1a SEMANA DO TEMPO COMUM

I Semana do Saltério

QUARTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro do Eclesiástico 24,1b-33

A sabedoria na criação e na história de Israel
1bA Sabedoria faz o seu próprio elogio,
e em Deus será honrada
e no meio do seu povo, glorificada.
2Abre a boca na assembleia do Altíssimo
e se exalta diante do Poderoso.
3É glorificada no meio do seu povo,
é admirada na grande reunião dos santos.
4É louvada entre a multidão dos escolhidos,
é abençoada com os abençoados de Deus.
Ela disse:
5"Saí da boca do Altíssimo,
primogênita entre todas as criaturas.
6Eu fiz levantar no céu uma luz indefectível
e cobri toda a terra como que de uma nuvem.
7Habitava nas alturas do céu
e meu trono estava numa coluna de nuvens.
8Sozinha percorri a abóbada celeste
e penetrei nas profundezas dos abismos.
9Firmei o pé sobre as ondas do mar e toda a terra,
10e sobre todos os povos e nações
estendeu-se meu domínio.
11Tive sob os meus pés, com o meu poder sobre
os corações de todos, grandes e pequenos.
Entre todos eles procurei um lugar de repouso,
uma propriedade, onde pudesse estabelecer-me.
12Então o Criador do universo me deu suas ordens.
Aquele que me criou marcou o lugar da minha casa,
13e me disse: "Arma tua tenda em Jacó,
toma posse da tua herança em Israel
e no meio do meu povo finca raízes".
14Desde o princípio, antes de todos os séculos,
Ele me criou, e nunca mais vou deixar de existir;
15na morada santa ofereci culto em sua presença,
assim coloquei minha casa em Sião,
repousei na Cidade santa,
e em Jerusalém está a sede do meu poder.
16Lancei raízes num povo glorioso,
no domínio do Senhor, na sua herança,
e fixei minha morada na assembleia dos santos.
17Cresci alto como o cedro no Líbano,
como o cipreste nas montanhas do Hermon.
18Cresci alto como a palmeira do Engadi,
como as roseiras de Jericó.
19Elevei-me como uma formosa oliveira nos campos;
cresci alto como um plátano junto às águas nas praças.
20Como o cinamomo e a giesta aromática,
como a mirra escolhida exalei perfume;
21como o gálbano, o ônix e o estoraque,
como a exalação de incenso no tabernáculo.
22Estendi os ramos como o terebinto,
e meus ramos são ramos majestosos e belos.
23Como a videira, brotei sarmentos encantadores
e minhas flores deram frutos de glória e riqueza.
24Sou a mãe do belo amor e do temor,
do conhecimento e da santa esperança.
25Em mim se encontra toda a graça
do caminho e da verdade,
em mim toda a esperança da vida e da virtude.
26Vinde até mim, vós que me desejais
e saciai-vos com meus frutos!
27Minha doutrina é mais doce que o mel,
e minha posse, mais suave que o favo.
28A memória de meu nome durará
por todas as gerações
29Aqueles que comem de mim, terão ainda fome;
e aqueles que bebem de mim, terão ainda sede.
30Quem me obedece não terá de que se envergonhar,
e os que trabalham comigo, não pecarão.
31Aqueles que me tornam conhecida,
terão a vida eterna".
32Tudo isto é o livro da aliança do Deus Altíssimo,
33a Lei, que Moisés nos prescreveu,
como herança para as assembleias de Jacó.

Responsório Jo 14,6; Eclo 24,14
R. Sou o Caminho, a Verdade e a Vida;
* Ninguém vem ao Pai, senão por mim.
V. Eu, a sabedoria, fui criada,
desde o início, ainda antes dos séculos,
e jamais deixarei de existir. * Ninguém.

Segunda leitura
Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo

(Livr. 4,6,3.5.7: SCh 100,442.446.448-454)
(Séc. II)

A manifestação do Filho é o conhecimento do Pai
Ninguém pode conhecer o Pai sem o Verbo de Deus, isto é, sem o Filho que o revela. Também não se conhece o Filho sem a vontade do Pai. O Filho faz a vontade do Pai, pois o Pai o envia. O Filho é enviado e vem a nós. Assim o Pai, que é para nós invisível e incognoscível, torna-se conhecido por seu próprio Verbo. Ora, só o Pai conhece seu Verbo, como o manifestou o Senhor. Por isto o Filho nos leva ao conhecimento do Pai mediante a sua própria encarnação. Com efeito, a manifestação do Filho é o conhecimento do Pai. Na verdade, tudo nos é revelado pelo Verbo.

O Pai revelou o Filho para se dar a conhecer a todos por meio dele. Mais ainda: a fim de acolher, em toda justiça, para a ressurreição eterna, os que nele crêem. Crer nele é viver segundo sua vontade.

De fato, o Verbo já revela o Deus criador pela própria criação; pelo mundo, o Senhor que o construiu; pela criatura plasmada, o artífice que a plasmou; e pelo Filho, o Pai que o gerou. Destas coisas todos falam do mesmo modo, mas não crêem todos do mesmo modo. Pela lei e os profetas, o Verbo, igualmente, anunciava-se a si e ao Pai. Todo o povo do mesmo modo o ouviu, mas não creram todos do mesmo modo. Pelo Verbo, tornado visível e palpável, o Pai se revelou, embora nem todos cressem nele do mesmo modo. Todos, porém, viram o Pai no Filho. A realidade invisível que se manifestava no Filho era o Pai, e a realidade visível na qual o Pai se revelou era o Filho.

O Filho tudo perfaz do princípio ao fim para o Pai, e sem ele ninguém pode conhecer a Deus. O conhecimento do Pai é o Filho. O conhecimento do Filho pertence ao Pai e é revelado pelo Filho. Por este motivo, o Senhor dizia: Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai; nem o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho revelar. Revelar não se refere apenas ao futuro como se o Verbo só tivesse começado a revelar o Pai quando nasceu de Maria. De fato, o Verbo se encontra universalmente e em todo o tempo. No início, sendo o Filho presente à sua criatura, ele revela o Pai a todos a quem o Pai quer, quando quer e como quer. Em tudo e por tudo, há um só Deus, o Pai, e um só Verbo, o Filho, e um só Espírito e uma única salvação para todos os que nele crêem.

Responsório Jo 1,18; Mt 11,27b
R. Ninguém jamais viu a Deus,
* Mas o Filho Unigênito, que está junto do Pai,
este o deu a conhecer.
V. Ninguém conhece o Pai, a não ser o próprio Filho
e aquele a quem o Filho o quiser revelar. * Mas o Filho.

Oração

Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.