INSTRUÇÃO GERAL
SOBRE A LITURGIA DAS HORAS
ÍNDICE
CAPÍTULO I↑
IMPORTÂNCIA
DA
LITURGIA
DAS HORAS OU
OFÍCIO
DIVINO
NA VIDA DA IGREJA 1.
A
oração
pública e comunitária do povo de Deus é com razão
considerada uma das principais funções da Igreja. Daí que, logo no
princípio,
os batizados «eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna,
à fração
do pão e às orações» (At 2, 42). Da oração unânime da comunidade cristã
nos dão
repetidos testemunhos os Atos dos Apóstolos.1
2.
Estas
orações,
feitas em comunidade, foram-se progressivamente
organizando, até que vieram a constituir um ciclo horário bem definido.
Esta
Liturgia das Horas, ou Ofício Divino, embora enriquecida de leituras, é
antes
de mais oração de louvor e de súplica: oração da Igreja, com Cristo e a
Cristo.
I.
A
ORAÇÃO DE CRISTO
Cristo,
Orante
do
Pai 3.
Vindo
ao
mundo para comunicar aos homens a vida divina, o Verbo
que procede do Pai como esplendor da sua glória, «Sumo Sacerdote da
Nova e
Eterna Aliança, Cristo Jesus, ao assumir a natureza humana, introduz
nesta
terra de exílio o hino que eternamente se canta no Céu».3
Desde
aquele momento, ressoa no coração de Cristo o louvor divino expresso em
termos
humanos de adoração, propiciação e intercessão. E tudo isto Ele
apresenta ao
Pai, como Cabeça da nova humanidade, Mediador entre Deus e os homens,
em nome
de todos, para benefício de todos.
4.
O
próprio
Filho de Deus, que é «um com o Pai» (cf. Jo 10, 30) e
que, ao entrar no mundo, disse: «Eu venho, ó Deus, para cumprir a tua
vontade»
(Hebr 10, 9; cf. Jo 6, 38), quis-nos deixar também exemplos da sua
oração. E assim
é que os Evangelhos no-l’O apresentam com muita frequência a orar:
quando pelo
Pai é revelada a sua missão,4 antes de chamar os Apóstolos,5
quando bendiz a Deus na multiplicação dos pães,6 no monte,
aquando
da sua transfiguração,7 quando opera a cura do surdo-mudo 8
e ressuscita a Lázaro,9 antes da confissão de Pedro,10
quando ensina os discípulos a orar 11 ao regressarem os
discípulos
da sua missão,12 ao abençoar as criancinhas,13
quando
roga por Pedro.14
II.
ORAÇÃO
DA IGREJA
Preceito
da
oração 5.
Aquilo
que
Jesus fez, isso
mesmo ordenou fizéssemos nós. «Orai» — diz repetidas vezes — «rogai»,
«pedi»,30
«em meu nome».31 E até nos deixou, na oração dominical, um
modelo de
oração.32 Inculca a necessidade da oração,33 oração
humilde,34 vigilante,35 perseverante e cheia de
confiança
na bondade do Pai,36 feita com pureza de intenção,
consentânea com a
natureza de Deus.37
A
Igreja
continuadora
da oração de Cristo 6.
Vindo
o
homem inteiramente
de Deus, é seu dever reconhecer e confessar a soberania do seu Criador.
Assim o
fizeram, através da oração, os homens piedosos de todos os tempos.
7.
É
totalmente
peculiar e
profunda a união que existe entre Cristo e aqueles que, pelo sacramento
da
regeneração, Ele assume como membros do seu Corpo que é a Igreja. Deste
modo,
partindo da Cabeça, por todo o Corpo se difundem todas as riquezas
pertencentes
ao Filho: a comunicação do Espírito, a verdade, a vida, a participação
na sua
filiação divina, que se manifestava em toda a sua oração enquanto viveu
no meio
de nós.
e
para
salvação de todo o gênero humano.
Ação
do
Espírito
Santo 8.
A
unidade
da Igreja orante é
realizada pelo Espírito Santo, o mesmo que está em Cristo,52
em toda
a Igreja e em cada um dos batizados. «É o próprio Espírito que vem em
auxílio
da nossa fraqueza”; é Ele que «ora por nós com gemidos inefáveis» (Rom
8,26); é
Ele mesmo, como Espírito do Filho, que infunde em nós «o espírito da
adoção
filial, no qual clamamos: Abba, Pai»
(Rom 8,15; cf. Gal 4,6; 1 Cor 12,3; Ef 5,18; Jud 20). Nenhuma oração,
portanto,
se pode fazer sem a ação do Espírito Santo, o qual, realizando a
unidade de
toda a Igreja, conduz pelo Filho ao Pai.
Caráter
comunitário
da
oração 9.
O
exemplo
e o preceito do
Senhor e dos Apóstolos, de orar incessantemente, hão de considerar-se,
não como
regra puramente legal, mas como um elemento que faz parte da mais
íntima essência
da própria Igreja, enquanto esta é uma comunidade e deve expressar,
inclusive
pela oração, a sua natureza comunitária. Daí que, quando nos Atos dos
Apóstolos
se fala, pela primeira vez, da comunidade dos fiéis, esta nos aparece
reunida
precisamente em oração, «com as mulheres, com Maria, Mãe de Jesus, e
seus irmãos”
(At 1,14). «A multidão dos crentes era um só coração e uma só alma» (At
4,31);
e esta unanimidade assentava na palavra de Deus, na comunhão fraterna,
na oração
e na Eucaristia.53
III.
