QUINTA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Livro de Ester
5,1-5;7,2-10
O rei e Amã no banquete de Ester. Amã é enforcado
5,1No terceiro dia, quando terminou de rezar, ela tirou
suas vestes de súplicas e se revestiu com todo o seu
esplendor. Suntuosa, invocou o Deus que vela sobre todos
e os salva. Depois tomou consigo duas servas. Sobre uma
ela se apoiava suavemente. A outra acompanhava e segurava
seu vestido. No apogeu de sua beleza, ela, ruborizada,
tinha o rosto alegre como se ardesse de amor. Mas seu
coração gemia de temor. Ultrapassando todas as portas,
ela se achou diante do rei. Ele estava sentado em seu trono
real, revestido com todos os ornamentos de suas aparições
solenes, resplandecente em outro e pedras preciosas: parecia
terrível. Ele ergueu o rosto, incendiado de glória, e, no
cúmulo da ira, lançou um olhar. A rainha, sucumbindo,
apoiou a cabeça na serva que a acompanhava, empalideceu
e desmaiou. Deus mudou o coração do rei e o inclinou à
mansidão. Ansioso, ele precipitou-se de seu trono e a tomou
nos braços até que ela se recuperasse, reconfortando-a
com palavras tranquilizadoras. “Que há, Ester? Eu sou teu
irmão! Ânimo, não morrerás! Nossa ordem só vale para os
súditos. Aproxima-te.” 2Ergueu seu cetro de ouro, pousou-o
no pescoço de Ester, beijou-a e lhe disse: “Fala comigo!”
- “Senhor”, disse-lhe ela, “eu te vi semelhante a um anjo
de Deus. Então meu coração se perturbou e eu tive medo
de teu esplendor. Pois és admirável, senhor, e teu rosto
cheio de encanto.” Enquanto ela falava, desmaiou. O rei
se perturbou e todos os cortesãos procuravam reanimá-la.
3“Que há, rainha Ester?”, disse-lhe o rei. “Dize-me o que
desejas e, ainda que seja a metade de meu reino, te darei.”
4Respondeu Ester: “Se bem te parecer, que venha o rei,
hoje, com Amã, ao banquete que lhe preparei.” - 5“Que
se avise imediatamente a Amã para satisfazer o desejo de
Ester”, disse o rei.
O rei e Amã vieram então ao banquete preparado por
Ester.
7,2E neste segundo dia, durante o banquete, o rei disse
novamente a Ester: “Pede-me o que quiseres, rainha Ester,
e te será concedido. Ainda que me peças a metade do reino,
tê-la-ás!” - 3“Se realmente encontrei graça a teus olhos, ó
rei”, respondeu-lhe a rainha Ester, “e se for de teu agrado,
concede-me a vida, eis meu pedido, e a vida de meu povo,
eis meu desejo. 4Porque fomos entregues, meu povo e eu,
ao extermínio, à matança e ao aniquilamento. Se somente
tivéssemos sido entregues como escravos e servos, eu
ter-me-ia calado. Mas esta desgraça não irá compensar o
prejuízo que dela resultará para o rei.” 5Assuero tomou a
palavra e disse à rainha Ester: “Quem é? Onde está o homem
que pensa agir assim?” 6Disse Ester: “O perseguidor e
inimigo é Amã, é este miserável!” À vista do rei e da rainha,
Amã ficou aterrorizado. 7Enfurecido, o rei levantou-se e
deixou o banquete, indo para o jardim do palácio. Amã,
porém, ficou junto à rainha para implorar a graça da vida,
pois compreendeu que o rei já tinha decidido sua ruína.
8Quando o rei voltou do jardim à sala do banquete,
encontrou Amã caído sobre o divã onde Ester se recostava.
O rei gritou: “Depois disso quer ele ainda violentar a rainha
diante de mim, em meu palácio?” Tendo o rei dito isso foi
jogado um véu sobre o rosto de Amã. 9Harbona, um dos
eunucos, sugeriu, na presença do rei: “Há na casa de Amã
uma forca de cinquenta côvados, que ele mandou preparar
para este Mardoqueu que falou em defesa do rei; ela está
preparada em sua casa” - “Enforcai-o nela”, ordenou o rei.
10Amã foi, pois, enforcado na forca que ele preparara para
Mardoqueu e aplacou-se a ira do rei.
Responsório
Cf. Est 10,3f; Is 48,20b
R. Clamou Israel ao Senhor, e ele salvou o seu povo.
* Libertou-o de todos os males e fez grandes sinais entre
os povos.
V. Anunciai e proclamai exultando: O Senhor redimiu a
Jacó!
* Libertou-o.
Segunda leitura
Da “Carta a Proba” de Santo Agostinho, bispo
(Ep. 130,14,25-26: CSEL 44,68-71)
(Séc. V)
Não sabemos pedir o que nos convém
Talvez ainda indagues por que o Apóstolo disse: Não
sabemos pedir o que nos convém (Rm 8,26) . Pois de modo
algum se pode crer que ele ou aqueles a quem dizia isto
ignorassem a oração dominical.
O Apóstolo não se excluiu desta ignorância. Talvez não
tivesse conhecido como convinha orar, quando pela grandeza das revelações lhe foi dado um espinho na carne, um
anjo de Satanás para esbofeteá-lo. Por este motivo rogou
por três vezes ao Senhor que o livrasse e, na verdade, não
sabia orar o que convinha. Por fim ouviu a resposta de Deus
por que não atendia ao que lhe pedia tão grande homem e
por que não lhe era conveniente: Basta-te a minha graça,
porque a força se perfaz na fraqueza (2Cor 12,9).
Portanto, nas tribulações que tanto podem ser proveitosas
quanto prejudiciais, não sabemos o que pedir como convém.
No entanto, por serem duras, desagradáveis, contrárias ao
modo de sentir de nossa fraqueza, pelo anseio humano uni
versal, rogamos que sejam afastadas de nós. Contudo temos
de ter confiança no Senhor, nosso Deus, e, se não as retira,
não pensemos logo que nos abandona, mas antes que, por
suportar generosamente os males, podemos esperar maiores
bens. Assim a força se perfaz na fraqueza.
Estas coisas foram escritas para que não aconteça que
alguém se tenha em alta conta, se for atendido quando pede
com impaciência algo que lhe seria mais proveitoso não
alcançar. Ou desanime e desespere da divina misericórdia,
se não for atendido, quando talvez peça aquilo que lhe
será causa de mais atrozes aflições ou o corromperá pela
prosperidade e o fará perder-se inteiramente. Em todas estas
coisas não sabemos orar como convém.
Por esse motivo, se nos acontece o contrário do que pedimos, não há que duvidar ser muito melhor suportar com
paciência e, dando graças por tudo, porque foi a vontade de
Deus que se fez e não a nossa. Pois o próprio Mediador nos
deu exemplo ao dizer: Pai, se for possível, afaste de mim
este cálice, mas logo, mudando em si a vontade humana
assumida pela encarnação, acrescentou: Porém não o que
eu quero, mas o que tu queres, Pai (Mt 26,39). Por isso,
com toda a razão, pela obediência de um, muitos foram
constituídos justos (cf. Rm 5,19).
Responsório
Mt 7,7a.8; Sl 144(145),18
R. Pedi, e dar-se-vos-á,
procurai e vós encontrareis,
batei
e abrir-se-vos-á,
* Pois aquele que pede recebe,
e todo o que busca encontra,
e a quem bate abrir-se-lhe-á.
V. Deus está perto da pessoa que o invoca,
de todo aquele
que o invoca lealmente.
* Pois aquele.OraçãoÓ
Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para
sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o
coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.