Ofício das Leituras

V.
Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Esta introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.

Hino
Agora é tempo favorável,
divino dom da Providência,
para curar o mundo enfermo
com um remédio, a penitência.

Da salvação refulge o dia,
na luz de Cristo a fulgurar.
O coração, que o mal feriu,
a abstinência vem curar.

Em corpo e alma, a abstinência,
Deus, ajudai-nos a guardar.
Por tal passagem, poderemos
à páscoa eterna, enfim, chegar.

Todo o Universo vos adore,
Trindade Santa, Sumo Bem.
Novos por graça entoaremos
um canto novo a vós. Amém.

Salmodia

Ant. 1 Cantai, entoai salmos ao Senhor,
publicai todas as suas maravilhas!

Salmo 104(105)

O senhor é fiel às suas promessas
Os Apóstolos anunciam aos povos as maravilhas de Deus, realizadas na vinda de Cristo (Sto. Atanásio).

I

1 Dai graças ao Senhor, gritai seu nome, *
anunciai entre as nações seus grandes feitos!
2 Cantai, entoai salmos para ele, *
publicai todas as suas maravilhas!
3 Gloriai-vos em seu nome que é santo, *
exulte o coração que busca a Deus!

4 Procurai o Senhor Deus e seu poder, *
buscai constantemente a sua face!
5 Lembrai as maravilhas que ele fez, *
seus prodígios e as palavras de seus lábios!

6 Descendentes de Abraão, seu servidor, *
e filhos de Jacó, seu escolhido,
7 ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus, *
vigoram suas leis em toda a terra.

8 Ele sempre se recorda da Aliança, *
promulgada a incontáveis gerações;
9 da Aliança que ele fez com Abraão, *
e do seu santo juramento a Isaac.

10 Confirmou sua Promessa a Jacó, *
a Israel como perpétua Aliança,
11 quando disse: “Hei de dar-vos Canaã, *
esta terra que, por sorte, é vossa herança”.

12 Quando ainda eram bem pouco numerosos *
e estrangeiros no país, onde acamparam,
13 mudavam de nação para nação, *
e de reinos para povos diferentes,

14 não consentiu que nenhum povo os oprimisse, *
e até reis ele puniu por causa deles.
15 Disse ele: “Não toqueis nos meus ungidos, *
e a nenhum de meus profetas maltrateis!”

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Cantai, entoai salmos ao Senhor,
publicai todas as suas maravilhas!

Ant. 2 O Senhor não abandona o justo que é traído.

II

16 Mandou vir, então, a fome sobre a terra *
e os privou de todo pão que os sustentava;
17 um homem enviara à sua frente, *
José que foi vendido como escravo.

18 Apertaram os seus pés entre grilhões *
e amarraram seu pescoço com correntes,
19 até que se cumprisse o que previra, *
e a palavra do Senhor lhe deu razão.

20 Ordenou, então, o rei que o libertassem, *
o soberano das nações mandou soltá-lo;
21 fez dele o senhor de sua casa, *
e de todos os seus bens o despenseiro,
22 para dar ordens a seus nobres à vontade *
e ensinar sabedoria aos anciãos.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. O Senhor não abandona o justo que é traído.

Ant. 3 Deus lembrou-se de seu santo juramento
e fez sair com grande júbilo o seu povo.

III

23 Foi então que Israel entrou no Egito *
e Jacó foi habitar no país de Cam.
24 Deus deu um grande crescimento a seu povo *
e o fez mais forte que os próprios opressores.

25 Ele mudou seus corações para odiá-lo, *
e trataram com má-fé seus servidores.
26 Então mandou Moisés, seu mensageiro, *
e igualmente Aarão, seu escolhido;
27 por meio deles realizou muitos prodígios *
e, na terra do Egito, maravilhas.

28 Enviou trevas e fez tudo escurecer, *
mas eles resistiram às suas ordens.
29 Então, em sangue transformou as suas águas *
e assim fez perecer todos os peixes.

30 A terra deles fervilhou de tantas rãs, *
que até nos quartos de seus reis elas saltavam.
31 Ele ordenou, e vieram moscas como nuvens *
e mosquitos sobre toda a região.

