Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Esta introdução se omite
quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
Agora é tempo favorável,
divino dom da Providência,
para curar o mundo enfermo
com um remédio, a penitência.
Da salvação refulge o dia,
na luz de Cristo a fulgurar.
O coração, que o mal feriu,
a abstinência vem curar.
Em corpo e alma, a abstinência,
Deus, ajudai-nos a guardar.
Por tal passagem, poderemos
à páscoa eterna, enfim, chegar.
Todo o Universo vos adore,
Trindade Santa, Sumo Bem.
Novos por graça entoaremos
um canto novo a vós. Amém.
Salmodia
Ant.1
Repreendei-me, Senhor, mas sem ira! †
Salmo 37(38)
Súplica de um pecador em extremo perigoTodos os conhecidos de Jesus ficaram à distância (Lc 23,49).
I
–2 Repreendei-me, Senhor, mas sem ira; *† corrigi-me, mas não com furor!
–3 Vossas flechas em mim penetraram; *vossa mão se abateu sobre mim.–4 Nada resta de são no meu corpo, *pois com muito rigor me tratastes!
– Não há parte sadia em meus ossos, *pois pequei contra vós, ó Senhor!–5 Meus pecados me afogam e esmagam, *como um fardo pesado me oprimem.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Repreendei-me, Senhor, mas sem
ira!
Ant.2
Conheceis meu desejo, Senhor.
II
–6 Cheiram mal e supuram minhas chagas *por motivo de minhas loucuras.–7 Ando triste, abatido, encurvado, *todo o dia afogado em tristeza.
–8 As entranhas me ardem de febre, *já não há parte sã no meu corpo.–9 Meu coração grita e geme de dor, *esmagado e humilhado demais.
–10 Conheceis meu desejo, Senhor, *meus gemidos vos são manifestos;=11 bate rápido o meu coração, †minhas forças estão me deixando, *e sem luz os meus olhos se apagam.
=12 Companheiros e amigos se afastam, †fogem longe das minhas feridas; *meus parentes mantêm-se à distância.
–13 Armam laços os meus inimigos, *que procuram tirar minha vida;– os que buscam matar-me ameaçam *e maquinam traições todo o dia.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Conheceis meu desejo, Senhor.
Ant.3
Confesso, Senhor, minha culpa:salvai-me, e jamais me deixeis!
III
–14 Eu me faço de surdo e não ouço, *eu me faço de mudo e não falo;–15 semelhante a alguém que não ouve *e não tem a resposta em sua boca.
–16 Mas, em vós, ó Senhor, eu confio, *e ouvireis meu lamento, ó meu Deus!–17 Pois rezei: “Que não zombem de mim, *nem se riam, se os pés me vacilam!”
–18 Ó Senhor, estou quase caindo, *minha dor não me larga um momento!–19 Sim, confesso, Senhor, minha culpa: *meu pecado me aflige e atormenta.
=20 São bem fortes os meus adversários †que me vêm atacar sem razão; *quantos há que sem causa me odeiam!–21 Eles pagam o bem com o mal, *porque busco o bem, me perseguem.
–22 Não deixeis vosso servo sozinho, *ó meu Deus, ficai perto de mim!–23 Vinde logo trazer-me socorro, *porque sois para mim Salvação!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Confesso, Senhor, minha culpa:salvai-me, e jamais me deixeis!
V. Voltai ao Senhor vosso Deus.
R. Ele é bom, compassivo e clemente!
Primeira leitura
Do Livro do Êxodo 19,1-19; 20,18-21
Promessa da Aliança e
manifestação do Senhor no Sinai
19,1 No mesmo dia, em que se cumpriam três meses da
saída do Egito, Israel chegou ao deserto do Sinai. 2Partindo
de Rafidim, chegaram ao deserto do Sinai, onde acamparam. Israel armou
ali suas tendas, defronte da montanha. 3Moisés, então,
subiu ao encontro de Deus. O Senhor chamou-o do alto da montanha, e
disse: “Assim deverás falar à casa de Jacó e anunciar aos filhos de
Israel: 4Vistes o que fiz aos egípcios, e como vos levei
sobre asas de águia e vos trouxe a mim.
5Portanto, se ouvirdes a minha voz e guardardes a
minha aliança, sereis para mim a porção escolhida dentre todos os
povos, porque minha é toda a terra. 6E vós
sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. São estas as
palavras que deverás dizer aos filhos de Israel”. 7Moisés
voltou, convocando os anciãos do povo, expôs tudo o que o Senhor lhe
tinha mandado. 8E o povo todo respondeu a uma só voz:
“Faremos tudo o que o Senhor disse”.
Moisés transmitiu ao Senhor as palavras do povo, 9e
o Senhor lhe falou: “Virei a ti numa nuvem escura, para que o povo ouça
quando falar contigo, e creia sempre em ti”. 10Tendo
Moisés transmitido ao Senhor as palavras do povo, o Senhor lhe disse:
“Vai ao povo e santifica-os hoje e amanhã. Eles devem lavar
as suas vestes, 11e estar prontos para o terceiro dia, pois
nesse dia o Senhor descerá diante de todo o povo sobre a montanha
do Sinai. 12Fixarás em torno da montanha um
limite para o povo, dizendo: Guardai-vos de subir a montanha, de
tocar-lhe a base. Quem tocar a montanha, morrerá
certamente. 13Ninguém tocará o culpado; mas ele será
apedrejado ou atravessado com flechas. Seja pessoa ou animal, não
deverá ficar com vida. Só quando soar a trombeta, poderão subir a
montanha”. 14Moisés desceu da montanha até onde estava o
povo e o santificou. Depois de terem lavado suas vestes, 15ele
lhes disse: “Estai preparados para o terceiro dia, e não vos aproximeis
de vossas mulheres”.
