SÁBADO

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro do Eclesiástico 51,1-12

Hino de louvor
1Eu te dou graças, Senhor, Rei, e louvo-te, Deus meu Salvador. Eu rendo graças a teu nome. 2Porque foste para mim protetor e sustentáculo e livraste meu corpo da ruína, do laço da língua caluniadora e dos lábios que fabricam a mentira; na presença dos que me rodeiam, foste meu sustentáculo 3e me livraste, segundo a abundância de tua misericórdia e de teu nome, das mordeduras dos que estão prestes a me devorar, das mãos dos que querem a minha vida, das inumeráveis provas que sofri, 4do sufocamento do fogo que me rodeava, do meio de um fogo que eu não acendi, das profundas entranhas do Xeol, da língua impura, da palavra mentirosa, 6e das flechas de uma língua injusta. Minha alma esteve perto da morte, minha vida desceu às portas do Xeol. 7Rodeavam-me por todos os lados, mas não havia quem me ajudasse; procurei pelo socorro dos homens e nada. 8Então lembrei-me de tua misericórdia, Senhor, e de teu benefício, desde toda eternidade, sabendo que tu livras, os que esperam em ti, que tu os salvas das mãos de seus inimigos. 9E fiz subir da terra a minha oração, pedi para ser livre da morte. 10Invoquei o Senhor, pai de meu Senhor: “Não me abandones no dia da provação, no tempo dos orgulhosos e do abandono. 11E louvarei o teu nome continuamente e o cantarei no meu agradecimento.” E minha oração foi ouvida, 12tu me salvaste da ruína, livraste-me no tempo mau. Por isso eu te dou graças e te louvo e bendirei o nome do Senhor.

Responsório Eclo 51,8.1.10.11
R. Lembrei-me de tua misericórdia, Senhor,
e de teu benefício, desde toda a eternidade.
* Eu te dou graças, Senhor, Rei,
e louvo-te, Deus meu Salvador.
V. Exclamei: “Senhor, pai de meu Senhor!”,
e minha oração foi ouvida.
* Eu te dou graças.

Segunda leitura

Do “Comentário sobre o profeta Isaias”, de São Cirilo de Alexandria, bispo
(Liv. 4,4)

(Séc. IV)


Rendamos graças a Deus Pai que nos
libertou do poder das trevas
O Senhor Deus me deu língua de discípulo para que eu saiba quando devo falar (cf. Is 50,4). Não está em contraste, mas sim em pleno acordo com a mais exata exposição, aplicar essas palavras à multidão dos santos apóstolos, e, também, a todos os que creem em Cristo e são instruídos na doutrina espiritual por quem tem a mente e a alma largamente iluminadas; àqueles que se tornaram partícipes dos carismas divinos e dignos de contemplar com os olhos puros da alma a profundidade da Escritura divinamente inspirada; e enfim incluirei entre os santos aqueles que seguiram a moral evangélica, a prudência e a ciência.
Esses, portanto, cantam hinos de ação de graças e proclamam que a eles foi concedida uma língua de iniciados, ou seja, uma língua capaz de falar com conhecimento de causa sobre os mistérios divinos, e de explicá-los sem erros; e de entender quando e como é oportuno servir-se de palavras de consolação. É o que fizeram os discípulos do Senhor, quando encheram e adornaram as almas e os corações com a sã e imaculada doutrina da fé cristã, e apresentaram a todos os ouvintes da pregação divina um ou outro discurso conforme era conveniente a cada um.
De fato, àqueles que eram ainda crianças, ofereceram oportunamente o leite de uma instrução simples ou catequeses; porém deram um alimento sólido e nutriente àqueles que se encontravam no estado de homem perfeito e haviam atingido a medida conveniente à plena maturidade de Cristo. Esta foi, portanto, a língua dos iniciados e o dom da ciência para saber quando convém falar; e eles dizem que ela lhes foi dada ao alvorecer, ou seja, surgiu nos seus corações o esplendor do dia, o fulgor da luz divina e inteligível, a estrela da manhã. Compreenderemos isso melhor com as palavras do bem-aventurado Paulo, que escreve: Rendamos graças com alegria ao Pai que nos tornou ap- tos para participar da sorte dos santos na luz; é ele, na verdade, que nos libertou do poder das trevas e nos trans- portou para o reino de seu Filho dileto (Cl 1,12-13).
Em verdade, o ídolo deste mundo cegou os pagãos de maneira tal que para eles não resplandece a luz do Evangelho de Cristo. Para nós, ao contrário, surgiu o Sol de justiça para iluminar as mentes com o fulgor da luz divina, a fim de que sejamos chamados filhos da luz, e o somos de fato. Pois, logo que acolhemos a fé em Cristo e fomos iluminados por ele, foi-nos dado em acréscimo um ouvido particular, ou seja, um novo ouvido (cf. Is 50,4-5). Em verdade, nós que acreditamos que a lei é um pedagogo, escutando a lei mosaica a compreendemos com outro modo de ouvir e traduzimos o símbolo na verdade, transformando a sombra numa semente de contemplação espiritual. Pois a doutrina cristã, ou seja, a pregação evangélica e a iniciação nos seus mistérios, ensina a entender a lei espiritualmente, abrindo quase os ouvidos daqueles que creram em Cristo.

Responsório Sl 85(86),12-13
R. Louvar-te-ei, ó Senhor, com todo o meu coração
e sempre darei glória ao teu nome.
* Porque é grande para comigo a tua misericórdia.
V. Do profundo dos infernos me arrancaste,
* Porque é grande.

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.