QUARTA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Livro da Sabedoria
11,20b-12,2.11b-19
A misericórdia e a paciência de Deus
Perseguidos pela justiça,
varridos pelo fragor de teu poder.
Mas tudo dispuseste com medida, número e peso.
21Pois teu grande poder está sempre a teu serviço,
e quem pode resistir à força de teu braço?
22O mundo inteiro está diante de ti
como esse nada na balança,
como a gota de orvalho que de manhã cai sobre a terra.
23Mas te compadeces de todos, pois tudo podes,
fechas os olhos diante dos pecados dos homens,
para que se arrependam.
24Sim, tu amas tudo o que criaste,
não te aborreces com nada do que fizeste;
se alguma coisa tivesses odiado, não a terias feito.
25E como poderia subsistir algumas coisa,
se não a tivesses querido?
Como conservaria sua existência, se não a tivesses chamado?
26Mas a todos poupas, porque são teus:
Senhor, amigo da vida!
12,1Todos levam teu espírito incorruptível!
2Por isso, pouco a pouco corriges os que caem,
e os admoestas, lembrando-lhes as faltas,
para que tendo-se afastado do mal, creiam em ti, Senhor.
11bSe lhes anistiaste as faltas,
não foi porque tiveras medo de alguém.
12Pois quem pode dizer-te: “Que fizestes?”
Ou quem se oporia à tua sentença?
Quem te denunciaria por teres feito perecer
nações que tu criastes?
Ou quem pleitearia contra ti
como vingador de homens injustos?
13Pois não há, fora de ti, Deus que cuide de todos,
para que devesses mostrar que teus julgamentos
não são injustos.
14Não há rei nem soberano que possa desafiar-te
por tê-los castigado.
15Justo, governas o universo com justiça
e estimas incompatível com o teu poder
condenar a quem não merece castigo.
Pois a tua força é o princípio da justiça
e, por seres o senhor de todos, a todos perdoas.
17Demonstras tua força a quem não crê
na perfeição de teu poder,
e confundes a audácia dos que a reconhecem;
18mas tu, dominando a força, julgas com moderação
e nos governas com muita indulgência;
fazer uso do poder está a teu alcance quando queres.
19Assim procedendo, ensinaste a teu povo
que o justo deve ser amigo dos homens,
e a teus filhos deste a esperança
de que, após o pecado, dás a conversão.
Responsório
Cf. Sb 11,23.24.28; Eclo 36,1
R. Vós, Senhor, tendes pena de todos os seres,
e nada odiais
do que vós fizestes,
os olhos fechando aos pecados dos
homens,
e assim os poupais, quando voltam a vós,
* Porque sois nosso Deus, sois o nosso Senhor.
V. Compadecei-vos de nós, ó Deus do universo,
e mostrai-
nos a luz do vosso perdão.
* Porque sois.
Segunda leitura
Do “Diálogo sobre a Divina Providência”, de Santa Catarina
de Sena, virgem
(Carta 135)
(Séc. XIV)
Deus criador e redentor
Então o Pai eterno olhou com bondade e clemência para
aquela serva, como a significar que sua providência jamais
falta ao homem em nada, sob a condição de que ele a aceite.
Foi o que Deus Pai afirmou com esta sentida queixa: “Ó
minha filha querida! Desejo usar de misericórdia para com
o mundo e auxiliar a humanidade em todas as suas necessi
dades. Mas o homem ignorante, usa como veneno mortífero
o que lhe dei para a vida, e prejudica-se. De minha parte,
auxilio sempre. Tudo o que faço é com tal finalidade.
Na minha providência criei a humanidade. Ao pensar
em mim mesmo, amei a beleza das criaturas, e resolvi
criar o homem à minha imagem e semelhança. Dei-lhe a
memória para que retivesse a recordação dos meus favores
e participasse de meu poder de Pai; dei-lhe a inteligência
com a qual compreendesse minha vontade na sabedoria do
Filho, pois sou o doador das graças em grande chama de
caridade; dei-lhe a vontade, que participa da clemência do
Espírito Santo, e isso lhe possibilita amar o que a inteligência percebe. Tudo isso fiz para que o homem me conhecesse,
experimentasse, gozasse na eterna visão.
A porta do céu se fechara, impedindo que o homem atingisse a sua meta. Fora a culpa de Adão que havia desprezado
sua própria dignidade, esquecido da amorosa providência e
inefável amor com que o criara. Adão desobedeceu. Dessa
desobediência vieram todos os outros males.
Para eliminar semelhante morte, filha querida, minha
providência enviou o Verbo encarnado, meu filho unigênito.
Dessa maneira o Verbo encarnado destruiu a mentira com
que o diabo havia enganado o homem. Sim, agi com tática
e providência. Impossível, filha querida, uma doação maior
do que a do Verbo encarnado. Impus-lhe por obediência
que retirasse da humanidade aquele veneno. Então ele,
obedecendo amorosamente, encaminhou-se para a cruz. Ao
morrer, pela virtude de sua divindade deu-vos novamente
a vida. Como sou o bem infinito, queria uma satisfação
infinita pela culpa. Para alcançá-la, a natureza humana
- pecadora e finita - teria que unir-se a algo que fosse infinito. Era a única maneira pela qual poderia satisfazer junto
a mim em favor de todos os homens, passados, presentes
e futuros. Para readquirir junto a mim a vida perdida, a
satisfação havia de igualar-se à ofensa. Eis o motivo por
que efetuei a união da natureza humana com a divina em
Cristo, e de tal união resultou a satisfação perfeita. Foi obra
da minha providência. Do sofrimento do Verbo encarnado,
sofrimento finito, por virtude da divindade recebestes um
efeito infinito.
Responsório
Cf. Sl 16(17),8.7
R. Guarda-me como a pupila dos olhos, Senhor,
* Esconde-me à sombra das tuas asas.
V. Demonstra o teu amor,
tu que salvas dos agressores quem
se refugia à tua direita.
* Esconde-me.
OraçãoÓ
Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a
graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao
encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.