A
LITURGIA DAS HORAS
Consagração
do
tempo 10.
Cristo
disse:
«É preciso
orar sempre, sem desfalecimento” (Lc 18,1). E a Igreja, seguindo
fielmente esta
recomendação, não cessa nunca de orar, ao mesmo tempo que nos exorta
com estas
palavras: «Por Ele (Jesus), ofereçamos continuamente a Deus o
sacrifício de
louvor» (Hebr 13,15). Este preceito é cumprido, não apenas com a
celebração da
Eucaristia, mas também por outras formas, de modo particular com a
Liturgia das
Horas.
11.
Ora,
uma
vez que o fim da
Liturgia das Horas é a santificação do dia e de toda a atividade
humana, a sua
estrutura teve que ser reformada, no sentido de repor cada uma das
Horas, tanto
quanto possível, no seu tempo verdadeiro, tendo em conta o
condicionalismo da
vida moderna.57
Por
isso,
«já para santificar realmente o dia, já
para rezar as próprias Horas com fruto espiritual, importa recitá-las
no
momento próprio, quer dizer, naquele que mais se aproxime do tempo
verdadeiro
correspondente a cada Hora canônica”.58
Relação
entre
a
Liturgia das Horas e a Eucaristia 12.
A
Liturgia
das Horas alarga
aos diferentes momentos do dia 59 o louvor e ação de
graças, a memória
dos mistérios da salvação, as súplicas, o antegozo da glória celeste,
contidos
no mistério eucarístico, «centro e vértice de toda a
vida
da
comunidade cristã».60
Exercício
da
função
sacerdotal de Cristo na Liturgia das Horas 13.
«A
obra
da redenção e da
perfeita glorificação de Deus» 61 realiza-a Cristo no
Espírito Santo
por meio da Igreja. E isto, não somente na celebração da Eucaristia e
na
administração dos Sacramentos, mas também, e dum modo primacial, na
Liturgia
das Horas.62 Nela está Cristo presente, quando a assembléia
está
reunida, quando é proclamada a palavra de Deus, quando «ora e salmodia
a Igreja».63
Santificação
do
homem 14.
Na
Liturgia
das Horas,
opera-se a santificação do homem64 e presta-se culto a Deus,
por
forma a estabelecer uma espécie de intercâmbio, um diálogo entre Deus e
o
homem: «Deus fala ao seu povo, ... e o povo responde a Deus no canto e
na oração».65
Louvor
prestado
a
Deus, em união com a Igreja celeste 15.
Na
Liturgia
das Horas, a
Igreja exerce a função sacerdotal da sua Cabeça, «oferecendo
ininterruptamente 68
a Deus o sacrifício de louvor, ou seja, o fruto dos lábios que
glorificam o seu
nome».69
ofício
da
própria Igreja, e, por outro, participam da excelsa
honra da Esposa de Cristo, enquanto estão, em nome da Igreja, diante do
trono
de Deus, a cantar os divinos louvores ».71
16.
Cantando
os
louvores de
Deus nas Horas canônicas, a Igreja associa-se àquele hino de louvor que
por
toda a eternidade é cantado na celeste morada.72 Ao mesmo
tempo
antegoza as delícias daquele celestial louvor que João nos descreve no
Apocalipse e que ressoa ininterruptamente diante do trono de Deus e do
Cordeiro. Realiza-se a nossa estreita união com a Igreja celeste,
quando «concelebramos
em comum exultação os louvores da Divina Majestade, quando todos os que
fomos
resgatados no sangue de Cristo, de todas as tribos, línguas, povos e
nações
(cf. Ap 5, 9), congregados numa só Igreja, engrandecemos a Deus, uno e
trino,
no mesmo cântico de louvor».73
Súplica
e
intercessão 17.
Mas,
na
Liturgia das Horas,
a par do louvor divino, a Igreja expressa igualmente os votos e anseios
de
todos os cristãos; mais ainda: roga a Cristo e, por Ele, ao Pai pela
salvação
do mundo inteiro.76 E esta voz não é somente a voz da
Igreja; é também
a voz de Cristo, uma vez que todas as orações são proferidas em nome de
Cristo –
«por Nosso Senhor Jesus Cristo». Deste modo, a Igreja prolonga aquelas
preces e
súplicas que o mesmo Cristo fazia nos dias da sua vida mortal;77
daí,
a sua particular eficácia. Não é, portanto, somente pela caridade, pelo
exemplo, pelas obras de penitência, mas também pela oração, que a
comunidade
eclesial exerce uma verdadeira maternidade para com as almas, no
sentido de as
conduzir a Cristo.78
Ápice
e
fonte
da atividade pastoral 18.
Aqueles
que
tomam parte na
Liturgia das Horas contribuem, através duma misteriosa fecundidade
apostólica,
para o incremento do povo de Deus.81 Efetivamente, o
objetivo do
trabalho apostólico é conseguir que «todos aqueles que pela fé e pelo
batismo
se tornaram filhos de Deus se reúnam em assembléia, louvem a Deus na
Igreja,
participem no sacrifício, comam a Ceia do Senhor».82
Que
a
mente
concorde com a voz 19.
