20o DOMINGO DO TEMPO COMUM

IV Semana do Saltério

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Início do Livro do Eclesiastes 1,1-18

Inanidade de todas as coisas
1Palavras de Coélet, filho de Davi, rei em Jerusalém. 2Vaidade das vaidades - diz Coélet - vaidade das vaidades, tudo é vaidade. 3Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol? 4Uma geração vai, uma geração vem, e a terra sempre permanece. 5O sol se levanta, o sol se deita, apressando-se a voltar ao seu lugar e é lá que ele se levanta. 6O vento sopra em direção ao sul, gira para o norte, e girando e girando vai o vento em suas voltas. 7Todos os rios correm para o mar e, contudo, o mar nunca se enche: embora chegando ao fim do seu percurso, os rios continuam a correr. 8Todas as palavras estão gastas e ninguém pode mais falar. O olho não se sacia de ver, nem o ouvido se farta de ouvir. 9O que foi, será, o que se fez, se tornará a fazer: nada há de novo debaixo do sol! 10Mesmo que alguém afirmasse de algo: “Olha, isto é novo!”, eis que já sucedeu em outros tempos muito antes de nós. 11Ninguém se lembra dos antepassados, e também aqueles que lhes sucedem não serão lembrados por seus pósteros. 12Eu, Coélet, fui rei de Israel em Jerusalém. 13Coloquei todo o coração em investigar e em explorar com a sabedoria tudo o que se faz debaixo do céu. É uma tarefa ingrata que Deus deu aos homens para com ela se atarefarem. 14Examinei todas as obras que se fazem debaixo do sol. Pois bem, tudo é vaidade e correr atrás do vento! 15O que é torto não se pode endireitar; o que está faltando não se pode contar. 16Pensei comigo: aqui estou eu com tanta sabedoria acumulada que ultrapassa a dos meus predecessores em Jerusalém; minha mente alcançou muita sabedoria e conhecimento. 17Coloquei todo o coração em compreender a sabedoria e o conhecimento, a tolice e a loucura, e compreendi que tudo isso é também procura do vento. 18Muita sabedoria, muito desgosto; quanto mais conhecimento, mais sofrimento.

Responsório Ecl 5,14; 1,14; 1Tm 6,7
R. O homem, como saiu do ventre materno,
assim voltará, nu como veio, e nada levará consigo:
* Tudo é vaidade e correr atrás do vento.
V. Nós nada trouxemos, ao vir a este mundo,
e nada podemos levar ao deixá-lo.
* Tudo é vaidade.

Segunda leitura

Dos “Capítulos sobre a Caridade”, de São Máximo Confessor, abade
(Centuria 1, cap. 1,4-5.16-17.23-24.26-28.30-40: PG 90,
962-967)
(Séc. VIII)

Sem a caridade, tudo é vaidade das vaidades
A caridade é a boa disposição do espírito, que nada coloca acima do divino conhecimento. Ninguém poderá jamais alcançar uma caridade permanente de Deus, se estiver preso pelo espírito a qualquer coisa terrena.
Quem ama a Deus antepõe o conhecimento e a ciência dele a toda sua criatura. Nele pensa incessantemente com íntimo desejo e amor. Se todas as coisas que existem têm Deus por criador e por ele foram feitas, então Deus, que assim as criou, como não será incomparavelmente de maior valor? Quem abandona a Deus, o bem insuperável e se entrega ao que é pior, dá provas de considerar Deus abaixo da criação. Quem me ama, diz o Senhor, guardará meus mandamentos. É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros. Portanto, quem não ama o próximo, não guarda o mandamento. Quem não guarda o mandamento, também não pode amar o Senhor.
Feliz o homem que é capaz de amar igualmente todos os homens.
Quem ama a Deus, ama também sem exceção o próximo. Sendo assim, não consegue guardar seu dinheiro, mas gasta-o divinamente, dando a quem quer que dele precise. Quem, à imitação de Deus, dá esmolas, não faz diferença nas necessidades corporais entre bons e maus, porém a todos igualmente distribui em vista da indigência real. Contudo, em atenção à boa vontade, prefere o virtuoso e diligente ao mau.
A caridade não se revela apenas nas esmolas em dinheiro. Muito mais em partilhar a doutrina e em prestar serviços corporais.
Quem, verdadeiramente, de coração, rejeita as coisas mundanas e, sem fingimento, se entrega aos serviços de caridade para com o próximo, este, bem depressa liberto dos vícios e paixões, torna-se participante do amor e da ciência de Deus.
Quem encontrou em si a caridade divina, sem cansaço, sem fadiga, segue o Senhor, seu Deus, conforme o admirável Jeremias, mas com fortaleza de ânimo suporta todo labor, opróbrio e injúria, sem nada pensar de mal.
Não digais, diz o profeta Jeremias, somos o templo do Senhor. Tu também não digas: “A fé nua, sem mais, em nosso Senhor Jesus Cristo, pode conceder-me a salvação”. Isto não pode ser, se não lhe unires também o amor por ele mediante as obras. Quanto à simples fé: Os demônios também creem e tremem.
Obra de caridade é prestar de boa vontade benefícios ao próximo, como também a longanimidade e a paciência; e ainda, usar das coisas com discernimento.

Responsório Jo 13,34; 1Jo 2,10a.3
R. Eu vos dou novo preceito:
Que uns aos outros vos ameis como eu vos tenho amado.
* Quem ama a seu irmão permanece na luz.
V. Meus irmãos, nisto sabemos que a Cristo conhecemos:
Se guardamos seus preceitos.
* Quem ama.

Hino

Te Deum
em latim

(A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)

A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,

e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

(A parte que se segue pode ser omitida, se for oportuno).

Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!

Oração

Ó Deus, preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.