Do Livro do Profeta Jeremias
25,15-17.27-38
A visão da taça
15Porque assim me disse o Senhor, Deus de Israel: Toma
de minha mão esta taça do vinho da cólera e faze beber
dela todas as nações, às quais eu te enviarei; 16elas beberão,
cambalearão e enlouquecerão diante da espada que mandarei
para o meio delas. 17Tomei a taça da mão do Senhor e fiz
beber dela todas as nações, às quais o Senhor me enviara.
27Tu lhes dirás: Assim disse o Senhor dos Exércitos, o
Deus de Israel: Bebei! Embriagai-vos! Vomitai! Caí e não
vos levanteis diante da espada que enviarei para o meio
de vós. 28E se se recusarem a tomar a taça da tua mão para
beberem, tu lhes dirás: Assim disse o Senhor dos Exércitos:
Vós bebereis! 29Porque, eis que pela cidade sobre a qual foi
invocado o meu nome, começarei a desgraça; e vós sereis,
acaso, poupados? Não sereis poupados, porque convoco
a espada contra todos os habitantes da terra, oráculo do
Senhor dos exércitos.
30Mas tu lhes profetizarás e lhes dirás todas estas palavras:
Deus ruge do alto,
de sua santa morada ele levanta a sua voz.
Ele ruge contra a sua pastagem,
entoa um hurra como os dos que pisam a uva,
contra todos os habitantes da terra.
31O estrondo chega até os confins da terra.
Porque o Senhor entra em processo com as nações,
julga toda carne;
os ímpios, os entrega à espada,
oráculo do Senhor.
32Assim disse o Senhor dos exércitos.
Eis que a desgraça passa de nação em nação,
e uma grande tempestade se levanta
das extremidades da terra.
33E haverá, naquele dia, vítimas do Senhor de uma à
outra extremidade da terra; eles não serão chorados, nem
recolhidos e nem sepultados. Serão como esterco sobre a
superfície da terra.
34Gemei, pastores, e gritai,
revolvei-vos no pó, chefes do rebanho,
porque completaram-se os vossos dias para a matança
e para vossa dispersão
e caireis como um vaso precioso.
35Não há refúgio para os pastores
nem escapatória para os chefes do rebanho.
36Gritos dos pastores,
gemidos dos chefes de rebanho!
Porque o Senhor devastou a sua pastagem,
37foram destruídos os prados da paz
diante do ardor da ira do Senhor!
38
O leão abandona o seu esconderijo
porque a sua terra tornou-se objeto de horror
por causa do ardor devastador,
por causa do ardor de sua ira.
Responsório Jr 25,32.31; cf. Sl 74(75),9
R. Eis que a desgraça passa de nação em nação,
e uma
grande tempestade se levanta das extremidades da terra.
* Porque o Senhor entra em processo com as nações,
julga
toda a carne.
V. Pois na mão do Senhor há uma taça.
Ele a entornará e
todos os ímpios da terra dela beberão.
* Porque o Senhor.
Do “Comentário sobre o Salmo 118”, de Santo Ambrósio,
bispo
(Disc. 12,3-6)
O Senhor não quer que o sofrimento nos abata
para nos desesperarmos, mas para nos corrigirmos
O teu tesouro é a fé, a piedade, a misericórdia; o teu tesouro é Cristo. Não deves estimar Cristo como uma criatura
terrena, pois ele é o Senhor da criação. Maldito o homem
que confia no homem (Jr 17,5) Todavia a salvação brota de
um homem. O Antigo Testamento pergunta: Quem poderá
conhecê-lo? (Jr 17,9).
Aquele homem, então, Deus feito homem no Senhor
Jesus, por um poder não humano, mas divino, perdoou todos
os meus pecados, reconciliando consigo o mundo redimido
da culpa. A inteligência é um tesouro precioso. Se ela, no
entanto, for terrena e frágil, será consumida pela praga da
heresia e pela ferrugem da impiedade.
Ergamos e elevemos, portanto, os nossos sentidos; não
julgamos impossível que essa fraqueza do corpo humano
possa lograr o conhecimento dos mistérios celestes. O
Senhor Jesus, com efeito, em quem estavam escondidos os
tesouros da sabedoria e da ciência, por sua divina misericórdia desceu
entre nós, a fim de abrir o que estava fechado, descobrir o que estava
escondido, revelar o que estava
oculto. Vem, então, Senhor Jesus, abre também para nós a
porta desse profético discurso; para muitos, com efeito, é
obscuro, embora, à primeira vista, pareça claro.
A tua palavra, Senhor, é para sempre, ela está firmada
no céu (Sl 118,89).
Essa palavra deve permanecer também em ti, haja vista
que permanece fixa no céu. Observa, pois, a palavra de Deus
e guarda-a no teu coração para não esquecê-la. Observa a lei
do Senhor e medita-a, para que o perdão do Senhor não seja
apagado do teu coração. A interpretação da letra ensina-te
a observá-la diligentemente. O profeta ensina dizendo: Se
a tua lei não fosse a minha alegria, eu já teria perecido
na minha miséria. Jamais esquecerei os teus preceitos (Sl
118,92-93).
Portanto a meditação da lei nos proporciona a
possibilidade de suportar serenamente os períodos de
tribulação, humilhação e adversidade, de maneira a não
sucumbirmos no meio dos sofrimentos e das aflições. O
Senhor não quer que a dor nos abata e nos tire a esperança,
mas que nos corrija. Por isso, o profeta Jeremias diz: Da
boca do Altíssimo não saem os males (Lm 3,38). Portanto
a humilhação que provém de Deus está cheia de justiça e
de equidade, porque o mal não vem de Deus. Quem foi
humilhado por Deus disse: Eu era desgraçado e ele me
salvou (Sl 114,6).
Responsório Sl 118(119),104-105; Jo 6,68
R. Com teus preceitos sou capaz de discernir
e detestar
todo caminho mau.
* Tua palavra é lâmpada para os meus pés
e luz para o meu
caminho.
V. Senhor, a quem iremos?
Tu tens palavras de vida eterna.
* Tua palavra.