Para
que
esta oração seja
própria de cada um daqueles que nela tomam parte, seja fonte de piedade
e da
multiforme graça divina e sirva também de alimento à oração pessoal e à
atividade apostólica, importa celebrá-la com dignidade, atenção e
devoção, e
fazer com que o espírito concorde com a voz.89 É necessário
que
todos cooperem com a graça divina, para que não a recebam em vão.
Buscando a
Cristo e esforçando-se por aprofundar o seu mistério na oração,90 louvem
a
Deus
e elevem as suas súplicas com o mesmo espírito com que orava o
Divino
Salvador.
IV.
QUEM
CELEBRA A LITURGIA DAS HORAS
a)
Celebração
comunitária
20.
A
Liturgia
das Horas, tal
como as demais ações litúrgicas, não é ação privada, mas pertence a
todo o
corpo da Igreja, manifesta-o e afeta.91 O caráter eclesial
da
celebração aparece-nos com toda a sua clareza – e, por isso mesmo, é
sumamente
recomendável – quando realizada, com a presença do próprio Bispo
rodeado dos
seus presbíteros e restantes ministros,92 por uma Igreja
particular,
«na qual está presente e operante a Igreja de Cristo, una, santa,
católica e
apostólica».93 Esta celebração, quando levada a efeito,
mesmo sem a
presença do Bispo, por um cabido de cônegos ou por outros presbíteros,
far-se-á
sempre atendendo à verdade das Horas e, tanto quanto possível, com a
participação
do povo. O mesmo se diga dos cabidos das colegiadas.
21.
As
outras
assembleias de fiéis,
entre as quais há que destacar as paróquias como células da diocese,
localmente
constituídas sob a presidência dum pastor como substituto do Bispo, e
que «dalgum
modo representam a Igreja visível estabelecida por toda a terra»,94
celebrem as Horas principais, quanto possível, na igreja e em forma
comunitária.
22.
Sempre
que
os fiéis são
convocados e se reúnem para celebrar a Liturgia das Horas, pela união
das vozes
e dos corações manifestam a Igreja que celebra o mistério de Cristo.95
23.
É
função
daqueles que
receberam as ordens sacras ou foram investidos dalguma especial missão
canônica96
organizar e dirigir a oração da comunidade. «Devem, por isso,
esforçar-se para
que todos aqueles que estão entregues aos seus cuidados sejam unânimes
na oração».97
Procurarão convidar os fiéis e formá-los mediante uma catequese
adequada para a
celebração comunitária das partes mais importantes da Liturgia das
Horas,
mormente nos domingos e festas.98 Hão-de ensiná-los a fazer
desta
participação uma oração autêntica.99 Para isso, terão que os
ajudar,
através duma formação apropriada, a penetrar no sentido cristão dos
salmos, por
forma a serem levados, pouco a pouco, a saborear e utilizar mais
amplamente a
oração da Igreja.100
24.
As
comunidades
de cônegos,
de monges, de monjas e de outros religiosos, que, por força da Regra ou
das
Constituições, celebram integral ou parcialmente a Liturgia dasHoras,
quer
segundo o rito comum quer segundo o seu rito particular, representam a
Igreja
orante dum modo muito especial. Estas comunidades reproduzem de uma
forma mais
completa a imagem da Igreja a cantar ininterruptamente, numa só voz, os
louvores divinos; além disso, cumprem também o dever de «trabalhar»,
antes de
mais pela oração, «para a edificação e crescimento de todo o Corpo
Místico de
Cristo e para o bem das igrejas particulares».101 Isto se
aplica de
modo especial aos que se entregam à vida contemplativa.
25.
Os
ministros
sagrados e
todos os clérigos não obrigados por outro título à celebração
comunitária,
quando vivam em comunidade ou se encontrem juntos, procurem celebrar em
comum
pelo menos algumas das partes da Liturgia das Horas, mormente Laudes
pela manhã
e Vésperas à tarde.102
26.
Aos
religiosos
de ambos os
sexos não obrigados à celebração comunitária e aos membros de qualquer
Instituto de perfeição, recomenda-se encarecidamente que se reúnam em
comum, ou
entre si ou juntamente com o povo, para celebrar a Liturgia das Horas
ou alguma
parte da mesma.
27.
Os
grupos
de leigos, onde
quer que se encontrem reunidos, seja qual for o motivo destas reuniões
— oração,
apostolado ou outro motivo — são igualmente convidados a desempenhar
esta função
da Igreja,103 celebrando alguma parte da Liturgia das Horas.
Importa, de fato, que aprendam acima de tudo a adorar a Deus Pai em
espírito e
verdade104 na ação litúrgica, e se lembrem que, através do
culto público
e da oração, eles podem atingir todos os homens e contribuir muito para
a salvação
do mundo inteiro.105
b)
Mandato
de celebrar a Liturgia das Horas 28.
