Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus em meu
auxílio.
R.
Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Esta introdução
se omite quando o Invitatório
precede imediatamente
ao Ofício das Leituras.
Hino
Ó Senhor, Rei eterno e sublime,
dos fiéis imortal Redentor!
Morre a morte, por vós destruída,
e triunfa, por graça, o amor.
Sobre o trono celeste elevado,
à direita do Pai vos sentais,
e um poder é a vós concedido,
que é do céu, não pertence aos mortais,
para que todo ser que criastes
nos abismos, na terra, ou nos céus
ante vós, de joelhos, se incline,
com respeito, adorando seu Deus.
Tremem anjos, perante a mudança
que o destino dos homens sofreu:
peca a carne e a carne redime,
reina a carne no Verbo de Deus.
Sois, Senhor, nosso gozo e delícia,
que a alegria do mundo ofuscais.
Sois também nosso prêmio perene,
vós que a todo o universo guiais.
Suplicantes, portanto, rogamos:
Nossas culpas, Senhor, perdoai.
Pela força da graça divina,
nossas mentes a vós elevai.
Quando em glória voltardes na nuvem,
a julgar as nações reunidas,
afastai os devidos castigos,
dai de novo as coroas perdidas.
Honra a vós, ó Jesus glorioso,
que às alturas dos céus ascendeis.
Com o Pai e o Espírito Santo
pelos séculos sem fim reinareis.
Salmodia
Ant.1 Eis que
Deus
se põe de pé,
e os inimigos se dispersam! Aleluia
†
Salmo 67(68)
Entrada triunfal do SenhorTendo subido às alturas, ele capturou
prisioneiros e distribuiu dons aos homens (Ef 4,8).
I
–2
Eis que Deus se põe de pé, e os inimigos se dispersam!
*
† Fogem longe de sua face os que odeiam o
Senhor!=3
Como a fumaça se dissipa, assim também os dissipais, †
como a cera se derrete, ao contato com o fogo, *
assim pereçam os iníquos ante a face do Senhor!
–4
Mas os justos se alegram na presença do Senhor *
rejubilam satisfeitos e exultam de alegria!= 5Cantai
a Deus, a Deus louvai, cantai um salmo a seu nome! †
Abri caminho para Aquele que avança no deserto; *
o seu nome é Senhor: exultai diante dele!
–6
Dos órfãos ele é pai, e das viúvas protetor; *
é assim o nosso Deus em sua santa habitação.=7 É
o Senhor quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados, †
quem liberta os prisioneiros e os sacia com fartura, *
mas abandona os rebeldes num deserto sempre estéril!
–8
Quando saístes com o povo, caminhando à sua frente *
e atravessando o deserto, a terra toda estremeceu;–9
orvalhou o próprio céu ante a face do Senhor, *
e o Sinai também tremeu perante o Deus de Israel.
–10
Derramastes lá do alto uma chuva generosa, *
e vossa terra, vossa herança, já cansada, renovastes;–11 e
ali vosso rebanho encontrou sua morada; *
com carinho preparastes essa terra para o pobre.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Eis que Deus
se põe de pé,
e os inimigos se dispersam! Aleluia
Ant.2 Nosso Deus
é
um Deus que salva,
só o Senhor livra da morte.
Aleluia
II
–12 O
Senhor anunciou a boa-nova a seus eleitos, *
e uma grande multidão de nossas jovens a proclama:–13 “Muitos
reis e seus exércitos fogem um após o outro, *
e a mais bela das mulheres distribui os seus despojos.
=14
Enquanto descansais entre a cerca dos apriscos, †
as asas de uma pomba como prata resplandecem, *
e suas penas têm o brilho de um ouro esverdeado.–15 O
Senhor onipotente dispersou os poderosos, *
dissipou-os como a neve que se espalha no Salmon!”
–16
Montanhas de Basã tão escarpadas e altaneiras *
ó montes elevados desta serra de Basã,=17
por que tendes tanta inveja, ó montanhas sobranceiras, †
deste Monte que o Senhor escolheu para morar? *
Sim, é nele que o Senhor habitará eternamente!
