3a SEMANA DO TEMPO COMUM

III Semana do Saltério

QUARTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro do Deuteronômio 29,1-5.9-28

Maldição sobre os transgressores da aliança
Naqueles dias: 1Moisés convocou todo Israel e lhe disse: "Vós vistes tudo o que a vossos olhos o Senhor fez no Egito ao Faraó, a todos os seus servidores e a todo o seu país: 2as grandiosas provas que os vossos olhos viram, os grandes sinais e prodígios. 3Até hoje, porém, o Senhor não vos deu um coração que entenda, olhos que vejam e ouvidos que ouçam. 4Por quarenta anos, vos conduzi através do deserto, sem que vossas vestes envelhecessem pelo uso nem vosso calçado se gastasse em vossos pés. 5Não comestes pão nem bebestes vinho ou licor, para reconhecerdes que eu, o Senhor, sou vosso Deus.

9Vós todos estais hoje na presença do Senhor vosso Deus, os chefes, as tribos, os anciãos e os magistrados, todos os homens de Israel, 10crianças, mulheres e o estrangeiro que se acha dentro do acampamento, desde o lenhador até o carregador de água, 11para entrares na aliança do Senhor teu Deus, aliança e juramento que o Senhor teu Deus faz hoje contigo, 12para estabelecer-te hoje como seu povo e ele será teu Deus, segundo te prometera, jurando a teus pais, a Abraão, Isaac e Jacó.

13Mas não faço esta aliança e este juramento apenas convosco. 14Faço-o com todos, também com os que hoje estão conosco na presença do Senhor nosso Deus, como os que agora não estão aqui conosco. 15Sabemos como moramos no Egito e como passamos por entre os povos, por onde haveis passado. 16 Vós vistes as abominações e os ídolos de madeira e de pedra, prata e ouro que há entre eles. 17Não haja, pois, entre vós homens ou mulheres, família ou tribo, cujo coração se afaste hoje do Senhor nosso Deus, para ir servir os deuses destes povos. Não haja entre vós raça de gente que espalhe veneno e absinto; 18gente que, ao ouvir as palavras desta maldição, se bendiga em seu coração, dizendo: "Terei paz, mesmo que persista na dureza de meu coraçãoí, de modo que o embriagado arraste a quem tem sede. 19O Senhor não o perdoará mas se inflamará de cólera e ciúme contra ele e sobre ele cairão todas as maldições, escritas neste livro. O Senhor riscará seu nome debaixo do céu, 20e o separará dentre todas as tribos de Israel para entregá-lo à desventura, conforme as maldições desta aliança, escritas no livro desta Lei.

21As gerações vindouras, os filhos que depois de nós nascerem e os estrangeiros que vierem de terras longínquas, hão de dizer à vista das pragas e calamidades com que o Senhor castigará esta terra 22– terra de enxofre e sal, toda ela calcinada, onde nada se planta, nem germina, onde erva alguma cresce, cheia de escombros como Sodoma e Gomorra, Adama e Seboim, que o Senhor destruiu em seu furor – 23vendo isto dirão todos os povos: "Por que o Senhor tratou assim esta terra? Por que esta ira e tão grande furor?" 24E se responderá: "Foi porque abandonaram a aliança do Senhor, o Deus de seus pais, que com eles fez quando os libertou do Egito, 25 e foram servir a deuses estranhos, prostrando-se diante deles, deuses que não conheciam nem lhes tinha dado. 26Acendeu-se, então, o furor do Senhor contra esta terra a ponto de lançar sobre ela todas as maldições que estão escritas neste livro. 27O Senhor os arrancou desta terra com cólera, com furor, com grande indignação e os atirou em outras terras, como se vê hoje".

28As coisas ocultas pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as reveladas são para nós e nossos filhos para sempre, a fim de praticarmos todas as palavras desta lei".

Responsório Cf. Gl 3,13-14; cf. Dt 8,14b
R. Cristo fez-se por nós maldição
a fim de que a bênção de Abraão
se estenda também aos gentios.
* Para que, pela fé, recebamos,
o Espírito a nós prometido.
V. O Senhor retirou-nos do Egito,
libertou-nos da escravidão. * Para que.

Segunda leitura
Dos Sermões sobre o Cântico dos Cânticos, de São Bernardo, abade

(Sermo 61,3-5: Opera omnia 2,150-151)
(Séc. XII)

Onde abundou o delito, superabundou a graça
Onde encontrar repouso tranquilo e firme segurança para os fracos, a não ser nas chagas do Salvador? Ali permaneço tanto mais seguro, quanto mais poderoso é ele para salvar. O mundo agita, o corpo dificulta, o demônio arma ciladas; não caio, porque estou fundado sobre rocha firme. Pequei e pequei muito; a consciência abala-se, mas não se perturba, pois me lembro das chagas do Senhor. Ele foi ferido por causa de nossas iniquidades. Que pecado tão mortal que a morte de Cristo não apague? Se vier à mente tão poderoso e eficaz remédio, não haverá mal que possa aterrorizar.

Por isso, muito errou quem disse: Tão grande é o meu pecado que não merece perdão. Mostra com isso não ser membro de Cristo nem lhe interessar o mérito de Cristo, por apoiar-se no próprio merecimento, declarar coisa sua o que pertence a outro, como acontece com um membro em relação à cabeça.

Quanto a mim, vou buscar o que me falta confiadamente nas entranhas do Senhor, tão cheias de misericórdia, que não lhe faltam fendas por onde se derrame. Cavaram suas mãos e seus pés, traspassaram seu lado; por estas fendas é-me permitido sugar o mel da pedra, o óleo do rochedo duríssimo, quero dizer, provar e ver quão suave é o Senhor.

Ele alimentava pensamentos de paz e eu não sabia. Pois quem conheceu o pensamento do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Mas o cravo que penetra tornou-se-me a chave que abre a fim de ver a vontade do Senhor. Que verei através das fendas? Clama o cravo, clama a chaga que Deus está em Cristo reconciliando o mundo consigo. A espada atravessou sua alma e tocou seu coração; é-lhe agora impossível deixar de compadecer-se de minhas misérias.

Abre-se o íntimo do coração pelas chagas do corpo, abre-se o magno sacramento da piedade, abrem-se as entranhas de misericórdia de nosso Deus que induziram o Oriente, vindo do alto a visitar-nos. Qual o íntimo que se revela pelas chagas? Como poderia brilhar de modo mais claro do que em vossas chagas, que vós, Senhor, sois suave e manso e de imensa misericórdia? Maior compaixão não há do que entregar sua vida por réus de morte e condenados.

Em vista disso, meu mérito é a misericórdia do Senhor. Nunca me faltam méritos enquanto não lhe faltar a comiseração. Se forem numerosas as misericórdias do Senhor, eu muitos méritos terei. Que acontecerá se me torno bem consciente dos meus muitos pecados? Onde abundou o delito, superabundou a graça. E se as misericórdias de Deus são de sempre e para sempre, também eu cantarei eternamente as misericórdias do Senhor. Acaso é minha a justiça? Senhor, lembrar-me-ei unicamente de vossa justiça. Vossa, sim, e minha; porque vós vos fizestes para mim justiça de Deus.

Responsório Is 53,5; 1Pd 2,24
R. Foi ferido por nossos pecados
e esmagado por nossos delitos;
sobre ele caiu o castigo,
que traria a paz para nós.
* Por suas chagas nós fomos curados.
V. Carregou sobre si nossas culpas
em seu corpo no lenho da cruz,
para que mortos aos nossos pecados,
na justiça de Deus nós vivamos.
* Por suas chagas.

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.