A
Liturgia
das Horas está,
de modo muito particular, confiada aos ministros sagrados. E assim,
cada um
deles está obrigado a celebrá-la, mesmo na ausência de povo, fazendo,
claro está,
as necessárias adaptações. Efetivamente, os ministros sagrados são
deputados
pela Igreja para celebrar a Liturgia das Horas, para que esta função de
toda a
comunidade seja desempenhada ao menos através deles, de uma forma certa
e
constante, e se continue na Igreja, ininterruptamente, a oração de
Cristo.107
29.
Por
conseguinte,
os bispos,
os presbíteros e todos os outros ministros sagrados, que receberam da
Igreja o
mandato (cf. n. 17) de celebrar a Liturgia das Horas, estão obrigados a
celebrar diariamente o ciclo completo destas mesmas Horas, guardando,
quanto
possível, a sua correspondência com a respectiva hora do dia.
30.
É
da
máxima conveniência
que os diáconos permanentes recitem todos os dias pelo menos parte da
Liturgia
das Horas, conforme a Conferência Episcopal determinar.116
31.
a)
Os
cabidos
das catedrais e das colegiadas recitarão no coro as
partes da Liturgia das Horas a que, seja pelo direito comum seja pelo
direito
particular, estão obrigados.
b)
As
comunidades
religiosas obrigadas à Liturgia
das Horas, e cada um dos respectivos membros, celebrarão as Horas
segundo o que
estiver determinado pelo seu direito particular, salvo o prescrito no
n. 29
para os que receberam as Ordens sacras.
32.
Às
restantes
comunidades
religiosas e a cada um dos seus membros, recomenda-se que, tanto quanto
lho
permitirem as condições em que se encontram, celebrem algumas partes da
Liturgia das Horas, porque esta é a oração da Igreja, que faz de todos
os que
andam dispersos um só coração e
uma
só
alma.119 Igual recomendação é feita aos leigos.120
c)
Estrutura
da celebração 33.
A
Liturgia
das Horas é
regulada segundo leis próprias. Nela se combinam, de uma forma
particular,
elementos comuns às outras celebrações cristãs. Na sua estrutura geral,
inclui
sempre: primeiramente o hino, depois a salmodia, a seguir uma leitura,
longa ou
breve, da Sagrada Escritura, finalmente as preces.
alternada,
etc.,
favorece também a participação ativa de todos,
segundo a condição de cada um. Além disso, respeita melhor as
diferentes formas
de expressão.121 Consequentemente, sempre que seja possível
uma
celebração comunitária, com a assistência e participação ativa dos
fiéis, esta
deve preferir-se à celebração individual e como que privada. 122
Além
disso, na recitação coral e comunitária, convém, quanto possível, que o
Ofício
seja cantado de acordo com a natureza e função de cada uma das suas
partes.
CAPÍTULO II↑
SANTIFICAÇÃO
DO
DIA: AS
DIVERSAS
HORAS
LITÚRGICAS I.
INTRODUÇÃO
A TODO O OFÍCIO
34.
A
introdução
a todo o Ofício
é normalmente formada pelo Invitatório. Este é constituído pelo
versículo — Abri,
Senhor,
os meus lábios: E a minha boca
anunciará o vosso louvor —
e
pelo salmo 94. Este
salmo é um convite dirigido
todos
os
dias aos fiéis para que celebrem os louvores de Deus e
escutem a sua voz, e ao mesmo tempo uma exortação a esperarem «o
repouso do
Senhor»1.
35.
O
Invitatório
tem o seu
lugar próprio no princípio de todo o ciclo da oração quotidiana; isto
é, ou
antes das Laudes ou antes do Ofício das Leituras, conforme o dia se
iniciar com
uma ou outra destas duas ações litúrgicas. No caso de se dever antepor
a
Laudes, pode-se omitir eventualmente o salmo com a respectiva antífona.
36.
As
antífonas
do Invitatório
variam conforme os dias litúrgicos, como é indicado em seu lugar
próprio.
II.
LAUDES
E VÉSPERAS
37.
«As
Laudes,
como oração da
manhã, e o as Vésperas, como oração da tarde, constituem segundo uma
venerável
tradição da Igreja universal, como que os dois pólos do Ofício
quotidiano; por
isso, devem considerar-se como Horas principais, e como tais se devem
celebrar»2.
38.
As
Laudes
destina-se a
santificar o tempo da manhã; e, como se pode ver por muitos dos seus
elementos,
neste sentido estão estruturados. O seu caráter de oração da manhã está
belamente expresso nestas palavras de S. Basílio Magno: «O louvor da
manhã têm
por fim consagrar a Deus os primeiros movimentos da nossa alma e do
nosso espírito,
de modo a nada empreendermos antes de nos alegrarmos com o pensamento
de Deus,
segundo o que está escrito: «Lembrei-me de Deus, e enchi-me de alegria»
(Salmo
76,4); e ainda para que o corpo não se entregue ao trabalho antes de
fazermos o
que está escrito: «Eu Vos invoco, Senhor, pela manhã, e ouvis a minha
voz: de
manhã vou à vossa presença e espero confiado» (Salmo 5,4-5).3
39.
