17o DOMINGO DO TEMPO COMUM

I Semana do Saltério

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro de Jó 28,1-28

A sabedoria está perto de Deus

Jó disse: 1A prata tem as minas, o ouro, um lugar onde é depurado. 2O ferro extrai-se da terra, ao fundir-se a pedra, sai o bronze. 3Impõe-se um limite às trevas, sonda-se até o extremo limite a pedra escura e sombria. 4Estrangeiros perfuram as grutas em lugares não frequentados, e suspensos balançam longe dos homens. 5A terra, que produz o pão, por baixo é devorada pelo fogo. 6Suas pedras são jazidas de safiras, seus torrões encerram pepitas de ouro. 7Tais veredas não as conhece o abutre, nem as divisa o olho do falcão; 8não as percorrem as feras altaneiras, nem as atravessa o leão. 9O homem lança mão da pederneira, desarraiga as montanhas pela raiz. 10Na rocha abre galerias, o olhar atento a tudo o que é precioso. 11Explora as nascentes dos rios e traz à luz o que está oculto. 12Mas a Sabedoria, de onde provém ela? Onde está o lugar da Inteligência? 13O homem não lhe conhece o caminho, nem se encontra na terra dos mortais. 14Diz o Abismo: “Não está em mim.” Responde o Mar: “Não está comigo.” 15Não se compra com o ouro mais fino, nem se troca a peso de prata, 16não se paga com ouro de Ofir, com ônix precioso ou safiras. 17Não a igualam o ouro, nem o vidro, não se paga com vasos de ouro fino. 18Quanto ao coral e ao cristal, nem falar! Seria melhor pescar a Sabedoria do que as pérolas. 19Não se iguala ao topázio de Cuch, nem se compra com o ouro mais puro. 20Donde vem, pois, a Sabedoria? Onde está o lugar da Inteligência? 21Está oculta aos olhos dos mortais e até às aves do céu está escondida. 22A Perdição e a Morte confessam: “O rumor de sua fama chegou até nós.” 23Só Deus conhece o caminho para ela, só ele sabe o seu lugar. 24 (Pois contempla os limites do orbe e vê quanto há debaixo do céu.) 25Quando assinalou seu peso ao vento e regulou a medida das águas, 26quando impôs uma lei à chuva e uma rota para o relâmpago e o trovão, 27ele a viu e avaliou, penetrou-a e examinou-a. 28E disse ao homem: “O temor do Senhor, eis a Sabedoria; fugir do mal, eis a Inteligência.”

Responsório 1Cor 2,7; 1,30
R. Pregamos a sabedoria de Deus,
misteriosa e secreta,
*
Predestinada por Deus antes de existir o tempo,
para a nossa glória.
V.
É por sua graça que estais em Jesus Cristo,
que, da parte de Deus, se tornou para nós sabedoria.
*
Predestinada.

Segunda leitura
Dos “Livros das Confissões”, de Santo Agostinho, bispo
(Lib. 1,1.1-2.2; 5,5: CCL 27,1-3)
(Séc. V)


Inquieto está o nosso coração

enquanto não repousa em ti
Grande és tu, Senhor, e sumamente louvável: grande é a tua força, e a tua sabedoria não tem limites! Ora, o homem, esta parcela da criação, quer te louvar, este mesmo homem carregado com sua condição mortal, carregado com o testemunho de seu pecado e com o testemunho de que resistes aos soberbos. Ainda assim, quer louvar-te o homem, esta parcela de tua criação! Tu próprio o incitas para que sinta prazer em louvar-te. Fizeste-nos para ti e inquieto está nosso coração enquanto não repousa em ti.
Dá-me, Senhor, saber e compreender o que vem primeiro: o invocar-te ou o louvar-te? Começar por conhecer-te ou por invocar-te? Mas quem te invocará sem te conhecer? Por ignorância, poderá invocar alguém em lugar de outro. Será que é melhor seres invocado para seres conhecido? Como, porém, invocarão aquele em quem não creem? ou como terão fé sem anunciante?
Louvarão o Senhor aqueles que o procuram.
Quem o procura encontra-o; e tendo-o encontrado, louva-o. Buscar-te-ei, Senhor, invocando-te; e, invocar-te-e crendo em ti. Tu nos foste anunciado; invoca-te, Senhor, a minha fé, aquela que me deste, que me inspiraste pela humanidade de teu Filho, pelo ministério de teu pregador. Invocarei o meu Deus, o meu Deus e Senhor: mas como? Porque ao invocá-lo eu o chamarei para dentro de mim. Que lugar haverá em mim aonde o meu Deus possa vir? Aonde virá Deus em mim, o Deus que fez o céu e a terra? Há, então, Senhor, meu Deus, algo em mim que te possa conter? O céu e a terra, que fizeste e nos quais me fizeste, são eles capazes de te conter? Ou, se sem ti nada existiria de quanto existe, é porque tudo quanto existe te contém?
Portanto eu, que também existo, que tenho de pedir tua vinda em mim, em mim que não existiria se não estivesses em mim? Ainda não estou nas profundezas da terra e, no entanto, ali também estás. Pois, mesmo que desça às profundezas da terra, ali estás. Não existiria, pois, meu Deus, de forma alguma existiria, se não estivesses em mim. Ou melhor, não existiria eu se não existisse em ti, de quem tudo, por quem tudo, em quem todas as coisas existem? É assim, Senhor, é assim mesmo. Para onde te chamo, se já estou em ti? Ou donde virás para mim? Para onde me afastarei, fora do céu e da terra, para que lá venha a mim o meu Deus, que disse: Eu encho o céu e a terra?
Quem me dera descansar em ti! Quem me dera vires a meu coração, inebriá-lo a ponto de esquecer os meus males, e abraçar-te a ti, meu único bem! Que és para mim? Perdoa-me, se falo. Que sou eu a teus olhos, para que me ordenes amar-te e, se não o fizer, te indignares e ameaçares com imensas desventuras? É acaso pequena desventura não te amar?
Ai de mim! Dize-me, por compaixão, Senhor meu Deus, o que és tu para mim. Dize à minha alma: Sou tua salvação. Dize de forma a que ela te escute. Os ouvidos de meu coração estão diante de ti, Senhor. Abre-os e dize à minha alma: Sou tua salvação. Correrei atrás destas palavras e segurar-te-ei. Não escondas de mim tua face. Morra eu, para que não morra, e assim possa contemplá-la!

Responsório Sl 72(73),25-26; 34(35),3b
R. Para mim, o que há no céu fora de vós?
Se estou convosco, nada mais me atrai na terra!
Mesmo que o corpo e o coração vão se gastando,
*
Deus é o apoio e o fundamento da minh’alma,
é minha parte e minha herança para sempre.
V.
Senhor, dizei-me: Sou a tua salvação!
*
Deus é.

Hino
Te Deum
em latim

(A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)

A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,

e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

(A parte que se segue pode ser omitida, se for oportuno).

Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!

Oração

Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.