1Tl
4,13-14 etc.).
No passado, é certo, prevaleceu a força da morte contra
a nossa natureza. Essa “reinou de Adão até Moisés, também
sobre aqueles que não transgrediram de forma semelhante
a Adão” (Rm 5,14); e à semelhança dele, levamos a imagem
do homem terreno, sofrendo a morte imposta sobre nós pela
maldição de Deus.
Mas quando aparece entre nós o segundo Adão, divino
e celeste, que, combatendo pela vida de todos, com a
morte do seu corpo, a todos restituiu a vida, e destruindo o
reino da morte, ressuscitou, e então fomos transformados
à sua imagem e confrontamos uma morte, de certa forma,
nova. Essa, de fato, não nos dissolve em uma corrupção
sem fim, mas infunde em nós um sono pleno de esperança
consoladora, à semelhança daquele que abriu para nós esta
vida, isto é, Cristo.
Responsório
Cf. Mt 27,62-66;Mc 15-46
R. Depois de sepultar o Senhor, fecharam a tumba
e fizeram
rolar uma pedra contra a entrada do sepulcro,
* Puseram soldados de sentinela.
V. Os sumo-sacerdotes se reuniram com Pilatos
e lhe
pediram que vigiasse o túmulo.
"Ide - respondeu ele - e
guardai o sepulcro como entendeis".
* Puseram soldados.
Oração
Pai cheio de bondade, vosso Filho unigênito desceu à mansão dos mortos
e dela surgiu vitorioso: concedei aos vossos fiéis, sepultados com ele
no batismo, que, pela força de sua ressurreição, participem da vida
eterna, com ele. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito
Santo.