Do Livro do Profeta Jeremias
37,21; 38,14-28
Jeremias, no cárcere, exorta o rei Sedecias à paz
37,21
Então o rei Sedecias ordenou que custodiassem Jeremias no pátio da guarda e, cada dia, lhe dessem uma broa
de pão, vinda da rua dos padeiros, até que não houvesse
mais pão na cidade. E Jeremias permaneceu no pátio da
guarda.
38,14
O rei Sedecias mandou buscar o profeta Jeremias na
terceira entrada do Templo do Senhor. O rei disse a Jeremias:
“Quero fazer-te uma pergunta. Não me ocultes nada!”
15Jeremias respondeu a Sedecias: “Se eu te respondo, não
me farás morrer? E se eu te aconselho, não me escutarás!”
16Então o rei Sedecias fez, em segredo, um juramento a
Jeremias: “Pelo Deus vivo, que nos deu esta vida, não te
farei morrer nem te entregarei nas mãos dos que te querem
matar”. 17Então disse Jeremias a Sedecias: “Assim disse
o Senhor, o Deus dos Exércitos, o Deus de Israel. Se,
realmente, te entregares aos oficiais do rei da Babilônia,
salvarás a tua vida e esta cidade não será incendiada; tu e
tua família sobrevivereis. 18Mas se não te entregares aos
príncipes do rei da Babilônia, esta cidade será entregue
às mãos dos caldeus, que a incendiarão: quanto a ti, não
escaparás de suas mãos”. 19Então o rei Sedecias disse a
Jeremias: “Tenho medo dos judeus que passaram para o
lado dos caldeus. Poderiam entregar-me entre as mãos
deles e eles me maltratariam”. 20Jeremias respondeu: “Não
te entregarão! Escuta a voz do Senhor, conforme eu te falei,
e então estarás bem e salvarás a tua vida. 21Se, no entanto,
te recusas a sair, vê o que o Senhor me mostrou. 22Eis que
todas as mulheres que ainda estão no palácio do rei de Judá
serão levadas aos príncipes do rei da Babilônia e dirão:
Eles te seduziram, enganaram-te os teus bons amigos.
Teus pés chafurdam no lodaçal, e eles partiram!
23Sim, todas as tuas mulheres e teus filhos serão levados
aos caldeus. E tu não escaparás às suas mãos, mas serás
prisioneiro nas mãos do rei da Babilônia. Quanto a esta
cidade, será incendiada”.
24Sedecias disse a Jeremias: “Que ninguém venha a
conhecer estas palavras, e não morrerás. 25Se os príncipes
souberem do meu encontro contigo, virão e dir-te-ão:
‘Faze-nos saber o que disseste ao rei e o que te disse o rei;
não nos escondas nada, e não te faremos morrer’. 26Tu lhes
responderás: ‘Eu fiz ao rei este pedido: que não me envie
outra vez à casa de Jônatas, para ali morrer’.”
27E
vieram todos os príncipes a Jeremias para interrogá-lo. Ele lhes
respondeu conforme o rei ordenara. Então o deixaram em paz, pois a
conversa não fora ouvida. 28Jeremias
permaneceu no pátio da guarda até a tomada de Jerusalém.
Ele estava ali quando Jerusalém foi tomada.
Responsório 2Cor 6,4-5; Jt 8,23 vulg.
R. Mas em todas as coisas
nos apresentamos como ministros
de Deus,
por uma grande constância nas tribulações,
* Nas misérias, nas angústias,
nas perseguições, nas prisões.
V. Todos os que agradaram a Deus permaneceram fiéis.
* Nas misérias.
Das “Meditações” de Santo Anselmo, bispo
(N.3,88-90)
Não temas, eu te resgatei, dei a minha vida por ti
Dado que na cruz se cumpriu a salvação, é com a cruz
que Cristo nos redimiu. Eis, ó alma cristã, esta é a causa
da sua liberdade, este é o preço da tua redenção. Tu eras
prisioneira, mas desta forma foste redimida. Tu eras escrava
e assim foste libertada; assim, exilada, foste reconduzida
à pátria, perdida, foste restituída à antiga condição, morta
foste ressuscitada.
Oh! Homem, isto coma o teu coração, isto rumine, isto
sugue, isto engula, quando a tua boca receber a carne e o
sangue do teu Redentor. Seja este, aqui na terra, o teu pão
quotidiano, o teu sustento, o teu viático, porque por isto, e
somente por isto, tu permanecerás em Cristo e Cristo em
ti, e, na vida futura a tua alegria será plena.
Mas, ó Senhor, tu que tomaste sobre ti a morte para que
eu vivesse, como poderei gozar da minha liberdade, se ela
chega até mim por causa das tuas cadeias? Como me alegrarei pela minha salvação, se ela é nada mais que fruto das tuas
dores? Como gozarei a minha vida que provém somente da
tua morte? Gozarei daquilo que tu padeceste e da crueldade
daqueles que te afligiram, dado que se eles não o tivessem
feito, tu não terias padecido, e se tu não tivesses padecido, eu
não teria estes bens? Oh! Se me entristeço com aquelas coisas, de que modo gozarei destas pelas quais elas existiram, e
que não existiriam se aquelas não existissem? É certo, sem
dúvida, que a malvadeza deles não teria podido fazer nada,
se tu, por tua espontânea vontade, não o tivesse permitido;
e tu padeceste somente porque paternalmente o quiseste.
Portanto, daqueles devo deplorar a crueldade; imitar a tua
morte e os teus sofrimentos, sofrendo junto contigo; amar
a tua vontade cheia de amor rendendo-te graças: e, assim,
poderei com serenidade interior exultar pelos benefícios que
me foram concedidos. Por isso, oh! pobre homem, deixa a
crueldade daqueles ao juízo de Deus e leva em consideração
o que tu deves ao teu Salvador. Considera tudo o que por
ti foi feito e julga de qual amor é digno aquele que fez isso
por ti. Tem sempre diante dos olhos a tua necessidade e a
bondade dele, e leva em conta qual o agradecimento que tu
deves render-lhe e o quanto tu deves ao seu amor. Oh! bom
Senhor Cristo Jesus, como o sol tu me iluminaste, eu que não
te procurava e nem pensava em ti, e me mostraste como eu
era. Livraste-me do chumbo que me puxava para baixo; tu
retiraste o peso que me oprimia do alto; tu expulsaste quem
me afligia com a tentação, expondo-te a ti mesmo no meu
lugar em minha defesa.
Tu me chamaste com um nome novo tirado do teu nome
e, encurvado como eu estava, me elevaste até a tua visão,
dizendo: “Não temas, eu te resgatei.” (Is 43,1), dei a minha
vida por ti. Se estiveres unido a mim, fugirás dos males nos
quais te encontravas e não te precipitarás no abismo para o
qual corrias; mas eu te conduzirei para o meu reino e te farei
herdeiro de Deus e meu coerdeiro. Desde aquele momento
colocaste-me sob a tua proteção, a fim de que nada fosse
nocivo à minha alma contra a tua vontade. E eis que, mesmo
não tendo ainda aderido a ti como me havias pedido, ainda
assim não permitiste que eu caísse no inferno; mas esperas
sempre a minha adesão para que tu possas dar-me tudo o
quanto prometeste.
Responsório Is 53,12; Lc 3,34
R. Ele entregou-se a si mesmo à morte
e foi contado entre
os ímpios.
* Enquanto Ele carregava o pecado de muitos
e intercedia
pelos pecadores.
V. Jesus dizia:
Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que
fazem.
* Enquanto Ele.