Ofício das Leituras

V.
Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.Aleluia.
Esta introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.

Hino

Exulte o céu do alto,
aplaudam terra e mar;
o Cristo, ressurgindo,
a vida vem nos dar.

O tempo favorável
à terra já voltou;
felizes, contemplamos
o dia salvador,

no qual o mundo, salvo
no sangue do Cordeiro,
já brilha em meio às trevas
com brilho verdadeiro.

A morte mata a morte,
da culpa nos redime;
a força do vencido,
vencendo, apaga o crime.

É esta a nossa espera,
é este o nosso gozo:
também ressurgiremos,
com Cristo glorioso.

Por isso, celebremos
a Páscoa do Cordeiro,
repletos pela graça
do seu amor primeiro.

Jesus, sede a alegria
perene dos remidos;
uni na vossa glória
da graça os renascidos.

Louvor a vós, Jesus,
da morte vencedor,
reinando com o Pai
e o seu eterno Amor.

Salmodia

Ant.1
Inclinai o vosso ouvido para mim,
apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me!

Salmo 30(31),2-17.20-25

Súplica confiante do aflito
Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito (Lc 23,46).

I
2 Senhor, eu ponho em vós minha esperança; *
que eu não fique envergonhado eternamente!
= Porque sois justo, defendei-me e libertai-me, †
3 inclinai o vosso ouvido para mim; *
apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me!

– Sede uma rocha protetora para mim, *
um abrigo bem seguro que me salve!
4 Sim, sois vós a minha rocha e fortaleza; *
por vossa honra orientai-me e conduzi-me!
5 Retirai-me desta rede traiçoeira, *
porque sois o meu refúgio protetor!

6 Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, *
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!
7 Detestais os que adoram deuses falsos; *
quanto a mim, é ao Senhor que me confio.

=8 Vosso amor me faz saltar de alegria, †
pois olhastes para as minhas aflições *
e conhecestes as angústias de minh’alma.
9 Não me entregastes entre as mãos do inimigo, *
mas colocastes os meus pés em lugar amplo!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant.
Inclinai o vosso ouvido para mim,
apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me!

Ant.2 Mostrai serena a vossa face ao vosso servo. Aleluia

II
=10 Tende piedade, ó Senhor, estou sofrendo: †
os meus olhos se turvaram de tristeza, *
o meu corpo e minha alma definharam!
11 Minha vida se consome em amargura, *
e se escoam os meus anos em gemidos!

– Minhas forças se esgotam na aflição, *
e até meus ossos, pouco a pouco, se desfazem!
12 Tornei-me o opróbrio do inimigo, *
o desprezo e zombaria dos vizinhos,
– e objeto de pavor para os amigos; *
fogem de mim os que me vêem pela rua.

13 Os corações me esqueceram como um morto, *
e tornei-me como um vaso espedaçado.
14 Ao redor, todas as coisas me apavoram; *
ouço muitos cochichando contra mim;
– todos juntos se reúnem, conspirando *
e pensando como vão tirar-me a vida.

15 A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio, *
e afirmo que só vós sois o meu Deus!
16 Eu entrego em vossas mãos o meu destino; *
libertai-me do inimigo e do opressor!
17 Mostrai serena a vossa face ao vosso servo, *
e salvai-me pela vossa compaixão!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant.
Mostrai serena a vossa face ao vosso servo. Aleluia.

Ant.3 Seja bendito o Senhor Deus por seu amor maravilhoso! Aleluia

III
20 Como é grande, ó Senhor, vossa bondade, *
que reservastes para aqueles que vos temem!
– Para aqueles que em vós se refugiam, *
mostrando, assim, o vosso amor perante os homens.

21 Na proteção de vossa face os defendeis *
bem longe das intrigas dos mortais.
– No interior de vossa tenda os escondeis, *
protegendo-os contra as línguas maldizentes.

