QUINTA-FEIRA
Ofício das Leituras
Primeira leitura
Do Livro do Profeta Miquéias 4,14–5,7
O Messias será a paz
Eis o que diz o Senhor:4,14 "Agora, mostra a chaga, ó
cidade ferida! Fizeram o cerco contra nós; batem com vara no rosto do
juiz de Israel.15,1 Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os
mil povoados de Judá, de ti há de sair aquele que dominará em Israel;
sua origem vem de tempos remotos, desde os dias da eternidade.2
Deus deixará seu povo ao abandono, até ao tempo em que uma mãe der à
luz; e o resto de seus irmãos se voltará para os filhos de Israel.3
Ele não recuará, apascentará com a força do Senhor e com a majestade do
nome do Senhor seu Deus; os homens viverão em paz, pois ele agora
estenderá o poder até aos confins da terra,4 e ele mesmo
será a paz. Quando os assírios atacarem a nossa terra e invadirem as
nossas casas, faremos frente a eles com sete pastores e oito chefes
militares.5 Estes governarão a terra assíria com a espada e
a terra de Nemrod com lanças; a nossa terra será libertada dos
assírios, quando vierem atacar e invadir nosso território.6
Os remanescentes de Jacó serão, no meio de inúmeros povos, como orvalho
do Senhor, como chuva sobre a relva, que nada espera do homem nem
depende de seus cuidados.7 O resto de Jacó entre as nações e
no meio de numerosos povos terá a valentia do leão entre animais
selvagens, ou do filhote do leão no meio das ovelhas: por onde ele
passar, esmagar e atacar, não há quem possa socorrer".
Responsório Cf. Mq 5,1.3.4; Zc 9,10bc
R. Ó cidade de Belém, do
grande Deus és a cidade!
Pois de ti virá o Guia do meu povo Israel.
Sua origem vem dos dias mais antigos do princípio,
do passado mais longínquo.
* Será grande em toda a terra, será ele a nossa
paz.
V. A paz proclamará a todas
as nações,
seu poder se estenderá de um mar a outro mar.
* Será grande.
Segunda leitura
Do Tratado sobre a verdadeira imagem do cristão, de São
Gregório de Nissa, bispo
(PG 46, 259-262)
(Séc. IV)
Temos Cristo, nossa paz e nossa luz
É ele nossa paz, ele que de duas coisas fez uma só (Ef
2,14). Ao refletirmos que Cristo é a paz, mostraremos qual o
verdadeiro nome do cristão, se pela paz que está em nós expressarmos
Cristo por nossa vida. Ele destruiu a inimizade (cf. Ef 2,16),
como diz o Apóstolo. Não consintamos de modo algum que ela reviva em
nós, mas declaremo-la totalmente morta. Não aconteça que,
maravilhosamente destruída por Deus para nossa salvação, venhamos, para
ruína de nossa alma, cheios de cólera e de lembranças das injúrias, a
reerguê-la, quando jazia tão bem morta, chamando-a perversamente de
novo à vida.
Tendo nós, porém, a Cristo que é a paz, matemos igualmente a
inimizade, para que testemunhemos por nossa vida aquilo que cremos
existir nele. Se, derrubando a parede intermédia, dos dois criou em si
mesmo um só homem, fazendo a paz, assim também nós, reconciliemo-nos
não apenas com aqueles que nos combatem do exterior, mas ainda com os
que incitam sedições dentro de nós mesmos. Que a carne não mais tenha
desejos contrários ao espírito, nem o espírito contra a carne. Mas
submetida a prudência da carne à lei divina, reedificados como um homem
novo e pacífico, de dois feitos um só, tenhamos a paz em nós.
Na paz se define a concórdia dos adversários. Por isto,
terminada a guerra intestina de nossa natureza, cultivando a paz,
tornamo-nos paz e manifestamos em nós este verdadeiro e próprio nome de
Cristo.
Cristo é ainda a luz verdadeira, totalmente estranha à mentira;
sabemos então que também nossa vida tem de ser iluminada pelos raios da
verdadeira luz. Os raios do sol da justiça são as virtudes que dele
emanam para iluminar-nos, para que rejeitemos as obras das trevas e
caminhemos nobremente como em pleno dia (cf. Rm 13,13). Pelo
repúdio de toda ação vergonhosa e escusa, agindo sempre na claridade,
tornamo-nos nós também luz e, o que é próprio da luz, resplandeceremos
para os outros pelas obras.
Considerando Cristo como santificação, se nos abstivermos de
tudo quanto é mau e impuro, seja nas ações, seja nos pensamentos,
apareceremos como verdadeiros participantes deste seu nome, uma vez
que, não por palavras, mas pelos atos de nossa vida, manifestamos o
poder da santificação.
Responsório Cf. Lc 1,78.79
R. Sobre nós fará brilhar
o Sol nascente,
* Para dirigir nossos passos,
guiando-os no caminho da paz,
V. Para iluminar os que jazem
entre as trevas
e na sombra da morte estão sentados.
* Para dirigir.
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai,
dai-nos cada vez mais um coração de filhos, para alcançarmos um dia a
herança prometida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na
unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.