Ofício das Leituras

V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Esta introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.

Hino

Exulte o céu do alto,
aplaudam terra e mar;
o Cristo, ressurgindo,
a vida vem nos dar.

O tempo favorável
à terra já voltou;
felizes, contemplamos
o dia salvador,

no qual o mundo, salvo
no sangue do Cordeiro,
já brilha em meio às trevas
com brilho verdadeiro.

A morte mata a morte,
da culpa nos redime;
a força do vencido,
vencendo, apaga o crime.

É esta a nossa espera,
é este o nosso gozo:
também ressurgiremos,
com Cristo glorioso.

Por isso, celebremos
a Páscoa do Cordeiro,
repletos pela graça
do seu amor primeiro.

Jesus, sede a alegria
perene dos remidos;
uni na vossa glória
da graça os renascidos.

Louvor a vós, Jesus,
da morte vencedor,
reinando com o Pai
e o seu eterno Amor. 

Salmodia

Ant.1 O Senhor nos libertou do poder do opressor. Aleluia.

Salmo 77(78),40-72

Bondade de Deus e infidelidade do povo
ao longo da história da salvação
Esses fatos aconteceram para serem exemplos para nós (1Cor 10,6).

IV

40 Quantas vezes o tentaram no deserto *
e provocaram seu furor na solidão!
41 Eles tentavam o Senhor sempre de novo, *
e irritavam o Deus Santo de Israel;
42 não se lembravam do poder de sua mão *
nem do dia em que os livrou do opressor;

43 quando fez tantos milagres no Egito, *
seus prodígios no lugar chamado Tânis;
44 em sangue fez mudarem os seus rios, *
para que deles não pudessem mais beber.

45 Mandou-lhes moscas com o fim de devorá-los, *
e também rãs que infestaram toda a terra;
46 pragas vorazes devoraram suas colheitas, *
e gafanhotos, o produto de seus campos.

47 Arrasou as suas vinhas com granizo *
e com geada destruiu suas figueiras;
48 a saraiva acabou com o seu gado *
e a peste exterminou o seu rebanho.

49 Descarregou todo o ardor de sua ira, *
a angústia e o terror em cima deles;
– com multidões de mensageiros da desgraça, *
50 deu livre curso à vazão de seu furor.

– Da morte não poupou as suas almas, *
e à peste entregou as suas vidas;
51 feriu os primogênitos do Egito, *
as primícias dos varões de suas tendas.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. O Senhor nos libertou do poder do opressor. Aleluia.

Ant.2 O Senhor nos conduziu para a Terra . Aleluia.

V

52 Fez sair seu povo eleito como ovelhas, *
conduziu-os qual rebanho no deserto;
53 Ele os guiou com segurança e sem temor, *
mas encobriu seus inimigos com o mar.

54 Conduziu-os para a Terra Prometida, *
para o Monte que seu braço conquistou;
55 expulsou diante deles outros povos *
e repartiu-lhes suas terras como herança.

– Nas tendas de outros povos fez morar *
todas as tribos e as famílias de Israel.
56 Mesmo assim, eles tentaram o Altíssimo, *
recusando-se a guardar os seus preceitos.

57 Como seus pais, se transviaram, e o traíram *
como um arco enganador que volta atrás;
58 irritaram-no com seus lugares altos, *
provocaram-lhe o ciúme com seus ídolos.

59 Deus ouviu e enfureceu-se contra eles, *
e repeliu com violência a Israel;
60 abandonou o tabernáculo de Silo *
e a tenda em que morava em meio aos homens.

61 Entregou a sua arca ao cativeiro, *
e às mãos do inimigo a sua glória;
62 fez perecer seu povo eleito pela espada, *
e contra a sua herança enfureceu-se.

63 O fogo devorou seus filhos jovens, *
as suas virgens não puderam mais casar;
64 seus sacerdotes pereceram pela espada, *
suas viúvas não puderam mais chorar.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. O Senhor nos conduziu para a Terra Prometida. Aleluia.

Ant.3 Escolheu a Davi, seu servidor,
para guiar o seu povo preferido. Aleluia.