As
Vésperas
celebram-se à
tarde, ao declinar do dia «a fim de agradecermos tudo quanto neste dia
nos foi
dado e ainda o bem que nós próprios tenhamos feito»5. Com
esta oração,
que fazemos subir «como incenso na presença do Senhor» e em que o
«erguer das
nossas mãos é como o sacrifício vespertino»6, recordamos
também a
obra da Redenção. E, «num sentido mais sagrado, pode ainda evocar
aquele
verdadeiro sacrifício vespertino que o nosso Salvador confiou aos
Apóstolos na última
Ceia, ao inaugurar os sacrossantos mistérios da Igreja, quer aquele
sacrifício
vespertino que, no dia seguinte, no fim dos tempos, Ele ofereceu ao
Pai,
erguendo as mãos para a salvação do mundo inteiro»7.
Finalmente, no
sentido de orientar a nossa esperança para a luz sem crepúsculo,
«oramos e
pedimos que sobre nós brilhe de novo a luz, imploramos a vinda de
Cristo, que
nos virá trazer a graça da luz eterna»8. Nesta hora, unimos
as
nossas vozes às das Igrejas orientais, cantando: «Luz esplendente da
santa glória
do Pai celeste e imortal, santo e glorioso Jesus Cristo! Chegada a hora
do sol
poente, contemplando a
estrela
vespertina,
cantamos ao Pai e ao Filho e ao Espírito
Santo...».
40.
Dar-se-á,
portanto,
a estas
duas Horas de Laudes e Vésperas a máxima importância como oração da
comunidade
cristã. Promover-se-á a sua celebração pública e comunitária,
principalmente
entre as pessoas que vivem em comunidade. Recomenda-se mesmo a sua
recitação a
todos os fiéis que não possam tomar parte na celebração comunitária.
41.
As
Laudes
e as Vésperas
começam pelo versículo — Vinde,
ó
Deus, em meu auxílio.
Socorrei-me sem demora —
ao
qual se segue o Glória
ao
Pai... com
o
Como
era
no princípio...,
e
(fora do tempo da Quaresma) Aleluia.
Tudo
isto, porém, se omite nas Laudes, quando estas forem
antecedidas do Invitatório.
42.
Segue-se
o
hino respectivo.
A função do hino é dar a cada hora do Ofício ou a cada festa como que a
sua
tonalidade própria; e ainda, de modo particular nas celebrações com o
povo,
tornar mais fácil e agradável o começo da
oração.
43.
A
seguir
ao hino, vem a
salmodia, conforme os nn. 121-125. A salmodia das Laudes consta de um
salmo de
caráter matinal, um cântico do Antigo Testamento e um salmo laudatório,
segundo
a tradição da Igreja.
A
salmodia
das Vésperas consta de dois salmos
(ou de duas seções de um salmo mais longo) adequados a esta Hora e à
celebração
com o povo, mais um cântico tirado das Epístolas ou do Apocalipse.
44.
Terminada
a
salmodia,
segue-se uma leitura, breve ou longa.
45.
A
leitura
breve é variável
conforme o dia, o tempo litúrgico ou a festa. Há de ser lida e escutada
como
verdadeira proclamação da palavra de Deus, na qual se propõe, de uma
forma
incisiva, um pensamento sagrado e é posta em relevo alguma frase mais
breve que
na leitura contínua da Sagrada Escritura passaria despercebida. As
leituras
breves variam para cada dia do ciclo salmódico.
46.
Em
vez
da leitura breve,
pode-se escolher, mormente na celebração com o povo, uma leitura
bíblica mais
longa tirada quer do Ofício das Leituras quer das leituras da Missa,
devendo-se
escolher de preferência aqueles textos que, por qualquer razão, não
tenham
podido ser lidos. Nada impede também que, uma vez por outra, se escolha
uma
leitura mais apropriada, segundo as normas dos nn. 248-249 e 251.
47.
Na
celebração
com o povo,
se parecer bem, pode-se ajuntar uma breve homilia, de comentário à
leitura
precedente.
48.
Após
a
leitura ou a
homilia, se for oportuno, pode-se guardar um momento de silêncio.
49.
Como
resposta
à palavra de
Deus, segue-se um canto responsorial ou responsório breve, que
eventualmente se
pode omitir.
50.
Seguidamente,
diz-se
o cântico
evangélico com sua antífona: nas Laudes, o cântico de Zacarias, Benedictus;
nas
Vésperas, o cântico da B. Virgem Maria, Magnificat.
Estes
cânticos, cujo uso radica numa tradição secular e popular
da
Igreja
Romana,
são um hino de louvor e acção de graças pela redenção.
As antífonas de Benedictus
e
de
Magnificat
variam
conforme
o dia, o
tempo litúrgico ou a festa.
51.
Terminado
o
cântico,
seguem-se: nas Laudes, as preces, a consagrar o dia ao Senhor; nas
Vésperas, as
súplicas de intercessão (cf. nn. 179-193).
52.
Às
preces
ou às súplicas
segue-se o Pai
Nosso,
recitado
por todos.
53.
Depois
do
Pai
Nosso,
diz-se
a oração conclusiva. Esta, para os dias de semana do
Tempo Comum, vem no Saltério; para os restantes dias, no Próprio.
54.
Seguidamente,
no
caso de
presidir à celebração um sacerdote ou diácono, este faz a despedida do
povo,
com a saudação O
Senhor esteja convosco e
a
bênção, como na Missa, e o convite Vamos
em
paz.
