11a SEMANA DO TEMPO COMUM

III Semana do Saltério

SEXTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro dos Juízes 13,1-25

Anúncio do nascimento de Sansão
Naqueles dias: 1Os filhos de Israel tornaram a fazer o mal na presença do Senhor e ele entregou-os nas mãos dos filisteus, durante quarenta anos.

2Ora, havia um homem de Saraá, da tribo de Dã, chamado Manué, cuja mulher era estéril. 3O anjo do Senhor apareceu à mulher e disse-lhe: "Tu és estéril e não tiveste filhos, mas conceberás e darás à luz um filho. 4Toma cuidado de não beberes vinho nem licor, de não comeres coisa alguma impura, 5pois conceberás e darás à luz um filho. Sua cabeça não será tocada por navalha, porque ele será consagrado ao Senhor desde o ventre materno, e começará a libertar Israel das mãos dos filisteus".

6A mulher foi dizer ao seu marido: "Veio visitar-me um homem de Deus, cujo aspecto era terrível como o de um anjo do Senhor. Não lhe perguntei de onde vinha nem ele me revelou o seu nome. 7Ele disse-me: "Conceberás e darás à luz um filho. De hoje em diante, toma cuidado para não beberes vinho nem licor, e não comeres nada de impuro, pois o menino será consagrado a Deus, desde o ventre materno até ao dia da sua morte".

8Então Manué orou ao Senhor, dizendo: "Peço-te, Senhor, que o homem de Deus que enviaste venha de novo e nos diga o que fazer com o menino que vai nascer". 9Deus escutou a oração de Manué, e o anjo do Senhor veio de novo encontrar-se com a mulher, que se achava no campo. Porém Manué, seu marido, não estava com ela. 10A mulher correu, depressa, a avisar seu marido, dizendo: "O homem que se encontrou comigo outro dia apareceu-me de novo". 11Manué levantou-se e seguiu sua mulher. Chegando junto do homem, perguntou-lhe: "És tu o homem que falou com esta mulher? Ele respondeu: "Sou eu mesmo". 12Manué perguntou: "Quando a tua palavra se cumprir, de que maneira havemos de criar esse menino e o que devemos fazer por ele? 13O anjo do Senhor respondeu a Manué: "Abstenha-se tua mulher de tudo o que lhe disse, 14não coma nada do que nascer da videira, não beba vinho nem licor, não coma nada de impuro, em suma, faça tudo o que lhe prescrevi".

15Manué disse ao anjo do Senhor: "Peço-te, fica conosco enquanto te vamos preparar um cabrito". 16O anjo do Senhor respondeu a Manué: "Mesmo que me faças ficar, não provarei da tua comida. Mas, se queres fazer um holocausto, oferece-o ao Senhor". Sem saber que se tratava do anjo do Senhor, 17Manué perguntou-lhe: "Qual é o teu nome, para que, quando tua palavra se cumprir, possamos te honrar? 18E o anjo do Senhor lhe disse: "Por que perguntas o meu nome? Ele é misterioso! 19Manué tomou o cabrito e a oblação e ofereceu sobre a rocha um sacrifício ao Senhor que faz maravilhas. Manué e sua mulher ficaram observando. 20Enquanto as chamas se elevavam de cima do altar para o céu, com as chamas do altar subiu também o anjo do Senhor. À vista disso, Manué e sua mulher caíram com o rosto em terra, 21e o anjo do Senhor não lhes apareceu mais. Manué compreendeu logo que era o anjo do Senhor, 22e disse à mulher: "Certamente vamos morrer, porque vimos a Deus". 23Mas sua mulher lhe disse: "Se o Senhor nos quisesse matar, não teria aceito de nossas mãos o holocausto e a oblação; não nos teria deixado ver tudo isso que acabamos de ver nem ouvir o que ouvimos".

24Ela deu à luz um filho e deu-lhe o nome de Sansão. O menino cresceu e o Senhor o abençoou. 25O espírito do Senhor começou a agir nele no Campo de Dã, entre Saraá e Estaol.

