Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Esta introdução se omite quando o
Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
Agora é tempo favorável,
divino dom da Providência,
para curar o mundo enfermo
com um remédio, a penitência.
Da salvação refulge o dia,
na luz de Cristo a fulgurar.
O coração, que o mal feriu,
a abstinência vem curar.
Em corpo e alma, a abstinência,
Deus, ajudai-nos a guardar.
Por tal passagem, poderemos
à páscoa eterna, enfim, chegar.
Todo o Universo vos adore,
Trindade Santa, Sumo Bem.
Novos por graça entoaremos
um canto novo a vós. Amém.
Salmodia
Ant.1
Bendize, ó minha alma, ao Senhor,não te esqueças de nenhum de seus favores!
Salmo 102(103)
Hino à misericórdia do SenhorGraças à misericordiosa compaixão do nosso Deus, o sol que
nasce do alto nos veio visitar (cf. Lc 1,78).
I
–1 Bendize, ó minha alma, ao Senhor, *e todo o meu ser, seu santo nome!–2 Bendize, ó minha alma, ao Senhor, *não te esqueças de nenhum de seus favores!
–3 Pois ele te perdoa toda culpa, *e cura toda a tua enfermidade;–4 da sepultura ele salva a tua vida *e te cerca de carinho e compaixão;–5 de bens ele sacia tua vida, *e te tornas sempre jovem como a águia!
–6 O Senhor realiza obras de justiça *e garante o direito aos oprimidos;–7 revelou os seus caminhos a Moisés, *e aos filhos de Israel, seus grandes feitos.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Bendize, ó minha alma, ao
Senhor,não te esqueças de nenhum de seus favores!
Ant.2 Como um
pai se compadece de seus filhos,o Senhor tem compaixão dos que o temem.
II
–8 O Senhor é indulgente, é favorável, *é paciente, é bondoso e compassivo.–9 Não fica sempre repetindo as suas queixas, *nem guarda eternamente o seu rancor.–10 Não nos trata como exigem nossas faltas, *nem nos pune em proporção às nossas culpas.
–11 Quanto os céus por sobre a terra se elevam, *tanto é grande o seu amor aos que o temem;–12 quanto dista o nascente do poente, *tanto afasta para longe nossos crimes.–13 Como um pai se compadece de seus filhos, *o Senhor tem compaixão dos que o temem.
–14 Porque sabe de que barro somos feitos, *e se lembra que apenas somos pó.–15 Os dias do homem se parecem com a erva, *ela floresce como a flor dos verdes campos;–16 mas apenas sopra o vento ela se esvai, *já nem sabemos onde era o seu lugar.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Como um pai se compadece de seus
filhos,o Senhor tem compaixão dos que o temem.
Ant.3 Obras
todas do Senhor, glorificai-o!
III
–17 Mas o amor do Senhor Deus por quem o teme *é de sempre e perdura para sempre;– e também sua justiça se estende *por gerações até os filhos de seus filhos,–18 aos que guardam fielmente sua Aliança *e se lembram de cumprir os seus preceitos.
–19 O Senhor pôs o seu trono lá nos céus, *e abrange o mundo inteiro seu reinado.=20 Bendizei ao Senhor Deus, seus anjos todos, †valorosos que cumpris as suas ordens, *sempre prontos para ouvir a sua voz!
–21 Bendizei ao Senhor Deus, os seus poderes, *seus ministros, que fazeis sua vontade!=22 Bendizei-o, obras todas do Senhor †em toda parte onde se estende o seu reinado! *Bendize, ó minha alma, ao Senhor!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Obras todas do Senhor,
glorificai-o!
