Da Carta de São Paulo aos Efésios
4,17-24
A vida nova em Cristo
Irmãos, 17isto, portanto, digo e no Senhor testifico. Não
andeis mais como andam os demais gentios, na futilidade
dos seus pensamentos, 18com entendimento entenebrecido,
alienados da vida de Deus pela sua ignorância e pela dureza
dos seus corações. 19Tendo-se tornado insensíveis, entregaram à dissolução para praticarem avidamente toda sorte de
impureza. 20Vós, porém, não aprendestes assim a Cristo, 21se
realmente o ouvistes e, como é a verdade em Jesus, nele
fostes ensinados 22a remover o vosso modo de vida anterior
- o homem velho, que se corrompe ao sabor das concupiscências enganosas - 23e a renovar-vos pela transformação
espiritual da vossa mente, 24e revestir-vos do Homem Novo,
criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade.
Responsório Ef 4,23-24; Cl 3,9-10
R. Deveis renovar-vos pela
transformação espiritual da
vossa mente,
e revestir-vos do homem novo,
* Criado segundo Deus,
na justiça e santidade da verdade.
V. Vós vos desvestistes do homem velho
com as suas práticas e vos revestistes do novo.
* Criado segundo Deus.
Dos “Discursos” de São Máximo de Turim, bispo
(59,2-4)
O Batismo do Senhor é a nossa sepultura
Nós lemos na Escritura que a salvação de todo o gênero
humano foi adquirida com o sangue do Salvador, como disse
o Apóstolo Pedro: Vós fostes libertados não pelo preço de
coisas corruptíveis, como o ouro e a prata... mas pelo sangue precioso de Cristo, como o de um cordeiro sem defeito
e sem mancha (1Pd 1,18.19). Portanto, se o preço da nossa
vida é o sangue do Senhor, vê como não foi resgatada apenas a fragilidade terrena do campo, mas a salvação eterna
do mundo inteiro; na verdade, o que diz o evangelista é
que Cristo não veio para julgar o mundo, mas para que o
mundo fosse salvo por meio dele (Jo 3,17).
Talvez me perguntarias se o campo é o mundo, e quem
seria então o oleiro capaz de exercer o domínio sobre o
mundo. Se não me engano, o oleiro é o mesmo que plasmou
com a terra os vasos do nosso corpo, como diz a Escritura:
O Senhor Deus plasmou o homem com o pó do solo (Gn
2,7). É Ele o oleiro que nos criou com as suas mãos para
a vida, e por meio do seu Cristo nos recriou para a glória,
como diz o Apóstolo: nós fomos transformados naquela
mesma imagem, de glória em glória (2Cor 3,18); isto é,
nós que por causa de nossos pecados decaímos da condição
original, em nosso segundo nascimento fomos reparados
pela misericórdia deste oleiro; nós que fomos precipitados
na morte pela desobediência de Adão, ressurgimos de novo
pela graça do Salvador.
O campo do oleiro foi comprado com o sangue de Cristo
para os estrangeiros; para os estrangeiros, digo, os quais
privados de casa e sem uma pátria, eram lançados como
exilados em todo o mundo; foi providenciado para eles o
repouso no sangue de Cristo, a fim de que estes, que não
possuem nada sobre a terra, encontrem sepultura em Cristo.
Quem são, na verdade, estes peregrinos senão os cristãos
mais fervorosos, que renunciando ao mundo e a qualquer
posse, encontram a paz no sangue de Cristo? Na verdade, o
cristão que não possui de fato o mundo, possui inteiramente
o Salvador.
Aos estrangeiros, pois, é prometida a sepultura de Cristo,
no sentido de que aquele que soube abster-se dos desejos da
carne como estrangeiro e peregrino, obterá a paz de Cristo.
Na verdade, a sepultura de Cristo, o que é senão a paz do
cristão? Nós somos, portanto, peregrinos neste mundo e
vivemos como hóspedes na terra, segundo as palavras do
Apóstolo que diz: Enquanto habitamos no corpo, estamos
no exílio, longe do Senhor (2Cor 5,6). Somos estrangeiros,
e a nossa sepultura foi comprada ao preço do sangue do
Salvador.
Por meio do batismo, diz o Apóstolo, fomos sepultados
com Ele na morte (Rm 6,4). Portanto, o batismo do Senhor
é a nossa sepultura: nele morremos para o pecado, somos
como que sepultados para os vícios e, vendo transformada
a natureza do nosso velho homem interior num segundo
nascimento, fomos como que transportados para uma nova
infância.
O batismo do Salvador é a nossa sepultura, porque nele
fomos despojados da vida transcorrida até então para receber
uma nova vida. É, por isso, grande a graça desta sepultura,
na qual nos é conferida uma morte salvadora e concedida
como dom uma vida mais justa; em verdade é grande a graça
desta sepultura, que ao mesmo tempo purifica o pecador e
vivifica aquele que estava morto.
Responsório Rm 6,4.3
V. Por meio do batismo
fomos sepultados na morte junto
com ele;
* Para que, como Cristo ressuscitou dos mortos,
por meio
da glória do Pai,
assim também nós possamos
caminhar
numa vida nova.
R. Todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus,
fomos
batizados na sua morte. * Para que.