Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Esta introdução se omite
quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
Agora é tempo favorável,
divino dom da Providência,
para curar o mundo enfermo
com um remédio, a penitência.
Da salvação refulge o dia,
na luz de Cristo a fulgurar.
O coração, que o mal feriu,
a abstinência vem curar.
Em corpo e alma, a abstinência,
Deus, ajudai-nos a guardar.
Por tal passagem, poderemos
à páscoa eterna, enfim, chegar.
Todo o Universo vos adore,
Trindade Santa, Sumo Bem.
Novos por graça entoaremos
um canto novo a vós. Amém.
Salmodia
Ant.1 Vem a
nós o nosso Deus e nos fala abertamente.
Salmo 49(50)
O culto que agrada a DeusEu não vim abolir a Lei, mas dar-lhe pleno cumprimento (cf.
Mt5,17).
I
–1 Falou o Senhor Deus, chamou a terra, *do sol nascente ao sol poente a convocou.–2 De Sião, beleza plena, Deus refulge, *3 vem a nós o nosso Deus e não se cala.
– À sua frente vem um fogo abrasador, *ao seu redor, a tempestade violenta.–4 Ele convoca céu e terra ao julgamento, *para fazer o julgamento do seu povo:
–5 “Reuni à minha frente os meus eleitos, *que selaram a Aliança em sacrifícios!”–6 Testemunha o próprio céu seu julgamento, *porque Deus mesmo é juiz e vai julgar.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Vem a nós o nosso Deus e nos
fala abertamente.
Ant.2 Oferece
ao Senhor um sacrifício de louvor!
II
=7 “Escuta, ó meu povo, eu vou falar; †ouve, Israel, eu testemunho contra ti: *Eu, o Senhor, somente eu, sou o teu Deus!
–8 Eu não venho censurar teus sacrifícios, *pois sempre estão perante mim teus holocaustos;–9 não preciso dos novilhos de tua casa *nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos.
–10 Porque as feras da floresta me pertencem *e os animais que estão nos montes aos milhares.–11 Conheço os pássaros que voam pelos céus *e os seres vivos que se movem pelos campos.
–12 Não te diria, se com fome eu estivesse, *porque é meu o universo e todo ser.–13 Porventura comerei carne de touros? *Beberei, acaso, o sangue de carneiros?
–14 Imola a Deus um sacrifício de louvor *e cumpre os votos que fizeste ao Altíssimo.–15 Invoca-me no dia da angústia, *e então te livrarei e hás de louvar-me”.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Oferece ao Senhor um sacrifício
de louvor!
Ant.3 Eu não
quero oferenda e sacrifício;quero o amor e a ciência do Senhor!
III
=16 Mas ao ímpio é assim que Deus pergunta: †“Como ousas repetir os meus preceitos *e trazer minha Aliança em tua boca?
–17 Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos *e deste as costas às palavras dos meus lábios!–18 Quando vias um ladrão, tu o seguias *e te juntavas ao convívio dos adúlteros.
–19 Tua boca se abriu para a maldade *e tua língua maquinava a falsidade.–20 Assentado, difamavas teu irmão, *e ao filho de tua mãe injuriavas.
–21 Diante disso que fizeste, eu calarei? *Acaso pensas que eu sou igual a ti?– É disso que te acuso e repreendo *e manifesto essas coisas aos teus olhos.
=22 Entendei isto, todos vós que esqueceis Deus, †para que eu não arrebate a vossa vida, *sem que haja mais ninguém para salvar-vos!
–23 Quem me oferece um sacrifício de louvor, *este sim é que me honra de verdade.– A todo homem que procede retamente, *eu mostrarei a salvação que vem de Deus”.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Eu não quero oferenda e
sacrifício;quero o amor e a ciência do Senhor!
V. Convertei-vos e crede no Evangelho.
R. Pois o reino de Deus está chegando.
Primeira leitura
Da Carta aos Hebreus
2,5-18
Jesus, autor da salvação, feito semelhante aos seus irmãos
Não foi a anjos que ele sujeitou o mundo futuro, de que
falamos. A esse respeito, porém, houve quem afirmasse:
Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o Filho do Homem, para que o visites? Fizeste-o, por um pouco, menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste, e todas as coisas puseste debaixo dos seus pés. Se Deus lhe submeteu todas as coisas, nada deixou que lhe ficasse insubmisso.