22 Seja bendito o Senhor Deus, que me mostrou *
seu grande amor numa cidade protegida!
23 Eu que dizia quando estava perturbado: *
“Fui expulso da presença do Senhor!”
– Vejo agora que ouvistes minha súplica, *
quando a vós eu elevei o meu clamor.

=24 Amai o Senhor Deus, seus santos todos, †
ele guarda com carinho seus fiéis, *
mas pune os orgulhosos com rigor.
25 Fortalecei os corações, tende coragem, *
todos vós que ao Senhor vos confiais!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant.
Seja bendito o Senhor Deus por seu amor maravilhoso! Aleluia.

V.
Meu coração e minha carne rejubilam. Aleluia.
R. E exultam de alegria no Deus vivo. Aleluia.

Primeira leitura
Dos Atos dos Apóstolos 21,1-26

Viagem de Paulo a Jerusalém
Tendo-nos como que arrancado dos braços dos amigos de Éfeso, embarcamos e navegamos em linha reta à ilha de Cós. No dia seguinte chegamos a Rodes e, de lá, a Pátara. Encontrando aí um navio que fazia a travessia para a Fenícia, embarcamos e nos fizemos ao mar. Chegando à vista de Chipre, deixamo-la à esquerda e continuamos a vogar rumo à Síria, aportando em Tiro: aí devia o navio descarregar. Encontrando os discípulos, ficamos lá sete dias. Movidos pelo Espírito, eles diziam a Paulo que não subisse a Jerusalém. Completados os dias da nossa permanência, partimos. Todos quiseram acompanhar-nos, com suas mulheres e crianças, até fora da cidade. Na praia pusemo-nos de joelhos, para orar. Depois, despedimo-nos mutuamente e embarcamos. Eles voltaram para suas casas.
Quanto a nós, concluindo nossa viagem, de Tiro chegamos a Ptolemaida. Ali, tendo saudado os irmãos, ficamos um dia com eles. Partindo no dia seguinte, dirigimo-nos a Cesareia. Lá dirigimo-nos à casa de Filipe, o Evangelista, que era um dos Sete, com quem nos hospedamos. Ele tinha quatro filhas virgens, que profetizavam. Enquanto passávamos aí vários dias, desceu da Judeia um profeta, chamado Ágabo. Vindo ter conosco, ele tomou o cinto de Paulo e, amarrando-se de pés e mãos, declarou: “Isto diz o Espírito Santo: Assim os judeus prenderão, em Jerusalém, o homem a quem pertence este cinto, e o entregarão às mãos dos gentios”. Ao ouvirmos essas palavras, nós e os do lugar começamos a suplicar a Paulo que não subisse a Jerusalém. Mas ele respondeu: “Que fazeis, chorando e afligindo meu coração? Pois estou pronto, não somente a ser preso, mas até a morrer em Jerusalém, pelo nome do Senhor Jesus”. Como não se deixasse persuadir, aquietamo-nos, dizendo: “Seja feita a vontade do Senhor!”
Depois desses dias, tendo-nos preparado, começamos a subir a Jerusalém. Acompanharam-nos alguns dos discípulos de Cesareia, e nos levaram à casa de certo Mnason, de Chipre, antigo discípulo, com quem nos deveríamos hospedar.
Ao chegarmos a Jerusalém, receberam-nos os irmãos com alegria. No dia seguinte, Paulo foi conosco à casa de Tiago, onde todos os anciãos se reuniram. Depois de havê-los saudado, começou a expor minuciosamente o que Deus fizera entre os gentios por seu ministério. Eles, ouvindo-o, glorificavam a Deus. Mas depois disseram-lhe: “Tu vês, irmão, quantos milhares de judeus há que abraçaram a fé, e todos são zeladores da Lei! Ora, foram informados, a teu respeito, que ensinas todos os judeus, que vivem no meio dos gentios, a apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não circuncidem mais seus filhos nem continuem a seguir suas tradições. Que fazer? Certamente há de aglomerar-se a multidão, ao saberem que chegaste. Faze, pois, o que te vamos dizer. Estão aqui quatro homens que têm a sua promessa a cumprir. Leva-os contigo, purifica-te com eles, e encarrega-te das despesas para que possam mandar cortar os cabelos. Assim todos saberão que nada existe do que se propala a teu respeito, mas que andas firme, tu também, na observância da Lei. Quanto aos gentios que abraçaram a fé, já lhes escrevemos sobre nossas decisões: que se abstenham das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e das uniões ilegítimas”.
Paulo, então, levou os homens consigo. No dia seguinte purificou-se com eles e entrou no Templo, comunicando o prazo em que, terminados os dias da purificação, devia ser oferecido o sacrifício na intenção de cada um deles.

