SEXTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro do Profeta Daniel 2,26-47

Visão da estátua e da pedra. O Reino eterno de Deus
Naqueles dias, 26dirigiu-se o rei a Daniel (que tinha o nome de Baltassar): “És realmente capaz de dar-me a conhecer o sonho que tive, e a sua interpretação?” 27Em resposta, diante do rei, Daniel falou: “O mistério que o rei procura desvendar, nem os sábios nem os adivinhos nem os magos nem os astrólogos podem dá-los a conhecer ao rei. 28Mas há um Deus no céu que revela os mistérios, e que dá a conhecer ao rei Nabucodonosor o que deve acontecer no fim dos dias. Teu sonho, e as visões da tua mente sobre o teu leito, ei-los aqui:
29
Enquanto estavas sobre o teu leito, ó rei, acorriam-te os pensamentos sobre o que deveria acontecer no futuro, e aquele que revela os mistérios te deu a conhecer o que deve acontecer. 30Quanto a mim, este mistério me foi desvendado, não porque eu tenha mais sabedoria que os outros videntes, mas para se manifestar ao rei a sua interpretação, a fim de que possas conhecer os pensamentos do teu coração.
31
Tiveste, ó rei, uma visão. Era uma estátua. Enorme, extremamente brilhante, a estátua erguia-se diante de ti, de aspecto terrível. 32A cabeça da estátua era de ouro fino; de prata eram seu peito e os braços; o ventre e as coxas eram de bronze; 33as pernas eram de ferro; e os pés, parte de ferro e parte de argila. 34Estavas olhando, quando uma pedra, sem intervenção de mão alguma, destacou-se e veio bater na estátua, nos pés de ferro e de argila, e os triturou. 35Então se pulverizavam ao mesmo tempo o ferro e a argila, o bronze, a prata e o ouro, tornando-se iguais à palha miúda na eira de verão: o vento os levou sem deixarem traço algum. E a pedra que havia atingido a estátua tornou-se uma grande montanha, que ocupou a terra inteira. 36Tal foi o sonho. E agora exporemos a sua interpretação, diante do rei. 37Tu, ó rei, rei dos reis, a quem o Deus do céu concedeu o reino, o poder, a força e a honra; 38em cujas mãos ele entregou, onde quer que habitem os filhos dos homens, os animais do campo e as aves do céu, fazendo-te soberano deles todos, és tu que és a cabeça de ouro. 39Depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu, e depois ainda um terceiro reino, de bronze, que dominará a terra inteira. 40Haverá ainda um quarto reino, forte como o ferro, como o ferro que reduz tudo a pó e tudo esmaga; como o ferro que tritura, este reduzirá a pó e triturará todos aqueles. 41Os pés que viste, parte de argila de oleiro e parte de ferro, designam um reino que será dividido: haverá nele parte da solidez do ferro, uma vez que viste ferro misturado à argila de oleiro. 42Como os pés são parcialmente de ferro e parcialmente de argila de oleiro, assim esse reino será parcialmente forte e, também, parcialmente fraco. 43O fato de teres visto ferro misturado à argila de oleiro indica que eles se misturarão por casamentos, mas não se fundirão um com o outro, da mesma forma que o ferro não se funde com a argila. 44No tempo desses reis o Deus no céu suscitará um reino que jamais será destruído, um reino que jamais passará a outro povo. Esmagará e aniquilará todos os outros reinos, enquanto ele mesmo subsistirá para sempre. 45Foi o que pudeste ver na pedra que se destacou da montanha, sem que mão alguma a tivesse tocado, e reduziu a pó o ferro, o bronze, a argila, a prata e o ouro. O grande Deus manifestou ao rei o que deve acontecer depois disso. O sonho é verdadeiramente este, e digna da fé é a sua interpretação”.
46
Então o rei Nabucodonosor prostrou-se com o rosto por terra e inclinou-se diante de Daniel. Ordenou que lhe oferecessem oblação e sacrifício de agradável odor. 47A seguir dirigiu-se o rei a Daniel, dizendo-lhe: “Em verdade o vosso Deus é o Deus dos deuses e o senhor dos reis e o revelador dos mistérios, pois tu pudeste revelar este mistério”.

