Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus em
meu auxílio.
R. Socorrei-me sem
demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Esta
introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao
Ofício das Leituras.
Hino
Agora é tempo favorável,
divino dom da Providência,
para curar o mundo enfermo
com um remédio, a penitência.
Da salvação refulge o dia,
na luz de Cristo a fulgurar.
O coração, que o mal feriu,
a abstinência vem curar.
Em corpo e alma, a abstinência,
Deus, ajudai-nos a guardar.
Por tal passagem, poderemos
à páscoa eterna, enfim, chegar.
Todo o Universo vos adore,
Trindade Santa, Sumo Bem.
Novos por graça entoaremos
um canto novo a vós. Amém.
Salmodia
Ant. 1 O Senhor fará justiça para os
pobres.
Salmo 9 B(10)
Ação de graças
Bem-aventurados vós, os pobres,
porque vosso é o Reino de Deus! (Lc 6,20).
I
–1
Ó Senhor, por que ficais assim tão longe, *
e, no tempo da aflição, vos
escondeis,
–2
enquanto o pecador se ensoberbece, *
o pobre sofre e cai no laço do
malvado?
–3
O ímpio se gloria em seus excessos, *
blasfema o avarento e vos
despreza;
–4
em seu orgulho ele diz: “Não há castigo! *
Deus não existe!” – 5É isto
mesmo que ele pensa.
= Prospera a sua vida em todo
tempo; †
vossos juízos estão longe de sua
mente; *
ele vive desprezando os seus
rivais.
–6
No seu íntimo ele pensa: “Estou seguro! *
Nunca jamais me atingirá
desgraça alguma!”
–7
Só há maldade e violência em sua boca, *
em sua língua, só mentira e
falsidade.
–8
Arma emboscadas nas saídas das aldeias, *
mata inocentes em lugares
escondidos.
–9
Com seus olhos ele espreita o indefeso, *
como um leão que se esconde
atrás da moita;
– assalta o homem infeliz para
prendê-lo, *
agarra o pobre e o arrasta em
sua rede.
–10
Ele se curva, põe-se rente sobre o chão, *
e o indefeso tomba e cai em suas
garras.
–11
Pensa consigo: “O Senhor se esquece dele, *
esconde o rosto e já não vê o
que se passa!”
– Glória ao Pai e ao Filho e ao
Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e
sempre. Amém.
Ant. O Senhor fará justiça para os
pobres.
Ant. 2 Vós, Senhor, vedes a dor e o
sofrimento.
II
–12
Levantai-vos, ó Senhor, erguei a mão! *
Não esqueçais os vossos pobres
para sempre!
–13
Por que o ímpio vos despreza desse modo? *
Por que diz no coração: “Deus
não castiga?”
–14
Vós, porém, vedes a dor e o sofrimento, *
vós olhais e tomais tudo em
vossas mãos!
– A vós o pobre se abandona
confiante, *
sois dos órfãos vigilante
protetor.
–15
Quebrai o braço do injusto e do malvado! *
Castigai sua malícia e
desfazei-a!
–16
Deus é Rei durante os séculos eternos. *
Desapareçam desta terra os
malfeitores!
–17
Escutastes os desejos dos pequenos, *
seu coração fortalecestes e os
ouvistes,
=18 para que os órfãos e oprimidos
deste mundo †
tenham em vós o defensor de seus
direitos, *
e o homem terreno nunca mais
cause terror!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao
Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e
sempre. Amém.
Ant. Vós, Senhor, vedes a dor e o
sofrimento.
Ant. 3 As palavras do Senhor são
verdadeiras
como a prata depurada pelo fogo.
Salmo 11(12)
Oração contra as más línguas
Porque éramos pobres, o Pai
enviou o seu Filho (Sto. Agostinho).
–2
Senhor, salvai-nos! Já não há um homem bom! *
Não há mais fidelidade em meio
aos homens!
–3
Cada um só diz mentiras a seu próximo, *
com língua falsa e coração
enganador.
–4
Senhor, calai todas as bocas mentirosas *
e a língua dos que falam com
soberba,
–5
dos que dizem: “Nossa língua é nossa força! *
Nossos lábios são por nós! –
Quem nos domina?”
–6
“Por causa da aflição dos pequeninos, *
do clamor dos infelizes e dos
pobres,
– agora mesmo me erguerei, diz o
Senhor, *
e darei a salvação aos que a
desejam!”
=7
As palavras do Senhor são verdadeiras, †
como a prata totalmente
depurada, *
sete vezes depurada pelo fogo.
–8
Vós, porém, ó Senhor Deus, nos guardareis *
para sempre, nos livrando desta
raça!
– Em toda a parte os malvados
andam soltos, *
porque se exalta entre os homens
a baixeza.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao
Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e
sempre. Amém.
Ant. As palavras do Senhor são
verdadeiras
como a prata depurada pelo fogo.
V. Eis o tempo de conversão.
R. Eis o dia da salvação.
Primeira leitura
Da Carta aos Hebreus
11,20-31
Fidelidade dos patriarcas
Foi pela fé, que Isaac abençoou Jacó e Esaú, em vista
do futuro. Foi pela fé que Jacó, à beira da morte, abençoou
cada um dos filhos de José, e se prostrou apoiado na ponta do seu bastão. Foi pela fé que José, aproximando-se do
fim, evocou o êxodo dos filhos de Israel e deu ordens a
respeito dos seus restos mortais.
