SEXTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Jeremias 42,1-16;43,4-7

Jeremias e o povo depois da conquista da cidade

42,1Então todos os oficiais, juntamente com Joanã, filho de Carea, Azarias, filho de Osaías, e com todo o povo, pequenos e grandes, foram 2dizer ao profeta Jeremias: “Que nossa súplica chegue a ti. Intercede junto ao Senhor, teu Deus, por nós e por esse resto pois de muitos sobramos poucos, como teus olhos comprovam. 3Que o Senhor, teu Deus nos indique o caminho que devemos tomar e o que devemos fazer!” 4O profeta Jeremias lhes disse: “Eu ouvi! Eis que intercederei junto ao Senhor, vosso Deus, como pedis, e toda palavra que o Senhor responder eu vo-la farei saber, e não vos esconderei nada.” 5E eles disseram a Jeremias: “Que Deus seja contra nós testemunha verdadeira e fiel, se não agirmos conforme a palavra que o Senhor, teu Deus, nos manda por teu intermédio. 6Se for bom ou se for mau, obedeceremos à voz do Senhor, nosso Deus, a quem te enviamos: para que nos aconteça o bem, se obedecermos à voz do Senhor, nosso Deus”.

7Ao cabo de dez dias, a palavra do Senhor foi dirigida a Jeremias. 8Então ele convocou Joanã, filho de Carea, e todos os oficiais que estavam com ele, assim como todo o povo, pequenos e grandes. 9Ele lhes disse: “Assim disse o Senhor, Deus de Israel, junto a quem me delegastes para apresentarlhe a vossa súplica. 10Se, verdadeiramente, permanecerdes nesta terra, vos edificarei e não vos destruirei, vos plantarei e não vos arrancarei. Pois estou arrependido do mal que vos fiz. 11Não tenhais medo do rei da Babilônia, diante de quem tendes medo. Não tenhais medo - oráculo do Senhor - pois estou convosco para vos salvar e vos livrar das suas mãos. 12Eu vos concederei a misericórdia, e ele terá misericórdia de vós e vos fará voltar à vossa terra. 13Mas se dizeis: ‘Não permaneceremos nesta terra!’, desobedecendo assim à voz do Senhor, vosso Deus, 14dizendo: ‘Não! É para o Egito que nós iremos, lá onde não mais veremos a guerra, nem ouviremos a voz da trombeta, nem nos faltará mais pão: é lá que queremos ficar, 15então, ouvi a palavra do Senhor, ó resto de Judá! Assim disse o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel. Se decidis partir para o Egito e se lá entrardes para ficar, 16a espada que temeis vos atingirá lá, na terra do Egito, e a fome que vos inquieta seguirá vossos passos no Egito: lá morrereis!

43,4 Assim, nem Joanã, filho de Carea, nem nenhum dos oficiais, nem ninguém do povo escutou a voz do Senhor, permanecendo na terra de Judá. 5Joanã, filho de Carea, e todos os oficiais do exército tomaram, pois, todo resto de Judá, aqueles que haviam regressado de todos os povos, em que estavam dispersos, para habitarem na terra de Judá: 6homens, mulheres e crianças, bem como as filhas do rei e todas as pessoas que Nabuzardã, comandante da guarda, deixara com Godolias, filho de Aicam, filho de Safã, e, também, o profeta Jeremias e Baruc, filho de Nerias. 7Eles entraram na terra do Egito, porque não escutaram a voz do Senhor, e chegaram a Táfnis.

Responsório Jr 42,2; Lm 5,3

R. Intercede por nós, junto ao Senhor,
em favor do que
resta de nós.
*
De muitos que éramos,
bem podes ver a quão poucos
fomos reduzidos.
V. Órfãos, fomos privados de nossos pais,
e nossas mães
são como viúvas. * De muitos.

Segunda leitura

Dos “Discursos” do bem aventurado Martinho de Lion, monge

(Avv. 2.)

Virá o Desejado de todas as nações

Irmãos diletíssimos, quero que saibais que Deus, como é onipotente por natureza, também por natureza é benigno e clemente; é poderoso e sábio nas suas obras, rico em misericórdia. Ele, só, tudo governa, rege e conserva. E a sua ternura se espalha sobre todas as criaturas (Sl 144,9). Deus, portanto, benigno e misericordioso, vendo a contínua escravidão do gênero humano com a qual o antigo inimigo o oprimia cruelmente, pela sua misericórdia decidido a libertá-lo, o consola por meio do profeta dizendo: Robustecei as mãos enfraquecidas, tornai firmes os joelhos vacilantes. Dizei aos de coração esmorecidos: coragem! Não temais; eis o vosso Deus, ele vem salvar-vos (Is 35,3.4).

Ele arrancará o jugo da terrível escravidão, o jugo da miséria e da infelicidade sob o qual o antigo inimigo se lhe havia submetido por culpa do primeiro homem. De fato, o autor de toda a maldade afligiu tanto o gênero humano que nem incenso, nem sacrifício, nem holocausto de qualquer patriarca ou profeta o pode livrar do inferno. É por isso que Isaias lamentando-se disse: Como um pano imundo são todos os nossos atos de justiça (Is 64,5).

Mas, prevendo o tempo da libertação deste duríssimo jugo, o profeta dizia também com alegria: O jugo cessará de pesar sobre o teu pescoço (Is 10,27). Também Jeremias, prevendo que o gênero humano um dia seria libertado do domínio do antigo inimigo e posto ao serviço de Deus, por ordem do Senhor proclamou: Naquele dia, palavra do Senhor dos exércitos, quebrarei o jugo tirando-o do seu pescoço, romperei as suas cadeias; não serão mais escravos de estrangeiros. Eles servirão o Senhor seu Deus e Davi o seu rei (Jr 30,8-9), isto é, Cristo. Davi, em verdade, já estava morto, mas Cristo nasceria da sua estirpe. O próprio Davi foi objeto de desejo, distinguiu-se na sua descendência, prefigurando aquele de quem o profeta cantou quando disse: Virá o Desejado de todas as nações (Ag 2,8 vulg.), isto é, o Filho de Deus, que já antes havia sido mostrado em espírito aos patriarcas do Antigo Testamento.

Responsório Is 40,2; Zc 1,16-17

R. Falai ao coração de Jerusalém e gritai:
*
Acabou-se a sua escravidão.
V. Volto-me com compaixão a Jerusalém;
o Senhor terá ainda compaixão de Sião,
e elegerá de novo Jerusalém: * Acabou-se.

Oração

Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.