23o DOMINGO DO TEMPO COMUM

III Semana do Saltério

Ofício das Leituras

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Amós 7,1-17

A visão da ruína de Israel

1Assim me fez ver o Senhor Deus:
Ele produzia gafanhotos, quando começava a crescer o feno tardio, é o feno tardio, depois da ceifa do rei. 2E quando acabaram de devorar toda a erva da terra, eu disse: “Senhor Deus, perdoa, eu te peço! Como poderá Jacó subsistir? Ele é tão pequeno!” 3Então o Senhor compadeceu-se: “Isto não acontecerá”, disse o Senhor. 4Assim me fez ver o Senhor Deus: O Senhor Deus intentava um processo pelo fogo; este devorou o grande abismo, depois devorou o campo. 5Eu disse: “Senhor Deus, pára, eu te peço! Como poderá Jacó subsistir? Ele é tão pequeno!” 6O Senhor compadeceu-se: “Também isto não acontecerá”, disse o Senhor Deus. 7Assim me fez ver: Eis que o Senhor estava de pé sobre um muro de chumbo e tinha em sua mão um fio de prumo. 8E o Senhor me disse: “Que vês, Amós?” Eu disse: “Um fio de prumo”. O Senhor disse: “Eis que porei um fio de prumo no meio do meu povo, Israel, não tornarei a perdoá-lo. 9Os lugares altos de Isaac serão devastados, os santuários de Israel serão arrasados e eu me levantarei com a espada contra a casa de Jeroboão”.

10Então Amasias, sacerdote de Betel, mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel: “Amós conspira contra ti, no seio da casa de Israel: a terra não pode mais suportar todas as suas palavras. 11Porque assim disse Amós: ‘Jeroboão morrerá pela espada e Israel será deportado para longe de sua terra’.” 12Amasias disse então a Amós: “Vidente, vai, foge para a terra de Judá; come lá o teu pão e profetiza lá. 13Mas em Betel não podes mais profetizar, porque é santuário do rei, um templo do reino”. 14Amós respondeu e disse a Amasias: “Não sou um profeta, nem filho de profeta; eu sou vaqueiro e cultivador de sicômoros. 15Mas o Senhor tirou-me de junto do rebanho e o Senhor me disse: ‘Vai, profetiza a meu povo, Israel!’ 16E agora ouve a palavra do Senhor: Tu dizes: ‘Não profetizarás contra Israel, e não vaticinarás contra a casa de Isaac. 17Por isso, assim disse o Senhor:
‘Tua mulher se prostituirá na cidade,
teus filhos e tuas filhas cairão pela espada,
a tua terra será dividida com a trena
e tu morrerás em uma terra impura,
Israel será deportado para longe de sua terra’.”

Responsório Cf. Am 3,7.8; 7,15

R. Pois o Senhor não faz coisa alguma
sem antes revelar o
seu segredo
a seus servos, os profetas.
* O Senhor falou: quem não profetizará?

V. Mas o Senhor tirou-me de junto do rebanho
e me disse:
vai, profetiza a meu povo. * O Senhor.

Segunda leitura

Dos “Livros dos Estromatas” de Clemente Alexandrino
(6º)


Adorar Deus mediante a verdadeira

santidade das obras e do conhecimento

Quem peregrina em direção ao Senhor no amor, ainda que a sua morada seja visível aqui na terra, não se subtrai da vida terrena, mas destaca a sua alma das paixões. Ele vive, mas crucificou a sua cupidez e não dispõe mais do seu corpo, ao qual permite somente o necessário, para não consentir-lhe ocasião de destruição. Como pode haver ainda necessidade de fortaleza àquele que não jaz no mal, como se não estivesse mais aqui embaixo, mas está totalmente com aquele que ama?

Como pode fazer uso da temperança se não tem mais necessidade dela? Ter, de fato, desejos tais que exijam a temperança para serem dominados não é coisa de quem é puro, mas de quem está ainda agitado pelas perturbações da alma. À fortaleza, pois, recorre-se por temor e fraqueza. É de fato inaceitável que o amigo de Deus, predestinado antes da constituição do mundo para ser elevado à sublime adoção filial, seja sujeito às paixões e aos temores, muito ocupado em dominar as agitações da alma. Ousarei, de fato, dizer: assim como alguém é predestinado em função das obras que realizará e por suas consequências, ele mesmo, de certo modo, predestinará para si aqueles que amou, por meio do conhecimento que receberam. A maior parte dos homens vai conjecturando, por meio de hipóteses incertas, a fim de conhecer o futuro; mas pelo conhecimento da fé recebe-se como coisa certa aquilo que para os outros é incerto e obscuro: e pela caridade já se lhes faz presente aquilo que deverá vir.

Há de fato acreditado, por meio da profecia e da experiência, no Deus que não mente; porque possui aquilo que acreditou e obtém a promessa; porque aquele que prometeu é digno de fé por ser a verdade, ele recebe por meio do conhecimento a realização da promessa. Quem, de fato, entende que o estado no qual se encontra lhe possibilita a segura compreensão das coisas futuras, vai ao encontro do futuro com amor.

Por isso, não desejará conseguir as coisas aqui de baixo, convencido de dever obter aquela realidade do alto, que são os verdadeiros bens; desejará, portanto, conservar aquela fé que apaga completamente o seu desejo. E também deseja que o maior número possível de irmãos se torne como ele, a glória de Deus, a qual se realiza por meio do conhecimento.

É instrumento de salvação para os outros aquele que é plenamente conforme ao Salvador, momento em que a natureza humana deve buscar reproduzir a sua imagem obedecendo aos seus mandamentos sem se desviar. Isso é adorar Deus mediante a verdadeira santidade das obras e do conhecimento.

Responsório Mq 6,8; Dt 10,14.12

R. Ó homem, foi-te ensinado o que é bom
e o que o Senhor pede de ti:
*
Que pratiques a justiça, e ames a misericórdia,
e andes humildemente com o teu Deus.
V. Ao Senhor teu Deus pertencem os céus,
os céus dos céus, a terra e tudo o que ela contém:
e agora, o que o Senhor pede de ti?
*
Que pratiques a justiça.

Hino
Te Deum
em latim

(A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)

A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,

e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

(A parte que se segue pode ser omitida, se for oportuno).

Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!

Oração

Ó Deus, pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e filhas, concedei aos que crêem no Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.