SEXTA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Livro da Sabedoria
6,1-25
A sabedoria deve ser amada
1Escutai, reis e entendei!
Instruí-vos, juízes dos confins da terra!
2Prestai atenção, vós que dominais a multidão
e vos orgulhais das multidões dos povos!
3O domínio vos vem do Senhor
e o poder, do Altíssimo,
que examinará vossas obras,
perscrutará vossos desígnios.
4Se, pois, sendo servos de seu reino,
não governastes retamente,
não observastes a lei
nem seguistes a vontade de Deus,
5ele cairá sobre vós, terrível, repentino.
Um julgamento implacável se exerce
contra os altamente colocados.
6Ao pequeno, por piedade, se perdoa,
mas os poderosos serão provados com rigor.
7Pois o Senhor do universo a ninguém teme.
Não se deixa impressionar pela grandeza;
pequenos e grandes, foi ele quem os fez:
com todos se preocupa por igual,
8mas aos poderosos reserva um julgamento severo.
9A vós, portanto, soberanos, me dirijo,
para que aprendais a ser sábios e não pequeis;
10santos serão os que santamente observam as coisas santas,
e aqueles que se deixam instruir encontrarão do que se
justificar.
Ansiai, pois, por minhas palavras,
desejai-as e recebereis a instrução.
12A Sabedoria é radiante, não fenece,
facilmente é contemplada por aqueles que a amam
e se deixa encontrar por aqueles que a buscam.
13Ela mesma se dá a conhecer aos que a desejam.
14Quem por ela madruga não se cansa:
encontra-a sentada à porta.
15Meditá-la é, com efeito, a perfeição da inteligência;
quem vigia por ela logo se isenta de preocupações;
16ela mesma busca, em toda parte, os que a merecem;
benigna, aborda-os pelos caminhos
e a cada pensamento os precede.
17Seu princípio é o desejo autêntico de instrução,
o afã da instrução é o amor,
18o amor é a observância de suas leis,
o respeito das leis é garantia de incorruptibilidade
19e a incorruptibilidade aproxima de Deus.
20Portanto, o desejo da Sabedoria eleva à realeza.
21Chefes dos povos: se vos agradam tronos e cetros,
honrai a Sabedoria e reinareis para sempre.
22Vou dizer-vos o que é a Sabedoria e qual a sua origem;
não vos esconderei os mistérios,
vou-me reportar ao começo da criação,
dando-a a conhecer claramente,
sem me afastar da verdade.
23Não caminharei junto com a inveja corrosiva
que com a Sabedoria não comunga.
24Uma multidão de sábios, ao contrário,
é a salvação do mundo,
um rei sábio, para o povo, é bem-estar.
25Deixai-vos, pois, instruir por minhas palavras
e nelas encontrareis proveito.
Responsório
Sb 7,13a.14a; 3,11a; 7,28
R. Estudei a Sabedoria, e a aprendi com lealdade,
e a reparto
sem inveja.
* Porque ela é para os homens um tesouro inesgotável.
V. Infeliz é quem recusa a disciplina e o saber;
Deus não ama
a quem não mora junto com a sabedoria.
* Porque ela.
Segunda leitura
Das cartas sobre a “Vida contemplativa”, do Bem-aventurado Guigo, certosino
(Cc 3,6-7)
(Séc. XII)
Procurava a tua face, Senhor.
A leitura sobre a docilidade da vida beata, a meditação a
desvenda; a oração, a reclama, a contemplação, a degusta. A
leitura é como uma comida sólida que se aproxima da boca,
a meditação a mastiga e a amassa, a oração sente o sabor
e a contemplação é aquela mesma docilidade que alegra e
restaura. A leitura é a casca, a meditação é a polpa, a oração
consiste na procura do desejo; a contemplação, no prazer
da docilidade conquistada.
A alma então, vendo que sozinha não pode alcançar a
docilidade tão desejada de experimentar e conhecer a Deus,
e vendo o quanto seu coração é impenetrável (Sl 64,7), tanto
mais exalta a Deus, se humilha, se refugia na oração dizendo: Senhor, que te manifestas somente aos puros de coração,
busco, lendo e meditando, qual é a verdadeira pureza de
coração, e como poderei obtê-la, a fim de que, possuindo-a,
ainda que em pequena parte, eu possa conhecer-te.
Procurava a tua face, Senhor; a tua face, Senhor, eu
procuro (Sl 27,8); longamente meditei no meu coração, e da
minha meditação cresceu um fogo, e o desejo de conhecer a
ti aumentou. Enquanto partias para mim o pão da Sagrada
Escritura, no ato de partir o pão eu te reconheço, e quanto
mais te conheço tanto mais desejo te conhecer, não mais no
invólucro da letra, mas na profundidade da experiência. Não
peço tudo isso, Senhor, pelos meus méritos, mas pela tua
misericórdia. Confesso, de fato, ser uma indigna pecadora,
mas também os cachorrinhos comem das migalhas que
caem sob a mesa de seus donos (Mt 15,27). Dá-me, Senhor,
o penhor da herança futura, ao menos uma gota da chuva celeste que sirva de refrigério para a minha sede, porque ardo
de amor. Com estas e outras invocações similares inflama
o seu desejo, assim mostra o seu afeto, com tais palavras
encantadoras chama o seu esposo. E o Senhor, que olha os
justos, e não somente escuta as suas invocações, mas está
atento a eles, não espera o fim da súplica: interrompendo a
oração na metade, logo se precipita na alma que o deseja,
todo envolto pelo sereno da celeste docilidade e por perfume
precioso. Recria a alma afadigada, esfomeada a restaura,
árida a inebria, e a faz esquecer-se das coisas terrestres; a
vivifica fazendo-a maravilhosamente morrer no esquecimento de si mesma; e, inebriando-a, a faz sábia.
Responsório
Esd 8,22; Lm 3,25
R. O poder e a ira do Senhor se abatem
sobre todos os que
o abandonam.
* A mão de nosso Deus se estende benignamente
sobre
todos os que o buscam.
V. O Senhor é bom para quem nele confia, para aquele que
o busca.
* A mão de nosso Deus.
OraçãoDeus
eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e
dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por
nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.