7a SEMANA DO TEMPO COMUM
III Semana do Saltério
SEXTA-FEIRA
Ofício das Leituras
Primeira leitura
Do Livro do Eclesiastes 8,5–9,10
A consolação do sábio
8,5Quem observa o mandamento nenhum mal sofrerá; o
coração do sábio conhece o tempo e o julgamento. 6Pois,
para todas as coisas, há um tempo e um julgamento. A infelicidade do
homem é grande 7porque ele não sabe o que vai acontecer:
quem pode anunciar-lhe como há de ser? 8O homem não tem
poder sobre o vento, nem para reter o vento; ninguém tem poder sobre o
dia da morte, e nessa guerra não há trégua; nem a impiedade salvará
quem a pratica. 9Vi essas coisas todas, ao aplicar a minha
atenção a tudo o que se faz debaixo do sol, enquanto um homem domina
outro para arruiná-lo. 10Vi também os ímpios serem levados
à sepultura; retirados do lugar santo, caíram no esquecimento, na
cidade, por assim terem agido. Isso também é vaidade. 11Uma
vez que não se executa logo a sentença contra as obras más, o coração
dos filhos dos homens está sempre voltado para praticar o mal. 12Um
pecador prolonga a sua vida, mesmo que cometa cem vezes o mal; mas eu
sei também que acontece o bem aos que temem a Deus, porque têm o temor
diante de si. 13Não acontece o bem ao ímpio e, como a
sombra, não irá prolongar seus dias, porque não tem o temor de Deus. 14Há
outra vaidade que se faz sobre a terra: há justos que são tratados
conforme a conduta dos ímpios e há ímpios que são tratados conforme a
conduta dos justos. Mas eu julgo isso vão. 15E eu exalto a
alegria, pois não existe nada de bom para o homem debaixo do sol, a não
ser o comer, o beber e o alegrar-se; é isso que o acompanha no seu
trabalho nos dias da vida que Deus lhe dá debaixo do sol. 16Após
aplicar meu coração a conhecer a sabedoria e a observar a tarefa que se
realiza sobre a terra, pois os olhos do homem não vêem repouso nem de
dia nem de noite, 17observei toda a obra de Deus e vi que o
homem não é capaz de descobrir toda a obra que se realiza debaixo do
sol; por mais que o homem trabalhe pesquisando, ele não a descobrirá; e
mesmo que um sábio diga que conhece, nem por isso é capaz de a
descobrir.9,1Em tudo isso eu refleti com atenção e
curiosamente entendi que os justos e os sábios, com suas obras, estão
nas mãos de Deus. O homem não conhece o amor nem o ódio; ambos estão
diante dele.2Assim, todos têm um só destino,tanto o justo
como o ímpio,o bom como o mau,o puro como o impuro,o que sacrifica como
o que não sacrifica.O justo como o pecador,o que jura como o que evita
o juramento.3Este é o mal que existe em tudo o que se faz
debaixo do sol: que o mesmo destino toca a todos. O coração dos filhos
dos homens está cheio de maldade e de tolice enquanto vivem; e depois,
o seu fim é junto aos mortos. 4Ainda há esperança para quem
está ligado aos vivos, pois um cão vivo vale mais do que um leão morto.
5Os vivos sabem ao menos que irão morrer; os mortos, porém,
não sabem, e nem terão recompensa, porque a sua memória cairá no
esquecimento. 6Seu amor, ódio e inveja terminaram, e eles
nunca mais participarão no que se faz debaixo do sol.7Vai,
come teu pão com alegria e bebe gostosamente o teu vinho, porque Deus já
aceitou as tuas obras. 8Que tuas vestes sejam brancas em todo
o tempo e nunca falte óleo perfumado sobre a tua cabeça. 9Goza
da vida em companhia da mulher que amas em todos os dias da vida
passageira; porque esta é a tua porção na vida e no trabalho que
suportas debaixo do sol. 10Tudo o que te vem à mão para
fazer, faze-o com empenho, pois na mansão dos mortos, para onde vais,
não existe obra, nem reflexão, nem sabedoria e nem ciência.
Responsório 1Cor 2,9-10; Ecl 8,17a
R. Os olhos não viram,
os ouvidos não ouviram
e nem suspeitou a mente humana,
o que Deus preparou para aqueles que o amam.
* Deus, porém, revelou-nos
pelo Espírito Santo, que tudo perscruta,
também os mistérios profundos de Deus.
V. Ninguém pode entender toda a obra de Deus.
* Deus.
Segunda leitura
Do Comentário sobre o Eclesiastes, de São Gregório de Agrigento, bispo
(Lib. 8,6: PG 98,1071-1074)
(Séc. VI)
Exulte minha alma no SenhorVem, come com alegria teu pão e bebe com coração feliz o teu
vinho, porque tuas obras já agradaram a Deus. A explicação mais simples e óbvia desta frase parece-me ser uma
justa exortação que nos dirige o Eclesiastes: abraçando um tipo de vida
simples e apegados à instrução de uma fé sincera para com Deus, comamos
o pão com alegria e bebamos o vinho de coração feliz; sem resvalar para
as palavras maldosas, nem nos comportar com duplicidade. Pelo
contrário, pensemos sempre o que é reto, e, quanto nos seja possível,
auxiliemos com misericórdia e liberalidade os necessitados e mendigos,
isto é, atentos aos desejos e ações com que o próprio Deus se deleita.
No entanto, o sentido místico nos leva a mais altos pensamentos
e ensina-nos a ver aqui o pão celeste e sacramental que desceu do céu e
trouxe a vida ao mundo. Ensina-nos também, com o coração feliz, a beber
o vinho espiritual, aquele vinho que jorrou do lado da verdadeira vide,
no momento da paixão salvífica. Destes fala o Evangelho de nossa
salvação: Tendo Jesus tomado o pão, abençoou-o e disse a seus
santos discípulos e apóstolos: Tomai e comei: isto é meu corpo que
por vós é repartido para a remissão dos pecados; o mesmo fez com o
cálice e disse: Bebei todos dele; este é o meu sangue da nova
Aliança, que por vós e por muitos é derramado em remissão dos pecados.
Aqueles que comem deste pão e bebem o vinho sacramental, na verdade
enchem-se de alegria, exultam e podem exclamar: Deste alegria a
nossos corações.
Ainda mais – julgo eu – este pão e este vinho designam, no
livro dos Provérbios, a sabedoria de Deus, subsistente por si mesma,
Cristo, o nosso salvador, quando diz: Vinde, comei do meu pão e
bebei do vinho que preparei para vós; indicando assim a mística
participação do Verbo. Aqueles que são dignos desta participação,
trazem em todo o tempo vestes ou obras não menos luminosas do que a
luz, realizando o que o Senhor diz no Evangelho: Que vossa luz
brilhe diante dos homens, para que vejam vossas obras boas e
glorifiquem vosso Pai que está nos céus. Igualmente se percebe que
em suas cabeças corre sempre o óleo, isto é, o Espírito da verdade que
os protege e defende contra todo dano do pecado.
Responsório Sl 15(16),8b-9a.5aR. Tenho sempre o Senhor
ante meus olhos,
pois se o tenho a meu lado não vacilo.
* Eis porque meu coração está em festa
e minha alma rejubila de alegria.
V. Ó Senhor, sois minha herança
e minha taça.
* Eis porque.
Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre
o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por
nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.