V. Convertei-vos e mudai a vossa vida.
R. Renovai-vos de espírito e coração!
Primeira leitura
Do Livro dos Números 11,4-6.10-30
O Espírito é dado aos anciãos
e a Josué
Naqueles dias, 4um grupo de pessoas que estava no
meio deles foi atacado de um desejo desordenado, e os filhos de Israel
começaram a lamentar-se, dizendo: “Quem nos dará carne para comer? 5Vêm-nos
à
memória os peixes que comíamos de graça no Egito, os pepinos e os
melões, as verduras, as cebolas e os alhos. 6Aqui nada tem
gosto ao nosso paladar, não vemos outra coisa a não ser o maná”. 10Moisés
ouviu,
pois, o povo lamentar-se em cada família, cada um à entrada de
sua tenda. 11Então o Senhor tomou-se de uma cólera
violenta, e Moisés, achando também tal coisa intolerável, disse ao
Senhor: “Por que maltrataste assim o teu povo? Por que gozo tão pouco
do teu favor, a ponto de descarregares sobre mim o peso de todo este
povo? 12Acaso fui eu quem concebeu e deu à luz todo este
povo, para que me digas: “Carrega-o ao colo, como a ama costuma fazer
com a criança; e leva-o à terra que juraste dar a seus pais!” 13Onde
conseguirei
carne para dar a toda esta gente? Pois se lamentam contra
mim, dizendo: “Dá-nos carne para comer!” 14Já não posso
suportar sozinho o peso de todo este povo: é grande demais para mim. 15Se
queres
continuar a tratar-me assim, peço-te que me tires a vida, se
achei graça a teus olhos, para que eu não veja mais tamanha desgraça”.
16O Senhor disse a Moisés: “Reúne-me setenta homens
dentre os anciãos de Israel, que tu conheces como anciãos e magistrados
do povo, e traze-os à Tenda da Reunião, onde devem esperar contigo. 17Descerei
ali
para falar contigo, e retirarei um pouco do espírito que há em ti e
o darei a eles, para que te ajudem a carregar o fardo do povo e não
sejas sozinho a suportá-lo. 18E dirás ao povo:
Santificai-vos e amanhã comereis carne. Pois eu os ouvi chorar dizendo:
“Quem nos dará carne para comer? Estávamos tão bem no Egito!.” O Senhor
vos dará carne para comer, e vós a comereis. 19E não apenas
um dia, nem dois, nem cinco ou dez, nem mesmo vinte, 20mas
durante um mês inteiro, até que a carne vos saia pelas narinas e vos
cause náuseas.
Pois rejeitastes o Senhor, que está no meio de vós, e chorastes
diante dele, dizendo: “Por que saímos do Egito?” 21Moisés
replicou: “O povo no meio do qual estou conta seiscentos mil homens a
pé, e tu dizes: “Vou dar-lhes carne para que comam um mês inteiro!” 22Porventura
se
matará uma multidão de ovelhas e bois, para que tenham comida
suficiente? Ou se ajuntarão todos os peixes do mar, para que fiquem
saciados?” 23Ao que o Senhor respondeu: “Acaso foi
diminuído o poder do Senhor? Agora mesmo verás se minha palavra se
cumpre ou não”.
24Moisés saiu da Tenda, e comunicou ao povo as
palavras do Senhor. Reuniu, depois, setenta homens dentre os anciãos do
povo, e colocou-os ao redor da Tenda. 25O Senhor desceu na
nuvem e falou a Moisés. Retirou um pouco do espírito que Moisés possuía
e o deu aos setenta anciãos. Assim que repousou sobre eles o espírito,
puseram-se a profetizar, mas não continuaram. 26Dois
homens, porém, tinham ficado no acampamento. Um chamava-se Eldad e o
outro Medad. O espírito repousou igualmente sobre os dois, que estavam
na lista mas não tinham ido à Tenda, e eles profetizavam no
acampamento. 27Um jovem correu a avisar Moisés que Eldad e
Medad estavam profetizando no acampamento. 28Josué, filho
de Nun, ajudante de Moisés desde a juventude, disse: “Moisés, meu
Senhor, manda que eles se calem!” 29Moisés respondeu: “Tens
ciúmes por mim? Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, e
que o Senhor lhe concedesse o seu espírito!” 30E Moisés
recolheu-se ao acampamento com os anciãos de Israel.
Responsório Jl 3,1bc.2b; At 1,8
R. Derramarei meu Espírito sobre todo
ser vivo
e profetizarão vossos filhos e filhas.
* Naqueles dias irei derramar o meu Espírito.
V. Recebereis a força do Espírito
e sereis testemunhas de mim até os extremos da terra.
* Naqueles dias.
Segunda leitura
Das Cartas de São Máximo, o Confessor, abade
(Epist. 11: PG91,454-455)
(Séc.VII)
A misericórdia do Senhor para com os pecadores que se
convertem
Os pregadores da verdade e os ministros da graça divina, todos
os que, desde o princípio até os nossos dias, cada um a seu tempo,
expuseram a vontade salvífica de Deus, dizem que nada lhe é tão
agradável e conforme a seu amor como a conversão dos homens a ele com
sincero arrependimento.
