DOMINGO DE RAMOS DA PAIXÃO DO SENHOR
Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Esta introdução se omite quando o
Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
Cantem meus lábios a luta
que sobre a cruz se travou;
cantem o nobre triunfo
que no madeiro alcançou
o Redentor do Universo
quando por nós se imolou.
O Criador teve pena
do primitivo casal,
que foi ferido de morte,
comendo o fruto fatal,
e marcou logo outra árvore,
para curar-nos do mal.
Tal ordem foi exigida
na obra da salvação:
cai o inimigo no laço
de sua própria invenção.
Do próprio lenho da morte
Deus fez nascer redenção.
Na plenitude dos tempos,
a hora santa chegou
e, pelo Pai enviado,
nasceu do mundo o autor;
e duma Virgem no seio
a nossa carne tomou.
Seis lustros tendo passado,
cumpriu a sua missão.
Só para ela nascido,
livre se entrega à Paixão.
Na cruz se eleva o Cordeiro,
como perfeita oblação.
Glória e poder à Trindade.
Ao Pai e ao Filho, louvor.
Honra ao Espírito Santo.
Eterna glória ao Senhor,
que nos salvou pela graça
e nos remiu pelo amor.
Salmodia
Ant.1 Ó meu
Deus e meu Senhor, como sois grande!
De majestade e esplendor vos revestis,
e de luz vos envolveis como num manto!
Salmo 103(104)
Hino a Deus Criador
Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho
desapareceu. Tudo agora é novo (2Cor 5,17).
I
–1 Bendize, ó minha alma, ao Senhor! *
Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
–2 De majestade e esplendor vos revestis *
e de luz vos envolveis como num manto.
–3 Estendeis qual uma tenda o firmamento, *
construís vosso palácio sobre as águas;
– das nuvens vós fazeis o vosso carro, *
do vento caminhais por sobre as asas;
–4 dos ventos fazeis vossos mensageiros, *
do fogo e chama fazeis vossos servidores.
–5 A terra vós firmastes em suas bases, *
ficará firme pelos séculos sem fim;
–6 os mares a cobriam como um manto, *
e as águas envolviam as montanhas.
–7 Ante a vossa ameaça elas fugiram, *
e tremeram ao ouvir vosso trovão;
–8 saltaram montes e desceram pelos vales *
ao lugar que destinastes para elas;
–9 elas não passam dos limites que fixastes, *
e não voltam a cobrir de novo a terra.
–10 Fazeis brotar em meio aos vales as nascentes *
que passam serpeando entre as montanhas;
–11 dão de beber aos animais todos do campo, *
e os da selva nelas matam sua sede;
–12 às suas margens vêm morar os passarinhos, *
entre os ramos eles erguem o seu canto.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Ó meu Deus e meu Senhor, como
sois grande!
De majestade e esplendor vos revestis,
e de luz vos envolveis como num manto!
Ant.2 O
Senhor tira da terra o alimento
e o vinho que alegra o coração.
II
–13 De vossa casa as montanhas irrigais, *
com vossos frutos saciais a terra inteira;
–14 fazeis crescer os verdes pastos para o gado *
e as plantas que são úteis para o homem;
–15 para da terra extrair o seu sustento *
e o vinho que alegra o coração,
– o óleo que ilumina a sua face *
e o pão que revigora suas forças.
–16 As árvores do Senhor são bem viçosas *
e os cedros que no Líbano plantou;
–17 as aves ali fazem os seus ninhos *
e a cegonha faz a casa em suas copas;
–18 os altos montes são refúgio dos cabritos, *
os rochedos são abrigo das marmotas.
–19 Para o tempo assinalar destes a lua, *
e o sol conhece a hora de se pôr;
–20 estendeis a escuridão e vem a noite, *
logo as feras andam soltas na floresta;
–21 eis que rugem os leões, buscando a presa, *
e de Deus eles reclamam seu sustento.
–22 Quando o sol vai despontando, se retiram, *
e de novo vão deitar-se em suas tocas.
–23 Então o homem sai para o trabalho, *
para a labuta que se estende até à tarde.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. O Senhor tira da terra o alimento
e o vinho que alegra o coração.
Ant.3 Deus
viu todas as coisas que fizera
e eram todas elas muito boas.
III
=24 Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras, †
e que sabedoria em todas elas! *
Encheu-se a terra com as vossas criaturas!