Agora, porém, ainda não vemos que tudo lhe esteja submisso. Vemos, todavia, Jesus, que foi feito, por um pouco, menor que os anjos, por causa dos sofrimentos da morte,
coroado de honra e de glória. É que pela graça de Deus
provou a morte em favor de todos os homens.
Convinha, de fato, que aquele por quem e para quem
todas as coisas existem, querendo conduzir muitos filhos
à glória, levasse à perfeição, por meio de sofrimentos,
o Iniciador da salvação deles. Pois tanto o Santificador
quanto os santificados, todos, descendem de um só; razão
por que não se envergonha de os chamar irmãos, dizendo:
Anunciarei o teu nome a meus irmãos; em plena assembleia te louvarei; e mais: Porei nele a minha confiança; e ainda: Eis-me aqui com os filhos que Deus me deu.
Uma vez que os filhos têm em comum carne e sangue,
por isso também ele participou da mesma condição, a fim de
destruir pela morte o dominador da morte, isto é, o diabo; e
libertar os que passaram toda a vida em estado de servidão,
pelo temor da morte. Pois não veio ele ocupar-se com anjos,
mas, sim, com a descendência de Abraão. Convinha, por
isso, que em tudo se tornasse semelhante aos irmãos, para
ser, em relação a Deus, sumo sacerdote misericordioso e fiel, para expiar assim os pecados do povo. Pois, tendo ele
mesmo passado pela prova, é capaz de socorrer os que são
provados.
Responsório Hb 2,11.17;cf. Br 3,38
R. Tanto o Santificador quanto os santificados,
todos procedem de um só.
Por isso Jesus devia fazer-se em tudo
semelhante aos irmãos,
* Para se tornar um sumo sacerdote misericordioso
e digno
de confiança.
V. Deus foi visto em nossa terra,
e habitou entre os homens.
* Para se tornar.
Segunda leitura
Dos Comentários sobre os Salmos, de São João Fisher,
bispo e mártir
(Ps 129: Opera omnia, edit. 1579, p. 1610)
Se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor
Jesus Cristo é nosso sumo sacerdote, e seu precioso
corpo é nosso sacrifício, que ele ofereceu no altar da cruz
para a salvação de todos os homens.
O sangue derramado por nossa redenção não era de
novilhos e bodes (como na antiga Lei), mas do inocentíssimo
cordeiro, Cristo Jesus, nosso Salvador.
O templo onde nosso sumo sacerdote ofereceu o
sacrifício não era feito por mãos humanas, mas edificado
unicamente pelo poder de Deus. Porque ele derramou
seu sangue diante do mundo, que é na verdade o templo
construído só pela mão de Deus.
Esse templo tem duas partes: uma é a terra que agora
habitamos; a outra ainda é desconhecida por nós mortais.
Jesus Cristo ofereceu seu primeiro sacrifício aqui na
terra quando padeceu a morte crudelíssima. Em seguida,
revestido da nova veste da imortalidade, com seu próprio
sangue entrou no Santo dos Santos, isto é, no céu, onde
apresentou diante do trono do Pai celeste aquele sangue
de valor infinito, que derramara uma vez para sempre por
todos os homens cativos do pecado.
Esse sacrifício é tão agradável e aceito por Deus que,
logo ao vê-lo, não pôde deixar de compadecer-se de nós
e derramar sua misericórdia sobre todos os que estão
verdadeiramente arrependidos.
É, além disso, um sacrifício eterno. Não é oferecido
apenas uma vez a cada ano (como acontecia entre os judeus),
mas a cada dia para o nosso consolo, e ainda mais, a cada
hora e a cada momento, para nosso conforto e nossa alegria.
Por isso o Apóstolo acrescenta: Obtendo uma redenção eterna (Hb 9,12).
Desse santo e eterno sacrifício, participam todos os que
experimentaram a verdadeira contrição e o arrependimento
dos pecados cometidos, e tomaram a inabalável resolução
de não mais voltar aos vícios antigos e de perseverar com
firmeza no caminho das virtudes a que se consagraram.
É o que ensina São João com estas palavras: Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Ele é a oferenda de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro (1Jo 2,1-2).
Responsório Rm 5,10.8
R. Se, quando éramos inimigos de Deus,
fomos reconciliados com ele pela morte de seu Filho,
* Quanto mais agora, estando já reconciliados,
seremos
salvos por sua vida!
V. Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores.
* Quanto mais.
Oração
Ó Deus, na vossa incansável misericórdia, purificai e protegei a vossa
Igreja, governando-a constantemente, pois sem vosso auxílio ela não
pode salvar-se. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.R. Graças a Deus.