–18
Os carros do Senhor contam milhares de milhares; *
do Sinai veio o Senhor, para morar no santuário.=19 Vós
subistes para o alto e levastes os cativos, †
os homens prisioneiros recebestes de presente, *
até mesmo os que não querem vão morar em vossa casa.
–20
Bendito seja Deus, bendito seja cada dia, *
o Deus da nossa salvação, que carrega os nossos fardos!–21
Nosso Deus é um Deus que salva, é um Deus libertador; *
o Senhor, só o Senhor, nos poderá livrar da morte!–22
Ele esmaga a cabeça dos que são seus inimigos, *
e os crânios contumazes dos que vivem no pecado.
–23
Diz o Senhor: “Eu vou trazê-los prisioneiros de Basã, *
até do fundo dos abismos vou trazê-los prisioneiros!–24
No sangue do inimigo o teu pé vai mergulhar, *
e a língua de teus cães terá também a sua parte”.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Nosso Deus é
um Deus que salva,
só o Senhor livra da morte.
Aleluia
Ant.3 Reinos
da terra,
celebrai o nosso Deus,
cantai-lhe salmos! Aleluia
III
–25
Contemplamos, ó Senhor, vosso cortejo que desfila,
*
é a entrada do meu Deus, do meu Rei, no santuário;–26
os cantores vão à frente, vão atrás os tocadores, *
e no meio vão as jovens a tocar seus tamborins.
–27 “Bendizei
o nosso Deus, em festivas assembleias! *
Bendizei nosso Senhor, descendentes de Israel!”=28
Eis o jovem Benjamim que vai à frente deles todos; †
eis os chefes de Judá com as suas comitivas, *
os principais de Zabulon e os principais de Neftali.
–29
Suscitai, ó Senhor Deus, suscitai vosso poder, *
confirmai este poder que por nós manifestastes,–30 a
partir de vosso templo, que está em Jerusalém, *
para vós venham os reis e vos ofertem seus presentes!
=31
Ameaçai, ó nosso Deus, a fera brava dos caniços, †
a manada de novilhos e os touros das nações! *
Que vos rendam homenagem e vos tragam ouro e prata!= Dispersai todos os povos que
na guerra se comprazem! †32
Venham príncipes do Egito, venham dele os poderosos, *
e levante a Etiópia suas mãos para o Senhor!
=33
Reinos da terra, celebrai o nosso Deus, cantai-lhe
salmos! †34
Ele viaja no seu carro sobre os céus dos céus eternos. *
Eis que eleva e faz ouvir a sua voz, voz poderosa.
–35
Dai glória a Deus e exaltai o seu poder por sobre as
nuvens. *
Sobre Israel, eis sua glória e sua grande majestade!–36
Em seu templo ele é admirável e a seu povo dá poder. *
Bendito seja o Senhor Deus, agora e sempre. Amém, amém!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Reinos da terra,
celebrai o nosso Deus,
cantai-lhe salmos! Aleluia
V. Ressurgindo
dentre os mortos,
Jesus Cristo já não morre. Aleluia.
R. E a morte não
tem mais
nenhum domínio sobre ele. Aleluia.
Primeira leitura
Dos Atos dos Apóstolos
26,1-32
Autodefesa de Paulo perante Agripa
Dirigindo-se a Paulo, disse Agripa: “Tens permissão
de falar em teu favor”. Então, estendendo a mão, começou
Paulo a sua defesa:
Considero-me feliz, ó rei Agripa, por poder hoje, diante
de ti, defender-me de todas as coisas de que pelos judeus
sou acusado. Tanto mais porque estás ao corrente de todos
os costumes e controvérsias dos judeus, razão também pela
qual te peço que me escutes com paciência.
O que foi o meu modo de viver, desde a mocidade, como
transcorreu desde o início, no meio do meu povo e em
Jerusalém, sabem-no todos os judeus. Eles me conhecem de
longa data e podem atestar, se quiserem, que tenho vivido
segundo a seita mais severa de nossa religião, como fariseu.