32 Granizo em vez de chuva lhes mandou, *
chamas de fogo sobre toda a sua terra.
33 Estragou as suas vinhas e figueiras, *
e as árvores do campo derrubou.

34 Ele deu ordens e vieram gafanhotos, *
e também vieram grilos incontáveis;
35 eles comeram toda erva do país *
e devoraram o produto de seus campos.

36 Matou na própria terra os primogênitos, *
a fina flor de sua força varonil.
37 Fez sair com ouro e prata o povo eleito, *
nenhum doente se encontrava em suas tribos.

38 O Egito se alegrou quando partiram, *
tomado de pavor diante deles.
39 Uma nuvem estendeu para abrigá-los, *
deu-lhes fogo para a noite iluminar.

40 Pediram e mandou-lhes codornizes, *
o Senhor os saciou com pão do céu.
41 Fendeu a rocha e as águas irromperam *
e correram qual torrente no deserto.

42 Ele lembrou-se de seu santo juramento *
que fizera a Abraão, seu servidor.
43 Fez sair com grande júbilo o seu povo, *
e seus eleitos entre gritos de alegria.

44 Então lhes deu as terras das nações, *
e desfrutaram as riquezas desses povos,
45 para guardarem os preceitos do Senhor *
e obedecerem fielmente à sua lei.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Deus lembrou-se de seu santo juramento
e fez sair com grande júbilo o seu povo.

  V. Quem pratica a verdade se põe junto à luz.

R. E suas obras de filho de Deus se revelam.

Primeira leitura

Do Livro do Êxodo 12,37-49;13,11-16

Partida dos hebreus. Leis sobre
a Páscoa e os primogênitos
Naqueles dias, os israelitas partiram de Ramsés em dire ção a Sucot, cerca de seiscentos mil homens a pé - somente os homens, sem contar suas famílias. Subiu também com eles uma multidão misturada com ovelhas, gado e muitíssimos animais. Cozeram pães ázimos com a farinha que haviam levado do Egito, pois a massa não estava levedada: expulsos do Egito, não puderam deter-se nem preparar provisões para o caminho. A estada dos israelitas no Egito durou quatrocentos e trinta anos. No mesmo dia que findavam os quatrocentos e trinta anos, os exércitos do Senhor saíram do país do Egito. Essa noite, durante a qual o Senhor velou para os fazer sair do Egito, deve ser para todos os israelitas uma vigília para o Senhor, em todas as suas gerações.
O Senhor disse a Moisés e a Aarão: “Eis o ritual da Páscoa: nenhum estrangeiro dela comerá. Todo escravo, porém, comprado por dinheiro, depois de circuncidado, dela comerá. O adventício e o assalariado não comerão dela. Há de comer-se numa só casa, e não levareis dessa casa nenhum pedaço de carne. Não quebrareis osso algum. Toda a comunidade de Israel a fará. Se algum imigrante habita contigo, e quiser celebrar a Páscoa para o Senhor, todos os varões da sua casa deverão ser circuncidados; e então ele poderá celebrá-la, e será como o cidadão do país; nenhum incircunciso, porém, poderá comer dela. Haverá uma única lei para o cidadão e para o imigrante que reside entre vós.
“Quando o Senhor te houver introduzido na terra dos cananeus, como jurou a ti e a teus pais, quando a tiver dado a ti, apartarás para o Senhor todo ser que sair por primeiro do útero materno, e todo primogênito dos animais que tiveres: os machos serão para o Senhor. Todo primogênito da jumenta, porém, tu o resgatarás com um cordeiro; se não o resgatares, tu lhe quebrarás a nuca; mas todo primogênito do homem, entre teus filhos, tu o resgatarás. E quando amanhã o teu filho te perguntar: ‘Que significa isso?’, responder-lhe- ás: ‘o Senhor tirou-nos do Egito, da casa da escravidão, com mão forte. Pois, tendo-se obstinado o Faraó e não querendo deixar-nos partir, o Senhor matou todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito do homem até o primogênito dos animais. É por isso que sacrifico ao Senhor todo macho que sai por primeiro do útero materno e resgato todo primogênito de meus filhos.’ Isto será, pois, como um sinal na tua mão e como um frontal entre os teus olhos, porque o Senhor nos tirou do Egito com mão forte.”

