SEXTA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Livro de Tobias
7,1.9-17;8,4-16
As núpcias de Tobias e Sara
7,1Quando entraram em Ecbátana, disse Tobias: “Azarias,
meu irmão, leva-me imediatamente á casa de nosso irmão
Raguel.” Conduziu-o, pois, à casa de Raguel e encontraram-
no sentado à porta do pátio. Eles o saudaram primeiro e
ele respondeu: “Desejo-vos grande alegria, irmãos, e que
estejais com boa saúde!” E fê-los entrar em sua casa.
9Matou depois um carneiro do rebanho e fez-lhes
calorosa recepção.
Depois de se lavarem e se banharem, puseram-se à mesa.
Tobias disse então a Rafael. “Azarias, meu irmão, dize a
Raguel que me dê por esposa minha irmã, Sara.” 10Raguel
ouviu essas palavras e disse ao jovem: “Come e bebe e passa
a noite tranquilo, porque ninguém, a não ser tu, meu irmão,
tem o direito de desposar minha filha Sara; de tal modo que
nem mesmo eu tenho possibilidade de dá-la a outro, pois és
meu parente mais próximo. Mas vou falar-te com franqueza,
rapaz. 11Já a dei a sete maridos dentre nossos irmãos, e todos
morreram na mesma noite em que entraram no seu quarto.
Todavia, moço, agora come e bebe, e o Senhor vos dará
sua graça e sua paz. Tobias respondeu: “Não comerei nem
beberei até que resolvas a minha situação.” Raguel lhe disse:
Está bem! É a ti que ela deve ser dada segundo a sentença da
Lei de Moisés, e o Céu decreta que ela te seja dada. Recebe
tua irmã. A partir de agora, tu és seu irmão, e ela é tua irmã.
Ela te é dada a partir de hoje e para sempre. Que o Senhor
do Céu vos faça felizes esta noite, filho, e vos dê sua graça
e sua paz.” 12Raguel chamou sua filha Sara e, quando ela
se apresentou, tomou-a pela mão e entregou-a a Tobias,
dizendo: “Recebe-a, pois ela te é dada por esposa, segundo a
lei e a sentença escrita no livro de Moisés. Toma-a e leva-a
feliz para a casa de teu pai. E que o Deus do Céu vos guie
em paz pelo bom caminho. 13Chamou depois a mãe da moça
e mandou que trouxesse uma folha de papiro, e redigiu o
contrato de casamento, pelo qual dava a Tobias sua filha
por esposa, conforme o artigo da Lei de Moisés.
14Depois disso, começaram a comer e a beber. 15Raguel
chamou sua mulher Edna e disse-lhe: “Irmã, prepara o outro
quarto e leva Sara para lá. 16Ela preparou o leito do quarto,
tal como lhe fora ordenado, e levou sua filha para lá. Chorou
por causa dela, depois enxugou as lágrimas e disse: Tem
confiança, minha filha! Que o Senhor do Céu mude tua
tristeza em alegria! Tem confiança, minha filha!” E saiu.
8,4Entretanto, os pais tinham saído e fechado a porta do
quarto. Então Tobias levantou-se do leito e disse a Sara:
“Levanta-te, minha irmã! Oremos e peçamos a nosso Senhor
que tenha compaixão de nós e nos salve.” 5Ela se levantou
e começaram a orar e a pedir para obterem a salvação. Ele
começou dizendo:
“Bendito sejas tu, Deus de nossos pais,
e bendito seja teu Nome
por todos os séculos dos séculos!
Bendigam-te os céus e tua criação inteira
em todos os séculos!
6Tu criaste Adão
e para ele criaste Eva, sua mulher,
para ser seu sustentáculo e amparo,
e para que de ambos derivasse a raça humana.
Tu mesmo disseste:
Não é bom que o homem fique só;
façamos-lhe uma auxiliar semelhante a ele.
7E agora, não é por prazer
que tomo esta minha irmã,
mas com reta intenção.
Digna-te ter piedade de mim e dela
e conduzir-nos juntos a uma idade avançada!”
8E disseram em coro:” Amém, amém!”
9E se deitaram para passar a noite.
Ora, Raguel se levantou e, chamando os criados que
tinha em casa, foram cavar um túmulo. 10Pois dizia consigo:
“Não aconteça que tenha morrido e nos tornemos objeto de
escárnio e zombaria.” Quando acabaram de cavar o túmulo,
Raguel voltou à casa, chamou sua mulher 12e disse-lhe:
“Manda uma criada entrar no quarto e ver se Tobias está
vivo; porque, se morreu, o enterraremos sem que ninguém
o saiba.” 13Mandaram a criada, acenderam a lâmpada e
abriram a porta; e, entrando, ela viu que estavam deitados
juntos e dormindo. 14A criada saiu e anunciou-lhes: “Está
vivo e nada de mal aconteceu.” 15Raguel bendisse ao Deus
do Céu com estas palavras:
“Bendito és, ó Deus,
com todo o puro louvor!
