SEXTA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Livro do Profeta Baruc
1,14-2,5;3,1-8
Súplica do povo arrependido
1,14Lede este livro que vos remetemos, para que façais
sua leitura pública na casa do Senhor, no dia da Festa e nos
dias oportunos. 15Eis o que direis: Ao Senhor nosso Deus
a justiça, mas a nós a vergonha no rosto, como acontece
hoje. A nós, homens de Judá e habitantes de Jerusalém,
16aos nossos reis e chefes, aos nossos sacerdotes e profetas
e aos nossos pais, 17porque pecamos diante do Senhor.
18Fomos desobedientes para com ele; não escutamos a voz
do Senhor nosso Deus, para andarmos segundo os preceitos
que o Senhor havia dado aos nossos olhos. 19Desde o dia
em que o Senhor fez sair nossos pais da terra do Egito, até
o dia de hoje, temos sido indóceis para com o Senhor nosso
Deus e rebeldes, recusando-nos a ouvir sua voz. 20Por isso,
como acontece hoje, acompanham-nos as desgraças e a
maldição que o Senhor anunciou a seu servo Moisés, no
dia em que fez sair do Egito nossos pais a fim de nos dar
uma terra que mana leite e mel. 21Não escutamos a voz do
Senhor nosso Deus, segundo todas as palavras dos profetas
que nos enviou; 22mas nos entregamos, cada um seguindo a
inclinação do seu perverso coração, a servir outros deuses,
fazendo o que é mau aos olhos do Senhor nosso Deus.
2,1Então o Senhor cumpriu a sua palavra, que ele
pronunciara contra nós e contra nossos juízes, que
governaram Israel, contra nossos reis e nossos chefes, e
contra os homens de Israel e de Judá. 2Sob a imensidão do
céu não aconteceu jamais algo semelhante ao que ele fez em
Jerusalém, segundo o que estava escrito na lei de Moisés:
3chegamos ao ponto de devorar cada um a carne de seu filho,
cada um a carne de sua filha. 4Além disso, submeteu-os ao
poder de todos os reinos que nos cercam para servirem de
opróbrio e de execração entre todos os povos vizinhos para
onde o Senhor os dispersou. 5Assim passaram a ser súditos e
não senhores, porque pecamos contra o Senhor nosso Deus,
não dando ouvidos à sua voz.
3,1Senhor Todo-poderoso, Deus de Israel, é uma alma
angustiada, um espírito perturbado que clama a ti: 2Escuta,
Senhor, e tem piedade, porque nós pecamos contra ti. 3Tu,
sim, permaneces eternamente em teu trono; enquanto nós,
para sempre estamos perdidos. 4Senhor Todo-poderoso,
Deus de Israel, escuta pois a súplica dos mortos de Israel,
dos filhos dos que pecaram contra ti, que não escutaram
a voz do Senhor seu Deus: por isso, acompanham-nos as
desgraças. 5Não te recordes das injustiças de nossos pais;
mas sim, nesta hora, lembra-te da tua mão e do teu Nome.
6Pois tu és o Senhor nosso Deus e havemos de louvar-te,
Senhor! 7É por isso que infundiste o teu temor em nossos
corações: para que invocássemos o teu Nome. E nós te
louvaremos, mesmo em nosso exílio, porque removemos de
nosso coração toda a injustiça de nossos pais, que pecaram
contra ti. 8Eis-nos hoje em nosso exílio, onde nos dispersaste
para sermos um opróbrio, uma maldição e uma condenação,
segundo todas as injustiças de nossos pais, que se afastaram
do Senhor nosso Deus.
Responsório
Cf. Ef 2,4-5; cf. Br 2,12
R. Irmãos, Deus que é rico em misericórdia,
pelo amor sem
limites com o qual nos amou
* Quando estávamos mortos por nossos pecados,
deu-nos
vida no Cristo.
V. Realmente, pecamos, praticando injustiças,
fizemos o mal
contra Deus, Senhor nosso, e toda a sua lei.
* Quando.
Segunda leitura
Da “Carta a Proba” de Santo Agostinho, bispo
(Ep. 130,14,27-15,28: CSEL 44,71-73)
(Séc. V)
O Espírito intercede por nós
Quem pede ao Senhor aquele único bem e o procura com
empenho, pede cheio de segurança, e não teme ser-lhe prejudicial o recebê-lo; sem ele, nada do que puder receber como
convém lhe adiantará. Pois é a única verdadeira vida e a
única feliz. Contemplar eternamente a maravilha do Senhor,
imortais e incorruptos de corpo e de espírito. Em vista desta
única vida tudo o mais se há de pedir sem impropriedade.
Quem a possuir terá tudo quanto desejar. Nem desejará o
que não convém e que ali nem mesmo pode existir.
Ali, com efeito, está a fonte da vida, de que temos sede
agora na oração, enquanto vivemos na esperança e ainda
não vemos o que esperamos; à sombra de suas asas, diante
de quem está todo nosso desejo, para embriagarmo-nos da
riqueza de sua casa e bebermos da torrente de suas delícias.
Porque junto dele está a fonte da vida e à sua luz veremos a
luz (cf. Sl 35,8-10), quando se saciar de bens nosso anseio
e nada mais haverá a procurar com gemidos, mas só aquilo
que no gozo abraçaremos.
Todavia ela é também a paz que supera todo entendimento. Por isso, ao orarmos para obtê-la, não sabemos fazê-lo
como convém. Porque não podemos nem mesmo imaginar
como é, então não sabemos.
Mas tudo o que nos ocorre ao pensar, afastamos, rejeitamos, desaprovamos. Não é isto o que procuramos, embora
não saibamos ainda qual seja.
Há em nós, por assim dizer, uma douta ignorância, mas
douta pelo Espírito de Deus, que vem em auxílio de nossa
fraqueza. Tendo o Apóstolo dito: Se, porém, esperamos o
que não vemos, aguardamos com paciência, acrescenta: Do
mesmo modo o Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza;
pois não sabemos orar como convém; mas o próprio Espírito intercede com gemidos inexprimíveis. Aquele que
perscruta os corações conhece o desejo do Espírito, porque
sua intercessão pelos santos corresponde ao desígnio de
Deus (Rm 8,25-27).
Não se há de entender isso como se o Santo Espírito de
Deus, que é Deus na Trindade imutável e com o Pai e o Filho
um só Deus, interceda em favor dos santos, como alguém
que não seja o mesmo Deus. Na verdade se diz: Interpela em
favor dos santos porque faz os santos intercederem. Como se
diz: O Senhor, vosso Deus, vos tenta para saber se o amais
(Dt 13,4), quer dizer: para vos fazer saber. Por conseguinte
faz que os santos intercedam com gemidos inexprimíveis,
inspirando-lhes o desejo da maravilha ainda desconhecida
que aguardamos pela paciência. Por que e como exprimir o
desejo daquilo que se ignora? Na realidade, se se ignorasse
totalmente, não se desejaria. Por outro lado, se já se visse,
não se desejaria nem se procuraria com gemidos.
Responsório
Cf. Rm 8,26b; Zc 12,10
R. Não sabemos o que nós devemos pedir,
nem orar
dignamente.
* O Espírito mesmo intercede por nós com indizíveis
gemidos.
V. Naquele dia infundirei sobre a casa de Davi e os habitantes de Sião
um espírito de graça, um espírito de súplica.
* O Espírito.OraçãoÓ
Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para
sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o
coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.