=25 Eis o mar tão espaçoso e tão imenso, †
no qual se movem seres incontáveis, *
gigantescos animais e pequeninos;
=26 nele os navios vão seguindo as suas rotas, †
e o monstro do oceano que criastes *
nele vive e dentro dele se diverte.
27 Todos eles, ó Senhor, de vós esperam *
que a seu tempo vós lhes deis o alimento;
–28 vós lhes dais o que comer e eles recolhem, *
vós abris a vossa mão e eles se fartam.
=29 Se escondeis a vossa face, se apavoram, †
se tirais o seu respiro, eles perecem *
e voltam para o pó de onde vieram;
–30 enviais o vosso espírito e renascem *
e da terra toda a face renovais.
–31 Que a glória do Senhor perdure sempre, *
e alegre-se o Senhor em suas obras!
–32 Ele olha para a terra, ela estremece; *
quando toca as montanhas, lançam fogo.
–33 Vou cantar ao Senhor Deus por toda a vida, *
salmodiar para o meu Deus enquanto existo.
–34 Hoje seja-lhe agradável o meu canto, *
pois o Senhor é a minha grande alegria!
=35 Desapareçam desta terra os pecadores, †
e pereçam os perversos para sempre! *
Bendize, ó minha alma, ao Senhor!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Deus viu todas as coisas que
fizera
e eram todas elas muito boas.
V. Quando eu for elevado da terra,
R. Atrairei para mim todo ser.
Primeira leitura
Do Livro do Profeta Jeremias
22,1-9;23,1-8
Invetivas contra o rei cativo.
Promessa de um rei justo, filho de Davi
Assim disse o Senhor: Desce à casa do rei de Judá e
profere lá esta palavra: Dize: Escuta a palavra do Senhor,
rei de Judá, que te assentas sobre o trono de Davi, tu, os
teus servos e o teu povo, que entram por essas portas. Assim
disse o Senhor: Praticai o direito e a justiça; arrancai o
explorado da mão do opressor; não oprimais o estrangeiro,
órfão ou viúva, não os violenteis e não derrameis sangue
inocente neste lugar. Porque, se realmente cumprirdes esta
palavra, então entrarão pelas portas desta casa reis, que se
sentam sobre o trono de Davi, montados em carros e cavalos,
eles, seus servos e seu povo. Mas, se não escutardes estas
palavras, juro por mim mesmo - oráculo do Senhor - que
esta casa se tornará uma ruína. Porque, assim disse o Senhor
a respeito da casa do rei de Judá. Tu és para mim Galaad
e o cume do Líbano. Mas, na verdade, farei de ti um deserto,
cidades sem habitantes. Prepararei contra ti devastadores,
cada um com seus instrumentos; eles cortarão os melhores
dos teus cedros e os lançarão ao fogo.
Passarão numerosas nações por esta cidade e cada um
dirá ao seu companheiro: “Por que o Senhor tratou desta
maneira esta grande cidade?” Responderão: “Porque
abandonaram a Aliança do Senhor, seu Deus, prostraram-se
diante de deuses estrangeiros e os serviram”.
Ai dos pastores que perdem e dispersam as ovelhas do
meu rebanho - oráculo do Senhor! Por isso, assim disse o
Senhor, Deus de Israel, contra os pastores que apascentam
o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, as
expulsastes e não cuidastes delas. Eis que vos castigarei pela
maldade de vossas ações, oráculo do Senhor! Eu mesmo
reunirei o resto de minhas ovelhas de todas as terras para
as quais as dispersei e as farei retornar às suas pastagens:
elas serão férteis e se multiplicarão. Estabelecerei pastores
para elas, que as apascentarão; elas não terão mais medo,
não terão pavor e não se perderão - oráculo do Senhor!
Eis que dias virão - oráculo do Senhor - em que suscitarei a
Davi um germe justo; um rei reinará e agirá com inteligência
e exercerá na terra o direito e a justiça. Em seus dias, Judá
será salvo e Israel habitará em segurança. Este é o nome
com que o chamarão: “o Senhor, nossa justiça.”
Por isso, eis que dias virão - oráculo do Senhor - em
que não dirão mais:
“Vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra
do Egito”,
mas “Vive o Senhor,
que fez subir e retornar a raça da casa de Israel da terra do
Norte e de todas as terras para onde os tinha dispersado,
para que habitem em seu território.”
