7a SEMANA DO TEMPO COMUM
III Semana do Saltério
QUINTA-FEIRA
Ofício das Leituras
Primeira leitura
Do Livro do Eclesiastes 6,11–7,28
Não queiras saber mais do que o necessário
6,11Quanto mais palavras, tanto mais vaidade; qual o lucro para o
homem? 12Quem sabe o que convém ao homem durante a sua
vida, nos poucos dias de sua existência efêmera, que passam como
sombra? Quem dirá ao homem o que vai acontecer no mundo depois dele?
7,1Mais vale o bom nome do que o bom perfume; o dia da morte do
que o dia do nascimento. 2Mais vale visitar uma casa em luto
do que ir a uma casa em festa; porque esse é o fim de todo o homem, e
deste modo, quem está vivo refletirá. 3Mais vale a tristeza
do que o riso, pois pode-se ter a face triste e o coração alegre. 4O
coração dos sábios está na casa em luto, o coração dos insensatos está
na casa em festa. 5Mais vale a repreensão do sábio do que o
canto dos insensatos; 6pois assim como os gravetos crepitam
sob o caldeirão, assim é a risada do insensato. E isso também é vaidade.
7A calúnia enlouquece o sábio, e o suborno corrompe o seu coração.
8Mais vale o fim de uma coisa do que o seu começo, mais vale a
paciência do que a arrogância. 9Não fiques irritado
depressa, pois a irritação mora no meio dos insensatos. 10Não
digas: "Por que os tempos passados eram melhores do que os de agora?
Pois não é a sabedoria que te inspira essa pergunta. 11A
sabedoria é boa como uma herança, e é vantajosa para aqueles que vêem o
sol. 12Pois o abrigo da sabedoria é como o abrigo do
dinheiro, e a vantagem do conhecimento é que a sabedoria faz viver os
que a possuem. 13Vê a obra de Deus: quem poderá endireitar
o que ele entortou? 14Em tempo de felicidade, sê feliz, e,
no dia da desgraça, reflete: Deus fez tanto um como o outro, por isso o
homem nada pode descobrir do seu futuro.15Já vi de tudo em
minha vida de vaidade: O justo perecer na sua justiça e o ímpio
sobreviver na sua maldade. 16Não sejas demasiadamente justo e
nem te tornes sábio demais: por que destruir-te?17Não sejas
demasiadamente ímpio e nem te tornes insensato: para que morrer antes do
tempo? 18É bom que agarres um sem soltar o outro, pois quem
teme a Deus encontrará um e outro. 19A sabedoria torna o
sábio mais forte do que dez chefes numa cidade. 20Não
existe um homem tão justo sobre a terra que faça o bem sem jamais
pecar. 21Não dês atenção a todas as palavras que dizem;
assim não ouvirás teu servo amaldiçoar-te. 22Pois tua
consciência sabe que tu também amaldiçoaste os outros muitas vezes.23Coloquei
tudo à prova pela sabedoria; pensei: "Vou tornar-me sábio". 24Mas
a sabedoria está fora de meu alcance. O que aconteceu está longe, muito
profundo! Quem o achará? 25Dediquei-me de todo o coração a
conhecer, a raciocinar e a pesquisar a sabedoria e a reflexão, para
reconhecer a impiedade como algo insensato e o erro como imprudência.
26E descobri que a mulher é mais amarga do que a
morte, pois ela é uma armadilha, seu coração é uma rede e seus abraços,
cadeias. Quem agrada a Deus livra-se dela, mas o pecador a ela se
prende. 27Eis o que encontrei, diz o Eclesiastes, ao
examinar coisa por coisa para chegar a uma conclusão; 28estive
pesquisando e nada concluí: entre mil encontrei apenas um homem, porém,
entre todas as mulheres, não encontrei uma sequer.
Responsório Pr 20,9; Ecl 7,20; 1Jo 1,8.9R. Quem pode entre nós
afirmar:
é puro o meu coração, estou limpo de todo
pecado?
* Não há justo algum nesta terra
que pratique o bem e não peque.
V. Se dissermos que nós
não pecamos,
a nós mesmos, irmãos, enganamos;
Se, porém, confessarmos as culpas,
nosso Deus que é justo e fiel
nos perdoará nossas faltas. * Não há.
Segunda leitura
Das Instruções de São Columbano, abade
(Instr. 1 de Fide, 3-5: Opera, Dublin, 1957, pp. 62-66)
(Séc. VII)
A insondável profundidade de DeusDeus está em todo lugar, imenso e próximo em toda parte,
conforme o testemunho dado por ele mesmo: Eu sou o Deus próximo e
não o Deus de longe. Não busquemos, então, longe de nós a morada de
Deus, que temos dentro de nós, se o merecermos. Habita em nós como a
alma no corpo, se formos seus membros sadios, mortos ao pecado. Então
verdadeiramente mora em nós aquele que disse: E habitarei neles e
entre eles andarei. Se, portanto, formos dignos de tê-lo em nós, em
verdade seremos vivificados por ele, como membros vivos seus: nele,
assim diz o Apóstolo, vivemos, nos movemos e somos.
Quem, pergunto eu, investigará o Altíssimo em sua inefável e
incompreensível essência? Quem sondará as profundezas de Deus? Quem se
gloriará de conhecer o Deus infinito que tudo enche, tudo envolve,
penetra em tudo e ultrapassa tudo, tudo contém e esquiva-se a tudo? Aquele
que ninguém jamais viu como é. Por isto, não haja a presunção de
indagar sobre a impenetrabilidade de Deus, o que foi, como foi, quem
foi. São realidades indizíveis, inescrutáveis, ininvestigáveis;
simplesmente, mas com todo o ardor, crê que Deus é como será, do modo
como foi, porque Deus é imutável.
Quem, pois, é Deus? Pai, Filho e Espírito Santo, um só Deus.
Não perguntes mais sobre Deus; porque os que querem conhecer a imensa
profundidade, têm antes de considerar a natureza. Com razão compara-se
o conhecimento da Trindade à profundeza do mar, conforme diz o Sábio: E
a imensa profundidade, quem a alcançará? Do modo como a profundeza
do mar é invisível ao olhar humano, assim a divindade da Trindade é
percebida como incompreensível pelo entendimento humano. Por
conseguinte, se alguém quiser conhecer aquele em quem deverá crer, não
julgue compreender melhor falando do que crendo; ao ser investigada, a
sabedoria da divindade foge para mais longe do que estava.
Procura, portanto, a máxima ciência não por argumentos e
discursos, mas por uma vida perfeita; não pela língua, mas pela fé que
brota da simplicidade do coração, não adquirida por doutas conjeturas
da impiedade. Se, por doutas investigações procurares o inefável, irá
para mais longe de ti do que estava; se, pela fé, a sabedoria
estará à porta, onde se encontra; e onde mora poderá ser vista ao
menos em parte. Mas em verdade até certo ponto também será atingida,
quando se crer no invisível, mesmo sem compreendê-lo; deve-se crer em
Deus por ser invisível, embora em parte o coração puro o veja.
Responsório Sl 35(36),6-7a; Rm 11,33R. Vosso amor chega aos céus,
ó Senhor,
chega às nuvens a vossa verdade.
* Como as altas montanhas eternas,
é a vossa justiça, Senhor;
e os vossos juízos superam
os abismos profundos dos mares.
V. Ó profundidade de tantas
riquezas
da sabedoria e ciência de Deus!
Como são insondáveis os seus julgamentos!
* Como as altas.
Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre
o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por
nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.