R.
Amen.
Aliás,
termina a
celebração
com
O
Senhor nos
abençoe,
etc.
III.
OFÍCIO
DAS LEITURAS
55.
O
Ofício
das Leituras visa
proporcionar ao povo, e muito especialmente àqueles que de modo
peculiar estão
consagrados ao Senhor, uma meditação mais rica da Sagrada Escritura e
das mais
belas páginas dos autores espirituais. Embora as leituras que hoje se
fazem na
Missa, todos os dias, formem já um ciclo bastante completo dos textos
bíblicos,
todavia, o tesouro da revelação e da tradição contido no Ofício das
Leituras
pode ser de grande proveito espiritual. São os sacerdotes os primeiros
que
devem procurar aproveitar-se destas riquezas, de modo que, recebendo
eles
mesmos a palavra de Deus, a possam dispensar a todos e façam do seu
ensino «alimento
do povo de Deus»9.
56.
«A
leitura
da Escritura
sagrada deve ser acompanhada da oração, para que seja um diálogo entre
Deus e o
homem: «a Ele falamos quando oramos, a Ele ouvimos quando lemos os
divinos oráculos»10.
E é por isso que o Ofício de Leitura se compõe também de salmos, hino,
oração e
outras fórmulas, que lhe dão um caráter de verdadeira oração.
57.
Segundo
a
Constituição Sacrosanctum Concilium, o Ofício das
Leituras, «embora, quando recitado no coro, conserve o seu caráter de
louvor
noturno, deve ser reformado no sentido de se poder recitar a qualquer
hora do
dia; o número dos salmos deve também ser reduzido, e as leituras mais
longas»11.
Que
também
os fiéis se costumavam entregar à oração
individual em determinadas horas do dia, provam-no igualmente os
documentos da
primitiva Igreja. Depois foi-se introduzindo muito cedo, aqui e além, o
costume
de consagrar à oração comunitária alguns tempos especiais, por exemplo,
a última
hora do dia, ao entardecer, no momento em que se acendiam as luzes, e a
primeira hora da manhã, quando, ao despontar o astro do dia, a noite
chega ao
seu termo.
Com
o
decorrer dos tempos, foram-se ainda
santificando pela oração comunitária outras horas, que os Padres viam
insinuadas na leitura dos Atos dos Apóstolos. Assim, os Atos falam-nos
dos discípulos
reunidos [para a oração] à terceira hora;2 o Príncipe dos
Apóstolos «sobe
ao terraço da casa para orar, por volta da sexta hora» (10, 9); «Pedro
... e João
sobem ao templo, para a oração da hora nona» (3, 1); «a meio da noite,
Paulo e
Silas, em oração, entoavam louvores a Deus» (16, 25).
A
sua
atividade quotidiana vemo-la estreitamente
ligada à oração, como que nasce da oração;15 levanta-Se alta
madrugada 16 ou fica pela noite além, até à quarta vigília,17
entregue
à oração a Deus.18
Temos,
além
disso, justos motivos para crer que
tomava parte nas orações que publicamente se faziam nas sinagogas, onde
«tinha
por costume» 19 ir aos sábados, ou no templo, ao qual
chamava casa
de coração,20 e bem assim nas orações que os piedosos
israelitas
costumavam fazer diariamente em particular. Recitava também às
refeições as
tradicionais «bênçãos» a Deus, como expressamente vem narrado na
multiplicação
dos pães,21 na última Ceia,22 na ceia de Emaús;23
e (na última Ceia) cantou os salmos com os discípulos24.
Até
aos
derradeiros momentos da sua vida — próximo
já da Paixão,25 na última Ceia,26 na agonia,27
na Cruz 28 — o Divino Mestre apresenta-nos a oração como
sendo a
alma do seu ministério messiânico e do termo pascal da sua vida. Assim,
«nos
dias da sua vida mortal, apresentou orações e súplicas, entre clamores
e lágrimas,
Àquele que O podia livrar da morte, e foi atendido pela sua piedade»
(Hebr 5,
7); e, mediante a oblação perfeita consumada na ara da cruz, «realizou
a perfeição
definitiva daqueles que são santificados» (Hebr 10, 14); finalmente,
ressuscitado de entre os mortos, continua sempre vivo a interceder por
nós.29
Os
Apóstolos,
por sua vez, apresentam-nos com
frequência, em suas Epístolas, fórmulas de oração, mormente de louvor e
ação de
graças, e exortam-nos a orar no Espírito Santo,38 pela
mediação de
Cristo,39 ao Pai,40 com perseverança e
assiduidade;41
sublinham a eficácia da oração para alcançar a santidade;42
exortam à
oração de louvor,43 de ação de graças,44 de
súplica,45
de intercessão por todos os homens.46
Mas
a
oração dirigida a Deus tem de estar ligada
a Cristo, Senhor de todos os homens, único Mediador,47 o
único por
quem temos acesso a Deus.48 Ele une a Si toda a comunidade
dos
homens,49 e de tal forma que entre a oração de Cristo e a de
toda a
humanidade existe uma estreita relação. Em Cristo, e só n’Ele, é que a
religião
humana adquire valor salvífico e atinge o seu fim.
