TERÇA-FEIRA

Ofício das Leituras


Primeira leitura
Do Livro da Sabedoria 3,1-19

Os justos possuirão o Reino
1A vida dos justos está nas mãos de Deus, nenhum tormento os atingirá. 2Aos olhos dos insensatos pareceram mortos; sua partida foi tida como uma desgraça, 3sua viagem para longe de nós como um aniquilamento, mas eles estão em paz. 4Aos olhos humanos pareciam cumprir uma pena, mas sua esperança estava cheia de imortalidade; 5por um pequeno castigo receberão grandes favores. Deus os submeteu à prova e os achou dignos de si. 6Examinou-os como o ouro no crisol e aceitou-os como perfeito holocausto. 7No tempo de sua visita resplandecerão e correrão como fagulhas no meio da palha. 8Julgarão as nações, dominarão os povos, e o Senhor reinará sobre eles para sempre. 9Os que nele confiam compreenderão a verdade, e os que são fiéis permanecerão junto a ele no amor, pois graça e misericórdia são para seus santos, e sua visita é para seus eleitos. 10Mas os ímpios serão castigados segundo os seus raciocínios: desprezaram o justo e se afastaram do Senhor. 11Desgraçados os que desprezam a sabedoria e a disciplina: sua esperança é vã, suas fadigas sem proveito, suas obras inúteis, 12suas mulheres insensatas, seus filhos depravados, sua posteridade maldita! 13Feliz a estéril imaculada que desconhece a união pecaminosa: obterá seu fruto na visita das almas. 14Feliz também o eunuco que não cometeu crimes com suas mãos, não teve maus desejos contra o Senhor: por sua fidelidade receberá graça especial e um quinhão apetecível no Templo do Senhor. 15Pois o fruto dos trabalhos honestos é cheio de glória, imperecível é a raiz da inteligência. 16Os filhos dos adúlteros permanecem imaturos, desaparecerá a posteridade de uma união ilegítima. 17Ainda que tenham vida longa, ninguém deles fará caso e, no fim, sua velhice será sem honra; 18se morrem cedo, não terão esperança nem consolação no dia da decisão, 19pois o fim de uma geração perversa é cruel!

Responsório Cf. Sb 3,6-7a.9
R. O Senhor provou seus santos, como o ouro na fornalha
e aceitou-os como vítima ofertada em sacrifício;
e a sua recompensa há de vir no tempo certo,
* Pois mereceram seus eleitos a paz e a recompensa.
V. Os que confiam no Senhor compreendem a verdade.
Os que a ele são fiéis lhe são dóceis pelo amor.
* Pois mereceram.

Segunda leitura

Das “Catequeses” de São Teodoro Estudita, abade
(34ª)

(Séc. IX)

Entraremos em uma terra onde está
a fonte da vida e da imortalidade
Caríssimos irmãos e padres, eis que passamos de um ano a outro, de uma estação a outra, de uma festa a outra festa e não encontramos nesta vida nenhuma estabilidade; esta nossa vida devemos deixá-la para entrar no repouso eterno. Leiamos nas Escrituras: E quem entrar nesse repouso descansará das suas obras, assim como descansou Deus das suas (Hb 4,10).
E que repouso é esse? É certo que é o reino dos Céus, para o qual o Apóstolo nos estimula dizendo: Assim, apressemo-nos a entrar neste descanso para não cairmos por nossa vez na mesma incredulidade (Hb 4,11). O que quer dizer com isso o Apóstolo? Eis: como Deus prometeu aos israelitas o ingresso na terra prometida, e aqueles que não acreditaram e desesperaram não puderam nela entrar, assim também nós, se não obedecermos aos seus preceitos não nos será aberto o ingresso no reino dos Céus. Durante quarenta anos desgostou-me aquela geração, e eu disse: É um povo de coração desviado, que não conhece os meus desígnios. Por isso, jurei na minha cólera: Não hão de entrar no lugar do meu repouso (Sl 94,10-11). Aqui não se trata propriamente dos quarenta anos de espera no deserto, mas significa a duração já preestabelecida da vida de cada um de nós. Por isso, se não nos apressarmos em executar todos os mandamentos de Deus, também para nós dirá: Não hão de entrar no lugar do meu repouso (Sl 94,11).
Não obstante está escrito: “Se alguém transgredir a Lei de Moisés - e isto provado com duas ou três testemunhas -, deverá ser morto sem misericórdia. Quanto pior castigo julgais que merece quem calcar aos pés o Filho de Deus, profanar o sangue da aliança, em que foi santificado, e ultrajar o Espírito Santo, autor da graça! (Hb 10,28-29). Mas qual foi a culpa que fechou aos hebreus o acesso à terra prometida? A incredulidade, a murmuração, a calúnia, a contestação, a dureza de coração, a soberba, a fornicação: estes vícios foram a sua ruína. Por isso, também nós, irmãos, fujamos como do fogo desses vícios mortíferos, não duvidando das promessas de Deus, mas crendo firmemente que aquilo que prometeu é capaz de levar ao pleno cumprimento (cf. Rm 4,1).
Não murmuremos, não blasfememos contra o próximo, não façamos oposição, não endureçamos o nosso coração, não sejamos soberbos; ao contrário, procuremos ser benevolentes uns para com os outros, misericordiosos, perdoando-nos como Deus nos perdoou em Cristo (cf. Ef 4,32). Levando sempre no nosso corpo a morte do Senhor Jesus, estejamos sempre prontos a entrar na morte por Cristo; e renovemos constantemente o nosso espírito com a oração, as súplicas, as lágrimas e a contemplação das coisas celestiais. Sem dúvida, se assim caminharmos em nossa vida, não entraremos como os antigos hebreus “nessa terra que mana leite e mel” (Ex 33,3), mas na região dos mansos de coração onde escorre a fonte da vida e da imortalidade, onde resplandece a beleza da Jerusalém celeste, onde reina a alegria e o júbilo, onde refulge o esplendor da bendita e onipotente Trindade, em Cristo nosso Senhor, ao qual seja dada a glória e o reino com o Pai e o Espírito Santo, agora e sempre, pelos séculos dos séculos! Amém.

Responsório Cf. At 24,15-16; Jó 14,14
R. Tenho esperança em Deus, como também eles esperam,
de que há de haver a ressurreição dos justos e dos pecadores.
* Por isso, procuro ter sempre sem mácula
a minha consciência diante de Deus e dos homens.
V. Todo o tempo de meu combate eu esperaria até que me viessem soerguer.
* Por isso, procuro.

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora
V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.