VI

65 Mas o Senhor se despertou, como de um sono, *
como um guerreiro dominado pelo vinho;
66 feriu seus inimigos pelas costas *
e entregou-os à vergonha sempiterna.

67 Rejeitou então a tenda de José, *
e a tribo de Efraim não escolheu;
68 preferiu, porém, a tribo de Judá *
e o monte de Sião que sempre amou.

69 E construiu seu santuário como um céu, *
como a terra que firmou eternamente.
70 A Davi, seu servidor, ele escolheu *
e tirou-o do aprisco das ovelhas;

=71 ovelhas e cordeiros fez deixar, †
para seu povo de Jacó pastorear, *
e a Israel que escolheu por sua herança;
72 com reto coração apascentou-os *
e com mão habilidosa os conduziu.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Escolheu a Davi, seu servidor,
para guiar o seu povo preferido. Aleluia.

V. Deus nos fez renascer para a viva esperança, aleluia,

R. Pela ressurreição do Senhor dentre os mortos. Aleluia.

Primeira leitura

Do Livro do Apocalipse 18,1-20

A ruína da Babilônia
Eu, João, vi outro Anjo descendo do céu: tinha grande poder e a terra ficou iluminada com a sua glória. Ele então gritou com voz poderosa: “Caiu! Caiu Babilônia, A Grande! Tornou-se moradia de demônios, abrigo de todo tipo de espíritos impuros, abrigo de todo tipo de aves impuras e repelentes, porque embriagou as nações com o vinho do furor da sua prostituição; com ela se prostituíram os reis da terra, e os mercadores da terra se enriqueceram graças ao seu luxo desenfreado.” Ouvi então outra voz do céu que dizia: “Saí dela, ó meu povo, para que não sejais cúmplices dos seus pecados e atingidos pelas suas pragas; porque seus pecados se amontoaram até o céu, e Deus se lembrou das suas iniquidades. Devolvei-lhe o mesmo que ela pagou, pagai-lhe o dobro, conforme suas obras; no cálice em que ela misturou misturai para ela o dobro. O tanto que ela se concedia em glória e luxo devolvei-lhe em tormento e luto, porque, em seu coração, dizia: Estou sentada como rainha, não sou viúva e nunca experimentarei luto... Por isso suas pragas virão num só dia: morte, luto e fome, e pelo fogo será devorada, porque o Senhor Deus que a julgou é forte.” Então os reis da terra, que se prostituíam com ela e compartilhavam seu luxo, chorarão e baterão no peito, ao ver a fumaça do seu incêndio. Postados à distância, por medo do seu tormento, dirão: “Ai, ai, ó grande cidade, ó Babilônia, cidade poderosa, uma hora apenas bastou para o teu julgamento!” Os mercadores da terra também choram e se enlutam por sua causa, porque ninguém mais compra suas merca- dorias: carregamentos de ouro e de prata, pedras precio- sas e pérolas, linho e púrpura, seda e escarlate, todo tipo de madeira perfumada, de objetos de marfim, de madeira preciosa, de bronze, de ferro, de mármore, canela e cina- momo, perfumes, mirra e incenso; vinho e óleo, flor de farinha e trigo, bois e ovelhas, cavalos e carros, escravos e vidas humanas... Os frutos pelos quais tua alma anelava afastaram-se para longe de ti; tudo o que é luxo e esplendor está perdido para ti, e nunca, nunca mais será encontrado! Os mercadores destes produtos, que se enriqueceram graças a ela, postar-se-ão à distância, por medo do seu tor- mento; e chorando e enlutando-se dirão: “Ai, ai, ó grande cidade, vestias linho puro, púrpura e escarlate, e te adornavas com ouro, pedras preciosas e pérolas: numa só hora tanta riqueza foi reduzida a nada!” Todos os pilotos e navegadores, marinheiros e quantos trabalhavam no mar se mantiveram à distância, e, vendo a fumaça do seu incêndio, gritavam: “Quem era semelhante à grande cidade?” E atirando pó sobre a cabeça, chorando e se enlutando, gritavam: “Ai, ai, ó grande cidade, com tua opulência se enriqueceram todos os que tinham navios no mar: numa hora apenas foi arruinada! Exultai por sua causa, ó céu, e vós, santos, apóstolos e profetas, pois, julgando-a, Deus vos fez justiça.”