E agora, estou sendo aqui julgado por causa da esperança
na promessa feita por Deus aos nossos pais, à qual esperam
chegar as nossas doze tribos, que servem a Deus noite e dia,
com todo ardor. É por causa dessa esperança, ó rei, que pelos
judeus sou acusado. Entretanto, por que se julga incrível,
entre vós, que Deus ressuscite os mortos?
Quanto a mim, parecia-me necessário fazer muitas
coisas contra o nome de Jesus, o Nazareu. Foi o que fiz em
Jerusalém: a muitos dentre os santos eu mesmo encerrei nas
prisões, recebia autorização dos chefes dos sacerdotes; e,
quando eram mortos, eu contribuía com o meu voto. Muitas
vezes, percorrendo todas as sinagogas, por meio de torturas
quis forçá-los a blasfemar; e, no excesso do meu furor,
cheguei a persegui-los até em cidades estrangeiras.
Com este intuito encaminhei-me a Damasco, com a
autoridade e a permissão dos chefes dos sacerdotes. No
caminho, pelo meio-dia, eu vi, ó rei, vinda do céu e mais
brilhante que o sol, uma luz que circundou a mim e aos que
me acompanhavam. Caímos todos por terra, e ouvi uma
voz que me falava em língua hebraica: ‘Saul, Saul, porque
me persegues? É duro para ti recalcitrar contra o aguilhão’.
Perguntei: ‘Quem és, Senhor?’ E o Senhor respondeu: ‘Eu
sou Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te e fica firme
em pé, pois, este é o motivo por que te apareci: para constituir-te servo e testemunha da visão na qual me viste e daquelas
nas quais ainda te aparecerei. Eu te livrarei do povo e das
nações gentias, às quais te envio para lhes abrires os olhos
e assim se converterem das trevas à luz , e da autoridade de
Satanás para Deus. De tal modo receberão, pela fé em mim,
a remissão dos pecados e a herança entre os santificados’.
Quanto a mim, rei Agripa, não me mostrei rebelde à visão
celeste. Ao contrário, primeiro aos habitantes de Damasco,
aos de Jerusalém e em toda a região da Judeia, e depois aos
gentios, anunciei o arrependimento e a conversão a Deus,
com a prática de obras dignas desse arrependimento. É
por causa disso que os judeus, tendo-se apoderado de mim
no Templo tentaram matar-me. Tendo alcançado, porém o
auxílio que vem de Deus, até o presente dia continuo a dar
o meu testemunho diante de pequenos e de grandes, nada
mais dizendo senão o que os Profetas e Moisés disseram que
havia de acontecer: que o Cristo devia sofrer e que, sendo
o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, anunciaria a luz
ao povo e aos pagãos”.
Dizendo ele estas coisas em sua defesa, Festo o interrompeu em alta voz: “Estás louco, Paulo: teu enorme saber te
levou à loucura”. Paulo, porém, retrucou: “Não estou louco,
excelentíssimo Festo, mas são palavras de verdade e de bom
senso que profiro. Pois destas coisas tem conhecimento o
rei, ao qual me dirijo com toda a audácia, persuadido de
que nada disto lhe é estranho. Aliás, não foi num recanto
remoto que isto aconteceu. Crês nos profetas, rei Agripa?
Eu sei que tu crês”. Agripa então retorquiu a Paulo: “Ainda
um pouco e, por teus raciocínios, fazes de mim um cristão!”
E Paulo: “Eu pediria a Deus que, por pouco ou por muito,
não só tu, mas todos os que me escutam hoje, vos tornásseis
tais como eu sou, com exceção destas correntes!”
Levantou-se o rei, assim como o governador, Berenice, e
os que estavam sentados com eles. Ao se retirarem, falavam
entre si: “Um homem como este nada pode ter feito que
mereça a morte ou a prisão”. E Agripa concluiu, dizendo
a Festo: “Este homem bem que poderia ser solto, se não
tivesse apelado para César”.