O
sacerdócio
de Cristo é também participado por
todo o Corpo da Igreja. Os batizados, mediante a regeneração e a unção
do Espírito
Santo, são consagrados como casa espiritual e sacerdócio santo;50
e
por esta forma, ficam habilitados a exercer o culto da Nova Aliança,
culto este
proveniente, não das nossas forças, mas dos méritos e dom de Cristo.
«Nenhum
dom
poderia Deus ter feito aos homens
mais valioso do que este: ter-lhes dado por Cabeça o seu Verbo pelo
qual criou
todas as coisas, e tê-los unido a Ele como membros seus; ter feito com
que Ele
seja ao mesmo tempo Filho de Deus e Filho do homem, um só Deus com o
Pai e um só
homem com os homens. Deste modo, quando falamos a Deus na oração, não
podemos
separar d’Ele o Filho; e, quando ora o Corpo do Filho, não pode separar
de Si
mesmo a Cabeça. E assim, é Ele próprio, o Salvador único do seu Corpo,
Nosso Senhor
Jesus Cristo, Filho de Deus, quem ora por nós, ora em nós e a Ele nós
adoramos.
Ora por nós, como nosso Sacerdote; ora em nós, como nossa Cabeça; a Ele
oramos,
como nosso Deus. Reconheçamos, pois, n’Ele a nossa voz, e a voz d’Ele
em nós».51
E
é
nisto que assenta a dignidade da oração
cristã: em participar da piedade mesma do Filho Unigênito para com o
Pai e
daquela oração que Ele, durante a sua vida cá na terra expressou por
palavras e
continua agora, sem interrupção, em toda a Igreja e em cada um dos seus
membros, em nome
É
certo
que a oração feita a sós no quarto,
portas fechadas,54 é necessária e recomendável,55
e não
deixa nunca de ser oração de um membro da Igreja, por Cristo, no
Espírito
Santo. Todavia, a oração comunitária possui uma dignidade especial,
baseada
nestas palavras de Cristo: «Onde estiverem dois ou três reunidos em meu
nome,
Eu estou no meio deles» (Mt 18,20).
Entre
as
demais ações litúrgicas, esta, segundo
a antiga tradição cristã, tem como característica peculiar a de
consagrar todo
o ciclo do dia e da noite.56
A
própria
celebração eucarística tem na Liturgia
das Horas a sua melhor preparação, porque esta suscita e nutre da
melhor
maneira as disposições necessárias para uma frutuosa celebração da
Eucaristia,
quais são a fé, a esperança, a caridade, a devoção, o espírito de
sacrifício.
Aqueles
que
tomam parte na Liturgia das Horas
podem colher dela abundantíssimos frutos de santificação, em virtude da
palavra
de Deus que nela ocupa lugar importantíssimo. Efetivamente, é da
Escritura
Sagrada que são tiradas as leituras; aos salmos se vão buscar as
palavras de
Deus cantadas na sua presença; duma forte inspiração bíblica estão
repassadas
todas as preces, orações e cânticos.66
Não
só
quando se lê «aquilo que foi escrito para
nossa edificação» (Rom 15,4), mas também quando a Igreja ora e canta, é
alimentada a fé dos participantes e os seus corações elevam-se para
Deus, a fim
de Lhe oferecerem a homenagem espiritual e d’Ele receberem a graça em
maior
abundância.67
Esta
oração
é «a voz da Esposa a falar ao
Esposo, e também, a oração que o próprio Cristo, unido ao seu Corpo,
eleva ao
Pai”.70 Consequentemente, «todos os que assim rezam
desempenham, por
um lado, o
Esta
liturgia
celeste, já os profetas a
anteviram na vitória do dia sem noite, da luz sem trevas: «Já não será
o sol a
tua luz durante o dia, nem a claridade da lua será a tua luz durante a
noite,
porque o Senhor será a tua luz eterna» (Is 60,19; cf. Ap 21,23.25).
«Será um
dia contínuo, conhecido somente do Senhor, sem alternância do dia e da
noite;
ao entardecer, brilhará a luz» (Zac 14,7). Ora, «a última fase dos
tempos
chegou já para nós (cf. 1 Cor 10,11); a restauração do mundo
encontra-se
irrevogavelmente realizada e, em certo sentido, antecipada já no tempo
presente».74
Pela fé somos instruídos acerca do sentido da própria vida temporal, de
tal
modo que vivemos, com a criação inteira, na expectativa da manifestação
dos
filhos de Deus.75 Na Liturgia das Horas, proclamamos a nossa
fé,
exprimimos e fortalecemos a nossa esperança, e tomamos parte já, de
certo modo,
na alegria do louvor perene, do dia que não conhece ocaso.