Foi pela fé que Moisés, depois do seu nascimento, foi escondido durante três meses pelos seus pais, que viram a sua beleza e não tiveram medo do decreto do rei. Foi pela fé
que Moisés, na idade adulta, renunciou a ser chamado filho
de uma filha do Faraó. Preferiu ser maltratado com o povo
de Deus a gozar por um tempo do pecado. Ele considerou a
humilhação de Cristo uma riqueza maior do que os tesouros
do Egito, por ter os olhos fixos na recompensa.
Foi pela fé que deixou o Egito, sem temer o furor do
rei, e resistiu, como se visse o Invisível. Foi pela fé que
celebrou a Páscoa, e fez a aspersão do sangue, para que
o Exterminador não ferisse os primogênitos de Israel. Foi
pela fé que atravessaram o mar Vermelho como se fosse
terra enxuta, ao passo que os egípcios, tentando-o também,
foram engolidos.
Foi pela fé que as muralhas de Jericó caíram, depois do
cerco de sete dias. Foi pela fé que Raab, a prostituta, não
pereceu com os indóceis, porque recebera pacificamente
os espiões.
Responsório Cf. Hb 11,24-27
R. Pela fé, Moisés, já adulto,
recusou ser chamado filho da
filha de Faraó,
preferiu ser maltratado com o povo de Deus
a tirar proveito passageiro do pecado;
* Pois tinha os olhos fixos na recompensa.
V. Ele considerava a humilhação de Cristo
uma riqueza
maior do que os tesouros do Egito.
Pela fé, Moisés deixou
o Egito.
* Pois tinha.
Segunda leitura
Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo
(Sermo 22,1: Edit. Maurist. t. 5,116-118)
Tudo está escrito como passado, mas prenunciando o futuro
Antes que Abraão existisse, Eu Sou (Jo 8,58). Ele é
realmente o Verbo de Deus, por meio do qual tudo foi feito.
Mas, enchendo do Espírito Santo os profetas, predisse por
meio deles que viria ao mundo como homem. A paixão de
Cristo está intimamente ligada à encarnação do Verbo, pois
não teria podido sofrer o que está escrito no Evangelho, se
não tivesse assumido uma carne mortal e passível como a
do homem.
Lê-se no Evangelho que, quando o Senhor foi crucificado,
seus algozes dividiram suas vestes. E que, tendo visto como
sua túnica era tecida de alto a baixo, não quiseram repartila, mas lançaram a sorte sobre ela, a fim de que chegasse
inteira às mãos daquele que a ganhasse. Dessa maneira se
indicava a caridade, que não pode ser dividida. Esses fatos
contados no Evangelho foram muitos anos antes cantados
nos Salmos como já acontecidos e, entretanto, prenunciando
acontecimentos futuros: Transpassaram minhas mãos e meus pés, e eu posso contar todos os meus ossos. Eles repartem entre si as minhas vestes e sorteiam entre si a minha túnica (Sl 21,17-19). Tudo está escrito como passado,
mas prenunciando o futuro.
E não foi sem motivo que as coisas que estavam para
acontecer foram escritas como se tivessem acontecido.
Quando se dizia que a Igreja de Cristo se espalharia por todo
o mundo, eram poucos os que o diziam, e muitos os que
riam disso. Agora já está realizado o que antes era simples
predição: a Igreja difundiu-se pelo mundo todo. Mais de mil
anos antes foi prometido a Abraão: Em ti serão abençoadas todas as famílias da terra! (Gn 12,3).
Veio Cristo como descendente de Abraão, e em Cristo
foram abençoados todos os povos do mundo. Foram preditas
perseguições; e moveram-nas reis que adoravam ídolos. Por
causa dos ídolos, contrários ao nome de Cristo, é que a terra
se encheu de mártires. Espalhou-se a semente do sangue,
germinou a seara da Igreja. Não foi em vão que a Igreja
rezou pelos seus inimigos: também os que a perseguiam
acreditaram. Foi predito igualmente que os próprios ídolos
seriam abatidos pelo nome de Cristo: encontramos também
isso na Escritura. Alguns anos antes, os cristãos liam essas
coisas e não as viam. Não as viam, mas, acreditando que
iam acontecer, passaram para a outra vida.
Em nosso tempo essas coisas já se veem. Tudo o que
sobre a Igreja foi predito já está realizado. Só o dia do
juízo é que não virá? A que ponto chegará a dureza e o
empedernimento de nosso coração que, mesmo vendo
as predições da Escritura cumpridas à risca, nos falece a
esperança no que resta acontecer?
Que falta ainda ser cumprido em comparação do que
vemos realizado? Deus que já nos mostrou tantas coisas,
iria enganar-nos sobre o que falta? O juízo virá e dará a
retribuição segundo os méritos: o bem para os bons e o
mal para os maus. Sejamos bons e esperemos o juiz com
tranquilidade.
Responsório Cf. 1Pd 1,10.12;Mt 13,17
R. Os profetas investigaram e meditaram;
eles profetizaram
a respeito da graça que vos estava destinada.
* Foi-lhes revelado que, não para si mesmos,
mas para vós
é que estavam ministrando esses ensinamentos,
que agora
vos são anunciados.
V. Muitos profetas e justos desejaram ver
o que estais vendo,
e não viram;
desejaram ouvir o que estais ouvindo, e não
ouviram.
* Foi-lhes revelado.
Oração
Concedei-nos, ó Deus, perseverar no vosso serviço
para que, em nossos dias, cresça em número e santidade o povo que vos
serve. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.