SANTA INÊS, VIRGEM E MÁRTIR
Memória
Sofreu o martírio em Romana
segunda metade do século III ou, mais provavelmente, no início do
século IV. O papa São Dâmaso adornou o seu sepulcro com versos, e
muitos Santos Padres, seguindo Santo Ambrósio, celebraram seus louvores.
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Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Esta introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao
Ofício das Leituras.
Hino
Pelo fogo do amor divinal,
Santa Inês o prazer superou
e mais forte que as vozes do
corpo,
a pureza em seu ser triunfou.
Coros de anjos recebem-lhe o
espírito,
e o elevam mais alto que os
céus.
A esposa se une ao esposo
no palácio sagrado de Deus.
Santa virgem, de nós tem
piedade
e obtém-nos da culpa o perdão.
Aos que a tua vitória celebram
queira Deus conceder salvação.
Torna o Cristo Senhor
compassivo
ao seu povo, por ele remido.
Dá-nos paz, numa vida
tranqüila,
e conserva os fiéis sempre
unidos.
Celebramos o manso Cordeiro
que Inês como esposo escolheu.
Glória Àquele que a terra
dirige
e governa as estrelas do céu.
Salmodia
Ant. 1 Vós sereis odiados por meu nome;
quem for fiel até o fim há de ser salvo.
Salmo 2
–1 Por que os povos
agitados se revoltam? *
por que tramam as nações projetos vãos?
=2 Por que os reis de toda
a terra se reúnem, †
e conspiram os governos todos juntos *
contra o Deus onipotente e o seu Ungido?
–3 "Vamos quebrar suas
correntes , dizem eles, *
"e lançar longe de nós o seu domínio!
–4 Ri-se deles o que mora
lá nos céus; *
zomba deles o Senhor onipotente.
–5 Ele, então, em sua ira
os ameaça, *
e em seu furor os faz tremer, quando lhes diz:
–6 "Fui eu mesmo que
escolhi este meu Rei, *
e em Sião, meu monte santo, o consagrei!
=7 O decreto do Senhor
promulgarei, †
foi assim que me falou o Senhor Deus: *
"Tu és meu Filho, e eu hoje te gerei!
=8 Podes pedir-me, e em
resposta eu te darei †
por tua herança os povos todos e as nações, *
e há de ser a terra inteira o teu domínio.
–9 Com cetro férreo haverás
de dominá-los, *
e quebrá-los como um vaso de argila!
–10 E agora, poderosos,
entendei; *
soberanos, aprendei esta lição:
–11 Com temor servi a Deus,
rendei-lhe glória *
e prestai-lhe homenagem com respeito!
–12 Se o irritais,
perecereis pelo caminho, *
pois depressa se acende a sua ira!
– Felizes hão de ser todos aqueles *
que põem sua esperança no Senhor!
– Glória
ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant.Vós sereis odiados por meu
nome;
quem for fiel até o fim
há de ser salvo.
Ant. 2 Os sofrimentos desta vida
aqui na terra
não
se comparam com a glória que teremos.
Salmo 10(11)
=1 No Senhor
encontro abrigo; †
como, então, podeis dizer-me: *
'Voa aos montes, passarinho!
–2 Eis os ímpios de arcos
tensos, *
pondo as flechas sobre as cordas,
– e alvejando em meio à noite *
os de reto coração!
=3 Quando os próprios
fundamentos †
do universo se abalaram, *
o que pode ainda o justo?'
–4 Deus está no templo
santo, *
e no céu tem o seu trono;
– volta os olhos para o mundo, *
seu olhar penetra os homens.
–5 Examina o justo e o
ímpio, *
e detesta o que ama o mal.
=6 Sobre os maus fará
chover †
fogo, enxofre e vento ardente, *
como parte de seu cálice.
–7 Porque justo é nosso
Deus, *
o Senhor ama a justiça.
– Quem tem reto coração *
há de ver a sua face.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao
Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Os sofrimentos desta vida
aqui na terra
não
se comparam com a glória que teremos.
