SEGUNDA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro da Sabedoria 1,16–2,1a.10-24

As maquinações dos ímpios contra o justo
1,16
Os ímpios chamam a morte com gestos e palavras;
considerando-a amiga, desejam-na com paixão,
fazem aliança com ela:
merecem ser do seu partido.
2,1 Dizem entre si, em seus falsos raciocínios:
10
"Oprimamos o justo pobre,
e não poupemos as viúvas
nem respeitemos os cabelos brancos do ancião.
11
Que a nossa força seja o critério da justiça,
pois a fraqueza se apresenta, com certeza, inútil.
12
Armemos ciladas ao justo,
porque sua presença nos incomoda:
ele se opõe ao nosso modo de agir,
repreende em nós as transgressões da lei
e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina.
13
Ele declara possuir o conhecimento de Deus
e chama-se 'Filho de Deus'.
14
Tornou-se uma censura aos nossos pensamentos
e só o vê-lo nos é insuportável;
15
sua vida é muito diferente da dos outros,
e seus caminhos são imutáveis.
16
Somos comparados por ele à moeda falsa
e foge de nossos caminhos como de impurezas;
proclama feliz a sorte final dos justos
e gloria-se de ter a Deus por pai.
17
Vejamos, pois, se é verdade o que ele diz,
e comprovemos o que vai acontecer com ele.
18
Se, de fato, o justo é 'filho de Deus', Deus o defenderá
e o livrará das mãos dos seus inimigos.
19
Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas,
para ver a sua serenidade
e provar a sua paciência;
20
vamos condená-lo à morte vergonhosa,
porque, de acordo com suas palavras,
virá alguém em seu socorro".
21
Tais são os pensamentos dos ímpios, mas enganam-se;
pois a malícia os torna cegos,
22
não conhecem os segredos de Deus,
não esperam recompensa para a santidade
e não dão valor ao prêmio reservado às vidas puras.
23
Deus criou o homem para a imortalidade
e o fez à imagem de sua própria natureza;
24
foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo,
e experimentam-na os que a ele pertencem.

Responsório Sb 2,1a.12a.13b.17a.18; Mt 27,43

R. Disseram os ímpios: Cerquemos o justo,
pois ele é contrário aos nossos projetos;
diz ser filho de Deus.
* Vejamos, portanto, se são verdadeiras as suas palavras;
se ele em verdade for filho de Deus,
este há de livrá-lo dos seus adversários.
V. Em Deus confiou, que venha livrá-lo,
se realmente o ama;
pois ele afirmou: sou Filho de Deus. * Vejamos.

Segunda leitura
Da Carta aos coríntios, de São Clemente I, papa

(Cap. 21,1-22,5; 23,1-2: Funk 1,89-93)
(Séc. I)

Não sejamos desertores da vontade de Deus
Tomai cuidado, diletos, para que os benefícios de Deus, tão numerosos, não se tornem condenação para todos nós, se não vivermos para ele de modo digno e não realizarmos em concórdia o que é bom e aceito diante de sua face. Pois foi dito em algum lugar: O Espírito do Senhor é lâmpada que perscruta as cavernas das entranhas (Pr 20,27 Vulg.).

Consideremos quão próximo está e que nada lhe é oculto de nossos pensamentos e palavras. É, portanto, justo que não sejamos desertores de sua vontade. É preferível ofendermos os homens estultos e insensatos, soberbos e presunçosos na jactância de seu modo de falar, do que a Deus.

Veneremos o Senhor Jesus, cujo sangue foi derramado por nós, respeitemos nossos superiores, honremos os anciãos, eduquemos os jovens na disciplina do temor de Deus, encaminhemos nossas esposas para todo o bem. Manifestem o amável procedimento de castidade, mostrem seu puro e sincero propósito de mansidão, pelo silêncio dêem a conhecer a moderação da língua, tenham igual caridade sem acepção de pessoas para com aqueles que santamente temem a Deus.

Participem vossos filhos da ciência de Cristo. Aprendam que grande valor tem para Deus a humildade, o poder da casta caridade junto de Deus, como é bom e imenso seu temor, protegendo a todos que nele se demoram na santidade de um coração puro. Porque ele é o perscrutador dos pensamentos e resoluções da mente. Seu Espírito está em nós, e, quando quer, retira-o.

A fé em Cristo tudo confirma. Ele, pelo Espírito Santo, nos incita: Vinde, filhos, ouvi-me; ensinar-vos-ei o temor do Senhor. Qual é o homem que quer a vida e deseja ver dias bons? Afasta tua língua do mal e não profiram teus lábios a mentira. Desvia-te do mal e faze o bem. Busca a paz e persegue-a (Sl 33,12-15).

Misericordioso em tudo, o Pai benigno tem amor pelos que o temem, concede com bondade e doçura suas graças àqueles que se lhe aproximam com simplicidade. Por isso não sejamos fingidos nem insensíveis a seus dons gloriosos.

Responsório Cf. Tb 4,19a; 14,8b

R. Bendize em todo o tempo ao Senhor Deus
e pede que oriente teus caminhos,
* E teus planos permaneçam sempre nele.
V. Empenha-te em fazer o que lhe agrada,
fielmente, e com toda a tua força. * E teus planos.

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.