Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Esta introdução se
omite quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
Agora é tempo favorável,
divino dom da Providência,
para curar o mundo enfermo
com um remédio, a penitência.
Da salvação refulge o dia,
na luz de Cristo a fulgurar.
O coração, que o mal feriu,
a abstinência vem curar.
Em corpo e alma, a abstinência,
Deus, ajudai-nos a guardar.
Por tal passagem, poderemos
à páscoa eterna, enfim, chegar.
Todo o Universo vos adore,
Trindade Santa, Sumo Bem.
Novos por graça entoaremos
um canto novo a vós. Amém.
Salmodia
Ant.1
O Senhor nos libertou do poder do opressor
Salmo 77(78),40-72
Bondade de Deus e
infidelidade do povo
ao longo da história da salvação
Esses
fatos aconteceram para serem exemplos para nós (1Cor 10,6).
IV
–40 Quantas vezes
o tentaram no deserto *
e provocaram seu furor na solidão!
–41 Eles tentavam
o Senhor sempre de novo, *
e irritavam o Deus Santo de Israel;
–42 não se lembravam
do poder de sua mão *
nem do dia em que os livrou do opressor;
–43 quando fez
tantos milagres no Egito, *
seus prodígios no lugar chamado Tânis;
–44 em sangue
fez mudarem os seus rios, *
para que deles não pudessem mais beber.
–45 Mandou-lhes moscas
com o fim de devorá-los, *
e também rãs que infestaram toda a terra;
–46 pragas vorazes
devoraram suas colheitas, *
e gafanhotos, o produto de seus campos.
–47 Arrasou
as suas vinhas com granizo *
e com geada destruiu suas figueiras;
–48 a saraiva
acabou com o seu gado *
e a peste exterminou o seu rebanho.
–49 Descarregou
todo o ardor de sua ira, *
a angústia e o terror em cima deles;
– com
multidões de mensageiros da desgraça, *
50 deu livre curso
à vazão de seu furor.
– Da morte
não poupou as suas almas, *
e à peste entregou as suas vidas;
–51 feriu
os primogênitos do Egito, *
as primícias dos varões de suas tendas.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. O Senhor
nos libertou do poder do opressor
Ant.2
O Senhor nos conduziu para a Terra Prometida
V
–52 Fez sair
seu povo eleito como ovelhas, *
conduziu-os qual rebanho no deserto;
–53 Ele os guiou
com segurança e sem temor, *
mas encobriu seus inimigos com o mar.
–54 Conduziu-os
para a Terra Prometida, *
para o Monte que seu braço conquistou;
–55 expulsou
diante deles outros povos *
e repartiu-lhes suas terras como herança.
– Nas
tendas de outros povos fez morar *
todas as tribos e as famílias de Israel.
–56 Mesmo assim,
eles tentaram o Altíssimo, *
recusando-se a guardar os seus preceitos.
–57 Como seus pais,
se transviaram, e o traíram *
como um arco enganador que volta atrás;
–58 irritaram-no
com seus lugares altos, *
provocaram-lhe o ciúme com seus ídolos.
–59 Deus ouviu
e enfureceu-se contra eles, *
e repeliu com violência a Israel;
–60 abandonou
o tabernáculo de Silo *
e a tenda em que morava em meio aos homens.
–61 Entregou
a sua arca ao cativeiro, *
e às mãos do inimigo a sua glória;
–62 fez perecer
seu povo eleito pela espada, *
e contra a sua herança enfureceu-se.
–63 O fogo
devorou seus filhos jovens, *
as suas virgens não puderam mais casar;
–64 seus sacerdotes
pereceram pela espada, *
suas viúvas não puderam mais chorar.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. O Senhor
nos conduziu para a Terra Prometida
Ant.3
Escolheu a Davi, seu servidor,
para guiar o seu povo preferido
VI
–65 Mas o Senhor
se despertou, como de um sono, *
como um guerreiro dominado pelo vinho;
–66 feriu
seus inimigos pelas costas *
e entregou-os à vergonha sempiterna.
–67 Rejeitou
então a tenda de José, *
e a tribo de Efraim não escolheu;
–68 preferiu,
porém, a tribo de Judá *
e o monte de Sião que sempre amou.