Responsório Cf. Lc 2,22.23.24
R. Os pais de Jesus levaram o menino a Jerusalém
para apresentá-lo ao Senhor,
*
Conforme está escrito na Lei do Senhor:
“Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”.
V.
Para tanto, deviam oferecer em sacrifício
um par de rolas ou dois pombinhos, de acordo com a Lei.
*
Conforme.

Segunda leitura

Da Constituição pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II
(N.9-10)
(Séc. XX)

As interrogações mais profundas do gênero humano

O mundo moderno apresenta-se simultaneamente poderoso e fraco, capaz do melhor e do pior; abre-se diante dele o caminho da liberdade ou da escravidão, do progresso ou da regressão, da fraternidade ou do ódio. Por outro lado, o homem toma consciência de que depende dele a boa orientação das forças por ele despertadas e que podem oprimi-lo ou servi-lo. Eis por que se interroga a si mesmo.
Na verdade, os desequilíbrios que atormentam o mundo moderno estão ligados a um desequilíbrio mais profundo, que se enraíza no coração do homem.
No íntimo do próprio homem, muitos elementos lutam entre si. De um lado, ele experimenta, como criatura, suas múltiplas limitações; por outro, sente-se ilimitado em seus desejos e chamado a uma vida superior.
Atraído por muitas solicitações, e continuamente obrigado a escolher e a renunciar. Mais ainda: fraco e pecador, faz muitas vezes o que não quer e não faz o que desejaria. Em suma, é em si mesmo que o homem sofre a divisão que dá origem a tantas e tão grandes discórdias na sociedade.
Muitos, sem dúvida, que levam uma vida impregnada de materialismo prático, não podem ter uma clara percepção desta situação dramática; ou, oprimidos pela miséria, sentem-se incapazes de prestar-lhe atenção.
Outros, em grande número, julgam encontrar satisfação nas diversas interpretações da realidade que lhes é proposta.
Alguns, porém, esperam unicamente do esforço humano a verdadeira e plena libertação da humanidade, e estão persuadidos de que o futuro domínio do homem sobre a terra dará satisfação a todos os desejos de seu coração.
Não faltam também os que, desesperando de encontrar o sentido da vida, louvam a audácia daqueles que, julgando a existência humana vazia de qualquer significado próprio, se esforçam por encontrar todo o seu valor apoiando-se apenas no próprio esforço.
Contudo, diante da atual evolução do mundo, cresce o número daqueles que formulam as questões mais fundamentais ou as percebem com nova acuidade. Que é o homem? Qual é o sentido do sofrimento, do mal e da morte que, apesar de tão grandes progressos, continuam a existir? Para que servem semelhantes vitórias, conseguidas a tanto custo? Que pode o homem dar à sociedade e dela esperar? Que haverá depois desta vida terrestre?
A Igreja, porém, acredita que Jesus Cristo, morto e ressuscitado por todo o gênero humano, oferece ao homem, pelo Espírito Santo, luz e forças que lhe permitirão corresponder a sua vocação suprema; ela crê que não há debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possam ser salvos.
Crê igualmente que a chave, o centro e o fim de toda a história humana encontra-se em seu Senhor e Mestre.
A Igreja afirma, além disso, que, subjacente a todas as transformações, permanecem imutáveis muitas coisas que têm seu fundamento último em Cristo, o mesmo ontem, hoje e sempre.

Responsório 1Cor 15,55-56.57;Lm 3,25
R. Onde está, ó morte, a tua vitória?
Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
Ora, o aguilhão da morte é o pecado.
*
Graças sejam dadas a Deus,
que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.
V.
O Senhor é bondoso para quem nele confia,
para a alma que o procura.
*
Graças sejam dadas.

Oração
Convertei para vós, ó Pai, nossos corações, a fim de que, buscando sempre o único necessário e praticando as obras da caridade, nos dediquemos ao vosso culto. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.