QUINTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Da Segunda Carta de São Pedro 3,1-10

Deus é fiel a sua promessa
1Amados, esta já é a segunda carta que vos escrevo, procurando em ambas despertar o vosso pensamento sadio com algumas admoestações, 2a fim de vos trazer à memória as palavras preditas pelos santos profetas e o mandamento dos vossos apóstolos, a eles confiado pelo Senhor e Salvador.
3Antes de mais nada, deveis saber que nos últimos dias virão escarnecedores com os seus escárnios e levando vida desenfreada, de acordo com as suas próprias concupiscências. 4Seu tema será: “Em que ficou a promessa da sua vinda? De fato, desde que os pais morreram, tudo continua como desde o princípio da criação!” 5Mas eles fingem não perceber que existiram outrora céus e terra, esta tirada da água, e estabelecida no meio da água pela Palavra de Deus, 6e que por essas mesmas causas o mundo de então pereceu, submergido pela água. 7Ora, os céus e a terra de agora estão reservados pela mesma Palavra ao fogo, aguardando o dia do Julgamento e da destruição dos homens ímpios.
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Há, contudo, uma coisa, amados, que não deveis ignorar: É que para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia. 9O Senhor não tarda a cumprir sua promessa, como pensam alguns, entendendo que há demora; o que ele está, é usando de paciência convosco, porque não quer que ninguém se perca, mas que todos venham a converter-se. 10O Dia do Senhor chegará como ladrão e então os céus se desfarão com estrondo, os elementos, devorados pelas chamas, se dissolverão e a terra, juntamente com suas obras, será consumida.

Responsório Mt 24,43-44; 2Pd 3,10
R. Se o dono da casa soubesse em que vigília viria o ladrão,
vigiaria e não permitiria que a sua casa fosse arrombada;
* Por isso também vós ficai preparados.
V. O dia do Senhor virá como um ladrão,
então os céus se desfarão com estrondo.
* Por isso.

Segunda leitura

Da “Exortação aos Pagãos” de Clemente Alexandrino
(C. 1)
(Séc. II)


Vivamos neste mundo com sobriedade,
justiça e piedade, na espera da manifestação
da glória do nosso grande Deus
O Senhor é misericordioso: castiga, exorta, admoesta, conserva, protege e, conforme a doutrina que nos ensinou, pela superabundância da sua generosidade, promete o Reino dos Céus, sem obter de nós outro fruto a não ser o da nossa salvação. Com efeito, o vício se compraz da destruição dos homens, enquanto a verdade, que se encontra em todas as coisas como uma abelha inócua, se alegra com a salvação dos homens. Tu possuis já a promessa, tens todo o amor com que Deus ama o gênero humano; toma parte agora da graça. Mas não consideres como “novo” o meu cântico, da mesma maneira como se diz novo um objeto ou uma casa. Com efeito, ele era, primeiramente, da estrela da manhã (2Pd 1,19) e no princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus (Jo 1,1).
Nesse sentido, nós somos anteriores à criação do mundo, pois, de certa maneira, preexistimos em Deus, em virtude da nossa futura criação.
Somos, portanto, criaturas racionais do Verbo divino, ou seja, da Inteligência divina. Nele podemos ser chamados “primeiros”, porque “no princípio era o Verbo”. Enquanto o Verbo existia já desde antes da fundação do mundo, foi e continua sendo o princípio divino de todas as coisas. Enquanto, nos últimos tempos, quis assumir o nome de Cristo, já considerado santo no passado, eu o chamo de Cântico novo. Portanto esse Verbo que é Cristo não apenas foi causa do nosso persistir, mas, também, concede-nos viver retamente. Nestes últimos tempos, manifestou-se aos homens como o único a ser, ao mesmo tempo, Deus e homem. Com efeito, educados por ele a viver retamente, somos encaminhados rumo à vida eterna. Portanto, como diz aquele divino apóstolo do Senhor: A graça de Deus se manifestou para a salvação de todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas, e a viver neste mundo com sobriedade, justiça e piedade, aguardando a nossa bendita esperança, a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Cristo Jesus (Tt 2,11-13).
Portanto o Cântico novo é aquele do Verbo que era no princípio (Jo 1,1).
Agora, então, apareceu o Salvador, que é desde sempre. O Verbo, que estava junto a Deus e por meio do qual tudo foi feito, apareceu em veste de mestre. Aquele que como artífice do mundo nos deu a vida na primeira criação, ao se manifestar como mestre, ensinou-nos as normas de uma vida reta para, mais tarde, como Deus, poder proporcionar- nos a vida eterna.

Responsório Is 30,18; Hb 9,28
R. O Senhor espera a hora de poder mostrar-vos a sua graça.
Ele se ergue para mostrar-vos a sua compaixão,
porque o Senhor é um Deus de justiça.
* Bem-aventurados todos aqueles que nele esperam.
V. Ele aparecerá àqueles que o esperam para a salvação.
* Bem-aventurados.

Oração

Ó Deus, pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e filhas, concedei aos que crêem no Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.