SEGUNDA-FEIRA
Ofício das Leituras
Primeira leitura
Do Livro do Eclesiástico
2,1-18
Paciência na tentação
1Meu filho, se te ofereceres para servir o Senhor,
prepara-te para a prova.
2Endireita teu coração e sê constante,
não te apavores no tempo da adversidade.
3Une-te a ele e não te separes,
a fim de seres exaltado no teu último dia.
4Tudo o que te acontece, aceita-o,
e nas vicissitudes que te humilharem sê paciente,
5pois o ouro se prova no fogo,
e os eleitos, no cadinho da humilhação.
Na doença e na indigência, conserva tua confiança.
6Confia no Senhor, ele te ajudará,
endireita teus caminhos e espera nele.
7Vós que temeis ao Senhor contai com sua misericórdia
e não vos afasteis para não cairdes.
8Vós que temeis ao Senhor, tende confiança nele
e a recompensa não vos faltará.
9Vós que temeis ao Senhor, esperai bens,
alegria eterna e misericórdia.
Pois sua recompensa é dom eterno na alegria.
10Considerai as gerações passadas e vede:
quem confiou no Senhor e ficou desiludido?
Ou quem perseverou no seu temor e foi abandonado?
Ou quem clamou por ele e ele o desprezou?
11Porque o Senhor é compassivo e misericordioso,
perdoa os pecados e salva no dia da tribulação.
12Ai dos corações covardes e das mãos fracas,
e do pecador que segue dois caminhos.
13Ai do coração fraco, pois não acredita,
por isso não será protegido.
14Ai de vós que perdestes a paciência:
que fareis quando o Senhor vos visitar?
15Os que temem ao Senhor não desobedecem às suas
palavras,
os que o amam observam seus caminhos.
16Os que temem ao Senhor procuram o seu beneplácito,
os que o amam saciam-se com a lei.
17Os que temem o Senhor preparam os seus corações
e diante dele se humilham.
18Caiamos nas mãos do Senhor e não nas dos homens,
pois tal como é sua grandeza, assim é sua misericórdia.
Responsório
Eclo 2,10.11; Sl 33(34),6
R. Vós que temeis ao Senhor, amai-o
e serão iluminados
os vossos corações;
considerai, ó filhos, as gerações dos
homens e compreendei:
* Aquele que confiou no Senhor jamais ficou desiludido.
V. Contemplai-o e estareis radiantes,
vosso rosto não ficará
envergonhado.
* Aquele que.
Segunda leitura
Do Tratado “sobre a Oração”, de Orígenes, presbítero
(Nn. 12-13)
(Séc. III)
Orar incessantemente
Ademais, penso que são cheias de força as palavras da
oração dos santos, principalmente quando os que oram,
oram com espírito e inteligência. Essa inteligência é uma luz
que surge da alma do orante e sai da sua boca para destruir,
pela potência de Deus, o veneno espiritual instilado pelas
forças hostis nas almas dos que negligenciam a oração, e
não observam o que Paulo diz, conforme às exortações de
Cristo: Orai sem cessar (1Ts 5,17). Como um dardo, a prece
sai da alma do orante, pelo seu conhecimento, sua palavra,
sua fé, ferindo de morte e destruição os espíritos contrários
a Deus, que querem prender nos laços do pecado.
Como as obras de virtude e o cumprimento dos mandamentos fazem parte da oração, ora sem cessar aquele
que une a oração às obras de preceito, e as ações à oração.
Somente assim é que podemos compreender como possível
a ordem de orar sem cessar, isto é, se definimos a vida do
cristão como uma só contínua oração, da qual não é senão
uma parte aquela que costumamos chamar de oração. Esta
parte, porém, temos de praticá-la pelo menos três vezes ao
dia, mesmo que por isso corresse grande perigo. O último
tempo de oração está indicado assim: A elevação das minhas mãos é o sacrifício vespertino (Sl 140,2). Mas não
passaríamos de modo conveniente o tempo da noite sem a
respectiva oração, como diz Davi: Eu me levantava à meianoite para te louvar pelos teus justos decretos (Sl 118,62).
E Paulo, como se vê nos Atos dos Apóstolos, à meia noite
orava e louvava a Deus com Silas, em Filipos, e todos os
outros presos os ouviam.
Se Jesus ora, e não em vão, obtendo pela oração aquilo
que, talvez, não receberia sem a oração, quem de nós poderá
ser negligente em orar? Marcos, com efeito, diz: Levantando-se bem cedo, (Jesus) foi a um lugar deserto, e ali orava
(Mc 1,35). As palavras: Eu sabia que tu me escutas sempre (Jo 11,42), ditas pelo Senhor, segundo o mesmo evangelista,
mostram que aquele que sempre ora, é sempre ouvido. Será,
acaso, necessário recordar aqueles que, tendo rezado como
convém, obtiveram de Deus os maiores benefícios?
Muitas vezes, na verdade, por algum dos seus santos,
o Senhor quebrou os dentes dos leões, e eles foram ani-
quilados como água que escorre (Sl 57,7-8). Soubemos,
muitas vezes, de homens que se afastaram dos mandamentos divinos e, feitos prisioneiros da morte, foram por ela
devorados. Pela penitência, no entanto, foram, em seguida,
salvos de tão grande mal, porque, apesar de já presos no
ventre da morte, não desesperaram da salvação: A morte, prevalecendo, os devorara; mas Deus, de novo, enxugou
as lágrimas de toda face (Is 25,8).
Julguei ser necessário dizer tudo isso, depois de enumerar aqueles que foram beneficiados pela oração. Meu
propósito é dissuadir os que aspiram à vida espiritual em
Cristo, de pedir na oração coisas terrenas e sem importância.
Possam os leitores deste escrito anelar pelos bens místicos,
dos quais são imagens os exemplos acima mencionados.
Responsório
Tg 5,16; 1Ts 5,17
R. Orai uns pelos outros, para que sareis.
* Muito vale a oração do justo, feita com insistência.
V. Orai incessantemente.
* Muito vale a oração.
Oração
Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis no vosso imenso amor de Pai mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.