3a SEMANA DO TEMPO COMUMIII Semana do SaltérioTERÇA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Da Carta de São Paulo aos Romanos
9,1-18
Deus faz misericórdia a quem
quer e endurece a quem quer
Irmãos, 1digo a verdade em Cristo, não minto, e disto me
dá testemunho a minha consciência no Espírito Santo: 2tenho
uma grande tristeza e uma dor incessante em meu coração.
3Quisera eu mesmo ser anátema, separado de Cristo, em
favor de meus irmãos, de meus parentes segundo a carne,
4que são os israelitas, aos quais pertencem a adoção filial,
a glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas,
5aos quais pertencem os patriarcas, e dos quais descende o
Cristo, segundo a carne, que é acima de tudo, Deus bendito
pelos séculos! Amém.
6E não é que a palavra de Deus tenha falhado, pois nem
todos os que descendem de Israel são Israel, 7como nem
todos os descendentes de Abraão são seus filhos, mas de
Isaac sairá a descendência que terá teu nome. 8Isto é, não
são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas são os
filhos da promessa que são tidos como descendentes. 9Pois
os termos da promessa são estes: Por esta época voltarei
e Sara terá um filho. 10E não é só. Também Rebeca, que
concebera de um só, de Isaac nosso pai, 11quando ainda não
haviam nascido, e nada tinham feito de bem ou de mal, - a
fim de que ficasse firme a liberdade da escolha de Deus,
12dependendo não das obras, mas daquele que chama - foilhe dito: O maior servirá ao menor, 13conforme está escrito:
Amei a Jacó e aborreci a Esaú.
14Que diremos então? Que há injustiça por parte de Deus?
De modo algum. 15Pois ele diz a Moisés: Farei misericórdia
a quem eu fizer misericórdia e terei piedade de quem eu
tiver piedade. 16Não depende, portanto, daquele que quer,
nem daquele que corre, mas de Deus que faz misericórdia.
17Com efeito, a Escritura diz ao faraó: Eu te suscitei precisamente para mostrar em ti o meu poder e para que meu
nome seja celebrado em toda a terra. 18De modo que ele faz
misericórdia a quem quer e endurece a quem ele quer.
Responsório
Rm 9, 4.8.6
R. Aos israelitas pertencem a adoção filial, a glória,
as
alianças, a legislação, o culto, as promessas;
* Mas os filhos da promessa
é que são tidos como descendentes.
V. Pois nem todos os que descendem de Israel são Israel.
* Mas os filhos.
Segunda leitura
Do “Comentário sobre o Evangelho de João”, de São Cirilo
de Alexandria, bispo
(Liv. 10)
(Séc. V)
São peregrinos e estrangeiros sobre a terra
aqueles que vivem uma vida celeste
Está escrito no livro de Moisés que Abraão creu em Deus
e a fé lhe foi levada em conta de justiça e foi chamado amigo
de Deus. Qual foi a sua fé e por que foi chamado amigo de
Deus? Foi-lhe dito: Sai de teu país, da tua pátria e da casa
de teu pai, e vai para o país que eu te indicarei (Gn 12,1).
Mas também quando lhe foi ordenado de imolar o seu filho
unigênito como figura de Cristo, foi-lhe revelado o desígnio
misterioso de Deus. E por isso o Salvador, falando dele aos
judeus, disse: Abraão, vosso pai, exultou na esperança de
ver o meu dia; viu-o e nele se alegrou (Gn 8,56).
Portanto, por causa da sua obediência e do seu sacrifício,
Abraão foi chamado amigo de Deus e foi revestido da glória
da justiça: não somente, mas foi honrado com o privilégio
de conversar com Deus, e assim conheceu o plano de Deus
que haveria de se realizar na plenitude dos tempos.
]E, justamente na plenitude dos tempos, Cristo, hóstia
verdadeiramente santa que tira os pecados do mundo,
morreu por nós. Porém presta atenção e observa como o
mesmo acontece também com aqueles que são chamados
a uma amizade mais íntima com o nosso Salvador Jesus
Cristo. Também a eles é dito: Sai da tua terra. Ouve com
quanta coragem eles respondem: Não temos aqui na terra
uma cidade estável, mas estamos em busca da cidade futura
(Hb 13,14) cujo artífice e arquiteto é Deus. Peregrinos e
estrangeiros sobre a terra de fato são aqueles que vivem
uma vida celeste e, todos marcados pelo amor de Deus, se
desapegam da terra para desejar a posse do céu, a morada
para a qual aponta o Salvador quando diz: Vou preparar-vos
um lugar; voltarei e levar-vos-ei comigo, para que estejais
também vós onde eu estou (Jo 14,2.3). Entenderam que
devem deixar a própria casa.
Como é possível? Foi o próprio Cristo quem nos disse:
Quem ama o pai ou a mãe mais que a mim, não é digno
de mim (Mt 10,37). Sem dúvida alguma, a amizade com
Deus está acima de todas as outras amizades ou ainda acima
do mais íntimo parentesco e, para aqueles que o amam, o
amor de Cristo é mais forte do que qualquer outro amor.
A Abraão foi ordenado oferecer a Deus o filho em holocausto: a eles, porém, foi ordenado que, revestidos de fé e
de justiça, ofereçam não outros, mas a si próprios. Exorto-vos, diz, a oferecer os vossos corpos como sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus; é este o vosso culto espiritual
(Rm 12,1). Deles está escrito ainda: Portanto, aqueles que
são de Cristo Jesus crucificaram a sua carne com as suas
paixões e os seus desejos (Gl 5,24).
Também eles são chamados a penetrar no mistério de
Cristo (cf. Cl 2,2). Eles têm a certeza de que, em troca do
amor para com Cristo, lhes serão concedidas, como prêmio,
a bem-aventurança da vida futura e a glória eterna. E, assim
como Abraão, serão chamados justos e filhos de Deus.
Responsório
2Cor 5,7-9; Hb 13,14
R. Caminhamos na fé e não ainda na visão.
Estamos cheios
de confiança
e preferimos andar no exílio do corpo
e habitar
junto do Senhor.
* Por isso nos esforçamos,
seja morando no corpo ou saindo
dele,
a sermos agradáveis a Ele.
V. Não temos aqui uma cidade estável,
mas buscamos
aquela futura.
* Por isso.
OraçãoDeus
eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para
que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por
nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.