Isto
diz
respeito principalmente a todos aqueles
que receberam mandato especial de celebrar a Liturgia das Horas, isto
é: os
bispos e presbíteros, que têm por dever de ofício orar pela grei que
lhes está
confiada e por todo o povo de Deus,79 os outros ministros
sagrados e
os religiosos.80
Por
esta
forma, os fiéis exprimem na sua vida e
manifestam aos outros «o mistério de Cristo e a genuína natureza da
verdadeira
Igreja, que tem como característica peculiar o ser ... visível e dotada
de
riquezas invisíveis, ardorosa na ação e dedicada à contemplação,
presente no
mundo e, todavia, peregrina».83
Por
outro
lado, as leituras e as preces da
Liturgia das Horas são fonte de vida cristã. Esta vida alimenta-se na
mesa da
Escritura Sagrada e nas palavras dos Santos e robustece-se na oração. O
Senhor,
sem o qual nada podemos fazer,84 quando O invocamos, dá
eficácia e
incremento às nossas obras;85 e assim, dia após dia, vamos
sendo
edificados como templo de Deus no Espírito,86 até atingirmos
a
medida da idade perfeita de Cristo;87 ao mesmo tempo, vamos
robustecendo as nossas energias para podermos anunciar Cristo àqueles
que estão
fora.88
Convém,
finalmente,
que a família, qual santuário
doméstico da Igreja, não se contente com a oração feita em comum, mas,
dentro
das suas possibilidades, procure inserir-se mais intimamente na Igreja,
com a
recitação dalguma parte da Liturgia das Horas.106
O
Bispo
é, de modo eminente, o representante visível
de Cristo e o sumo sacerdote do seu rebanho. Dele, em certo sentido,
deriva e
depende a vida dos seus fiéis em Cristo.108 Portanto, deve
ser ele,
entre os membros da sua Igreja, o primeiro na oração. E esta sua
oração, quando
recita a Liturgia das Horas, é feita sempre em nome da Igreja e a favor
da
Igreja que lhe está confiada.109
Os
presbíteros,
unidos ao Bispo e a todo o
presbitério, fazem também, dum modo especial, as vezes de Cristo
sacerdote, 110
e participam da mesma função, orando por todo o povo a eles confiado e
pelo
mundo inteiro.111
Todos
estes
desempenham o ministério do bom
Pastor que roga pelos seus para que tenham a vida e sejam consumados na
unidade.112 Na Liturgia das Horas, que a Igreja lhes propõe,
não
somente encontrarão uma fonte de piedade e alimento para a oração
pessoal,113
mas também um meio de alimentar e desenvolver, pela riqueza da
contemplação, a
sua ação pastoral e missionária, para alegria de toda a Igreja de Deus.114
Primeiramente,
darão
a devida importância àquelas
Horas que constituem, por assim dizer, o fulcro desta Liturgia, isto é,
Laudes
e Vésperas. Estas Horas procurem não as omitir, a não ser por motivo
grave.
Serão
também
fiéis em celebrar o Ofício das
Leituras, que é por excelência uma celebração litúrgica da palavra de
Deus. Por
esta forma se desempenharão cada dia do múnus que por título peculiar
lhes
incumbe, que é o de acolher a palavra de Deus, a fim de se tornarem
mais
perfeitos discípulos do Senhor e mais profundamente saborearem as
insondáveis
riquezas de Cristo.115
Para
melhor
santificarem o dia, terão a peito
rezar também a Hora Média, bem como Completas, com as quais terminam o
«serviço
divino» e se encomendam ao Senhor antes de recolher ao leito.
E
cada
um dos membros destes cabidos, além das
Horas que são obrigatórias para todos os ministros sagrados, está
obrigado a
recitar individualmente aquelas Horas que são celebradas pelo
respectivo
cabido.117
As
comunidades
obrigadas ao coro, essas celebrarão
diariamente o ciclo integral das Horas.118 Fora do coro, os
membros
(destas comunidades) recitarão as Horas em conformidade com o seu
direito
particular, salvo sempre o prescrito no n. 29.
Tanto
na
celebração comunitária como na recitação
individual, a estrutura essencial é sempre a mesma: diálogo entre Deus
e o
homem. Todavia, a celebração comunitária manifesta mais claramente a
natureza
eclesial da Liturgia das Horas. Pelas aclamações, pelo diálogo, pela
salmodia
Deste
modo
se porá em prática a recomendação do
Apóstolo: «A palavra de Cristo permaneça em vós em toda a sua riqueza,
para vos
instruirdes e aconselhardes uns aos outros com toda a sabedoria; e com
salmos,
hinos e cânticos inspirados, cantai de todo o coração a Deus a vossa
gratidão »
(Col 3,16; cf. Ef 5,19-20).
Se
parecer
bem, o salmo 94 pode ser substituído
pelos salmos 99, 66 ou 23.
O
salmo
invitatório deve ser recitado, como se
indica no lugar próprio, em forma responsorial, quer dizer, acompanhado
da
respectiva antífona. Esta é enunciada e repetida no princípio, e
retomada após
cada estrofe.
Esta
Hora,
recitada ao despontar da luz de um
novo dia, evoca também a Ressurreição do Senhor Jesus, a Luz verdadeira
que
ilumina todos os homens (cf. Jo 1,9), o «Sol de Justiça» (Mal 4,2), o
«Sol
nascente que vem do alto» (Lc 1,78). Neste sentido, compreende-se
perfeitamente
a recomendação de S. Cipriano: «Devemos orar logo de manhã para
celebrar, na
oração matinal, a Ressurreição do Senhor»4.
Também
pode
ser substituído por outro canto de
função e características idênticas, desde que esteja devidamente
aprovado pela
Conferência Episcopal.