SEXTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro da Sabedoria 16,2b-13.20-26

Os benefícios de Deus para com o seu povo
2bPara satisfazer-lhe o ardente apetite, proporcionaste-lhe codornizes, alimento extraordinário! 3Assim, enquanto aqueles, famintos, perdiam o apetite natural pelo desgosto do que lhes fora enviado, estes, depois de passar um pouco de necessidade, entre si repartiam um alimento extraordinário. 4Pois era preciso que sobre aqueles - os opressores - se abatesse uma penúria inevitável; a estes bastava que se lhes mostrasse como eram torturados seus inimigos. 5Mesmo quando lhes sobreveio a terrível fúria das feras e pereciam mordidos por serpentes tortuosas, tua cólera não durou até o fim; 6para que se advertissem, foram assustados um pouco, mas tinham um sinal de salvação para lhes recordar o mandamento da tua Lei, 7e quem se voltava para ele era salvo, não em virtude do que via, mas graças a ti, o salvador de todos! 8Assim convenceste nossos inimigos de que és tu quem livra de todo mal; 9pois eles morreram a picadas de gafanhotos e de moscas, não se achou remédio para a vida deles, porque mereciam semelhante castigo. 10Quanto aos seus filhos, não os venceram sequer as presas de serpentes venenosas, pois interveio a tua misericórdia e os salvou. 11Para que se recordassem de teus oráculos, eram aguilhoados, e logo curados, para não caírem num profundo esquecimento e serem excluídos de tua ação benéfica. 12Não os curou nem erva nem unguento, mas a tua palavra, Senhor, que tudo cura! 13Porque tu tens poder sobre a vida e a morte, fazes descer às portas do Hades e de lá subir. 20A teu povo, ao contrário, nutriste com um alimento de anjos, proporcionando-lhe, do céu, sem fadiga, um pão de mil sabores, ao gosto de todos. 21Este sustento manifestava a teus filhos tua doçura, pois servia ao desejo de quem o tomava e se convertia naquilo que cada qual queria. 22Neve e gelo resistiam ao fogo sem derreter-se: soube-se assim que o fogo - ardendo no meio do granizo e lampejando nos aguaceiros - destruía os frutos dos inimigos; 23mas o mesmo, noutra ocasião, esqueceu-se de sua própria força, para que os justos se alimentassem. 24Pois a criação, submissa a ti, seu Criador, inflama-se para castigar os injustos e abranda-se para beneficiar os que confiam em ti. 25Eis por que, também então, mudando-se em tudo colocava-se a serviço de tua liberalidade, nutriz universal, segundo o desejo dos necessitados. 26Assim teus filhos queridos aprenderam, Senhor: não é a produção de frutos que alimenta os homens, mas a tua palavra que sustenta os que creem em ti.

Responsório Sb 16,20; Jo 6,56
R. Com o alimento dos anjos alimentastes vosso povo;
do céu, sem fadiga, vós lhe enviastes um pão já preparado;
* Contendo em si todas as delícias.
V. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
permanece em mim, e eu nele;
esse é o pão descido do céu.
* Contendo.

Segunda leitura

Do “Comentário sobre o Salmo 118”, de Santo Ambrósio, bispo
(Disc.7,7-8)
(Séc. IV)

No tempo da nossa humilhação, a esperança nos consola
No tempo da nossa humilhação, nos consola a esperança que não decepciona (Rm 5,5); penso que o tempo da humilhação para a nossa alma é o das tentações. Ela é humilhada quando é abandonada nas mãos do tentador e colocada à prova com duros tormentos, para que lute e combata, experimentando a luta com a potência adversária; porém nessas tentações recebe vida da palavra de Deus. Esta é de verdade a substância vital da nossa alma, da qual é nutrida, cresce e pela qual é guiada. Nada mais faz viver a alma dotada de razão do que o colóquio com Deus. A palavra de Deus, quando é recebida, compreendida e acolhida, frutifica na nossa alma e nela aumenta a vida: ao contrário de quando falta o colóquio com Deus na nossa alma, a sua vida diminui. E como este nosso composto de alma e corpo é animado, nutrido e sustentado pelo espírito vital, assim a nossa alma é vivificada pela palavra de Deus e pela graça do Espírito. Por isso, deixando de lado todo o resto, devemos colocar toda a atenção em recolher as palavras de Deus para que se tornem em nós princípio que dirige a nossa consciência, as solicitudes de nossa alma, os pensamentos e as ações, a fim de que todos os nossos atos sejam conformes às palavras da Escritura e nada seja discordante dos preceitos divinos; assim, também nós, possamos afirmar: A tua palavra me faz viver (Sl 118,50).
Os soberbos me insultam asperamente, mas não me desvio da tua lei (Sl 118,51). O maior pecado do homem, no qual está a origem da nossa culpa, é a soberba: ela é a primeira flecha com a qual o diabo nos feriu e abateu. Em verdade, se o homem, enganado pelas palavras persuasivas da serpente, não tivesse querido ser como Deus e conhecer o verdadeiro e o falso, que não podia discernir profundamente por causa da fragilidade humana, e se por isso não tivesse agido como o fez, precipitando-se da felicidade do paraíso para uma temerária presunção; se, insatisfeito dos seus limites, não tivesse infringido uma proibição, jamais teria recaído sobre nós a herança de uma culpa mortal.

Responsório Eclo 3,18-20; Pr 29,23
R. Quanto maior fores, tanto mais humilha-te;
assim encontrarás graça diante do Senhor.
* Porque grande é o poder do Senhor
e pelos humildes ele é glorificado.
V. O orgulho do homem provoca-lhe humilhação,
o humilde de coração obtém honras.
* Porque grande.

Oração

Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.