SÃO CORNÉLIO, PAPA, E SÃO CIPRIANO, BISPO, MÁRTIRES
Memória
Cornélio foi ordenado bispo da Igreja de Roma no ano 251. Teve de
combater o
cisma dos Novacianos e, com a ajuda de São Cipriano, conseguiu consolidar a sua autoridade. Foi
desterrado pelo imperador Galo e morreu no exílio, perto de
Civitavecchia, no ano 253. O seu corpo foi
trasladado para Roma e sepultado no cemitério de Calisto.
Cipriano nasceu em Cartago cerca do ano 210, de uma família pagã.
Tendo-se
convertido à fé e, ordenado sacerdote, foi eleito bispo daquela cidade
no ano 249. Em tempos muito
difíceis, governou sabiamente, com suas obras e escritos, a Igreja que
lhe foi confiada. Na perseguição de
Valeriano, sofreu primeiramente o exílio, e depois o martírio no dia 14
de setembro do ano
258.
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Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Esta introdução se omite
quando o Invitatório precede imediatamente ao
Ofício
das Leituras.
Hino
Rei glorioso do mártir,
sois a coroa e o troféu,
pois desprezando esta terra,
procura apenas o céu.
Que o coração inclinando,
possais ouvir nossa voz;
vossos heróis celebrando,
supliquem eles por nós!
Se pela morte venceram,
mostrando tão grande amor,
vençamos nós pela vida
de santidade e louvor.
A vós, Deus uno, Deus trino,
sobe hoje nosso louvor,
pelos heróis que imitaram
a própria cruz do Senhor.
Salmodia
Ant.1 Até à morte
fiéis ao
Senhor,
derramaram seu sangue por Cristo
e alcançaram o prêmio eterno.
Salmo 2
–1 Por que os povos agitados se revoltam? *
por que tramam as nações projetos vãos?
=2 Por que os reis de toda a terra se reúnem, †
e conspiram os governos todos juntos *
contra o Deus onipotente e o seu Ungido?
–3 "Vamos quebrar suas correntes , dizem eles, *
"e lançar longe de nós o seu domínio!
–4 Ri-se deles o que mora lá nos céus; *
zomba deles o Senhor onipotente.
–5 Ele, então, em sua ira os ameaça, *
e em seu furor os faz tremer, quando lhes diz:
–6 "Fui eu mesmo que escolhi este meu Rei, *
e em Sião, meu monte santo, o consagrei!
=7 O decreto do Senhor promulgarei, †
foi assim que me falou o Senhor Deus: *
"Tu és meu Filho, e eu hoje te gerei!
=8 Podes pedir-me, e em resposta eu te darei †
por tua herança os povos todos e as nações, *
e há de ser a terra inteira o teu domínio.
–9 Com cetro férreo haverás de dominá-los, *
e quebrá-los como um vaso de argila!
–10 E agora, poderosos, entendei; *
soberanos, aprendei esta lição:
–11 Com temor servi a Deus, rendei-lhe glória *
e prestai-lhe homenagem com respeito!
–12 Se o irritais, perecereis pelo caminho, *
pois depressa se acende a sua ira!
– Felizes hão de ser todos aqueles *
que põem sua esperança no Senhor!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Até à morte fiéis ao Senhor,
derramaram seu sangue por Cristo
e alcançaram o prêmio eterno.
Ant.2 Os justos
viverão
eternamente,
e a sua recompensa é o Senhor.
Salmo 32(33)
I
–1 Ó justos, alegrai-vos no Senhor! *
Aos retos fica bem glorificá-lo.
–2 Dai graças ao Senhor ao som da harpa, *
na lira de dez cordas celebrai-o!
–3 Cantai para o Senhor um canto novo, *
com arte sustentai a louvação!
–4 Pois reta é a palavra do Senhor, *
e tudo o que ele faz merece fé.