ResponsórioCf. Is 52,11.12;Jr 51,45;Ap 18,4
R. Afastai-vos da Babilônia, purificai-vos,
portadores dos vasos do Senhor. Ele vos precederá,
* O Deus de Israel vos reunirá, aleluia.
V. Saí de seu meio, meu povo!
Salve cada qual sua vida diante do ardor da ira do Senhor!
*
O Deus.

Segunda leitura

Dos Sermões de São Máximo de Turim, bispo

(Sermo 53,1-2.4: CCL 23,214-216)
(Séc. V)

Cristo é o dia
A ressurreição de Cristo abre a mansão dos mortos, os neófitos da Igreja renovam a terra e o Espírito Santo abre as portas do céu. A mansão dos mortos aberta devolve seus habitantes, a terra renovada germina os ressuscitados, o céu reaberto recebe os que para ele sobem.

O ladrão sobe ao paraíso, os corpos dos santos entram na Cidade santa, os mortos retornam à região dos vivos. E de certo modo, pela ressurreição de Cristo, todos os elementos são elevados a uma dignidade mais alta.

A habitação dos mortos restitui ao paraíso os que nela estavam detidos, a terra envia ao céu os que foram nela sepultados, o céu apresenta ao Senhor os que recebe em suas moradas. E por um único e mesmo ato, a paixão do Salvador retira o ser humano das profundezas, eleva-o da terra e o coloca no alto dos céus.

A ressurreição de Cristo é vida para os mortos, perdão para os pecadores, glória para os santos. Por isso, o santo profeta convida todas as criaturas para a festa da ressurreição de Cristo, exultando e se alegrando neste dia que o Senhor fez.

A luz de Cristo é um dia sem noite, um dia sem fim. O Apóstolo nos ensina que este dia é o próprio Cristo, quando afirma: A noite já vai adiantada, o dia vem chegando (Rm 13,12). Ele diz que a noite já vai adiantada e não que ela ainda virá, a fim de compreendermos que a chegada da luz de Cristo afasta as trevas do demônio e dissipa a escuridão do pecado; com seu esplendor eterno ela vence as sombras tenebrosas do passado e impede toda a infiltração dos estímulos pecaminosos.

Este dia é o próprio Cristo. Sobre ele, o Pai, que é o dia sem princípio, faz resplandecer o sol da sua divindade. Ele mesmo é o dia que assim fala pela boca de Salomão: Fiz brilhar no céu uma luz que não se apaga (Eclo 24,6 Vulg.).

Assim como a noite não pode absolutamente suceder ao dia celeste, também as trevas dos pecados não podem suceder à justiça de Cristo. O dia celeste brilha eternamente, e nenhuma obscuridade pode ofuscar o fulgor da sua luz. Do mesmo modo, a luz de Cristo resplandece e irradia a sua claridade, e sombra alguma de pecado poderá ofuscá-la, como diz o evangelista João: E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la (Jo 1,5).

Portanto, irmãos, todos nós devemos alegrar-nos neste santo dia. Ninguém se exclua desta alegria universal, apesar da consciência de seus pecados; ninguém se afaste das orações comuns, embora sinta o peso de suas culpas. Por mais pecador que seja, ninguém deve neste dia desesperar do perdão. Temos a nosso favor um valioso testemunho: se o ladrão arrependido alcançou o paraíso, por que não alcançaria o cristão a graça de ser perdoado?

Responsório Sl 18(19),7
R. O esplendor e a formosura do Senhor estão acima das alturas siderais.
* Sua beleza resplandece sobre as nuvens e seu nome
permanece para sempre, aleluia.
V. De um extremo do céu põe-se a correr até que possa
chegar ao outro extremo.
* Sua beleza.

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, fazei-nos viver sempre mais o mistério pascal para que, renovados pelo santo batismo, possamos, por vossa graça, produzir muitos frutos e chegar às alegrias da vida eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R.
Demos graças a Deus.