Responsório At 21,13;Cl 1,24
R. Eu estou pronto, não somente para ser preso,
mas até para morrer em Jerusalém
*
Pelo nome do Senhor Jesus, aleluia, aleluia.
V.
Completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo
em favor de seu Corpo que é a Igreja.
*
Pelo nome

Segunda leitura

Do Tratado sobre a Trindade, de Dídimo de Alexandria
(Lib. 2,12: PG 39,667-674) (Séc. IV)

O Espírito Santo nos renova pelo batismo
O Espírito Santo, que é Deus juntamente com o Pai e o Filho, nos renova pelo batismo; e do nosso estado de imperfeição, reintegra-nos na beleza primitiva. Torna-nos de tal forma repletos de sua graça, que não podemos admitir em nós qualquer coisa que não deva ser desejada. Além disso, liberta-nos do pecado e da morte. E de terrenos que somos, quer dizer, feitos do pó da terra, nos faz espirituais, participantes da glória divina, filhos e herdeiros de Deus Pai.
Faz-nos ainda conformes à imagem do Filho, seus herdeiros e irmãos, destinados a ser um dia glorificados e a reinar com ele. Em vez da terra, dá-nos de novo o céu, abre-nos generosamente as portas do paraíso, honra-nos mais do que os próprios anjos. E com as águas divinas do batismo, apaga as imensas e inextinguíveis chamas do inferno.
Os homens são concebidos duas vezes: uma corporalmente, a outra, pelo divino Espírito. Acerca de um e de outro nascimento, escreveram muito bem os autores sagrados. Citarei o nome e a doutrina de cada um.
João diz: A todos que o receberam, deu-lhes a capacidade de se tornarem filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, pois estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,12-13).
Todos os que acreditaram em Cristo, afirma ele, receberam a capacidade de se tornarem filhos de Deus, quer dizer, do Espírito Santo, e participantes da natureza divina. E para ficar bem claro que o Deus que gera é o Espírito Santo, acrescenta estas palavras de Cristo: Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus (Jo 3,5).
A fonte batismal dá à luz de maneira visível nosso corpo visível, pelo ministério dos sacerdotes; mas o Espírito de Deus, invisível a todas as inteligências, é que batiza e regenera simultaneamente o corpo e a alma, pelo ministério dos anjos.
João Batista, historicamente e de acordo com esta expressão: da água e do Espírito, diz a respeito de Cristo: Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo (Mt 3,11; Lc 3,16).
Como um vaso de barro, o homem precisa primeiro ser purificado pela água; em seguida, fortalecido e aperfeiçoado pelo fogo espiritual (Deus, com efeito, é um fogo devorador). Precisamos, portanto, do Espírito Santo para nossa perfeição e renovação. Pois o fogo espiritual sabe também regar, e a água batismal é também capaz de queimar como o fogo.

Responsório Is 44,3.4;Jo 4,14
R. Derramarei, diz o Senhor, na terra seca águas correntes
e torrentes correrão sobre o solo sequioso;
derramarei o meu Espírito,
*
E crescerão como o salgueiro
que é plantado à beira d’água. Aleluia.
V.
A água que eu vos der,
em vós se tornará uma fonte a jorrar até à vida eterna.
*
E crescerão como o salgueiro.

Oração
Concedei, ó Deus, que vejamos frutificar em toda a nossa vida as graças do mistério pascal, que instituístes na vossa misericórdia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.