Responsório
Cf. At 26,16.18;cf. Gl 2,8
R. Eu te estabeleci para seres meu servo e minha testemunha,
para abrires os olhos dos pagãos
a fim de se converterem
das trevas para a luz,
* Para receberem o perdão dos pecados
e participarem da
herança com os santificados,
pela fé em Cristo, aleluia,
aleluia.
V. De fato, o mesmo que tinha preparado Pedro
para o
apostolado entre os judeus,
preparou também Paulo para o
apostolado entre os pagãos.
* Para receberem.
Segunda leitura
Do Tratado sobre o Espírito Santo, de São Basílio Magno,
bispo
(Cap. 9,22-23: PG 32,107-110)
(Séc. IV)
A ação do Espírito Santo
Qual é o homem que, ao ouvir os nomes com os quais
é designado o Espírito Santo, não eleva seu ânimo e o seu
pensamento para a natureza divina? É chamado Espírito de
Deus, Espírito da verdade que procede do Pai, Espírito de
retidão, Espírito principal, e como nome próprio e peculiar,
Espírito Santo.
Volta-se para ele o olhar de todos os que buscam a
santificação; para ele tende a aspiração de todos os que
vivem segundo a virtude; é o seu sopro que os revigora e
reanima para atingirem o fim natural e próprio para que
foram feitos.
Ele é fonte da santidade e luz da inteligência; é ele que
dá, de si mesmo, uma certa iluminação à nossa razão natural
para que encontre a verdade.
Inacessível por sua natureza, torna-se acessível por sua
bondade. Enche tudo com o seu poder, mas comunica-se
apenas aos que são dignos; não a todos na mesma medida,
mas distribuindo os seus dons em proporção da fé. Simples
na essência, múltiplo nas manifestações do seu poder, está
presente por inteiro em cada um, sem deixar de estar todo
em todo lugar. Reparte-se e não sofre diminuição. Todos
dele participam e permanece íntegro, à semelhança dos raios
do sol que fazem sentir a cada um a sua luz benéfica como
se fosse para ele só, e contudo iluminam a terra e o mar e
se difundem pelo espaço.
Assim é também o Espírito Santo: está presente em cada
um dos que são capazes de recebê-lo, como se estivesse nele
só, e, não obstante, dá a todos a totalidade da graça de que
necessitam. Os que participam do Espírito recebem os seus
dons na medida em que o permite a disposição de cada um,
mas não na medida do poder do mesmo Espírito.
Por ele, os corações são elevados ao alto, os fracos são
conduzidos pela mão, os que progridem na virtude chegam
à perfeição. Ele ilumina os que foram purificados de toda a
mancha e torna-os espirituais pela comunhão consigo.
E como os corpos límpidos e transparentes, sob a ação
da luz, se tornam também extraordinariamente brilhantes
e irradiam um novo fulgor, da mesma forma também as
almas que recebem o Espírito e são por ele iluminadas
tornam-se espirituais e irradiam sobre os outros a graça
que lhes foi dada.
Dele procede a previsão do futuro, a inteligência dos
mistérios, a compreensão das coisas ocultas, a distribuição
dos carismas, a participação na vida do céu, a companhia
dos coros dos anjos.
Dele nos vem a alegria sem fim, a
união constante e a semelhança com Deus; dele procede,
enfim, o bem mais sublime que se pode desejar: o homem
é divinizado.
Responsório
Cf. Jo 14,27.28;16,22;14,16
R. Que o vosso coração não se perturbe;
eu irei para o meu
Pai, mas vou mandar-vos
* O Espírito da verdade, o Advogado,
e o vosso coração se
alegrará. Aleluia.
V. Rogarei a meu Pai e ele há de enviar-vos um outro
Paráclito.
* O Espírito.
Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, fazei
que o Espírito Santo, vindo habitar em nossos corações, nos torne um
templo da
sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito
Santo.
Conclusão da Hora
V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.