SEGUNDA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Ezequiel 5,1-17

Ação simbólica representa a destruição de Jerusalém

A palavra do Senhor me foi dirigida nestes termos: 1E tu, filho do homem, toma uma espada afiada, usa-a como navalha de barbeiro, passando-a na cabeça e na barba. Em seguida, toma uma balança e reparte os pelos assim cortados. 2Destes queimarás um terço dentro da cidade, quando se cumprirem os dias do seu cerco. Outro terço tomarás e o ferirás à espada em torno da cidade. Quanto ao último terço, espalhá-lo-ás ao vento, e eu desembainharei a espada atrás deles. 3Ainda, deles tirarás alguns, que atarás à aba da tua veste. 4Dentre esses últimos tirarás ainda uns poucos, que atirarás ao fogo para queimá-los. É daí que sairá o fogo, que atingirá toda a casa de Israel.

5Assim diz o Senhor Deus: foi esta a Jerusalém que coloquei no meio dos povos e em torno dela, as nações. 6Mas ela se rebelou contra as minhas normas, com uma perversidade maior do que os outros povos, e contra os meus estatutos, mais do que as nações que estão em torno dela. Com efeito, os seus habitantes rejeitaram as minhas normas e não andaram nos meus estatutos.

7Eis por que, assim diz o Senhor Deus, visto ser o vosso tumulto pior do que o dos povos que vos cercam, visto não andardes nos meus estatutos e não observardes as minhas normas, nem mesmo observardes as normas dos povos que vos cercam, 8eis o que diz o Senhor Deus: Também eu me ponho contra ti; executarei os meus julgamentos no meio de ti, aos olhos das nações. 9Farei no meio de ti o que nunca fiz e como não tornarei a fazer, isto por causa de todas as tuas abominações. 10Por esta razão os pais devorarão os filhos, no meio de ti, e os filhos devorarão os pais. Assim executarei contra ti os meus julgamentos e espalharei para todos os ventos o que restar de ti. 11Eis porque - por minha vida, oráculo do Senhor Deus - visto que profanaste o meu santuário com todos os ritos detestáveis e com todas as abominações, também eu te rejeitarei; também eu não te pouparei. 12A terça parte dos teus habitantes morrerá pela peste e perecerá de fome no meio de ti; outra terça parte cairá à espada em torno de ti; finalmente, a outra terça parte a espalharei a todos os ventos e desembainharei a espada atrás deles. 13Assim se cumprirá a minha ira, saciarei a minha cólera neles e ficarei satisfeito. Então saberão que eu, o Senhor, falei no meu zelo, cumprindo a minha ira contra eles. 14Reduzir-te-ei a ruína, a objeto de ludíbrio entre as nações que te cercam, aos olhos de todos os que passam. 15Sim, serás objeto de ludíbrio e de insultos, advertência e motivo de horror para as nações que te cercam, ao cumprir eu em ti os meus julgamentos, com cólera e com ira, e com castigos terríveis. Eu, o Senhor, o disse. 16Atirando contra eles as flechas malignas da fome - com efeito atirá-las-ei para a vossa destruição e acrescentarei ainda a fome -, reduzirei a vossa reserva de pão. 17Sim, atirarei a fome e animais ferozes que vos desfilharão; a peste e o sangue passarão pelo meio de ti; trarei a espada contra ti. Eu, o Senhor, o disse.

Responsório Lc 13,34; Ez 5,14

R. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas,

*
Quantas vezes quis eu recolher os teus filhos,
mas não
o quiseste.
V. Reduzir-te-ei a uma ruína,
a um objeto de ludíbrio entre
as nações que te cercam.
*
Quantas vezes.

Segunda leitura

Do “Sermão sobre os pastores”, de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 46,3-4: CCL 41,530-531)
(Séc. V)

Pastores que se apascentam a si mesmos

Vejamos, portanto, o que, aos pastores que se apascentam a si mesmos, não as ovelhas, diz a palavra divina, que não adula a ninguém: Eis que bebeis o leite e vos cobris com a lã; matais as mais gordas e não apascentais minhas ovelhas. Não fortalecestes a fraca; não curastes a doente; não pensastes a ferida, não reconduzistes a desgarrada e não fostes em busca da que se perdera; tratastes com dureza a forte. E minhas ovelhas se dispersaram, por não haver pastor (Ez 34,3-5).

Começa por dizer que é que apreciam e o que descuidam aqueles pastores que se apascentam a si, não as ovelhas. Que apreciam? Bebeis o leite, vos cobris com lã. Diz o Apóstolo: Quem planta uma vinha e não se alimenta de seu fruto? Quem apascenta um rebanho e não se serve do leite? (1Cor 9,7). Entendemos por leite do rebanho tudo quanto o povo de Deus dá ao bispo para sustento da vida terrena. Era o que queria dizer o Apóstolo com as palavras citadas.

Embora preferisse viver do trabalho de suas mãos, sem esperar, nem mesmo o leite das ovelhas, o Apóstolo, no entanto, declarou ter o direito de recebê-lo, e ter o Senhor determinado que vivam do Evangelho aqueles que anun- ciam o Evangelho (cf. 1Cor 9,14). E acrescentou que os outros apóstolos usavam deste direito, não usurpado, mas concedido. Mais fez ele, por não querer receber o que lhe era devido. Dispensou a dívida, mas não era indevido aquilo que outros aceitaram; ele fez mais. Talvez o prefigurasse aquele que, ao levar o ferido à estalagem, dissera: Se gastares mais, pagar-te-ei ao voltar (Lc 10,35).

Daqueles, pois, que não precisam do leite das ovelhas, que diremos ainda? São misericordiosos, ou melhor, com liberalidade maior cumprem seu ofício de misericórdia. Podem, e o que podem, fazem. Elogiemos a estes sem condenar os outros. Este mesmo Apóstolo não procurava presentes. Desejava com ardor que fossem fecundas as ovelhas, não estéreis, sem a riqueza do leite.

Responsório Cf. Ez 34,15-16

R. Eu mesmo irei apascentar minhas ovelhas
e as farei repousar.
* A ovelha perdida eu procurarei
e a extraviada reconduzirei.
V. Aquela que é fraca fortalecerei,
a gorda e a forte as conservarei.
*
A ovelha.

Oração

Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.