Responsório Cf. Dn 2,44; cf. Lc 20,17.18
R. O Deus do céu suscitará um grande reino;
um reino que jamais se acabará;
destruirá e aniquilará todos os outros.
* Enquanto este ficará eternamente.
V. A pedra, que os pedreiros rejeitaram,
tornou-se agora a pedra angular;
esta pedra haverá de esmagar
todo aquele sobre quem ela cair.
* Enquanto.

Segunda leitura

Da “Homilia” de um Autor do século segundo
(Cap. 3,1-4,5; 7,1-6: Funk 1,149-153)

(Séc. XI)


Testemunhemos a Deus pelas obras
O Senhor usou para conosco de uma misericórdia tão grande que, primeiramente, nós, seres vivos, não sacrificás- semos a deuses mortos nem os adorássemos, e levando-nos por Cristo ao conhecimento do Pai da verdade. E qual é o conhecimento que nos conduz a ele? Não é acaso não negar aquele por quem o conhecemos? Ele mesmo declarou: Ao que der testemunho de mim, eu darei testemunho dele diante do Pai (cf. Lc 12,8). É este o nosso prêmio: testemunhar aquele por quem fomos salvos. Como o testemunharemos? Fazendo o que diz, sem desprezar seus mandamentos, honrando-o não com os lábios só, mas de todo o coração e inteligência. Pois Isaías disse: Este povo me honra com os lábios, seu coração, porém, está longe de mim (Is 29,13).
Portanto, não nos contentemos em chamá-lo de Senhor; isto não nos salvará. São suas as palavras: Não é quem me diz Senhor, Senhor, que se salvará, mas quem pratica a justiça ( Mt 7,21). Por isso, irmãos, demos testemunho pelas obras: amemo-nos mutuamente, não cometamos adultério, não nos difamemos uns aos outros nem nos invejemos, mas vivamos na continência, na misericórdia, na bondade. E sejamos movidos pela mútua compaixão, não pela cobiça. Confessemo-lo por essas obras, não pelas contrárias. Não temos de temer os homens, mas a Deus. Porque o Senhor disse aos que assim procediam: Se estiverdes comigo, reunidos em meu seio, e não cumprirdes meus mandamentos, eu vos repelirei e direi: Afastai-vos de mim, não sei donde sois, operários da iniquidade (cf. Mt 7,23; Lc 13,27).
Por conseguinte, irmãos meus, lutemos, sabendo que o combate está em nossas mãos. Muitos se entregam a lutas corruptíveis, mas somente são coroados aqueles que mais tiverem lutado e combatido gloriosamente. Lutemos, pois, também nós, para sermos todos coroados. Para isto, corramos pelo caminho reto, pelo combate incorruptível. Naveguemos em grande número para ele e pelejemos, a fim de obter a coroa. Se não pudermos todos ser coroados, que ao menos dela nos aproximemos. Convém-nos saber que se alguém se entrega a um combate corruptível, mas é surpreendido como corruptor, é flagelado, afastado e expulso do estádio.
Que vos parece? Que deverá padecer quem corrompe o combate da incorrupção? Sobre aqueles que não guardam o caráter, se diz: Seu verme não morre, seu fogo não se extingue e serão dados em espetáculo a toda carne (Is 66,24).

Responsório 1Ts 1,9b-10; 1Jo 2,28
R. Vós, irmãos, vos convertestes ao Senhor,
para servirdes ao Deus vivo e verdadeiro,
esperando o seu Filho vir dos céus,
a quem Deus ressuscitou dentre os mortos.
* Ele nos livra da ira que virá.
V. E agora, meus filhinhos, ficai nele,
a fim de que quando ele aparecer,
possamos encontrá-lo confiantes,
sem ficar envergonhados em sua vinda.
* Ele nos.

Oração

Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, criador de todas as coisas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.