Ofício das Leituras

V.
Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Esta introdução se omite quando o Invitatário precede imediatamente ao Ofício das Leituras.

Hino

Eis o dia de Deus verdadeiro,
no clarão de luz santa banhado.
Nele, o sangue do novo Cordeiro
apagou deste mundo o pecado.

Deu a fé novamente aos perdidos,
deu aos cegos de novo a visão.
Quem não há de perder todo o medo,
vendo o céu ser aberto ao ladrão?

Eis o fato que aos anjos assombra:
ver o Cristo na cruz como réu,
e o ladrão que com ele padece,
conquistar a coroa do céu.

Admirável, profundo mistério:
lava a carne da carne a fraqueza
e, tirando os pecados do mundo,
restitui-lhe a antiga nobreza.

O que pode existir mais sublime
que o pecado à procura da graça?
Que da morte nascer vida nova
e um amor que aos temores desfaça?

Ó Jesus, dos fiéis corações
sede eterna alegria pascal;
congregai os nascidos da graça
pelo vosso triunfo imortal.

Glória a vós que vencestes a morte
e brilhais, com o Pai, Sumo Bem,
no esplendor coruscante do Espírito
pelos séculos eternos. Amém.

Salmodia

Ant.1 Demos graças ao Senhor porque ele é bom:
somente ele é que fez grandes maravilhas. Aleluia.

Salmo 135(136)

Hino pascal pelas maravilhas do Deus criador e libertador
Anunciar as maravilhas de Deus é louvá-lo (Cassiodoro).


I
1 Demos graças ao Senhor, porque ele é bom: *
Porque eterno é seu amor!
2 Demos graças ao Senhor, Deus dos deuses: *
Porque eterno é seu amor!
3 Demos graças ao Senhor dos senhores: *
Porque eterno é seu amor!

4 Somente ele é que fez grandes maravilhas: *
Porque eterno é seu amor!
5 Ele criou o firmamento com saber: *
Porque eterno é seu amor!
6 Estendeu a terra firme sobre as águas: *
Porque eterno é seu amor!

7 Ele criou os luminares mais brilhantes: *
Porque eterno é seu amor!
8 Criou o sol para o dia presidir: *
Porque eterno é seu amor!
9 Criou a lua e as estrelas para a noite: *
Porque eterno é seu amor!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.


Ant. Demos graças ao Senhor porque ele é bom:
somente ele é que fez grandes maravilhas. Aleluia.

Ant. 2 Do Egito ele tirou a Israel,
porque eterno é o seu amor. Aleluia.

II
10 Ele feriu os primogênitos do Egito *
Porque eterno é seu amor!
11 E tirou do meio deles Israel: *
Porque eterno é seu amor!
12 Com mão forte e com braço estendido: *
Porque eterno é seu amor!

13 Ele cortou o mar Vermelho em duas partes: *
Porque eterno é seu amor!
14 Fez passar no meio dele Israel: *
Porque eterno é seu amor!
15 E afogou o Faraó com suas tropas: *
Porque eterno é seu amor!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Do Egito ele tirou a Israel,
porque eterno é o seu amor. Aleluia.

Ant.3 O Senhor nos libertou de nossos inimigos. Aleluia.

III
16 Ele guiou pelo deserto o seu povo: *
Porque eterno é seu amor!
17 E feriu por causa dele grandes reis: *
Porque eterno é seu amor!
18 Reis poderosos fez morrer por causa dele: *
Porque eterno é seu amor!

19 A Seon que fora rei dos amorreus: *
Porque eterno é seu amor!
20 E a Og, o soberano de Basã: *
Porque eterno é seu amor!

21 Repartiu a terra deles como herança: *
Porque eterno é seu amor!
2 Como herança a Israel, seu servidor: *
Porque eterno é seu amor!
23 De nós, seu povo, humilhado, recordou-se: *
Porque eterno é seu amor!

24 De nossos inimigos libertou-nos: *
Porque eterno é seu amor!
25 A todo ser vivente ele alimenta: *
Porque eterno é seu amor!
26 Demos graças ao Senhor, o Deus dos céus: *
Porque eterno é seu amor!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.


Ant. O Senhor nos libertou de nossos inimigos. Aleluia.

V. Deus nos fez renascer para a viva esperança, aleluia.
R. Pela ressureição do Senhor dentre os mortos, Aleluia.

Primeira leitura
Dos Atos dos Apóstolos 3,12-4,4

Discurso de Pedro sobre a
glorificação de Jesus, filho de Deus
Pedro dirigiu-se ao povo dizendo: “Homens de Israel, porque vos admirais assim? Ou porque fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou seu servo Jesus, a quem vós entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo. Vós acusastes o Santo e o Justo, e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o príncipe da vida. Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos e disto nós somos testemunhas. Graças à fé em seu nome, este homem que contemplais e a quem conheceis, foi o Seu nome que o revigorou; e a fé que nos vem por Ele é que deu a este homem a sua perfeita saúde diante de todos vós.
Entretanto, irmãos, sei que agistes por ignorância, da mesma forma como vossos chefes. Assim, porém, Deus realizou o que antecipadamente anunciara pela boca de todos os profetas, a saber, que seu Cristo havia de padecer. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados, e deste modo venham da face do Senhor os tempos do refrigério. Então enviará ele o Cristo que vos foi destinado, Jesus, a quem o céu deve acolher até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de seus santos profetas. Moisés, na verdade, falou: O Senhor nosso Deus vos suscitará dentre os vossos irmãos um profeta semelhante a mim; vós o ouvireis em tudo que ele vos disser. E todo aquele que não escutar este profeta, será exterminado do meio do povo. Também os outros profetas, desde Samuel e todos os que a seguir falaram, prenunciaram estes dias.
Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com os nossos pais, quando disse a Abraão: Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Para vós em primeiro lugar Deus ressuscitou seu Servo e o enviou para vos abençoar, a partir do momento em que cada um de vós se afastar de suas maldades”.
Falavam eles ao povo, quando sobrevieram os sacerdotes, o oficial do Templo e os saduceus, contrariados por vê-los ensinar ao povo e anunciar, em Jesus, a ressurreição dos mortos. Lançaram as mãos neles e os recolheram ao cárcere até a manhã seguinte, pois já estava entardecendo. Entretanto, muitos dos que tinham ouvido a Palavra abraçaram a fé. E seu número, contando-se apenas os homens, chegou a cerca de cinco mil.

