QUARTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro do Eclesiástico 15,11-20

Liberdade do homem
11Não digas: “É o Senhor que me faz pecar”, porque ele não faz aquilo que odeia. 12Não digas: “É ele que me faz errar”, porque ele não tem necessidade de homem pecador. 13O Senhor odeia toda espécie de abominação e nenhuma é amável para os que o temem. 14Desde o princípio ele criou o homem e o abandonou nas mãos de sua própria decisão. 15Se quiseres, observarás os mandamentos para permanecer fiel ao seu prazer. 16Ele colocou diante de ti o fogo e a água; para o que quiseres estenderás tua mão. 17Diante dos homens está a vida e a morte, ser-te-á dado o que preferires. 18É grande, pois, a sabedoria do Senhor, ele é todo-poderoso e vê tudo. Seus olhos veem os que o temem, ele conhece todas as obras do homem. 20Não ordenou a ninguém ser ímpio, não deu a ninguém licença de pecar.

Responsório Cf. Eclo 15,14.17.19
R. Desde o princípio Deus criou o homem,
e o abandonou nas mãos de sua própria decisão.
* Diante dos homens está a vida e a morte, o bem e o mal.
V. Seus olhos veem os que o temem,
Ele conhece todas as obras do homem.
* Diante dos homens.

Segunda leitura

Dos “Discursos” de Pedro de Blois, presbítero
(54.º sobre o sacrifício do altar)
(Séc. XIII)


Cristo se tornou pão para nós
A lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo (Jo 1,17). Se, portanto, Cristo é a verdade, e, justamente porque é a verdade, se cremos em Cristo, cremos também por Cristo. Na verdade, é ele mesmo que diz: Eu sou o pão vivo, descido do céu (Jo 6,51); ele é o maná restaurador, ele é o cordeiro que era imolado e comido sob a antiga lei; ele próprio se ofereceu a nós como prêmio e alimento: ele, que alimentou os nossos pais com o maná, sacia-nos com o pão, e cumpre assim o que está escrito: Quando vier o novo lançareis fora o antigo, e comereis o antiquíssimo (Lv 26,10 vulg.).
O antigo são os sacrifícios da antiga lei que eram oferecidos por Aarão e pelos seus filhos, degolando os filhotes de carneiros e espargindo o sangue de bois e de cabritos. Mas o antiquíssimo foram o pão e o vinho oferecidos por Melquisedeque, que prefiguravam o sacramento de Cristo, a respeito do qual o Pai jurou: Tu és sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque (Sl 109,4). Portanto, com a chegada do novo deveriam ser lançados fora os sacrifícios legais para comer o antiquíssimo, porquanto o homem comeu o pão dos anjos que Deus na sua bondade havia preparado para o pobre dos tempos antigos.
O pão do qual nós nos nutrimos é a assunção da nossa natureza. Cristo, de fato, transformou em trigo o feno da nossa carne para nos alimentar com a flor do trigo. Tornou-se para nós pão que deve ser semeado e, multiplicado num coração bom, torna-se para nós grão de trigo. É pão que revigora, para a consolação desta vida miserável e para o sustento no cansaço do caminho: é pão na palavra da doutrina, pão no exemplo da vida, pão da graça espiritual, pão da glória sem fim. Esta, disse, é a nova aliança no meu sangue (Lc 22,20; 1Cor 11,25). Esta nova aliança nos é confirmada na morte de Cristo, a fim de que sejamos totalmente unidos a ele numa morte semelhante à sua, morremos para o mundo para que a nossa vida seja escondida com Cristo em Deus. Sobre esta aliança é necessário ordenar os sacrifícios, de modo que todo o homem, oferecendo-se como uma oblação viva e agradável a Deus, apresente, antes de tudo, o sacrifício da penitência. Um espírito contrito, diz, é um sacrifício a Deus, um coração abatido e humilhado, ó Deus, tu não desprezas (Sl 50,19).
O segundo sacrifício é a oferta da misericórdia, que pela sua delicada excelência, o Senhor chama justiça, e não sacrifício, dizendo: Misericórdia eu quero e não sacrifício (Mt 9,13;12,7). Disso, de fato, está escrito: “Oferecei sacrifícios de justiça” (Sl 4,6).
Há ainda um terceiro que é totalmente interno, porque procede exclusivamente do íntimo da alma e da profundeza do coração: é o sacrifício de louvor. O profeta, que desejava oferecer este sacrifício com toda a generosidade do coração e a plenitude da caridade, disse: eu me sacirei como de óleo e gordura, e com alegria nos lábios minha boca te louvará (Sl 63,6). O primeiro sacrifício se refere a mim, o segundo ao próximo, e o terceiro a Deus. E, todavia, eu dirijo tudo a Deus, e a Ele tudo ofereço.
Porém, se queremos oferecer sacrifícios sobre a aliança de Cristo, um só é o modo e a mensagem; esta é a ordem: que, como nos é prescrito lançar nele os nossos pensamentos, assim lancemos a fé dos sacrifícios na sua palavra. Creia o homem mais em Cristo do que em si próprio, a fim de que o seu espírito se mantenha fiel a Deus, renegue-se a si mesmo e siga Cristo com a esperança e a fé. Pois Ele é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6).

Responsório Jo 6,48-51
R. Eu sou o pão da vida.
Os vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram.
* Este é o pão que desce do céu,
para que aquele que dele comer não morra.
V. Eu sou o pão vivo descido do céu.
Quem come deste pão viverá eternamente.
* Este é o pão.

Oração

Ó Deus, sempre nos preceda e acompanhe a vossa graça para que estejamos sempre atentos ao bem que devemos fazer. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.