TERÇA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Da Segunda Carta de São Pedro
2,1-9
Os falsos doutores
1Houve, contudo, também falsos profetas no seio do
povo, como haverá entre vós falsos mestres, os quais trarão
heresias perniciosas, negando o Senhor que os resgatou e
trazendo sobre si repentina destruição. 2Muitos seguirão
suas doutrinas dissolutas e, por causa deles, o caminho da
verdade cairá em descrédito. 3Por avareza, procurarão, com
discursos fingidos, fazer de vós objeto de negócios; mas
seu julgamento há muito está em ação e a sua destruição
não tarda.
4Com efeito, se Deus não poupou os anjos que pecaram,
mas lançou-os nos abismos tenebrosos do Tártaro, onde
estão guardados à espera do Julgamento, 5nem poupou o
mundo antigo, mas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos
ímpios, preservou apenas oito pessoas, entre as quais Noé,
o arauto da justiça, 6e se, como exemplo do que havia de
sobrevir aos ímpios, condenou à destruição as cidades de
Sodoma e de Gomorra, reduzindo-as a cinzas, 7enquanto
livrou o justo Ló, deprimido com o comportamento
dissoluto daqueles perversos - 8porque esse justo, que
morava entre eles, afligia diariamente a sua alma justa com
as obras iníquas que via e ouvia -, 9é certamente porque o
Senhor sabe libertar os piedosos da provação e reservar os
injustos sob castigo à espera do dia do Julgamento.
Responsório
Mt 7,15; 24,11.24
R. Guardai-vos dos falsos profetas,
que chegam em peles
de ovelhas,
* Mas por dentro são lobos ferozes.
V. Surgirão muitos falsos profetas,
operando milagres
grandiosos, a muitos, assim, seduzindo.
* Mas por dentro.
Segunda leitura
Dos “Discursos sobre o Cântico dos Cânticos”, de São
Bernardo, abade
(37,5-7)
(Séc. XII)
O Princípio da sabedoria é o temor do Senhor
Se a ignorância de Deus nos torna cegos, como poderemos esperar naquele que não conhecemos? Se a ignorância
de nós mesmos nos aprisiona, como poderemos ser humildes? De fato, pensaremos ter algum valor, enquanto nada
somos. Nem os soberbos nem os que perderam a esperança
terão parte na sorte dos santos.
Considerai, portanto, com quanto cuidado e zelo devemos libertar-nos da ignorância de Deus e de nós mesmos,
pois a primeira é origem; e a segunda, realização de todo
pecado. Da mesma maneira, o conhecimento de Deus e de
si mesmo é o início e a perfeição da sabedoria, a saber, o
temor de Deus e a caridade.
Com efeito, como o princípio da sabedoria é o temor do Senhor (Sl 110,10); assim, o princípio de todo pecado é a soberba (Eclo 10,12.13). Se o amor de Deus é a perfeição
da sabedoria, a falta de esperança é a consumação de toda
maldade. Assim também, se do conhecimento de si mesmo
provém o temor de Deus e do conhecimento de Deus, o
amor a ele, da ignorância de si mesmo surge a soberba e
da ignorância de Deus, a falta de esperança.
A ignorância de si mesmo gera em nós a soberba,
porque, enganados por uma mentalidade cega e ilusória,
julgamo-nos melhores do que de fato somos. Nisto consiste
justamente a soberba, aqui está a raiz de todos os pecados:
em valorizar-se sobremaneira perante Deus.
Por isso, enquanto nos humilhamos e nos reputamos
inferiores àquilo que de fato somos, perante a Verdade, não
corremos nenhum perigo. Mas, logo que nos enaltecemos
um pouco acima de nós mesmos ou de alguém que é igual
ou superior a nós, prejudicamo-nos imensamente. É como
quando, por exemplo, para passar por uma porta cuja arquitrave é demasiadamente baixa, tu podes abaixar-te quanto
quiseres sem nenhum prejuízo; mas, se te levantares um
dedo sequer acima da altura da porta, nela esbarrarás ferindo
a tua cabeça. Da mesma maneira, não devemos temer as humilhações, por grandes que sejam. Pelo contrário, devemos
preocupar-nos até com o mínimo indício de presunção.
Portanto, não devemos comparar-nos com ninguém, nem
com os superiores nem com os inferiores a nós. Quem sabe,
aquele que tu estimas como o ser mais desprezível de todos,
graças a uma mudança operada pelo poder do Altíssimo, se
torne melhor do que todos, se é que já não o seja em Deus!
Por isso, o Senhor quer que escolhamos não um lugar medíocre, nem o penúltimo nem um dos últimos, mas diz: Ocupa o último lugar (Lc 14,10), de maneira que tu efetivamente
sejas o último entre todos, para não te colocares em primeiro
lugar nem ousares comparar-te a ninguém.
Responsório
Cf. Sl 110(111),10; Sb 6,18; Eclo 19,18
R. O princípio da sabedoria é temer o Senhor,
todos os que
o praticam têm bom-senso.
* Seu louvor permanece para sempre.
V. O amor é a observância de suas leis,
porque toda a sabedoria está no temor do Senhor.
* Seu louvor.
OraçãoÓ
Deus, pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e
filhas, concedei aos que crêem no Cristo a verdadeira liberdade e a
herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.