QUARTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro de Ester 4,17m-17kk

Oração da rainha Ester
Naqueles dias: 17mAnte a morte iminente, todo o Israel gritava a Deus com todas as suas forças. 17nA rainha Ester, temendo o perigo de morte que se aproximava, buscou refúgio no Senhor. 17oAbandonou as vestes suntuosas e vestiu-se com roupas de aflição e luto. Em vez de perfumes refinados, cobriu a cabeça com cinza e humilhou o seu corpo com inúmeros jejuns. 17pProstrou-se por terra desde a manhã até ao anoitecer, juntamente com suas servas, e disse: 17q"Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó, tu és bendito. Vem em meu socorro, pois estou só e não tenho outro defensor fora de ti, Senhor, 17rpois eu mesma me expus ao perigo. 17sSenhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que salvaste Noé das águas do dilúvio. 17tSenhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que entregaste nove reis a Abraão com apenas trezentos e dezoito homens. 17uSenhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que libertaste Jonas do ventre da baleia.17vSenhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que livraste Ananias, Azarias e Misael da fornalha ardente. 17xSenhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que arrebataste Daniel da cova dos leões. 17ySenhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que tiveste misericórdia de Ezequias, rei dos Judeus, quando, condenado a morrer, te implorou pela vida e lhe concedeste mais quinze anos de vida. 17zSenhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que concedeste um filho a Ana que o pedia com ardente desejo. 17aaSenhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que tu libertas, Senhor, até ao fim, todos os que te são caros. 17bbAgora, pois, ajuda-me, a mim que estou sozinha e não tenho mais ninguém senão a ti, Senhor meu Deus. 17ccTu sabes que tua serva detestou o leito dos incircuncisos, 17ddque não comi à mesa das abominações nem bebi o vinho de suas libações. 17eeTu sabes que, desde a minha deportação, não tive alegria, Senhor, a não ser em ti. 17ffTu sabes, ó Deus, por que trago esta vestimenta sobre a minha cabeça, e que a abomino como um trapo imundo e não a trago nos meus dias de tranquilidade. 17ggVem, pois, em auxílio de minha orfandade. Põe em meus lábios um discurso atraente, quando eu estiver diante do leão, e muda o seu coração para que odeie aquele que nos ataca, para que este pereça com todos os seus cúmplices. 17hhE livra-nos da mão de nossos inimigos. Transforma nosso luto em alegria e nossas dores em bem-estar. 17iiAos que querem apossar-se de tua herança, ó Deus, entrega-os à ruína. 17kkMostra-te, Senhor; ó Senhor, manifesta-te!

Responsório Cf. Est 14,12.13.9(Vg); Jó 24,23(Vg)

R. Dai-me força, Rei dos deuses,
que o poder tendes na mão!
* Colocai na minha boca a palavra apropriada,
a palavra eloquente.
V. Ó Senhor, dai-nos o tempo para a nossa conversão,
e os lábios não fecheis dos que cantam vossa glória.
* Colocai.

Segunda leitura
Da Carta a Proba, de Santo Agostinho, bispo

(Ep. 130,12,22-13,24: CSEL 44,65-68)
(Séc. V)

Nada encontrarás que não esteja contido
na oração do Senhor
Quem diz, por exemplo: Sê glorificado em todos os povos, assim como foste glorificado em nós (Eclo 36,3) e: Sejam reconhecidos fiéis os teus profetas (Eclo 36,15), o que diz senão: Santificado seja o teu nome?

Quem diz: Deus dos exércitos, converte-nos e mostra tua face e seremos salvos (Sl 79,4), o que diz senão: Venha o teu reino?

Quem diz: Orienta meus caminhos segundo tua palavra e nenhuma iniquidade me dominará (Sl 118,133), o que diz senão: Seja feita tua vontade assim na terra como no céu?

Quem diz: Não me dês indigência nem riquezas (Pr 30,8) o que diz senão: O pão nosso de cada dia dá-nos hoje?

Quem diz: Lembra-te, Senhor, de Davi e de sua mansidão (Sl 131,1) ou Senhor, se assim agi, se há iniquidade em minhas mãos, se paguei o bem com o mal (cf. Sl 7,14), o que diz senão: Perdoa nossas dívidas assim como perdoamos a nossos devedores?

Quem diz: Arrebata-me de meus inimigos, ó Deus, e dos que se levantam contra mim liberta-me (Sl 58,2), o que diz senão: Livra-nos do mal?

E se percorreres todas as palavras das santas preces, em meu parecer, nada encontrarás que não esteja contido nesta oração dominical ou que ela não encerre. Por isto cada qual ao orar é livre de dizer estas ou aquelas palavras, mas não pode sentir-se livre de dizer coisa diferente.

Sem a menor dúvida, é isso que devemos pedir na oração, por nós, pelos nossos, pelos estranhos e até pelos inimigos; uma coisa para este, outra para aquele, conforme o parentesco mais próximo ou mais afastado, segundo brote ou inspire o sentimento no coração do orante.

Sabes, agora, assim penso, não apenas como rezar, mas o que rezar; não fui eu o mestre, mas aquele que se dignou ensinar-nos a todos nós.

A vida feliz, a ela temos de tender, temos de pedi-la ao Senhor Deus. O que seja ser feliz tem sido muito e por muitos discutido. Nós, porém, para que irmos atrás de muitos e de muitas coisas? Na Escritura de Deus, com toda a verdade e concisão, se diz: Feliz o povo que tem por Senhor o próprio Deus (Sl 143,15). Para sermos deste povo, chegar a contemplar a Deus e com ele viver sem fim, a meta do preceito é a caridade com um coração puro, consciência boa e fé sem hipocrisia (cf. 1Tm 1,5).

Nestes três objetivos, a esperança corresponde à boa consciência. Portanto a fé, a esperança e a caridade levam a Deus o orante, aquele que crê, que espera, que deseja e que presta atenção ao que pede ao Senhor na oração dominical.

Responsório Sl 101(102),2, cf. 18; 129(130),2b

R. Ouvi, Senhor e escutai minha oração
e chegue até vós o meu clamor.
* Ouvireis a oração dos oprimidos
e não desprezareis a sua prece.
V. Vossos ouvidos estejam bem atentos
ao clamor da minha prece, ó Senhor.
* Ouvireis.

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.