Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu
auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Esta introdução se omite
quando o Invitatório precede imediatamente ao
Ofício das Leituras.
V. Quem medita a Lei de Deus
R.
Dará frutos
a seu tempo.
Primeira leitura
Da Carta aos Hebreus 6,9-20
A fidelidade de Deus, garantia de nossa esperança
9Quanto a vós, caríssimos, estamos persuadidos de que vos achais numa situação melhor e mais favorável à salvação, ainda que falemos daquele modo. 10Deus não é injusto, para esquecer aquilo que estais fazendo e a caridade que demonstrastes em seu nome, servindo e continuando a servir os santos. 11Mas desejamos que cada um de vós mostre até ao fim este mesmo empenho pela plena realização da esperança, 12para não serdes lentos à compreensão, mas imitadores daqueles que, pela fé e a perseverança, se tornam herdeiros das promessas.
13Pois quando
Deus fez a promessa a Abraão, não havendo alguém maior por quem jurar,
jurou por si mesmo, 14dizendo:
“Eu
te cumularei de bênçãos e te multiplicarei em grande número”. 15E assim, Abraão
foi perseverante e alcançou a promessa. 16Os
homens
juram, de fato, por alguém mais importante, e a garantia do
juramento põe fim a qualquer contestação. 17Por isso, querendo Deus
mostrar, com mais firmeza, aos herdeiros da promessa, o caráter
irrevogável da sua decisão, interveio com um juramento. 18Assim, por meio de dois atos
irrevogáveis, nos quais não pode haver mentira por parte de Deus,
encontramos profunda consolação, nós que tudo deixamos para
conseguir a esperança proposta. 19A
esperança,
com efeito, é para nós qual âncora da vida, segura e
firme, penetrando para além da cortina do santuário, 20aonde Jesus entrou por nós,
como precursor, feito sumo sacerdote eterno na ordem de Melquisedec.
Responsório
Cf. Hb 6,19.20; 7,24.25
R. O Cordeiro
imaculado penetrou no santuário
como nosso
precursor feito sumo sacerdote
para toda a
eternidade numa ordem semelhante
à do rei
Melquisedec;
* Ele vive para
sempre, intercedendo por nós todos.
V. Ele possui um
sacerdócio que perdura para sempre;
e por isso ele
é capaz de salvar integralmente
aqueles, que
por ele, se aproximam de Deus Pai.
* Ele vive.
Segunda leitura
Dos Comentários sobre os Salmos, de Santo Agostinho, bispo
(Sl 85,1: CCL39,1176-1177)
(Séc.V)
Jesus Cristo ora por nós, ora em nós, e recebe a nossa oração
Deus não poderia conceder dom maior aos homens do que dar-lhes como Cabeça a sua Palavra, pela qual criou todas as coisas, e a ela uni-los como membros, para que o Filho de Deus fosse também filho do homem, um só Deus com o Pai, um só homem com os homens. Por conseguinte, quando dirigimos a Deus nossas súplicas, não separemos dele o Filho; e, quando o Corpo do Filho orar, não separe de si sua Cabeça. Deste modo, o único salvador de seu corpo, nosso Senhor Jesus Cristo, é o mesmo que ora por nós, ora em nós e recebe a nossa oração.
Ele ora por nós como nosso sacerdote; ora em nós como nossa cabeça e recebe a nossa oração como nosso Deus.
Reconheçamos nele a nossa voz, e em nós a sua voz. E quando se disser sobre o Senhor Jesus, sobretudo nos profetas, algo referente àquela humilhação aparentemente indigna de Deus, não hesitemos em lhe atribuir, já que ele não hesitou em fazer-se um de nós. É a ele que toda a criação serve, porque todo o universo é obra de suas mãos.
Por isso, contemplamos sua divindade e majestade, quando ouvimos: No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. No princípio estava ela com Deus. Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez (Jo 1,1-3). Mas se nesta passagem contemplamos a divindade do Filho de Deus que supera as mais excelsas criaturas, ouvimos também em outras passagens da Escritura o mesmo Filho de Deus que geme, ora e louva.
Hesitamos então em atribuir-lhe tais palavras, porque nosso pensamento reluta em passar da contemplação de sua divindade à sua humilhação, como se fosse uma injúria reconhecer como homem aquele a quem orávamos como a Deus; por isso, o nosso pensamento fica muitas vezes perplexo, e esforça-se por alterar o sentido das palavras. Porém, não encontramos na Escritura recurso algum para aplicar tais palavras senão ao Filho de Deus, sem jamais separá-las dele.
Despertemos, pois, e estejamos vigilantes na fé. Consideremos aquele que assumiu a condição de servo, a quem há pouco contemplávamos na condição de Deus; tornando-se semelhante aos homens e sendo visto como homem, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte (cf. Fl 2,7-8). E quis tornar suas as palavras do salmo, ao dizer, pregado na cruz: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Sl 21,1).
Ele ora na sua condição de servo, e recebe a nossa oração na sua condição de Deus; ali é criatura, aqui o Criador; sem sofrer mudança, assumiu a condição mutável da criatura, fazendo de nós, juntamente com ele, um só homem, cabeça e corpo. Nossa oração, pois, se dirige a ele, por ele e nele; oramos juntamente com ele e ele ora juntamente conosco.
Responsório Jo 16,24.23
R. Até agora não
pedistes coisa alguma em meu nome;
* Pedi e
recebereis e tereis plena alegria.
V. O que pedirdes
a meu Pai, em meu nome, ele dará.
* Pedi.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.