Responsório At 3,14;Sl 4,3.4
R. Vós rejeitastes o Santo e o Justo
e pedistes para vós o agraciamento de um assassino.
Aquele que conduz à vida, vós o matastes,
mas Deus o ressuscitou dos mortos,
*
E disto nós somos testemunhas, aleluia.
V.
Filhos dos homens,
compreendei que nosso Deus faz maravilhas por seu servo.
*
E disto.

Segunda leitura
Do Tratado sobre a Trindade, de Dídimo de Alexandria
(Lib. 2,14: PG 39,710-718)

O Batismo nos torna imortais e nos diviniza
O verdadeiro Batismo é aquele que, depois da vinda do Filho e da manifestação do Espírito Santo - depois da vinda visível ou depois das vindas que acontecem a cada dia, a cada hora, ou melhor, a cada instante - livra para sempre de todo pecado todos os que descem às fontes batismais. Além disso, esse Batismo, por meio da graça, torna a todos irmãos, tanto os primogênitos como os recém-nascidos, sem excetuar ninguém, quer sejam pessoas de pouca idade ou adiantadas em anos. Assim, até àqueles a cuja responsabilidade não se confiam, segundo as leis do mundo, as riquezas da terra (pois não é seguro fazê-lo por causa de seu pouco ou elevado número de anos), também é entregue tranquilamente a fortuna de Deus. Por isso cantam alegremente: O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas verdejantes, ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças. E ainda: Preparais à minha frente uma mesa, bem à vista do inimigo; e com óleo vós ungis minha cabeça; o meu cálice transborda (Sl 22,1-3.5).
O anjo que agitava a água era precursor do Espírito Santo. À semelhança desse anjo, João foi chamado anjo do Senhor e feito precursor de Cristo, batizando na água. Mas o crisma com que foram ungidos Aarão e Moisés, como tam bém todos os que eram ungidos com o óleo sacerdotal e os que a partir da palavra “crisma” passavam a ter o nome de “cristos”, isto é, ungidos, representava o crisma santificado que nós recebemos. Se isso tem um sentido corporal, tem igualmente uma significação espiritual. Pois, no mesmo momento em que chega ao nosso coração a fé na Santíssima Trindade, aos lábios, a palavra espiritual, e à fronte o sinal de Cristo, isto é, logo que recebemos o Batismo e a Crisma nos confirma, nesse momento, digo, a generosa Trindade, que é por sua natureza doadora de bens, se torna propícia para nós. Ela vem a nós imediatamente. E, no mesmo instante, os espíritos impuros se afastam dos que foram purificados. De repente, desaparecem os interesses do mundo, e vão para longe todas as paixões corporais. Nossos pecados são perdoados, nossos nomes são escritos em livros indeléveis e os bens do céu nos são concedidos. Desse modo, a própria Santíssima Trindade, porque é inefavelmente solícita e generosa e quer ter o primeiro lugar em todas as boas ações, antecipa-se aos nossos propósitos e os inspira.
Todos os que foram inscritos para a vida em Jerusalém serão chamados santos. Porque o Senhor lavará a imundície dos filhos e das filhas de Sião e purificará o sangue em seu meio com o Espírito de justiça e de fogo. Pedro mostra em sua Primeira Carta que, se o batismo de outrora, simples sombra, salvava, muito mais o Batismo verdadeiro nos torna imortais e nos diviniza. E escreve: À água corresponde o Batismo, que hoje é a vossa salvação. Pois o Batismo não serve para limpar a sujeira do corpo, mas é o compromisso de uma boa consciência para com Deus, em virtude da ressurreição de Jesus Cristo, que subiu ao céu e está à direita de Deus, e a quem estão submissos os anjos, as dominações e as potestades (1Pd 3,21-22).
Nós que nos tornamos espirituais, não só vemos e ouvimos essas coisas, mas também somos iluminados gratuitamente pelo Espírito Santo. E gozamos desses bens, ao participar do Corpo do Senhor e ao saborearmos a fonte imortal.

Responsório Is 44,3.4;Jo 4,14
R. Derramarei água sobre a terra sedenta e riachos pela região árida;
infundirei meu espírito em tua descendência;
*
E eles crescerão como salgueiros junto às correntes d’água, aleluia.
V.
A água que eu darei se tornará uma fonte de água jorrando para a vida eterna.
*
E eles.

Hino


TE DEUM
(A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)

A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,

e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

(A parte que se segue pode ser omitida, se for oportuno).

Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!

Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que no Sacramento pascal restaurastes vossa aliança, reconciliando convosco a humanidade, concedei-nos realizar em nossa vida o mistério que celebramos na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.