Responsório Jr 23.1.2.3
R. Ai dos pastores que perdem
e dispersam as ovelhas do
meu rebanho.
* Vós dispersastes as minhas ovelhas,
as expulsastes e não
cuidastes delas.
Eis que vos castigarei pela maldade de
vossas ações.
V. Eu mesmo reunirei o resto de minhas ovelhas de todas as
terras
para as quais as dispersei e as farei retornar às suas
pastagens.
* Vós dispersastes as minhas ovelhas.
Segunda leitura
Do Comentário sobre o Salmo 118, de Santo Ambrósio,
bispo
(Sermo 15,37-40: PL 15,1496-1498)
(Séc. IV)
Tomemos a cruz do Senhor que crucifica
os nossos membros e destrói o pecado
Quem ama a lei do Senhor crucifica os seus membros,
sabendo que o velho homem está nele crucificado com
Cristo, para destruir a luxúria da carne. Prega, portanto,
o cravo, e destrói o que estimula o pecado. Existe, na
verdade, um cravo espiritual que fixa os membros carnais
no patíbulo da cruz do Senhor. O temor do Senhor e de
seus julgamentos é que prende os membros carnais e os
reduz à escravidão. Pois, se os membros carnais rejeitam o
cravo do temor divino, sem dúvida será dito: Meu espírito não permanecerá no homem porque ele é carne (Gn 6,3).
Se os membros carnais não forem pregados na cruz com
os cravos do temor de nosso Deus, o Espírito de Deus não
permanecerá em nós.
Está pregado com tais cravos aquele que morre com
Cristo para ressurgir com Cristo. Está pregado com tais
cravos aquele que traz no corpo a morte do Senhor Jesus.
Está pregado com tais cravos aquele que merece ouvir de
Jesus: Grava-me como um selo em teu coração, como um selo em teu braço! Porque o amor é forte como a morte, e a paixão é cruel como a morada dos mortos (Ct 8,6).
Imprime, pois, em teu peito e em teu coração, o sinal do
crucificado; imprime-o também em teu braço, a fim de que
tuas obras sejam mortas para o pecado. Não te desagrade
a dureza dos cravos, porque é a dureza da caridade. Não te
desagrade a sua áspera força, porque o amor também é forte
como a morte. A caridade, com efeito, extingue a culpa e
todo pecado, destruindo-os com um golpe de morte. Enfim,
morremos para as más ações e o pecado, quando amamos
os mandamentos do Senhor. A caridade é Deus, a caridade
é a Palavra de Deus, eficaz e mais cortante que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas (Hb 4,12). Com esses cravos da
caridade seja pregada a nossa carne e também a nossa
alma, para que possa dizer: Estou ferida pela caridade (Ct
5,8). A caridade tem o seu cravo, como tem igualmente a
sua espada, com a qual fere a alma. Feliz quem merece ser
ferido por esse gládio!
Ofereçamo-nos a essas feridas, pelas quais quem for
morto, já não mais conhecerá a morte. Pois será essa a morte
daqueles que seguem o Senhor, dos quais é dito: Alguns dos que estão aqui não conhecerão a morte antes de verem o Filho do Homem vindo com o seu Reino (Mt 16,28). Pedro
tinha razão em não temer essa morte: não a temia aquele
que protestava não abandoná-lo ou negá-lo, ainda que fosse
preciso morrer por Cristo.
Tomemos, pois, a cruz do Senhor para que ela crucifique
os nossos membros, destrua o nosso pecado. É o temor
do Senhor que crucifica nossos membros carnais: Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim
(Mt 10,38). É digno aquele que possui o temor de Cristo
e crucifica o pecado da carne. A caridade acompanha esse
temor: sepultada com Cristo não é separada de Cristo.
Morre com Cristo e é sepultada com Cristo, para ressurgir
com Cristo.
Responsório Cf. F1 1,21;G1 6,14
R. Para mim o viver é Cristo e o morrer, lucro.
* Quanto a mim, que eu me glorie somente
na cruz de nosso
Senhor Jesus Cristo.
V. Por ele, o mundo está crucificado para mim,
como eu
estou crucificado para o mundo.
* Quanto a mim.
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, para dar aos seres humanos
um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem
e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua Paixão e
ressuscitar com ele emsua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do EspíritoSanto.
Conclusão da hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.