27o DOMINGO DO TEMPO COMUM

III Semana do Saltério

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro do Eclesiástico 1,1-18

O mistério da sabedoria divina
1Toda sabedoria vem do Senhor, ela está junto dele desde sempre. 2A areia do mar, os pingos da chuva, os dias da eternidade, quem os poderá contar? 3A altura do céu, a amplidão da terra, a profundeza do abismo, quem as poderá explorar? 4Antes de todas essas coisas foi criada a Sabedoria, a inteligência prudente existe desde sempre. 5A fonte da sabedoria é a palavra de Deus nos céus; seus caminhos são as leis eternas. 6A quem foi revelada a raiz da sabedoria? Seus recursos, quem os conhece? 7A ciência da sabedoria a quem apareceu? E a riqueza de seus caminhos quem a compreendeu? 8Só um é sábio, sumamente terrível quando se assenta em seu trono: é o Senhor. 9Ele a criou, a viu, a enumerou e a difundiu em todas as suas obras, 10em toda carne segundo sua generosidade, e a doou aos que o amam. O amor do Senhor é sabedoria digna de honra; ele a concede como partilha àqueles que o temem. 11O temor do Senhor é glória e honra, alegria e coroa de exultação. 12O temor do Senhor alegra o coração, dá contentamento, alegria e vida longa. O temor do Senhor é dom que vem do Senhor; com efeito, ele o estabeleceu sobre os caminhos do amor. 13Para o que teme o Senhor tudo terminará bem, no dia de sua morte será abençoado. 14O princípio da sabedoria é temer o Senhor, e para os fiéis, ela foi criada com eles no seio. 15Entre os homens, ela fez um ninho, fundação eterna, e com a sua raça ela vive fielmente. 16A plenitude da sabedoria é temer o Senhor, ela os inebria com os seus frutos; 17ela enche toda a sua casa de coisas desejáveis e os celeiros com seus produtos. 18A coroa da sabedoria é o temor do Senhor, ela faz florescer o bem-estar e a saúde. Ambos são dons de Deus, em vista do bem-estar e para aqueles que o amam a firmeza se alarga.

ResponsórioEclo 1,7a.10.1a.9a
R. A quem foi revelada e mostrada a ciência da sabedoria?
Criou-a o Senhor, Deus Altíssimo,
e a espalhou sobre todas as coisas.
* E a concede àqueles que o amam.
V. Vem de Deus toda a sabedoria:
pelo Espírito Santo, ele a criou.
* E a concede.

Segunda leitura

Do Tratado “sobre a Oração”, de Orígenes, presbítero
(Nn. 10-11)
(Séc. III)


Cada um de nós tem um anjo que reza com ele
Além disso, pela purificação citada anteriormente, participará também da oração do Filho de Deus, que está igualmente no meio daqueles que o ignoram, e não falta à oração de nenhum deles, e com seus protegidos, ora ao Pai. O Filho de Deus é, de fato, o Sumo Sacerdote das nossas oferendas e o nosso Advogado junto do Pai. Ele ora com os que oram e suplica junto com os que suplicam. Mas não roga por aqueles que não oram assiduamente em seu nome. Não será advogado junto de Deus, como é por seus familiares, em favor daqueles que não obedecem ao seu mandamento: É preciso orar sempre, sem desfalecer (Lc 18,1).
Não é somente o Sumo Sacerdote que ora com aqueles que oram do modo devido, mas também os anjos que no céu mais se alegram com um pecador que faz penitência, do que com noventa e nove justos que não precisam de penitência (Lc 15,7), bem como também as almas santas dos que já adormeceram (no Senhor). Isso se mostra com a passagem em que Rafael ofereceu a Deus um sacrifício espiritual por Tobias e Sara.
Uma das mais altas dessas virtudes, segundo a palavra divina, é a caridade para com o próximo. É preciso pensar que os santos, que já morreram, a praticam em relação aos que lutam nesta vida, muito mais do que aqueles que ainda vivem na fraqueza humana e ajudam os fracos em sua luta. Não é somente aos que estão no mundo, que se aplica esta palavra: Se um membro sofre, sofrem com ele todos os membros, e se um membro é honrado, todos os membros se alegram com isso (1Cor 12,26). Pois outro tanto se pode dizer da caridade dos que deixaram esta vida: Na solicitude de todas as igrejas, quem desfalece, sem que eu também não desfaleça? Quem se escandaliza, sem que eu também não me abrase? (2Cor 11,28-29).
O próprio Cristo, aliás, afirmou que é enfermo em cada um dos santos que são enfermos, e que está preso, que está nu, que está sem teto, e tem fome e está com sede (Mt 25,35- 40). Quem, pois, ignora, entre os que leram o Evangelho, que Cristo declara seus os sofrimentos dos fiéis? Se os anjos de Deus, aproximando-se de Jesus o serviram (Mt 4,11), não é correto pensar que o ministério dos anjos se exercia, por pouco tempo, durante a sua permanência corporal entre os homens, e enquanto ele esteve no meio dos fiéis, não como aquele que se assenta à mesa, mas como aquele que serve. Quanto aos anjos, portanto, podemos pensar que sirvam a Jesus a congregar os filhos de Israel um depois do outro, a reunir os dispersos, a resgatar os que o temem e o invocam? Mais do que os Apóstolos, os anjos trabalham pelo crescimento e extensão da Igreja. No livro do Apocalipse, João diz que certos anjos presidem às Igrejas. Não é, pois, em vão que os anjos de Deus sobem e descem sobre o Filho do Homem, vistos por aqueles que têm os olhos iluminados pela luz de conhecimento superior. Assim, os anjos, durante o tempo da oração, se tornam conscientes daquilo que falta àquele que ora, e fazem o que podem por ele, cumprindo um mandamento que receberam, de alcance universal. Foi Deus, com efeito, que, no tempo da oração, conduziu ao mesmo lugar, o suplicante e aquele que pode ajudar, o qual por seu coração generoso não pode desprezar a indigência do outro.
Quando tais coisas acontecem, não devem ser consideradas obra do acaso. Pois “aquele que contou todos os fios de cabelo da cabeça dos santos”, harmoniosamente juntou, no tempo da oração, o que vai ser ministro do benefício e o que precisa de auxílio e orou com fé. Assim, podemos pensar que os anjos, inspetores e ministros de Deus, estão juntos do homem que ora e se unem à sua petição. De outro lado, o anjo de cada um de nós, inclusive dos menores na Igreja, sempre contemplando a face do Pai que está no céu (Mt 18,10), e vendo a divindade do nosso Criador, ora conosco e faz tudo que pode para cooperar conosco em nossos pedidos.

ResponsórioSl 137(138),1-3
R. Eu te louvarei, de todo o meu coração;
na presença dos anjos;
* Inclinar-me-ei para o teu santo templo,
e louvarei o teu nome.
V. No dia em que eu clamei, me escutaste;
e alentaste com força a minha alma.
* Inclinar-me-ei.

Hino
Te Deum
em latim

(A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)

A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,

e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

(A parte que se segue pode ser omitida, se for oportuno).

Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!

Oração

Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis no vosso imenso amor de Pai mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.