–69 E construiu
seu santuário como um céu, *
como a terra que firmou eternamente.
–70 A Davi,
seu servidor, ele escolheu *
e tirou-o do aprisco das ovelhas;
=71 ovelhas
e cordeiros fez deixar, †
para seu povo de Jacó pastorear, *
e a Israel que escolheu por sua herança;
–72 com reto
coração apascentou-os *
e com mão habilidosa os conduziu.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant.
Escolheu
a Davi, seu servidor,
para guiar o seu
povo preferido
V. Quem pratica a verdade se põe junto
à luz.
R. E suas obras de filho de Deus se
revelam.
Primeira leitura
Do Livro dos Números 20,1-13; 21,4-9
As águas de Meriba e a
serpente de bronze
Naqueles dias, 20,1 toda a comunidade dos filhos
de Israel chegou ao deserto de Sin, no primeiro mês, e o povo
permaneceu em Cades. Ali morreu Maria e ali mesmo foi sepultada. 2Como
não
havia água para o povo, este juntou-se contra Moisés e Aarão, 3e,
levantando-se
em motim, disseram: “Antes tivéssemos morrido, quando
morreram nossos irmãos diante do Senhor! 4Para que
trouxestes a comunidade do Senhor a este deserto, a fim de que
morrêssemos, nós e nossos animais? 5Por que nos fizestes
sair do Egito e nos trouxestes a este lugar detestável, em que não se
pode semear, e que não produz figueiras, nem vinhas, nem romãzeiras, e,
além disso, não tem água para beber?” 6Deixando a
comunidade, Moisés e Aarão foram até a entrada da Tenda da Reunião, e
prostraram-se com a face em terra. E a glória do Senhor apareceu sobre
eles. 7O Senhor falou, então, a Moisés, dizendo: 8“Toma
a
tua vara e reúne o povo, tu e teu irmão Aarão; na presença deles
ordenai à pedra e ela dará água. Quando fizeres sair água da pedra, dá
de beber à comunidade e aos seus animais”.
9Moisés tomou, então, a vara que estava diante do
Senhor, como lhe fora ordenado. 10Depois, Moisés e Aarão
reuniram a assembleia diante do rochedo, e Moisés lhes disse: “Ouvi,
rebeldes! Poderemos, acaso, fazer sair água desta pedra para vós?” 11E,
levantando
a mão, Moisés feriu duas vezes a rocha com a vara, e jorrou
água em abundância, de modo que o povo e os animais puderam beber. 12Então
o
Senhor disse a Moisés e a Aarão: “Visto que não acreditastes em mim,
para manifestar a minha santidade aos olhos dos filhos de Israel, não
introduzireis este povo na terra que lhe vou dar”. 13Estas
são as águas de Meriba, onde os filhos de Israel disputaram contra o
Senhor, e ele lhes manifestou a sua santidade.
21,4 Os filhos de Israel partiram do monte Hor,
pelo caminho que leva ao mar Vermelho, para contornarem o país de Edom.
Durante a viagem o povo começou a impacientar-se, 5e se pôs
a falar contra Deus e contra Moisés, dizendo: “Por que nos fizestes sair
do Egito para morrermos no deserto? Não há pão, falta água, e já
estamos com nojo desse alimento miserável”. 6Então o Senhor
mandou contra o povo serpentes venenosas, que os mordiam; e morreu
muita gente em Israel. 7O povo foi ter com Moisés e disse:
“Pecamos, falando contra o Senhor e contra ti. Roga ao Senhor que
afaste de nós as serpentes”. Moisés intercedeu pelo povo, 8e
o
Senhor respondeu: “Faze uma serpente abrasadora e coloca-a como sinal
sobre uma haste; aquele que for mordido e olhar para ela viverá”. 9Moisés
fez,
pois, uma serpente de bronze e colocou-a como sinal sobre uma
haste. Quando alguém era mordido por uma serpente, e olhava para a
serpente de bronze, ficava curado.
Responsório Jo 3,14.15.17
R. Como Moisés ergueu na haste a
serpente no deserto,
assim o Filho do Homem há de ser levantado.
