17a SEMANA DO TEMPO COMUM

I Semana do Saltério

QUARTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro de Jó 32,1-6; 33,1-22

Eliú fala sobre o mistério de Deus.

Quando Jó acabou de falar, 32,1aqueles três homens não responderam mais a Jó, porque ele teimava em considerar-se justo. 2Então inflamou-se a ira de Eliú, filho de Baraquel, de Buz, da família de Ram; indignou-se contra Jó, porque pretendia ter razão contra Deus. 3Indignou-se também contra os três amigos, porque não acharam resposta, contentando- se em deixar as falhas a Deus. 4Eliú tinha esperado para falar com Jó, pois eles eram seus anciãos; 5mas, ao ver que nenhum dos três tinha algo a mais para responder, encheu- se de indignação. 6Então Eliú, filho de Baraquel, de Buz, interveio dizendo: Sou ainda muito jovem, e vós sois anciãos; por isso, intimidado, não me atrevia a expor-vos o meu conhecimento. 33,1E agora, Jó, escuta as minhas palavras, presta atenção ao meu discurso. 2Eis que abro a boca e minha língua vai falar sob o céu da boca. 3A retidão de meu coração falará, meus lábios exprimirão a verdade. 5Contesta-me, se podes; prepara-te, põe-te em frente de mim! 6Vê, para Deus eu sou teu igual, como tu, modelado de argila. 4Foi o espírito de Deus que me fez, e o sopro de Shaddai que me anima. 7Eis que o meu terror não deverá intimidar-te, minha mão não pesará sobre ti. 8Disseste em minha presença, ouço ainda o eco de tuas palavras: 9“Sou puro, não tenho delito; sou limpo e sem falta. 10E contudo ele encontra queixas contra mim e me considera seu inimigo. 11Coloca meus pés no cepo e vigia todos os meus passos.” 12Não tens razão nisto, eu te digo, pois Deus é maior do que o homem. 13Como te atreves a acusá-lo: é porque não te responde palavra por palavra? 14Deus fala de um modo e depois de outro, e não prestamos atenção. 15Em sonhos ou visões noturnas, quando a letargia desce sobre os homens adormecidos em seu leito: 16então ele abre o ouvido dos humanos e aí sela as advertências que lhes dá, 17para afastar o homem de suas obras e proteger o poderoso do orgulho, 18para impedir sua alma de cair na sepultura e sua vida de cruzar o Canal. 19Corrige-o também sobre o leito com a dor, quando os ossos tremem sem parar, 20a ponto de aborrecer a comida e repugnar-lhe o manjar. 21Quando sua carne desaparece da vista, expõem-se os ossos que estavam escondidos. 22Sua alma aproxima-se da sepultura, e sua vida do jazigo dos mortos.

Responsório Rm 11,33.34
R. Ó abismo de riqueza,
de sabedoria e de ciência em Deus!
*
Quão impenetráveis são os seus juízos
e inexploráveis os seus caminhos!
V.
Quem pode compreender o pensamento do Senhor?
Quem jamais foi o seu conselheiro?
*
Quão impenetráveis.

Segunda leitura
Dos “Livros Moralia sobre Jó”, de São Gregório Magno, papa
(Liv. 23,23-24: PL 76, 265-266)

(Séc. VI)


A verdadeira ciência foge da soberba

Ouve, Jó, minhas palavras e escuta tudo o que digo. A ciência dos arrogantes tem isto de próprio, que eles não sabem comunicar com humildade o que ensinam e não conseguem apresentar com simplicidade as coisas boas que sabem. Vê-se bem, pelo modo como ensinam, que se colocam, por assim dizer, em lugar muito elevado e olham de cima para os discípulos, postos embaixo, a distância, e não se dignam examinar juntos a questão mas apenas se impor.
Com razão disse deles o Senhor pelo Profeta: Vós os governáveis com severidade e tirania. Governam, na verdade, com severidade e tirania os que não se apressam em corrigir seus súditos, expondo-lhes serenamente as razões, mas em dobrá-los com aspereza e predomínio.
Bem ao contrário, a verdadeira ciência foge pelo pensamento, com tanto maior ímpeto, desse vício da soberba, quanto com maior ardor persegue com as setas de suas palavras o próprio mestre da soberba. Cuida de não apregoar por suas atitudes o vício que procura extirpar do coração dos ouvintes, mediante as palavras sagradas. Esforça-se por mostrar a humildade, que é a mestra e a mãe de todas as virtudes, tanto com as palavras quanto com a vida. Deste modo procura transmiti-la aos discípulos da verdade, mais por seu modo de ser do que pelas palavras.
Por isso, Paulo, falando aos tessalonicenses, como que esquecido das alturas de seu apostolado, disse: Fizemo-nos pequenos no meio de vós. Também o apóstolo Pedro ao dizer: Preparados sempre a dar satisfação a quem vos pede explicações sobre a esperança que tendes, afirma o dever de, na própria ciência da doutrina, manter a virtude do que ensina, acrescentando: Mas com modéstia e temor, em boa consciência.
Quando Paulo diz ao discípulo: Ordena e ensina com toda a autoridade, não fala de um domínio, mas se refere ao dever de persuadir pela autoridade da vida. Com autoridade se ensina aquilo que se vive antes de dizê-lo, pois não se tem confiança na doutrina quando a consciência impede a fala. Por conseguinte, Paulo não lhe sugeriu a força de palavras soberbas, mas a confiança da vida reta. Sobre o Senhor está escrito: Ensinava como quem tinha poder, não como os escribas e fariseus. De modo singular e essencial foi ele o único a pregar o bem com autoridade, porque nunca cometeu mal algum por fraqueza. Com efeito, pelo poder da divindade, possuía o que nos ministrou pela inteireza de sua humanidade.

Responsório 1Pd 5,5b; Mt 11,19b
R. Revesti-vos, todos vós,
de humildade uns para com os outros,
*
Pois aos soberbos Deus resiste,
mas aos humildes dá sua graça.
V.
Aprendei de mim que sou de coração humilde e manso,
e achareis paz e repouso para os vossos corações.
*
Pois.

Oração

Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.