TERÇA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro do Eclesiástico 14,20-15,10

Felicidade do homem sábio
Feliz o homem que se ocupa da sabedoria e que raciocina com inteligência, 21que reflete, em seu coração, nos caminhos da sabedoria e medita em seus segredos. 22Sai atrás dela como caçador, põe-se à espreita nos seus caminhos. 23Inclina-se para olhar por suas janelas, escuta às suas portas. 24Detém-se junto à sua casa, fixa o prego nas suas paredes. Coloca a sua tenda junto a ela, acampará num lugar de felicidade. 26Porá seus filhos sob a sua proteção, será abrigado por seus ramos. 27Por ela será protegido do calor e acampará em sua glória. 15,1O que teme ao Senhor assim faz, o que se torna mestre da lei conseguirá a sabedoria. 2Sairá ao seu encontro como mãe, como esposa virgem ela o acolherá. 3Nutri-lo-á com o pão da prudência e o saciará com a água da sabedoria. 4Apoiar-se-á nela e não cambaleará, confiará nela e não se envergonhará. 5Ela o elevará acima de seus companheiros e na assembleia lhe abrirá a boca. 6Encontrará alegria e coroa de júbilo e herdará renome eterno. 7Os insensatos não a conseguirão, os homens pecadores jamais a verão. 8Ela está longe do orgulhoso e os mentirosos nem se lembram dela. 9O louvor não é belo na boca do pecador, pois não lhe foi concedido pelo Senhor. 10Porque é na sabedoria que se exprime o louvor, e é o Senhor quem o guia.

Responsório Eclo 15,1-10 vulg; 1Cor 23.24
R. Quem teme ao Senhor assim faz,
o que se torna mestre da lei conseguirá a sabedoria,
* Porque a sabedoria vem de Deus.
V. Nós pregamos Cristo crucificado,
potência e sabedoria de Deus.
* Porque.

Segunda leitura

Do Tratado “A vida em Cristo”, de Nicolau Cabasilas
(Liv. 1)
(Séc. XIV)


O Sol de justiça penetra neste mundo
tenebroso mediante os sacramentos
De tudo o que já dissemos, fica evidente que a vida em Cristo não aparecerá somente no mundo futuro, mas já se faz presente atualmente por meio dos santos, que vivem e agem em conformidade com ela. Em seguida, exporemos ordinariamente os motivos pelos quais é concedido viver de tal modo e porque Paulo fala de caminhar numa vida nova (Rm 6,4). Explicarei também como Cristo une-se àqueles que se comportam desse modo e que nome deve ser dado a essa realidade.
Daquilo que é necessário fazer, portanto, uma coisa depende de Cristo; e uma outra, da nossa solicitude e diligência: a primeira é somente obra dele, enquanto a outra exige também esforço, ou melhor, é realizada por nós na medida em que nos apoiamos na graça; não desperdiça o tesouro e não apaga a lâmpada já acesa, e naturalmente quando não fazemos nada que coloque obstáculo à vida, e gere a morte. Todo o talento e virtude humana, de fato, visa evitar que a pessoa levante a espada contra si mesmo ou abafe a felicidade e arranque a coroa de sua cabeça; pois Cristo, presente em pessoa, semeia nas nossas almas a própria essência da vida de uma maneira que é inexplicável por palavras. Ele, de verdade, está presente e dá força àqueles princípios de vida que ele mesmo trouxe com a sua vinda.
Está presente, mas não como se se comunicasse conosco no alimento, ou num encontro ou numa relação, mas sim por meio de um outro relacionamento mais belo e perfeito, graças ao qual, tornados concorpóreos com ele e participantes da sua vida, nos tornamos seus membros e parte dele.
Nenhuma língua consegue exprimir como ele coroou com tantos benefícios a benevolência com a qual amou até os inimigos; nem mesmo como a união, com a qual se uniu aos seus amigos, supera toda união que possa ser concebida ou mencionada pela alma. Assim, também, o modo com o qual está presente e realiza o bem é admirável e digno somente daquele que opera maravilhas. Ele, de fato, renova e representa realmente, mediante os símbolos e os sinais que a reproduzem como num quadro, a morte que ele próprio sofreu pela nossa vida, e nos torna participantes da sua vida.
Portanto, nos sagrados mistérios, que envolvem a sua sepultura e anunciam a sua morte, nós somos gerados, plasmados e unidos intimamente de modo admirável ao Salvador mediante essas realidades. Por elas, como diz Paulo, nele vivemos, nos movemos e somos (At 17,28), desde o momento em que o batismo nos concede estar e subsistir em Cristo. Este abraço, em primeiro lugar, introduz na vida os perdidos e os mortos. A sagrada unção, pois, completa e aperfeiçoa o nascimento, iniciando uma atividade correspondente a uma vida como esta. A Sagrada Eucaristia, enfim, contém e conserva esta vida. Em verdade, a tarefa e a prerrogativa do pão da vida é a de guardar os que foram gerados e de manter a vida. Por isso vivemos desse pão, mas nos movemos graças à unção, depois de ter recebido o ser do batismo.
E, nessa condição, vivemos uma vida transferida deste mundo visível para o invisível, tendo mudado não o lugar, mas a vida e o modo de viver.
Portanto, o Sol da justiça entra neste mundo tenebroso através dos sagrados mistérios como por outras diversas janelas, submete a morte à vida conforme a este mundo, e suscita a vida celeste; assim, a luz do mundo vence o mundo, como indica com estas palavras: Eu venci o mundo (Jo 16,33). De fato, ele introduziu num corpo frágil e mortal uma vida estável e eterna.

Responsório Jo 8,12; Eclo 24,25 vulg.
R. Eu sou a luz do mundo;
* Quem me segue não caminhará nas trevas,
mas terá a luz da vida.
V. Em mim está toda a graça de vida e de verdade,
em mim toda esperança de vida e de virtude:
* Quem me segue.

Oração

Ó Deus, sempre nos preceda e acompanhe a vossa graça para que estejamos sempre atentos ao bem que devemos fazer. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.