20o DOMINGO DO TEMPO COMUM

IV Semana do Saltério

Ofício das Leituras

Primeira leitura

Do Início da Carta de São Paulo aos Efésios 1,1-14

O mistério da vontade de Deus

1Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus, aos santos e fiéis em Cristo Jesus: 2graça e paz a vós da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 3Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo. 4Ele nos escolheu antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor. 5Nele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme o beneplácito da sua vontade, 6para louvor e glória da sua graça com a qual ele nos agraciou no Amado. 7E é pelo sangue deste que temos a redenção, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, 8que ele derramou profusamente sobre nós, infundindo-nos toda sabedoria e inteligência, 9dando-nos a conhecer o mistério da sua vontade, conforme decisão prévia que lhe aprouve tomar 10para levar o tempo à sua plenitude: a de em Cristo encabeçar todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra. 11Nele, predestinados pelo propósito daquele que tudo opera segundo o conselho da sua vontade, fomos feitos sua herança, 12a fim de servirmos para o seu louvor e glória, nós, os que já antes de vós esperamos em Cristo. 13Nele também vós, tendo ouvido a Palavra da verdade - o evangelho da vossa salvação e nela tendo crido, fostes selados pelo Espírito da promessa, o Espírito Santo, 14que é o penhor da nossa herança, para a redenção do povo que ele adquiriu para o seu louvor e glória.

Responsório Ef 1,5.6; Rm 5,2

R. Ele nos predestinou para sermos
seus filhos adotivos por
Jesus Cristo,
conforme o beneplácito da sua vontade,
para louvor e glória da sua vontade,
*
Com a qual ele nos agraciou no Amado.

V. Por meio do nosso Senhor Jesus Cristo,
por quem tivemos
acesso, pela fé, a esta graça,
na qual estamos firmes. * Com.


Segunda leitura

Do “Comentário da Carta aos Efésios”, de São João Crisóstomo, bispo

(Hom. 1,3)

Coisa grandiosa é o perdão dos pecados,

porém maior ainda é que este nos tenha
sido dado pelo sangue do Senhor

“Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos”, querendo, de tal modo, manifestar plenamente a glória da sua graça. Conforme o beneplácito de sua vontade, diz, para louvor e glória de sua graça que Ele nos deu em seu Filho amado (Ef 1,5-6). Portanto, se Ele assim nos agraciou para o louvor e glória da sua graça, a fim de que ela se manifestasse, permaneçamos solidificados nela.

Por que Ele quer ser louvado e glorificado por nós?

Para que, dessa forma, o nosso amor para com ele seja mais inflamado. Na verdade Ele não quer de nós nada além da nossa salvação; não deseja o serviço, não a glória, nem qualquer outra coisa. E cumpre tudo para que assim aconteça. Na verdade, aquele que louva e se maravilha com a graça que lhe foi dada, será mais atento e solícito.

O Senhor fez como aquele que restitui prontamente o frescor da juventude a alguém marcado pela sarna, pela peste, e por toda espécie de doença, e já decrépito, totalmente reduzido à fome e à pobreza extrema, tornando-o o mais belo de todo mundo, com o rosto radioso como se escondesse em si os raios de sol no lampejo dos seus olhos cintilantes. E depois de tê-lo trazido de volta à flor da idade, o tivesse revestido de púrpura colocando-lhe um diadema e adornando-o com todas as vestes e os adereços de rei. Desta mesma maneira o Senhor transformou a nossa alma e a tornou bela, desejável e amável a ponto de os próprios anjos desejarem contemplá-la.

Assim Ele nos tornou tão preciosos que nos transformou em objeto do seu desejo. E, de fato, ele diz no Salmo: Ao rei agradará a sua beleza (Sl 44,12).

Veja quantas coisas más dizíamos antes, e, agora, quantas palavras cheias da graça de Deus profere a nossa boca. Não ambicionemos mais as riquezas, não desejemos mais os bens do mundo presente, mas os futuros e as coisas do céu. Não é verdade que consideramos bem educada e amável aquela criança que une a elegância e a harmonia do corpo com a graça da sua fala? Da mesma forma, são os fiéis.

Veja de que coisas falam aqueles que foram iniciados nos mistérios divinos! O que é mais precioso do que aquela boca que profere palavras dignas de admiração e, com o coração e lábios puros participam da mesa mística com grande esplendor e confiança? O que é mais sublime do que as palavras com as quais fizemos a renúncia ao demônio e fomos incluídos entre os soldados de Cristo? E o que é maior do que aquela confissão que precedeu o batismo e aquela que veio em seguida? Quantos de nós na verdade profanamos o nosso batismo e agora gememos suplicando que nos seja concedido recuperá-lo!

Graças nos sejam dadas no seu Filho amado, diz, no qual temos a redenção mediante o seu sangue (Ef 1,6-7). E de que maneira? É algo maravilhoso não somente que nos tenha sido dado o Filho, mas o modo como ele no-lo deu, isto é, deixando-o morrer por nós. É um paradoxo incrível: entregou o seu amado Filho para aqueles que o odiavam. Veja, portanto, por qual preço ele nos avaliou.

Se quando estávamos fechados no ódio e éramos seus inimigos nos entregou o seu amado Filho, o que não nos fará agora que fomos reconciliados pela sua graça?

Da realidade mais elevada desce àquela mais desprezível: enquanto antes havia falado da adoção dos filhos, da santificação e da chamada a sermos imaculados, agora fala também do pecado; mas não abaixa o discurso das coisas excelsas às mais ínfimas e sim destas se eleva àquelas. Nada, de verdade, é tão grande quanto o fato de que o próprio sangue de Deus tenha sido derramado por nós; e é maior ainda que a adoção de filhos e os outros dons concedidos, pelo fato de que ele não poupou nem o seu próprio Filho. Coisa grandiosa é o perdão dos pecados, porém, maior ainda é o fato de que este nos tenha sido dado graças ao sangue do Senhor.

Responsório Cl 1,21.22; Rm 3,25

R. Também vós éreis outrora estrangeiros e inimigos
com a mente voltada para as obras más que fazíeis,
mas agora ele vos reconciliou por meio da morte do seu corpo carnal,
*
Para apresentar-vos santos,
imaculados e irrepreensíveis diante dele.
V. Deus o predestinou para servir como instrumento de expiação
por meio da fé, no seu sangue. * Para apresentar-vos.


Hino

Te Deum
em latim

(A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)

A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,

e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

(A parte que se segue pode ser omitida, se for oportuno).

Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!

Oração

Ó Deus, preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.