16Quando chegou o terceiro dia, ao raiar da manhã,
houve trovões e relâmpagos. Uma nuvem espessa cobriu a montanha, e um
fortíssimo som de trombetas se fez ouvir. No acampamento o
povo se pôs a tremer. 17Moisés fez o povo sair do
acampamento ao encontro de Deus, e eles pararam ao pé da montanha. 18Todo
o monte Sinai fumegava, pois o Senhor descera sobre ele em meio ao
fogo. A fumaça subia como de uma fornalha, e todo o monte tremia
violentamente. 19O som da trombeta ia aumentando cada vez
mais. Moisés falava e o Senhor lhe respondia através do trovão.
20,18 Ora, todo o povo via os trovões, os
relâmpagos, o som da trombeta e a montanha fumegando, e, aterrorizado,
abalado com pavor, manteve-se à distância. 19E disseram a
Moisés: “Fala-nos tu, e nós te ouviremos. Não nos fale o próprio Deus,
para que não morramos”. 20E Moisés disse ao povo: “Não
temais, pois o Senhor veio para vos provar e para que o seu temor
esteja em vós, e não pequeis”. 21O povo mantinha-se à
distância, enquanto Moisés se aproximou da nuvem escura onde Deus
estava.
Responsório Ex 19,5a.6;
1Pd 2,9a
R. Se ouvirdes minha voz e guardardes
a Aliança,
vós sereis meu povo eleito dentre os povos e nações.
* Sereis nação sacerdotal, o meu reino e povo santo.
V. Sois a raça escolhida, sacerdócio
régio
nação santa e povo conquistado por Deus. * Sereis.
Segunda leitura
Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo
(Lib. 4,16,2-5:SCh100,564-572)
(Séc.II)
A aliança do Senhor
No Deuteronômio, Moisés disse o seguinte ao povo: O Senhor
teu Deus firmou uma aliança no Horeb. Não foi com vossos pais que o
Senhor firmou esta aliança, mas convosco (Dt 5,2-3). Por que
não firmou a aliança com seus pais? Porque a lei não foi feita para o
justo (1Tm1,9). Ora, seus pais eram justos; tinham o conteúdo do
Decálogo gravado em seus corações e em suas almas, pois amavam a Deus
que os criara e abstinham-se de toda injustiça para com o próximo. Não
precisavam da advertência de uma lei escrita, porque tinham em si
mesmos a justiça da Lei.
Mas, quando essa justiça e esse amor para com Deus caíram no
esquecimento e se extinguiram no Egito, tornou-se necessário que Deus,
em sua grande bondade para com os homens, se manifestasse de viva voz.
Com seu poder fez sair seu povo do Egito, para que o homem voltasse a
ser discípulo e seguidor de Deus; e castigou os desobedientes, a fim de
que o povo não desprezasse o seu Criador.
Alimentou-o como maná, para que recebesse um alimento
espiritual, conforme disse também Moisés no Deuteronômio: Ele te
alimentou com o maná, que nem tu nem teus pais conheciam, para te
mostrar que nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da
boca do Senhor (Dt 8,3). Deu ainda o mandamento do amor de Deus, e
ensinou a justiça para com o próximo, a fim de que o homem não fosse
injusto nem indigno de Deus. Assim, por meio do Decálogo, Deus
preparava o homem para a sua amizade e para a concórdia com o próximo.
Era o homem que tirava proveito de tudo isso, uma vez que Deus não
tinha nenhuma necessidade do homem.
Efetivamente,tudo isso contribuía para a glória do homem, dando
o que lhe faltava, isto é, a amizade de Deus. Porém, isto nada
acrescentava a Deus, pois ele não tinha necessidade do amor do homem. O
homem é que precisava da glória de Deus, a qual de modo algum poderia
obter senão servindo a Deus. Por isso, Moisés lhe disse de novo: Escolhe,
pois, a vida, para que vivas, tu e teus descendentes, amando ao Senhor
teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele – pois é a tua vida
e prolonga os teus dias (Dt 30,19-20). A fim de preparar o homem
para esta vida, o Senhor proclamou por si mesmo as palavras do
Decálogo, para todos sem exceção; por isso elas não foram abolidas por
ocasião da sua vinda segundo a carne, mas permanecem em vigor entre
nós, desenvolvidas e amplificadas.
Quanto aos preceitos próprios da servidão, Deus prescreveu-os
separadamente ao povo, por intermédio de Moisés, adaptados à sua
educação e formação, conforme disse o próprio Moisés: Naquele
tempo, vos ensinei leis e decretos conforme o Senhor Deus me ordenou
(cf. Dt 4,5). Por isso, os preceitos, que implicavam a servidão e
tinham o caráter de sinais, foram abolidos pelo Senhor na Nova Aliança
da liberdade. Mas os preceitos naturais, que convêm a homens livres e
são comuns a todos, foram completados e aperfeiçoados, concedendo
generosamente aos homens o dom de conhecer a Deus como Pai adotivo,
amá-lo de todo o coração e seguir seu Verbo sem se desviarem.
Responsório
R. Moisés, servo de Deus, jejuou
quarenta dias,
jejuou quarenta noites,
* Para poder, condignamente, receber a lei de Deus.
V. Moisés foi ao Senhor, subindo o
monte do Sinai;
ali passou quarenta dias e também quarenta noites.
* Para poder.
Oração
Concedei-nos, ó Deus todo-poderoso, que, purificados pelo
esforço da penitência, cheguemos de coração sincero às festas da Páscoa
que se aproximam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na
unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.