–5 Deus ama o direito e a justiça, *
transborda em toda a terra a sua graça.
–6 A palavra do Senhor criou os céus, *
e o sopro de seus lábios, as estrelas.
–7 Como num odre junta as águas do oceano, *
e mantém no seu limite as grandes águas. –
–8 Adore ao Senhor a terra inteira, *
e o respeitem os que habitam o universo!
–9 Ele falou e toda a terra foi criada, *
ele ordenou e as coisas todas existiram.
–10 O Senhor desfaz os planos das nações *
e os projetos que os povos se propõem.
=11 Mas os desígnios do Senhor são para sempre, †
e os pensamentos que ele traz no coração, *
de geração em geração, vão perdurar.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Os
justos viverão eternamente,
e a sua recompensa é o Senhor.
Ant.3 Vós lutastes
por mim
sobre a terra:
recebei, meus amigos, o prêmio.
II
–12 Feliz o povo cujo Deus é o Senhor, *
e a nação que escolheu por sua herança!
–13 Dos altos céus o Senhor olha e observa; *
ele se inclina para olhar todos os homens.
–14 Ele contempla do lugar onde reside *
e vê a todos os que habitam sobre a terra.
–15 Ele formou o coração de cada um *
e por todos os seus atos se interessa.
–16 Um rei não vence pela força do exército, *
nem o guerreiro escapará por seu vigor.
–17 Não são cavalos que garantem a vitória; *
ninguém se salvará por sua força.
–18 Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem, *
e que confiam esperando em seu amor,
–19 para da morte libertar as suas vidas *
e alimentá-los quando é tempo de penúria.
–20 No Senhor nós esperamos confiantes, *
porque ele é nosso auxílio e proteção!
–21 Por isso o nosso coração se alegra nele, *
seu santo nome é nossa única esperança.
–22 Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, *
da mesma forma que em vós nós esperamos!
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Vós lutastes por mim sobre a terra:
recebei, meus amigos, o prêmio.
V. No Senhor nós esperamos confiantes.
R. Porque ele é nosso auxílio e proteção.
Primeira leitura
Da Carta de São Paulo aos Romanos 8,18-39
Nada nos pode separar do amor de Deus, que está em Cristo
Jesus
Irmãos: 18Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente
nem
merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós.
19De fato, toda a criação está esperando ansiosamente o
momento de
se revelarem os filhos de Deus. 20Pois a criação ficou
sujeita à
vaidade, não por sua livre vontade, mas por sua dependência daquele que
a
sujeitou; 21também ela espera ser libertada da escravidão
da
corrupção e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de
Deus.
22Com efeito, sabemos que toda a criação, até ao tempo
presente,
está gemendo como que em dores de parto. 23E não somente
ela, mas
nós também, que temos os primeiros frutos do Espírito, estamos
interiormente
gemendo, aguardando a adoção filial e a libertação para o nosso corpo.
24Pois já fomos salvos,mas na esperança. Ora, o objeto da
esperança
não é aquilo que a gente está vendo; com pode alguém esperar o que já
vê?
25Mas se esperamos o que não vemos, é porque o estamos
aguardando
mediante a perseverança. 26Também o Espírito vem em socorro
da nossa
fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio
Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. 27E
aquele
que
penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito.
Pois é sempre segundo Deus que o Espírito intercede em favor dos
santos.
28Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a
Deus,
daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de
Deus.
29Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde
sempre, a
esses ele predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho, para que
este
seja o primogênito numa multidão de irmãos. 30E aqueles que
Deus
predestinou, também os chamou. E aos que chamou, também os tornou
justos;e aos
que tornou justos, também os glorificou. 31Depois disto,
que vos
resta dizer? Se Deus é por nós, quem será contra nós? 32Deus
que
não
poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós, como não nos
daria tudo
junto com ele? 33Quem acusará os escolhidos de Deus? Deus,
que os
declara justos? 34Quem condenará? Jesus Cristo, que morreu,
mais
ainda, que ressuscitou, e está, à direita de Deus, intercedendo por
nós?
35Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação? Angústia?
Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? 36Pois é assim
que está
escrito: “Por tua causa somos entregues à morte, o dia todo; fomos
tidos
como ovelhas destinadas ao matadouro”.
37Mas, em tudo isso, somos mais que vencedores, graças
àquele que
nos amou! 38Tenho a certeza que nem a morte, nem a vida,
nem os
anjos, nem os poderes celestiais, nem o presente nem o futuro, nem as
forças
cósmicas, 39nem a altura, nem a profundeza, nem outra
criatura
qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado
em
Cristo Jesus, nosso Senhor.
Responsório Mt 5,44-45.48; Lc 6,17
R. Amai os vossos inimigos, diz Jesus,
orai por quem vos calunia e persegue,
* E sereis filhos do vosso Pai celeste.
V. Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é
perfeito.
* E sereis.
Segunda leitura
Pode-se optar por uma das
leituras
seguintes:
Das Cartas de São Cipriano, bispo e mártir
(Epist.
60,1-2.5:CSEL3,691-692.694-695)(Séc.III)
Fé generosa e firme
Cipriano a Cornélio, seu irmão. Tive notícias, irmão caríssimo, dos
gloriosos
testemunhos de vossa fé e fortaleza. Recebemos com tanta exultação a
honra de
vossa confissão que também nos julgamos participantes e companheiros de
vossos
merecidos louvores. Pois se em nós e na Igreja só há um modo de pensar
e
indivisa concórdia, qual o sacerdote que não se rejubilaria como
próprios com
os louvores dados a seu irmão no sacerdócio? Ou que fraternidade não se
alegraria com o júbilo de todos os irmãos? Impossível expressar como
foi grande
esta exultação e alegria, quando fui informado de vossas vitórias e
atos de
coragem. Nisto foste o primeiro, durante o interrogatório dos irmãos. O
testemunho do chefe ainda foi acrescido pela confissão dos irmãos.
Enquanto
vais à frente na glória, fazes muitos companheiros nesta glória e
estimulas o
povo a dar testemunho por estares preparado, primeiro que todos, a
confessar em
nome de todos. Não sabemos o que primeiro elogiar em vós: se vossa fé
decidida
e estável, se o indefectível amor fraterno. Aí se provou de público a
virtude
do bispo indo à frente, e se revelou a união da fraternidade que o
seguia. Já
que em vós só há um coração e uma só voz, foi toda a Igreja Romana que
testemunhou.
Tornou-se evidente, irmão caríssimo, a fé que o Apóstolo já tinha
louvado em
vós. Já então ele previa a virtude louvável e a firmeza da coragem,
atestando
com isso vossos méritos futuros. O elogio aos pais era estímulo aos
filhos. Por
serdes assim unânimes, asim fortes, destes exemplo de unanimidade e de
fortaleza aos outros irmãos. Sinais da providência do Senhor nos
avisam, e
palavras salutares da divina misericórdia nos advertem de que já se
aproxima o
dia de nossa grande luta. Por isto, como podemos irmão caríssimo, pela
mútua
caridade que nos une, nós vos exortamos a não esmorecer. Nos jejuns,
nas
vigílias e orações com todo o povo. São estas armas celestes que fazem
ficar de
pé e perseverar com denodo; são estas as defesas espirituais, as
lanças, que
protegem. Lembremo-nos um do outro, concordes e unânimes, mutuamente
oremos
sempre por nós, suavizando as tribulações e angústias pela caridade
recíproca.
Ou
Das Atas Proconsulares sobre o martírio de São Cipriano, bispo
(Acta, 3-6: CSEL3,112-114)(Séc. III)
Em causa tão justa, não há que discutir
No dia décimo oitavo das calendas de outubro pela manhã, grande
multidão se
reuniu no campo de Sexto, conforme a determinação do procônsul Galério
Máximo.