Ant. 3 Deus provou os seus eleitos
como o ouro no crisol,
e aceitou seu sacrifício.
Salmo 16(17)
–1 Ó Senhor, ouvi a minha justa
causa, *
escutai-me e atendei o meu clamor!
– Inclinai o vosso ouvido à minha prece, *
pois não existe falsidade nos meus lábios!
–2 De vossa face é que me venha
o julgamento, *
pois vossos olhos sabem ver o que é justo.
=3 Provai meu coração durante a
noite, †
visitai-o, examinai-o pelo fogo, *
mas em mim não achareis iniqüidade.
–4 Não cometi nenhum pecado por
palavras, *
como é costume acontecer em meio aos homens.
– Seguindo as palavras que dissestes,*
andei sempre nos caminhos da Aliança.
–5 Os meus passos eu firmei na
vossa estrada, *
e por isso os meus pés não vacilaram.
–6 Eu vos chamo, ó meu Deus,
porque me ouvis, *
inclinai o vosso ouvido e escutai-me!
=7 Mostrai-me vosso amor
maravilhoso, †
vós que salvais e libertais do inimigo *
quem procura a proteção junto de vós.
–8 Protegei-me qual dos olhos a
pupila *
e guardai-me, à proteção de vossas asas,
–9 longe dos ímpios violentos
que me oprimem, *
dos inimigos furiosos que me cercam.
–10 A abundância lhes fechou o coração, *
em sua boca há só palavras orgulhosas.
–11 Os seus passos me
perseguem, já me cercam, *
voltam seus olhos contra mim: vão derrubar-me,
–12 como um leão impaciente
pela presa, *
um leãozinho espreitando de emboscada.
–13 Levantai-vos, ó Senhor,
contra o malvado, *
com vossa espada abatei-o e libertai-me!
–14 Com vosso braço defendei-me
desses homens, *
que já encontram nesta vida a recompensa.
= Saciais com vossos bens o ventre deles, †
e seus filhos também hão de saciar-se *
e ainda as sobras deixarão aos descendentes.
–15 Mas eu verei, justificado,a
vossa face *
e ao despertar me saciará vossa presença.
– Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. 3 Deus provou os seus eleitos
como o ouro no crisol,
e aceitou seu sacrifício.
V. Tribulação e sofrimento me assaltaram.
R. Minhas delícias são os vossos
mandamentos.
Primeira leitura
Dos Atos dos Apóstolos 6,1-6; 8,1.4-8
Os sete ministros escolhidos pelos Apóstolos
6,1 Naqueles dias, o número dos discípulos tinha aumentado, e os fiéis de origem grega começaram a queixar-se dos fiéis de origem hebraica. Os de origem grega diziam que suas
viúvas eram deixadas de lado no atendimento diário. 2Então os Doze Apóstolos reuniram a multidão dos discípulos e disseram: “Não está certo que nós deixemos a pregação da Palavra de Deus para servir às mesas. 3Irmãos, é melhor que escolhais entre vós sete homens de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos dessa tarefa. 4Deste modo nós poderemos dedicar-nos inteiramente à oração e ao serviço da Palavra”. 5A proposta agradou a toda a multidão. Então escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; e também Filipe, Prócoro, Nicanor, Timon, Pármenas e Nicolau de Antioquia, um pagão que seguia a religião dos judeus. 6Eles foram apresentados aos apóstolos, que oraram e impuseram as mãos sobre eles.
8,1 Naquele dia começou uma grande perseguição contra a Igreja de Jerusalém. E todos, com exceção dos apóstolos, se dispersaram pelas regiões da Judéia e da Samaria. 4Entretanto, aqueles que se tinham dispersado iam por toda parte, pregando a Palavra.
5 Filipe desceu a uma cidade da Samaria e anunciou-lhes o Cristo. 6As multidões seguiam com atenção as coisas que Filipe dizia. E todos unânimes o escutavam, pois viam os milagres que ele fazia. 7De muitos possessos saíam os espíritos maus, dando grandes gritos. Inúmeros paralíticos e aleijados também foram curados. 8Era grande a alegria naquela cidade.
