7a SEMANA DO TEMPO COMUM
III Semana do Saltério
SÁBADO
Ofício das Leituras
Primeira leitura
Da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
14,1-19
O dom das línguas
Irmãos, 1procurai a caridade. Entretanto aspirai aos dons
do Espírito, principalmente à profecia. 2Pois aquele que fala
em línguas, não fala aos homens, mas a Deus. Ninguém o
entende, pois ele, em espírito, enuncia coisas misteriosas.
3Mas aquele que profetiza fala aos homens: edifica, exorta,
consola. 4Aquele que fala em línguas edifica a si mesmo,
ao passo que aquele que profetiza edifica a assembleia.
5Desejo que todos faleis em línguas, mas prefiro que
profetizeis. Aquele que profetiza é maior do que aquele que
fala em línguas, a menos que este as interprete, para que a
assembleia seja edificada.
6Suponde agora, irmãos, que eu vá ter convosco, falando
em línguas: como vos serei útil, se a minha palavra não
vos levar nem revelação, nem ciência, nem profecia,
nem ensinamento? 7O mesmo se dá com os instrumentos
musicais, como a flauta ou a cítara: se não emitirem sons
distintos, como reconhecer o que toca a flauta ou a cítara?
8E, se a trombeta emitir um som confuso, quem se preparará
para a guerra? 9Assim também vós: se vossa linguagem
não se exprime em palavras inteligíveis, como se há de
compreender o que dizeis? Estareis falando ao vento.
10Existem no mundo não sei quantas espécies de linguagem,
e nada carece de linguagem. 11Ora, se não conheço a força
da linguagem, serei como um bárbaro para aquele que fala
e aquele que fala será como um bárbaro para mim. 12Assim
também vós: já que aspirais aos dons do Espírito, procurai
tê-los em abundância, para a edificação da Igreja.
13É por isto que aquele que fala em línguas deve orar
para poder interpretá-las. 14Se oro em línguas, o meu espírito
está em oração, mas a minha inteligência nenhum fruto
colhe. 15Que fazer, pois? Orarei com o meu espírito, mas
hei de orar também com a minha inteligência. 16Com efeito,
se dares graças apenas com o teu espírito, como poderá o
ouvinte não iniciado dizer: “Amém” à tua ação de graças,
visto que não sabe o que dizes? 17Sem dúvida, tua ação de
graças é valiosa, mas o outro não se edifica. 18Dou graças
a Deus por falar em línguas mais do que todos vós. 19Mas,
numa assembleia, prefiro dizer cinco palavras com a minha
inteligência, para instruir também os outros, a dizer dez mil
palavras em línguas.
Responsório
1Cor 14,12; 8,1
R. Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais,
* Procurai tê-los em abundância para edificação da Igreja.
V. A ciência incha; o amor é que constrói.
* Procurai tê-los.
Segunda leitura
Dos “Comentários sobre os Salmos”, de Santo Ambrósio,
bispo
(Ps. 1,9-12: CSEL 64,7.9-10)
(Séc. IV)
Salmodiarei com o espírito, salmodiarei com a mente
O que há de mais agradável que um salmo? Davi já
bem dizia: Louvai ao Senhor, porque é bom o salmo; a
nosso Deus, alegre e belo louvor. E é verdade! O salmo é a
bênção para o povo, a glória de Deus, o louvor da multidão,
o aplauso de todos, a palavra do universo, a voz da Igreja, a
canora confissão da fé, a devoção cheia de valor, a alegria
da liberdade, o clamor do regozijo, a exultação da alegria.
O salmo abranda a ira, desfaz a preocupação, consola na
tristeza. Ele é a proteção noturna, o diurno ensinamento,
um escudo no temor, uma festa na santidade, a imagem da
tranquilidade, o penhor de paz e de concórdia, fazendo, à
semelhança da cítara, um só cântico de muitas e diferentes
vozes. Na aurora do dia, ressoa o salmo. Repercute o salmo
ao cair da noite.
Rivalizam no salmo a doutrina e a graça: ao mesmo
tempo canta-se para deleite e aprende-se para instrução. O
que é que não te ocorre ao ler os salmos?
Neles leio: Cântico para o amado e logo me inflamo
de desejo da sagrada caridade. Neles encontro a graça das
revelações, os testemunhos da ressurreição, os dons da
promessa. Por eles aprendo a evitar o pecado, desaprendo
de envergonhar-me da penitência pelas minhas faltas.
O que é o salmo senão o instrumento das virtudes com
que o venerável Profeta, tangendo-o com a palheta do
Espírito Santo, faz ressoar pelo mundo a doçura da música
celeste? Ao mesmo tempo em que ele, coordenando por
meio de liras e cordas, isto é, das coisas mortas, a distinção
dos diversos sons, dirigia o cântico do divino louvor para as
realidades supremas. Ensinava com isso, em primeiro lugar,
que devíamos morrer ao pecado e, em seguida, discernir
em nossa vida mortal as várias obras de virtude pelas quais
nossa gratidão se eleva até Deus.
Davi ensinou que devemos cantar no íntimo de nós
mesmos, salmodiar no íntimo, como Paulo cantava, pois
dizia: Orarei com o espírito, orarei com a mente; salmodiarei
com o espírito, salmodiarei com a mente. Ensinou também
que devíamos ordenar nossa vida e seus atos para a visão
das realidades superiores, a fim de que o gosto pela doçura
não excite os instintos do corpo, com os quais não se redime
nossa alma, ao contrário se torna pesada. E, no entanto, o
santo Profeta lembra-se de salmodiar para a redenção de
sua alma, quando diz: Salmodiarei a ti, ó Deus, na cítara,
Santo de Israel; ao cantar a ti jubilarão meus lábios e minha
alma que remiste.
Responsório
Sl 91(92),2.4
R. Como é bom agradecermos ao Senhor.
* E cantar salmos de louvor ao Deus Altíssimo!
V. Ao som da lira de dez cordas e da harpa,
e com canto
acompanhado ao som da cítara.
* E cantar salmos.
Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre
o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por
nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.