6a SEMANA DO TEMPO COMUM

II Semana do Saltério

TERÇA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro dos Provérbios 8,1-5.12-36

Louvor da Sabedoria eterna
1A sabedoria não chama?
a inteligência não levanta a voz?
2Nos montículos, ao longo do caminho,
de pé nas encruzilhadas,
3junto às portas na entrada da cidade,
nos portões de saída ela grita:
4"A vós, homens, eu chamo,
dirijo-me aos filhos dos homens.
5Os ingênuos aprendam a sagacidade,
os insensatos adquiram bom senso;
12Eu, a sabedoria, moro com a prudência,
tenho companhia com a reflexão.
13O temor do Senhor odeia o mal.
Detesto o orgulho e a soberba,
o mau caminho e a boca falsa.
14Eu possuo o conselho e a prudência,
são minhas a inteligência e a fortaleza;
15é por mim que reinam os reis,
e os príncipes decretam leis justas;
16por mim governam os governadores,
e os poderosos dão sentenças justas.
17Eu amo os que me amam,
e os que madrugam por mim hão de me encontrar.
18Comigo estão a riqueza e a honra,
a prosperidade e a justiça.
19O meu fruto é melhor do que o ouro puro,
o meu lucro vale mais do que a prata.
20Eu caminho pela estrada da justiça
e ando pelas veredas do direito,
21para levar o bem aos que me amam,
e encher os seus tesouros.
22O Senhor me possuiu como primícias de seus caminhos,
antes de suas obras mais antigas;
23desde a eternidade fui constituída,
desde o princípio, antes das origens da terra.
24Fui gerada quando não existiam os abismos,
quando não havia os mananciais das águas,
25antes que fossem estabelecidas as montanhas,
antes das colinas fui gerada.
26Ele ainda não havia feito as terras e os campos,
nem os primeiros vestígios de terra do mundo.
27Quando preparava os céus, ali estava eu,
quando traçava a abóbada sobre o abismo,
28quando firmava as nuvens lá no alto
e reprimia as fontes do abismo,
29quando fixava ao mar os seus limites
– de modo que as águas não ultrapassassem suas bordas –
e lançava os fundamentos da terra,
30eu estava ao seu lado como mestre-de-obras;
eu era seu encanto, dia após dia,
brincando, todo o tempo, em sua presença,
31brincando na superfície da terra,
e alegrando-me em estar com os filhos dos homens.
32Agora, meus filhos, escutai-me:
felizes os que seguem os meus caminhos;
33ouvi minhas instruções, e tornai-vos sábios
e não as desprezeis.
34Feliz o homem que me escuta,
velando em minhas portas cada dia,
guardando a minha entrada!
35Quem me achar, encontrará a vida
e gozará das delícias do Senhor.
36Quem me ofender, arruína-se a si mesmo:
os que me odeiam amam a morte.

Responsório Pr 8,22; Jo 1,1
R. O Senhor me possuía no princípio de suas vias,
* E já antes de ter feito qualquer obra mais antiga.
V. A Palavra, no princípio, estava com Deus
e a Palavra era Deus. * E já antes.

Segunda leitura
Dos Sermões contra os Arianos, de Santo Atanásio, bispo

(Oratio 2,78.81-82: PG 26,311.319)
(Séc. IV)

O conhecimento do Pai
através da Sabedoria criadora e humana
A unigênita Sabedoria de Deus é quem cria e dá realidade a tudo. Tudo, como se disse, fizeste na sabedoria; e também: A terra está repleta de tua criação.

Para que as coisas não apenas existissem, mas existissem boamente, aprouve a Deus doar-se, por meio de sua Sabedoria, a todas as suas criaturas, imprimindo-lhes alguma coisa da semelhança e da beleza de si mesmo em todas e em cada uma. Deste modo tornou claro serem todas as criaturas ornadas de sabedoria e obras dignas de Deus.

Assim como nossa palavra ou verbo é a imagem do Verbo, o Filho de Deus, também a sabedoria posta em nós é a sua imagem da sabedoria do Verbo de Deus, isto é, da própria Sabedoria. Na sabedoria posta em nós, tendo a capacidade de saber e de compreender, nós nos tornamos aptos a receber a Sabedoria criadora e, por ela, a conhecer o seu Pai. Porque quem tem o Filho, diz ele, tem também o Pai, e: Quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Por conseguinte, já que uma forma criada da Sabedoria existe em nós e em tudo, é justo que a verdadeira e criadora Sabedoria reconheça pertencer-lhe esta forma e diga: O Senhor me criou em suas obras.

Mas porque, como já explicamos, o mundo não conheceu a Deus pela sabedoria, foi do agrado de Deus salvar os que crêem pela estupidez da pregação. Já não mais, como nos tempos antigos, Deus quis ser conhecido pela imagem e sombra da sabedoria existente nas coisas criadas, mas quis que a verdadeira Sabedoria, ela mesma, assumisse a carne, se fizesse homem e padecesse a morte da cruz, a fim de que nela firmados pela fé, todos os que crêem pudessem ser salvos de então em diante.

Portanto, é a Sabedoria de Deus, a mesma que anteriormente, por sua própria imagem impressa nas criaturas – e por isso a chamamos sabedoria criada – se fazia conhecer não somente a si, como ainda, através de si, o seu Pai. Depois, ela ainda, que é o Verbo, fez-se carne, como disse São João e, destruída a morte e libertada nossa raça, manifestou-se a si mesma e, em si, também ao Pai, de modo ainda mais claro. Daí estas palavras: Dá-lhes que te conheçam a ti, único verdadeiro Deus, e ao que enviaste, Jesus Cristo.

Por isto, a terra inteira está cheia de seu conhecimento. Na verdade, um só é o conhecimento que temos do Pai através do Filho e do Filho a partir do Pai. O Pai alegra-se com a única e mesma alegria com que o Filho se delicia no Pai, dizendo: Era eu que fazia sua alegria, em sua presença, cada dia, eu me deliciava.

Responsório Cl 2,6.9; Mt 23,10b
R. Meus irmãos, como acolhestes Jesus Cristo por Senhor,
assim nele caminhai.
* Nele habita, corporalmente, a divina plenitude.
V. Vosso Mestre é um somente, é Jesus Cristo, o Senhor.
* Nele habita.

Oração

Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.