SEGUNDA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Livro do Eclesiástico
27,22-28,7a
Contra a ira e vingança
Aquele que pisca os olhos maquina o mal
e ninguém o afastará disso.
23Na tua presença tem a boca doce,
admira tuas palavras;
no entanto, por detrás, muda a linguagem
e faz de tuas palavras pedra de tropeço.
24Odeio muitas coisas, mas nada tanto quanto ele,
e o Senhor o odeia também.
25Aquele que joga pedra para o ar joga-a sobre sua cabeça,
quem fere traiçoeiramente recebe o contragolpe.
26Quem cava um buraco nele cairá,
quem arma um laço, nele se amarrará.
Aquele que faz o mal, sobre ele o mal recairá,
sem mesmo saber de onde lhe vem.
28Para o soberbo: sarcasmo e ultraje,
mas a vingança o espreita como leão.
29Serão presos na armadilha os que se alegram
com a queda dos piedosos,
a dor os consumirá antes de sua morte.
30O rancor e a cólera, também esses são abomináveis,
o pecador os possui.
28,1Aquele que se vinga encontrará a vingança do Senhor
que pedirá minuciosa conta de seus pecados.
2Perdoa ao teu próximo seus erros,
e então, ao rezares, ser-te-ão perdoados os teus pecados.
3Um homem guarda rancor contra outro:
do Senhor pedirá cura?
4Para com o seu semelhante não tem misericórdia,
e pede o perdão de seus pecados?
5Ele, que é só carne, guarda rancor:
quem lhe obterá o perdão dos seus pecados?
6Lembra-te do fim e deixa o ódio,
da corrupção e da morte, e observa os mandamentos.
7Lembra-te dos mandamentos
e não tenhas ressentimento do próximo.
Responsório
Eclo 28,1.2; cf. Mt 6,14
R. Aquele que se vinga terá a vingança do Senhor,
que pedirá
minuciosa conta de seus pecados.
* Perdoa ao teu próximo os seus erros;
e então, ao rezares,
ser-te-ão perdoados os teus pecados.
V. Pois, se perdoares aos homens os seus delitos,
também
teu Pai celeste perdoará os teus delitos.
* Perdoa.
Segunda leitura
Do Tratado “A vida em Cristo”, de Nicolau Cabasilas
(Liv. 1)
(Séc. XIV)
A vitória de Cristo
O próprio Senhor, isento de todo o pecado, morre, depois de ter suportado corajosamente muitas atrocidades, e,
assumindo para si como homem a causa e o patrocínio dos
homens, aceita o martírio e liberta a sua estirpe da culpa;
doa, aos escravos no tronco, a liberdade da qual ele, Deus
e Senhor, não tinha necessidade.
Essas são as realidades graças às quais, com a morte
do Salvador, adquirimos a verdadeira vida. O modo com o
qual lançamos nas nossas almas tal vida é a iniciação aos
mistérios, isto é, o Batismo, a unção e a participação na
mesa sagrada. Cristo está presente naqueles que cumprem
estas coisas, habita neles, os une intimamente a si, elimina
o pecado, dá a sua vida e a sua força, torna-os participantes
da sua vitória, coroa os purificados e tributa um elogio aos
convidados. Mas por qual motivo acontece que a purificação, a unção e a mesa produzem frutos da vitória e da
coroa que são prêmios das fadigas, dos suores, e dos riscos?
Pelo fato de que, participando desses mistérios, ainda que
não lutando nem nos afadigando, celebramos, no entanto,
a luta dele, acolhemos a sua vitória, adoramos o seu troféu
e demonstramos amar o fortíssimo, o insigne e incomparável Lutador; assumimos para nós aquelas feridas, aquelas
chagas e aquela morte e, da forma como nos é consentido,
a reivindicamos como nossas; e, mortos e redivivos experimentamos a mesma carne. Assim, portanto, não gozamos
ilicitamente dos bens copiosos provenientes daquela morte
e daquelas lutas. O Batismo e a Ceia podem, sem dúvida,
providenciar-nos tudo isso: uma ceia sóbria, digo, e as
delícias de uma unção moderada. Na verdade, quando
somos iniciados, execramos o tirano, o desprezamos, e o
expulsamos para longe de nós. E, pelo contrário, louvamos
o fortíssimo Lutador, o admiramos, o adoramos, o amamos
com todo o coração e, da superabundância do amor, nós nos
nutrimos como do pão, transbordamos como a água.
É, portanto, evidente que essa batalha foi aceita por ele
em nosso favor, e Ele não recusou morrer para que nós vivêssemos. Portanto, não é ilógico nem absurdo pensar que
a partir desses mistérios nós alcançamos a coroa. Demos
provas, na verdade, de fervor e de esforço o quanto nos foi
possível e, ouvindo que esta fonte tem a eficácia da morte e
sepultura de Cristo, cremos e nos aproximamos dele e nele
nos imergimos espontaneamente. Na verdade, o Senhor despreza a mediocridade, e não doa as coisas com parcimônia.
Mas, depois da morte e da sepultura, acolhe quem dele se
aproxima com amor, e não oferece uma coroa ou comunica
a sua glória, mas sim oferece a si próprio, vencedor e coroado. Quando saímos da fonte sagrada, nós trazemos na
alma e no corpo, na cabeça, nos olhos e em todos os nossos
membros o Salvador em pessoa, puro de pecado, livre de
qualquer corrupção, como está ressuscitado, manifestado
aos discípulos e elevado ao céu, assim como retornará para
pedir-nos este tesouro.
Responsório
Cf. Cl 2,12-13
R. Com Cristo fostes juntos sepultados no Batismo;
nele
fostes juntos ressuscitados,
* Pela fé no poder de Deus que o ressuscitou dos mortos.
V. Com ele Deus deu a vida também a vós
que estáveis
mortos pelos vossos pecados,
perdoando-os a todos;
* Pela fé.
OraçãoDeus
eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso
dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.