Que te bendigam por todos os séculos!
16Bendito sejas por me haveres alegrado,
por não ter sucedido o mal que temia,
mas nos trataste segundo tua grande misericórdia.
Responsório
Cf. Tb 12,6
R. Bendizei a Deus,
* E proclamai diante de todos os viventes
os bens que ele
vos concedeu.
V. Bendizei e cantai seu Nome;
manifestai a todos os homens as ações de Deus.
* E proclamai.
Segunda leitura
Das “Homilias” de São Beda, o Venerável, presbítero
(14.a)
(Séc. VII)
O tempo das núpcias é aquele em que,
pelo mistério da encarnação,
o Senhor uniu a si a Igreja
O fato de que o Nosso Senhor e Salvador, convidado às
núpcias, não só tenha se dignado a ir, mas também a realizar
um milagre para alegrar os convidados, confirma a nossa
fé, também segundo a letra, a não levar em consideração
o simbolismo dos mistérios celestes. Se de fato existisse
culpa em um leito conjugal imaculado e nas núpcias celebradas com a devida castidade, o Senhor jamais teria ido ao
matrimônio nem teria querido consagrá-lo com o primeiro
dos seus milagres. Mas a castidade conjugal é boa, a continência na viuvez é melhor, e a perfeição virginal ótima;
por isso, na intenção de conceder a própria aprovação na
escolha de todos os estados e ainda destacar os méritos de
cada um deles, ele se dignou nascer do seio inviolado da
virgem Maria; logo que nasceu foi bendito pelas palavras
proféticas da viúva Ana; depois, já como jovem, é convidado pelos noivos à festa de núpcias, e os honra com a sua
presença onipotente. Mas a alegria do simbolismo é bem
maior. Na verdade, o Filho de Deus, que devia realizar os
milagres sobre a terra, foi às núpcias para ensinar que era
dele próprio que o salmista havia profeticamente cantado
sob a figura do sol: “Sai como esposo do quarto nupcial,
exulta como o intrépido corredor que percorre o caminho.
Ele surge de um extremo do céu, e a sua corrida alcança o
outro extremo” (Sl 18,6-7). E em outro texto ele próprio
afirma de si e dos seus: “Podem, acaso os convidados às
núpcias estarem de luto, enquanto o esposo está com eles?
Virão os dias em que o esposo lhes será tirado, e então jejuarão” (Mt 9,15). Realmente, a partir do momento em que
a encarnação do nosso Salvador começou a ser prometida
aos pais, sempre foi esperada entre as lágrimas e o pranto
dos santos, até que acontecesse.
Da mesma forma também, desde quando, depois da
ressurreição, Cristo subiu ao céu, toda a esperança dos
fiéis se apoia sobre seu retorno. Portanto, somente no
tempo em que ele viveu entre os homens, eles não puderam
chorar e estar de luto, porque na verdade tinham consigo
também corporalmente aquele que amavam espiritualmente.
Portanto, Cristo é o esposo e a sua esposa é a Igreja: os filhos
do esposo, ou seja, desta sua união nupcial, são todos os que
creem nele; o tempo das núpcias é quando, pelo mistério da
encarnação, ele uniu a si a santa Igreja.
Assim, não foi por acaso, mas sim por um verdadeiro
mistério, que ele veio às núpcias celebradas na terra segundo
a carne, aquele que desceu do céu à terra para unir a si a
Igreja com amor espiritual e cujo leito nupcial foi o seio
da sua puríssima Mãe: neste seio Deus se uniu à natureza
humana e dela saiu como um esposo para unir a si a Igreja.
O primeiro lugar onde foi celebrada as núpcias foi a Judeia,
onde o Filho de Deus se dignou a tornar-se homem e a consagrar a Igreja com a participação do seu corpo e confirmá-
la na fé com o penhor do seu Espírito; mas quando foram
chamados à fé todos os povos, a alegria daquelas núpcias
alcançou os confins de toda a terra.
Responsório
1Jo 3,1; cf. 2Pd 1,4
R. Que grande amor nos deu o Pai!
* De sermos chamados filhos de Deus
e nós o somos de
fato!
V. Por Cristo, Deus nos concedeu tornar participantes da
natureza divina:
* De sermos chamados.
OraçãoÓ
Pai, que resumistes toda a lei no amor a Deus e ao próximo, fazei que,
observando o vosso mandamento, consigamos chegar um dia à vida eterna.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.