E para dar a maior prova da bondade divina, o Verbo de Deus Pai
(ou melhor, o primeiro e único sinal de sua bondade infinita), num ato
de humilhação que nenhuma palavra pode explicar, num ato de
condescendência para com a humanidade, dignou-se habitar no meio de
nós, fazendo-se homem. E realizou, padeceu e ensinou tudo o que era
necessário para que nós, seus inimigos e adversários, fôssemos
reconciliados com Deus Pai e chamados de novo à felicidade eterna que
havíamos perdido.
O Verbo de Deus não curou apenas nossas enfermidades com o
poder dos milagres. Tomou sobre si as nossas fraquezas, pagou a nossa
dívida mediante o suplício da cruz, libertando-nos dos nossos muitos e
gravíssimos pecados, como se ele fosse o culpado, quando na verdade era
inocente de qualquer culpa. Além disso, com muitas palavras e exemplos,
exortou-nos a imitá-lo na bondade, na compreensão e na perfeita
caridade fraterna.
Por isso dizia o Senhor: Eu não vim chamar os justos, mas
sim os pecadores para a conversão (Lc 5,32). E também: Aqueles
que têm saúde não precisam de médicos, mas sim os doentes (Mt
9,12). Disse ainda que viera procurar a ovelha desgarrada e que fora
enviado às ovelhas perdidas da casa de Israel. Do mesmo modo, pela
parábola da dracma perdida, deu a entender mais veladamente que viera
restaurar no homem a imagem divina que estava corrompida pelos mais
repugnantes pecados. E afirmou: Em verdade eu vos digo, haverá
alegria no céu por um só pecador que se converte (cf. Lc 15,7).
Por esse motivo, contou a parábola do bom samaritano: àquele
homem que caíra nas mãos dos ladrões, e fora despojado de todas as
vestes, maltratado e deixado semimorto, atou-lhe as feridas, tratou-as
com vinho e óleo e, tendo colocado em seu jumento, deixou-o numa
hospedaria para que cuidassem dele; pagou o necessário para o seu
tratamento e ainda prometeu, dar na volta, o que porventura se gastasse
a mais.
Mostrou-nos ainda a condescendência e bondade do pai que
recebeu afetuosamente o filho pródigo que voltava, como o abraçou
porque retornara arrependido, revestiu-o de novo com as insígnias de
sua nobreza familiar e esqueceu todo o mal que fizera. Pela mesma
razão, reconduziu ao redil a ovelhinha que se afastara das outras cem
ovelhas de Deus e fora encontrada vagueando por montes e colinas. Não
lhe bateu nem a ameaçou nem a extenuou de cansaço; pelo contrário,
colocando-a em seus próprios ombros, cheio de compaixão, trouxe-a sã e
salva para o rebanho.
E deste modo exclamou: Vinde a mim todos vós que estais
cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei
descanso. Tomai sobre vós o meu jugo (Mt 11,28-29). Ele chamava de
jugo os mandamentos ou a vida segundo os preceitos evangélicos; e
quanto ao peso, que pela penitência parecia ser grande e mais penoso,
acrescentou: O meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt
11,30). Outra vez, querendo nos ensinar a justiça e a bondade de Deus,
exortava-nos com estas palavras: Sede santos, sede perfeitos, sede
misericordiosos, como também vosso Pai celeste é misericordioso
(cf. Mt 5,48; Lc 6,36). E: Perdoai, e sereis perdoados (Lc
6,37). Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles
(Mt 7,12).
Responsório Cf. Ez 33,11; Sl 93(94),19
R. Senhor, se eu não conhecesse vosso
amor compassivo
eu iria sofrer. Mandaste dizer:
Eu não tenho prazer na morte do ímpio,
mas que ele volte e tenha a vida!
* Vós que chamastes à conversão
a Cananéia e o Publicano!
V. Quando o meu coração se angustia,
consolais e alegrais minha alma. * Vós que.
Oração
Ó Deus, que recompensais os méritos dos justos e perdoais aos
pecadores que fazem penitência, sede misericordioso para conosco: fazei
que a confissão de nossas culpas alcance o vosso perdão. Por nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.