Este, presidindo no átrio Saucíolo, no mesmo dia ordenou que lhe
trouxessem
Cipriano. Chegado este, o procônsul interrogou-o: “És tu Táscio
Cipriano?” O bispo Cipriano respondeu: “Sou”. O procônsul
Galério Máximo: “Tu te apresentaste aos homens como papa do
sacrílego intento?” Respondeu o bispo Cipriano: “Sim”. O procônsul
Galério Máximo disse: “Os augustíssimos imperadores te ordenaram que te
sujeites às cerimônias”. Cipriano respondeu: “Não faço”.
Galério Máximo disse: “Pensa bem!” O bispo Cipriano respondeu:
“Cumpre o que te foi mandado; em causa tão justa, não há que
discutir”. Galério Máximo deliberou com o seu conselho e, com muita
dificuldade, pronunciou a sentença, com estas palavras: “Viveste por
muito tempo nesta sacrílega idéia e agregaste muitos homens nesta ímpia
conspiração. Tu te fizeste inimigo dos deuses romanos e das sacras
religiões, e
nem os piedosos e sagrados augustos príncipes Valeriano e Galieno, nem
Valeriano, o nobilíssimo César, puderam te reconduzir à prática de seus
ritos
religiosos. Por esta razão, por seres acusado de autor e guia de crimes
execráveis, tu te tornarás uma advertência para aqueles que agregaste a
ti em
teu crime: com teu sangue ficará salva a disciplina”. Dito isto, leu a
sentença: “Apraz que Táscio Cipriano seja degolado à espada”. O
bispo Cipriano respondeu: “Graças a Deus”!
Após a sentença, o grupo dos irmãos dizia: “Sejamos também nós
degolados
com ele”. Por isto houve tumulto entre os irmãos e grande multidão o
acompanhou. E assim Cipriano foi conduzido ao campo de Sexto. Ali tirou
o manto
e o capuz, dobrou os joelhos e prostrou-se em oração ao Senhor. Retirou
depois
a dalmática, entregando-a aos diáconos e ficou de alva de linho e
aguardou o
carrasco, a quem, quando chegou, mandou que os seus lhe dessem vinte e
cinco
moedas de ouro. Os irmãos estenderam diante de Cipriano pano de linho e
toalha.
O bem-aventurado quis vedar os olhos com as próprias mãos. Não
conseguindo
amarrar as pontas, o presbítero Juliano e o subdiácono Juliano o
fizeram. Deste
modo morreu o bem-aventurado Cipriano. Seu corpo, por causa da
curiosidade dos
pagãos, foi colocado ali perto, de onde, à noite, foi retirado e, com
círios e
tochas, hinos e em grande triunfo, levado ao cemitério de Macróbio
Candidiano,
administrador, existente na via Mapaliense, junto das piscinas. Poucos
dias
depois, morreu o procônsul Galério Máximo.
O mártir santíssimo Cipriano foi morto, no dia décimo oitavo das
calendas de
outubro, sob Valeriano e Galieno imperadores, reinando, porém, nosso
Senhor
Jesus Cristo, a quem a honra e a glória pelos séculos dos séculos.
Amém.
Responsório
R. Ao lutarmos pela fé, Deus nos vê, os anjos
olham
e o Cristo nos contempla.
* Quanta honra e alegria combater, vendo-nos Deus,
e a coroa receber do Juiz, que é Jesus Cristo.
V. Concentremos nossas forças, para a luta
preparemo-nos
com a mente pura e forte, doação, fé e coragem.
* Quanta honra.
Oração
Ó Deus, que em São Cornélio e São Cipriano destes ao vosso povo
pastores
dedicados e mártires invencíveis, fortificai, por suas preces, nossa fé
e
coragem, para que possamos trabalhar incansavelmente pela unidade da
Igreja.Por
nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.