15a SEMANA DO TEMPO COMUMIII Semana do SaltérioQUARTA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Livro de Jó
4,1-21
O discurso de Elifaz
1Elifaz de Temã tomou a palavra e disse:
2“Se alguém se dirigisse a ti, perderias a paciência.
Porém, quem pode refrear-me as palavras?
3Tu que a tantos davas lições
e fortalecias os braços desfalecidos,
4com tuas palavras levantavas o trôpego
e sustentavas joelhos cambaleantes.
5E hoje, que é a tua vez, vacilas?
Perturbas-te, hoje, quando tudo cai sobre ti?
6Tua piedade não é tua segurança,
tua esperança não é uma vida íntegra?
7Recordas-te de um inocente que tenha perecido?
Onde já se viu que justos fossem exterminados?
8Eu vi bem: aqueles que cultivam a desgraça
e semeiam o sofrimento são também os que os colhem.
9Ao sopro de Deus perecem,
são consumidos pelo sopro da sua ira.
10O rugido do leão e a voz do leopardo,
e os dentes dos filhotes são quebrados:
11morre o leão por falta de presa,
e as crias da leoa se dispersam.
12Ouvi furtivamente uma revelação,
meu ouvido apenas captou seu murmúrio:
13numa visão noturna de pesadelo,
quando a letargia cai sobre o homem,
14um terror apoderou-se de mim e um tremor,
um frêmito sacudiu meus ossos.
15Um sopro roçou-me o rosto
e provocou arrepios por todo o corpo.
16Estava parado - mas não vi seu rosto -,
qual fantasma diante dos meus olhos,
um silêncio... depois ouvi uma voz:
17‘Pode o homem ser justo diante de Deus?
Um mortal ser puro diante do seu Criador?
18Dos próprios servos ele desconfia,
até mesmo a seus anjos verbera o erro.
19Quanto mais aos que moram em casas de barro,
cujos fundamentos se assentam sobre o pó!
Serão esmagados mais depressa do que a traça;
20esmigalhados entre a manhã e a noite,
para sempre desaparecem, sem que se perceba.
21As cordas de sua tenda são arrancadas,
e morrem sem sabedoria’”.
Responsório Jó 4,17.18; Rm 3,23.25
R. Pode um homem ser justo na presença de Deus,
pode
um mortal ser puro diante de seu Criador?
* Ele não confia nem em seus próprios servos;
até mesmo
em seus anjos encontra defeitos.
V. Todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus,
Assim ele manifesta a sua justiça.
* Ele não confia.
Segunda leitura
Dos “Livros das Confissões”, de Santo Agostinho, bispo
(Liv. 10,43)
(Séc. V)
Lanço em ti a minha aflição, ó Senhor, para obter a vida.
Ó verdadeiro Mediador, que na tua secreta misericórdia
manifestaste aos humildes, e que mandaste, para que com o
seu exemplo aprendêssemos a humildade, aquele mediador
entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus (1Tm 2,5),
manifestou-se entre os mortais pecadores como o justo
imortal, mortal com os homens, justo com Deus. E, porque
fruto da justiça é a vida e a paz, assim, sendo pela justiça
unido a Deus, pode anular nos pecadores justificados a
própria morte que quis ter em comum com eles.
Ele foi indicado aos antigos justos a fim de que pela fé
na sua futura paixão fossem salvos, como nós o fomos no
acontecimento da sua paixão. É mediador de fato enquanto
homem, não enquanto Verbo igual a Deus, Deus junto de
Deus na unidade da Trindade.
Ó Bom Pai, quanto nos amaste, tu que não nos recusaste
o teu único filho (cf. Gn 22,12), mas o entregaste à morte
por nós, ímpios! Como nos amaste! Por nós, Ele, mesmo
sendo de natureza divina, não considerou um tesouro a
ser escondido a sua igualdade contigo; mas fazendo-se
obediente até a morte de cruz (Fl 2,6.8), o único livre entre
os mortos porque tinha o poder de oferecer a sua vida e o
poder de novamente retomá-la (Jo 10,18), ofereceu-se a ti
por nós vencedor e vítima; e vencedor propriamente porque
vítima; por nós sacerdote e sacrifício, e sacerdote enquanto
sacrifício. Assim, nascido de ti e tornado teu servo, de escravos nos tornaste teus filhos.
Na verdade, tenho uma firme esperança Nele: por intermédio Dele, que está à tua direita e intercede por nós
(Rm 8,34), tu curarás todas as minhas enfermidades; pois
do contrário cairei no desespero! Muitos e grandes são os
meus males, porém, eu o repito: muitos e grandes; porém
maior é o teu remédio. Poderíamos pensar que o teu Verbo
estivesse muito longe de unir-se ao homem, e abandonar-
nos como presas ao desespero, se não se tivesse encarnado
e não tivesse habitado no meio de nós. Aterrorizado pelos
meus pecados e pelo acúmulo das minhas misérias, eu
havia pensado e acalentado a ideia de fugir para o deserto;
mas tu mo proibiste e me confortaste dizendo-me: Cristo
morreu por todos, para que aqueles que vivem não vivam
mais para si mesmos, mas para aquele que morreu por eles
(2Cor 5,15).
Eis, ó Senhor, que lanço sobre ti as minhas aflições para
ter a vida, abre-me os olhos para que eu veja as maravilhas
da tua lei (Sl 118,18). Tu conheces a minha ignorância e a
minha debilidade: ensina-me e cura-me.
O teu Unigênito, no qual estão escondidos todos os
tesouros da sabedoria e da ciência (Cl 2,3), me redimiu com
o seu sangue. Não me oprimam os soberbos (Sl 118,122): eu
reflito sobre o preço da minha redenção, isto como e bebo,
isto procuro e, pobre como sou, espero com veemência
saciar-me dele junto com os que comem e são saciados; e
louvarão o Senhor todos os que o procuram (Sl 21,27).
Responsório Sl 93,22; 117,14
R. O Senhor é a minha defesa,
* Rocha do meu refúgio é o meu Deus.
V. Minha força e o meu canto é o Senhor,
ele é a minha
salvação.
* Rocha do meu refúgio.OraçãoÓ
Deus, que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom
caminho, dai a todos os que professam a fé rejeitar o que não convém ao
cristão, e abraçar tudo o que é digno desse nome. Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.