Responsório Mt 10,32; Jo 12,26a
R. Quem de mim der testemunho
ante os homens,
* Darei dele testemunho ante meu
Pai.
V. Se alguém quer me servir, que
venha atrás de mim;
e onde eu estiver, ali estará
meu servo. * Darei.
Segunda leitura
Do Tratado sobre as Virgens, de Santo Ambrósio, bispo
(Lib. 1, cap. 2.5.7-9:PL 16, [edit. 1845],189-191)
(Séc.IV)
Ainda não
preparada para o sofrimento
e já madura para a
vitória!
Celebramos o natalício de uma virgem: imitemos sua integridade; é o natalício de uma mártir: ofereçamos sacrifícios. É o aniversário de Santa Inês. Conta-se que sofreu o martírio com a idade de doze anos. Quanto mais detestável foi a crueldade que não poupou sequer tão tenra idade, tanto maior é a força da fé que até naquela idade encontrou testemunho.
Haveria naquele corpo tão pequeno lugar para uma ferida? Mas aquela que quase não tinha tamanho para receber o golpe da espada, teve força para vencer a espada. E isto numa idade em que as meninas não suportam sequer ver o rosto zangado dos pais e choram como se uma picada de alfinete fosse uma ferida!
Mas ela permaneceu impávida entre as mãos ensangüentadas dos carrascos, imóvel perante o arrastar estridente dos pesados grilhões. Oferece o corpo à espada do soldado enfurecido, sem saber o que é a morte, mas pronta para ela. Levada à força até os altares dos ídolos, estende as mãos para Cristo no meio do fogo, e nestas chamas sacrílegas mostra o troféu do Senhor vitorioso. Finalmente, tendo que introduzir o pescoço e ambas as mãos nas algemas de ferro, nenhum elo era suficientemente apertado para segurar membros tão pequeninos.
Novo gênero de martírio? Ainda não preparada para o sofrimento e já madura para a vitória! Mal sabia lutar e facilmente triunfa! Dá uma lição de firmeza apesar de tão pouca idade! Uma recém-casada não se apressaria para o leito nupcial com aquela alegria com que esta virgem correu para o lugar do suplício, levando a cabeça enfeitada não de belas tranças mas de Cristo, e coroada não de flores mas de virtudes.
Todos choram, menos ela. Muitos se admiram de vê-la entregar tão generosamente a vida que ainda não começara a gozar, como se já tivesse vivido plenamente. Todos ficam espantados que já se levante como testemunha de Deus quem, por causa da idade, não podia ainda dar testemunho de si. Afinal, aquela que não mereceria crédito se testemunhasse a respeito de um homem, conseguiu que lhe dessem crédito ao testemunhar acerca de Deus. Pois o que está acima da natureza, pode fazê-lo o Autor da natureza.
Quantas ameaças não terá feito o carrasco para incutir-lhe terror! Quantas seduções para persuadi-la! Quantas propostas para casar com algum deles! Mas sua resposta foi esta: “É uma injúria ao Esposo esperar por outro que me agrade. Aquele que primeiro me escolheu para si, esse é que me receberá. Por que demoras, carrasco? Pereça este corpo que pode ser amado por quem não quero!” Ficou de pé, rezou, inclinou a cabeça.
Terias podido ver o carrasco perturbar-se, como se fosse ele o condenado, tremer a mão que desfecharia o golpe, e empalidecerem os rostos temerosos do perigo alheio, enquanto a menina não temia o próprio perigo. Tendes, pois, numa única vítima um duplo martírio: o da castidade e o da fé. Inês permaneceu virgem e alcançou o martírio.
Responsório
R.Celebremos a festa de santa
Inês,
lembremos o modo como ela
sofreu
o martírio por Cristo.
* Na flor da idade, vencendo a
morte,
a vida encontrou.
V. Somente amou quem da vida é o
Autor. * Na flor.
Oração
Deus eterno
e todo-poderoso, que escolheis as criaturas mais frágeis para confundir
os poderosos, dai-nos, ao celebrar o martírio de Santa Inês, a graça de
imitar sua constância na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.