32o DOMINGO DO TEMPO COMUM

IV Semana do Saltério

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Início do Livro do Profeta Daniel 1,1-21

Fidelidade dos jovens israelitas
no palácio do rei da Babilônia
1 No terceiro ano do reinado de Joaquim, rei de Judá, Nabucodonosor, rei da Babilônia, avançou sobre Jerusalém e pôs-lhe cerco; 2o Senhor entregou em suas mãos Joaquim, rei de Judá, e parte dos vasos da casa de Deus, e ele os levou para a terra de Senaar, para o templo de seus deuses, depositando os vasos no tesouro dos deuses.

3 Então o rei ordenou ao chefe dos eunucos, Asfenez, para que trouxesse, dentre os filhos de Israel, alguns jovens de estirpe real ou de família nobre, 4sem defeito físico e de boa aparência, preparados com boa educação, experientes em alguma ciência e instruídos, e que pudessem estar no palácio real, onde lhes deveriam ser ensinadas as letras e a língua dos caldeus. 5O rei fixou-lhes uma ração diária da comida e do vinho de sua mesa, de tal modo que, assim alimentados e educados durante três anos, eles pudessem no fim entrar para o seu serviço. 6Havia, entre esses moços, filhos de Judá, Daniel, Ananias, Misael e Azarias. 7O chefe dos eunucos deu-lhes outros nomes: Daniel chamar-se-ia Baltasar; Ananias, Sidrac; Misael, Misac; e Azarias, Abdênago.

8 Ora, Daniel decidiu secretamente não comer nem beber da mesa do rei por convicções religiosas, e pediu ao chefe dos eunucos que o deixasse abster-se para não se contaminar. 9Deus concedera que Daniel obtivesse simpatia e benevolência por parte do mordomo. Este disse-lhes: "Tenho medo do rei, meu Senhor, que determinou alimentação e bebida para todos vós; 10se vier a perceber em vós um aspecto mais abatido que o dos outros moços da vossa idade, estareis condenando minha cabeça perante o rei". 11Mas disse Daniel ao guarda que o chefe dos eunucos tinha designado para tomar conta dele, de Ananias, Misael e Azarias: 12"Por favor, faze uma experiência com estes teus criados por dez dias, e nos sejam dados legumes para comer e água para beber; 13e que à tua frente seja examinada nossa aparência e a dos jovens que comem da mesa do rei, e, conforme achares, assim resolverás com estes teus criados".

14 O homem, depois de ouvir esta proposta, experimentou-os por dez dias. 15Depois desses dez dias, eles apareceram com melhor aspecto e mais robustos do que todos os outros jovens que se alimentavam com a comida do rei. 16O guarda, desde então, retirava a comida e bebida deles para dar-lhes legumes.

17 A esses quatro jovens Deus concedeu inteligência e conhecimento das letras e das ciências, e a Daniel, o dom da interpretação de todos os sonhos e visões. 18Terminado, pois, o prazo que o rei tinha fixado para a apresentação dos jovens, foram estes trazidos à presença de Nabucodonosor pelo chefe dos eunucos. 19Depois de o rei lhes ter falado, não se achou ninguém, dentre todos os presentes, que se igualasse a Daniel, Ananias, Misael e Azarias. E passaram à companhia do rei. 20Em todas as questões de sabedoria e entendimento que lhes dirigisse, achava o rei neles dez vezes mais valor do que em todos os adivinhos e magos que havia em todo o reino. 21Daniel permaneceu aí até ao primeiro ano do rei Ciro.

Responsório Cf. Dn 1,17a.20a

R. O Senhor lhes ensinou sabedoria e disciplina
e neles confirmou seu esrito de graça.
* E encheu-lhes o Senhor o coração de entendimento.
V. Quando o rei os consultava, encontrava nesses jovens
tudo aquilo que exigia: sutileza e entendimento.
* E encheu-lhes.

Segunda leitura
Início da Homilia de um Autor do século segundo

(Cap. 1,1-2,7: Funk 1,145-149)

Cristo quis salvar o que estava perdido
Irmãos, temos de pensar que Jesus Cristo é Deus, juiz dos vivos e dos mortos; e não nos convém ter em pouca monta nossa salvação. Se não lhe dermos importância, também julgaremos ser pouca coisa o que esperamos receber. Aqueles que escutam isto como ninharias, pecam, e nós pecamos, ignorando por que e por quem fomos chamados e para que lugar; e o quanto Jesus Cristo quis padecer por nós.

Que lhe daremos então por paga ou que fruto digno daquele que a si mesmo se deu a nós? Quantos benefícios lhe devemos? Concedeu-nos a luz, qual Pai, nos chamou seus filhos; mortos, salvou-nos. Portanto, que louvor lhe daremos ou remuneração em troca do que recebemos? Nós, fracos de espírito, adoradores de pedras e de madeiras, de ouro, prata e bronze, obras de homens; e nossa vida toda não passava de morte. Envoltos em trevas, com os olhos cheios deste negrume, recuperamos a visão, desfazendo por sua vontade a névoa que nos cobria.

Compadecido e comovido até as entranhas, salvou-nos por ver em nós tanto erro e morte, sem termos nenhuma esperança de salvação, exceto aquela que ele nos traz. Chamou-nos, a nós que não existíamos, e quis criar-nos do nada.

Alegra-te, estéril, que não és mãe; salta e clama, tu que não dás à luz; porque são mais numerosos os filhos da abandonada que daquela que tem marido (cf. Is 54,1). Ao dizer: Alegra-te, estéril, que não és mãe, é a nós que indica: pois estéril era nossa Igreja, antes que filhos lhe fossem dados. E dizendo: Clama, tu que não dás à luz, entende-se: Clamemos sempre a Deus, sem nos cansar, à semelhança das que dão à luz. E com as palavras: Porque são mais numerosos os filhos da abandonada que daquela que tem marido, diz que nosso povo parecia abandonado e privado de Deus. Agora, porém, desde que temos a fé, somos muito mais numerosos do que aqueles que se julgavam possuir a Deus.

Em outro lugar diz a Escritura: Não vim chamar os justos, mas os pecadores (Mt 9,13). Diz que lhe era preciso salvar os que pereciam. Grande e admirável coisa é firmar não aquilo que está de pé, mas o que cai. Assim Cristo quis salvar o que perecia e a muitos salvou com sua vinda, chamando-nos a nós que já perecíamos.

Responsório 1Ts 5,9-10; Cl 1,13

R. Deus não nos destinou à sua ira,
mas sim para alcançarmos redenção,
através de Jesus Cristo, Senhor nosso;
* Ele deu a sua vida por nós todos,
a fim de que com ele nós vivamos.
V. Do império das trevas arrancou-nos
e transportou-nos para o reino de seu Filho,
para o reino de seu Filho bem-amado. * Ele deu.

Hino
Te Deum
em latim

(A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)

A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,

e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

(A parte que se segue pode ser omitida, se for oportuno).

Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!

Oração

Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.