SEGUNDA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Da Segunda Carta de São Pedro
1,5-7.12-21
O testemunho dos Apóstolos e dos profetas
Caríssimos, 5por isto mesmo, aplicai toda a diligência
em juntar à vossa fé a virtude, à virtude o conhecimento,
6ao conhecimento o autodomínio, ao autodomínio a
perseverança, à perseverança a piedade, 7à piedade o amor
fraterno e ao amor fraterno a caridade.
12Eis por que vos trareis sempre à memória estas coisas,
embora já as saibais e estejais firmes na verdade que
alcançastes. 13Entendo que é justo despertar-vos com as
minhas admoestações, enquanto estou nesta tenda terrena,
14sabendo que em breve hei de despojar-me dela, como,
aliás, nosso Senhor Jesus Cristo me revelou. 15Assim,
farei tudo para que, depois da minha partida, vos lembreis
sempre delas.
16Com efeito, não foi seguindo fábulas sutis, mas por
termos sido testemunhas oculares da sua majestade, que
vos demos a conhecer o poder e a Vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. 17Pois ele recebeu de Deus Pai honra e glória,
quando uma voz vinda da sua Glória lhe disse: “Este é o
meu Filho amado, em quem me comprazo”. 18Esta voz, nós
a ouvimos quando lhe foi dirigida do céu, ao estarmos com
ele no monte santo.
19Temos, também, por mais firme a palavra dos profetas,
à qual fazeis bem em recorrer como a uma luz que brilha
em lugar escuro, até que raie o dia e surja a estrela d’alva
em nossos corações. 20Antes de mais nada, sabei isto: que
nenhuma profecia da Escritura resulta de interpretação
particular, 21pois que a profecia jamais veio por vontade
humana, mas os homens, impelidos pelo Espírito Santo,
falaram da parte de Deus.
Responsório
Cf. Jo 1,14; 2Pd 1,16b.18b
R. A Palavra se fez carne e habitou entre nós
* E nós vimos sua glória,
que recebe do Pai, como Filho
Unigênito.
V. Nós mesmos nos tornamos testemunhas oculares
da sua
grande majestade, quando estávamos com ele.
* E nós vimos.
Segunda leitura
Dos “Tratados sobre João” de Santo Agostinho, bispo
(Tract. 35,8-9: CCL 36,321-323)
(Séc. V)
Chegarás à fonte, verás a luz
Nós, cristãos, em comparação com os infiéis, já somos
luz; porque, como diz o Apóstolo: Outrora éreis trevas; agora, luz no Senhor. Andai como filhos da luz (Ef 5,8). E
em outro lugar: Passou a noite, o dia se aproximou; rejeitemos, pois, as obras das trevas e revistamos as armas da
luz; como em pleno dia caminhemos com dignidade (Rm
13,12-13).
Todavia, em comparação com aquela luz a que chegaremos, ainda é noite até mesmo o dia em que estamos. Ouve o
apóstolo Pedro, quando do magnífico esplendor desceu até
ele a voz dirigida a Cristo Senhor: Tu és meu Filho muito
amado, em quem pus minhas complacências. Esta voz,
continua, nós a ouvimos vinda do céu, quando estávamos
com ele no monte santo (2Pd 1,17-18). Já que, porém, nós
não estivemos lá e não ouvimos então esta voz do céu, o
mesmo Pedro nos fala: E a palavra profética se tornou mais segura para nós; fazeis bem em dar-lhe atenção como a uma
lâmpada em lugar escuro, até que brilhe o dia e a estrela da
manhã desponte em vossos corações (cf. 2Pd 1,19).
Quando, pois, vier nosso Senhor Jesus Cristo e, segundo
diz o apóstolo Paulo, iluminar tudo quanto se oculta nas trevas e manifestar os pensamentos do coração, para que
receba cada um de Deus seu louvor (1Cor 4,5), então num
dia assim não haverá mais necessidade de lâmpadas: não
se lerá mais o profeta, não se abrirá o volume do Apóstolo,
não buscaremos o testemunho de João, não precisaremos
do próprio Evangelho. Portanto, todas as Escrituras serão
retiradas do centro onde, na noite deste mundo, elas se acendiam como lâmpadas a fim de não ficarmos nas trevas.
Afastadas todas estas luzes, não tendo mais de brilhar
para nós, indigentes, e dispensando o auxílio que por esses homens de Deus nos era dado, vendo conosco aquela
verdadeira e clara luz, o que é que veremos? Onde nosso
espírito irá alimentar-se? Por que se alegrará com o que vê?
Donde virá aquele júbilo que nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem subiu jamais ao coração do homem? (cf. 1Cor
2,9). O que é que veremos?
Eu vos peço: amai comigo, correi crendo comigo, desejemos a pátria celeste, suspiremos pela pátria do alto,
sintamo-nos como peregrinos aqui. Que veremos então?
Responda o evangelho: No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (Jo 1,1). No lugar de
onde te banhou o orvalho, chegarás à fonte. Aí, de onde o
raio de luz, indiretamente e como por rodeios, foi lançado
a teu coração tenebroso, verás a luz sem véus; vendo-a,
recebendo-a, serás purificado. Caríssimos, diz João, somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que seremos;
sabendo que, quando aparecer, seremos semelhantes a ele,
porque o veremos tal qual é (1Jo 3,2).
Percebo que vossos sentimentos sobem comigo para
as alturas, mas o corpo corruptível pesa sobre a alma; e a habitação terrena com a multiplicidade dos pensamentos
oprime o espírito (Sb 9,15). Também eu irei deixar de
lado este livro, saireis também vós, cada um para sua casa.
Sentimo-nos bem na luz comum, muito nos alegramos,
exultamos de verdade; mas, ao afastar-nos uns dos outros,
dele não nos afastemos.
Responsório
Ap 22,5.4
R. Nunca mais haverá noite,
e eles não precisarão da luz
da lâmpada ou do sol.
* O Senhor será sua luz, e reinarão eternamente.
V. Hão de ver a sua face,
e o nome do Senhor estará em
suas frontes.
* O Senhor.
OraçãoÓ
Deus, pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e
filhas, concedei aos que crêem no Cristo a verdadeira liberdade e a
herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.