Responsório Lc 1,13b.15b; Jz 13,3a.5

R. Disse o anjo a Zacarias:
Isabel, a tua esposa, dar-te-á à luz um filho,
ao qual tu chamarás com o nome de João;
não haverá de beber vinho nem bebida inebriante;
ele há de ser cheio do Espírito Santo,
desde o seio materno,
* Pois será nazareu do Senhor.
V. O anjo do Senhor apareceu
à esposa de Manué e lhe falou:
Conceberás e darás à luz um filho;
não tocará em sua cabeça a navalha. * Pois será.

Segunda leitura
Do Tratado sobre a Oração do Senhor, de São Cipriano, bispo e mártir

(Nn. 23-24: CSEL 3,284-285)
(Séc. III)

Nós, filhos de Deus, permaneçamos na paz de Deus
Cristo acrescentou claramente uma lei que nos obriga a determinada condição: que peçamos a remissão das dívidas, se nós mesmos perdoarmos aos nossos devedores, sabendo que não podemos alcançar o perdão pedido a não ser que façamos o mesmo em relação aos que nos ofendem. Por esta razão, diz em outro lugar: Com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos. E aquele servo que, perdoado de toda a dívida por seu senhor, mas não quis perdoar o companheiro, foi lançado ao cárcere. Por não ter querido ser indulgente com o companheiro, perdeu a indulgência com que fora tratado por seu senhor.

Cristo propõe o perdão com preceito mais forte e censura ainda mais vigorosa: Quando fordes orar, perdoai se tendes algo contra outro, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe os pecados. Se, porém, não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, não vos perdoará os pecados. Não te restará a menor desculpa no dia do juízo, quando serás julgado de acordo com tua própria sentença e o que tiveres feito, o mesmo sofrerás.

Deus ordenou que sejamos pacíficos, concordes e unânimes em sua casa. Mandou que sejamos tais como nos tornou pelo segundo nascimento; assim também ele nos quer renascidos e perseverantes. Deste modo nós, filhos de Deus, permaneçamos na paz de Deus e os que possuem um só Espírito tenham uma só alma e um só coração.

Deus não aceita o sacrifício do que vive em discórdia e ordena deixar o altar e ir primeiro reconciliar-se com o irmão, para que, com preces pacíficas, possa Deus ser aplacado. Maior serviço para Deus é a nossa paz e concórdia fraterna e o povo que foi feito uno pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Nos sacrifícios que Abel e Caim foram os primeiros a oferecer, Deus não olhava os dons, mas os corações, de forma que lhe agradava pelo dom aquele que lhe agradava pelo coração. Abel, pacífico e justo, sacrificando com inocência a Deus, ensinou os outros a depositar seus dons no altar com temor de Deus, simplicidade de coração, empenho de justiça e de concórdia. Aquele que assim procedeu no sacrifício de Deus tornou-se merecidamente sacrifício para Deus. Sendo o primeiro a dar a conhecer o martírio, iniciou pela glória de seu sangue a paixão do Senhor, por ter mantido a justiça e a paz do Senhor. Esses serão, no fim, coroados pelo Senhor; esses, no dia do juízo, triunfarão com o Senhor.

Quanto aos discordantes, aos dissidentes, aos que não mantêm a paz com os irmãos, mesmo que sejam mortos pelo nome de Cristo, não poderão, conforme o testemunho do santo Apóstolo e da Sagrada Escritura, escapar do crime de desunião fraterna, pois está escrito: Quem odeia seu irmão é homicida. Não chega ao reino dos céus nem vive com Deus um homicida. Não pode estar com Cristo quem preferiu a imitação de Judas à de Cristo.

Responsório Ef 4,1.3.4b; Rm 15,5b.6a

R. Exorto-vos, pois, no Senhor,
que vivais dignamente, irmãos,
na vocação a que fostes chamados.
Solícitos sede em guardar
a unidade que vem do Espírito,
pelo laço da paz que nos une.
* É uma somente a esperança
da vocação a que fostes chamados.
V. Deus vos conceda o mesmo sentir,
para que, de um só coração
e unidos em uma só voz
possais dar honra e glória ao Senhor. * É uma.

Oração

Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e, como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.