* Para que, quem nele crer, não pereça para sempre,
mas possua a vida eterna.
V. Deus enviou seu Filho ao mundo,
para que o mundo seja salvo
e não para julgá-lo. * Para que.
Segunda leitura
Da Constituição pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja no
mundo de hoje, do ConcílioVaticano II
(N.37-38)
(Séc.XX)
Toda a atividade humana deve ser purificada no mistério
pascal
A Sagrada Escritura, confirmada pela experiência dos séculos,
ensina à família humana que o progresso, grande bem para o homem, traz
também consigo uma enorme tentação. De fato, quando a hierarquia de
valores é alterada e o bem e o mal se misturam, os indivíduos e os
grupos consideram somente seus próprios interesses e não o dos outros.
Por esse motivo, o mundo deixa de ser o lugar da verdadeira
fraternidade, enquanto o aumento do poder da humanidade ameaça destruir
o próprio gênero humano. Se alguém pergunta como pode ser vencida essa
miserável situação, os cristãos afirmam que todas as atividades
humanas, quotidianamente postas em perigo pelo orgulho do homem e o
amor desordenado de si mesmo, precisam ser purificadas e levadas à
perfeição por meio da cruz e ressurreição de Cristo.
Redimido por Cristo e tornado nova criatura no Espírito Santo,
o homem pode e deve amar as coisas criadas pelo próprio Deus. Com
efeito, recebe-as de Deus; olha-as e respeita-as como dons vindos das
mãos de Deus. Agradecendo por elas ao divino Benfeitor e usando e
fruindo das criaturas em espírito de pobreza e liberdade, é introduzido
na verdadeira posse do mundo, como se nada tivesse e possuísse: Tudo
é vosso, mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus (1Cor 3,22-23).
O Verbo de Deus, por quem todas as coisas foram feitas, que se encarnou
e veio habitar na terra dos homens, entrou como homem perfeito na
história do mundo, assumindo-a e recapitulando-a em si. Ele nos revela
que Deus é amor (1Jo 4,8) e ao mesmo tempo nos ensina que a lei
fundamental da perfeição humana, e, portanto, da transformação do
mundo, é o novo mandamento do amor.
Aos que acreditam no amor de Deus, ele dá a certeza de que o
caminho do amor está aberto a todos os homens e não é inútil o esforço
para instaurar uma fraternidade universal. Adverte-nos também que esta
caridade não deve ser praticada somente nas grandes ocasiões, mas,
antes de tudo, nas circunstâncias ordinárias da vida. Sofrendo a morte
por todos nós pecadores, ele nos ensina com o seu exemplo que devemos
também carregar a cruz que a carne e o mundo impõem sobre os ombros dos
que procuram a paz e a justiça.
Constituído Senhor por sua ressurreição, Cristo, a quem foi
dado todo poder no céu e na terra, age nos corações dos homens pelo
poder de seu Espírito. Não somente suscita o desejo do mundo futuro,
mas anima, purifica e fortalece por esse desejo os propósitos generosos
com que a família humana procura melhorar suas condições de vida e
submeter para este fim a terra inteira.
São diversos, porém, os dons do Espírito. Enquanto chama alguns
para testemunharem abertamente o desejo da morada celeste e conservarem
vivo esse testemunho na família humana, chama outros para se dedicarem
ao serviço terrestre dos homens e prepararem com esse ministério a
matéria do reino dos céus. A todos, porém, liberta para que,
renunciando ao egoísmo e empregando todas as energias terrenas em prol
da vida humana, se lancem decididamente para as realidades futuras,
quando a própria humanidade se tornará uma oferenda agradável a Deus.
Responsório 2Cor 5,15; Rm 4,25
R. Cristo por todos morreu,
* Para que aqueles que vivem não vivam mais para si,
mas vivam, sim, para aquele que por eles morreu
e ressurgiu dentre os mortos.
V. Foi entregue por nossos pecados,
ressurgiu para justificar-nos. * Para que aqueles.
Oração
Ó Deus, na vossa misericórdia, dirigi os nossos corações, pois
sem vosso auxílio não vos podemos agradar. Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.