Do Segundo Livro dos Reis
24,20-25,13.18-21
Jerusalém devastada - Exílio de Judá
24,20
Isso aconteceu a Jerusalém e a Judá por causa da ira
do Senhor que, por fim, os rejeitou de sua presença;
Sedecias rebelou-se contra o rei de Babilônia.
25,1No nono ano de seu reinado, no décimo mês, no dia
dez, Nabucodonosor, rei da Babilônia, veio atacar Jerusalém com todo o seu exército; acampou diante da cidade e
levantou trincheiras ao seu redor. 2A cidade ficou sitiada
até o décimo primeiro ano de Sedecias. 3No dia nove do
mês quando a fome se agravava na cidade e a população
na tinha mais nada para comer, 4abriram uma brecha nas
muralhas da cidade. Então todos os guerreiros escaparam de
noite pela porta que há entre os dois muros perto do jardim
do rei - os caldeus ainda cercavam a cidade -, e tomou
o caminho da Arabá. 5O exército dos caldeus perseguiu
o rei e o alcançou nas planícies de Jericó, onde todos os
seus soldados se dispersaram para longe dele. 6Os caldeus
agarraram o rei e o conduziram a Rebla, à presença do rei
da Babilônia; eles o submeteram a julgamento. 7Mandaram degolar os filhos de sedecias na presença dele, depois
Nabucodonosor furou os olhos de Sedecias, algemou-o e o
conduziu para Babilônia.
8No quinto mês, no dia sete - era o décimo nono ano de
Nabucodonosor, rei da Babilônia -, Nabuzardã comandante
da guarda, oficial do rei da Babilônia, fez sua entrada em
Jerusalém. 9Incendiou o Templo do Senhor, o palácio real e
todas as casas de Jerusalém. 10E todo o exército caldeu que
acompanhava o comandante da guarda destruiu as muralhas
que rodeavam Jerusalém. 11Nabuzardã, comandante da
guarda, exilou o resto da população que tinha ficado na
cidade, os desertores que haviam passado para o lado do
rei de Babilônia e o resto da multidão. 12Do povo pobre
da terra, o comandante da guarda deixou uma parte, como
viticultores e agricultores.
13Os caldeus quebraram as colunas de bronze do Templo do Senhor, as bases entalhadas e o Mar de bronze, que
estavam no Templo do Senhor, e levaram o bronze para
Babilônia.
18O comandante da guarda prendeu Saraías, sacerdote
chefe , Sofonias, sacerdote que ocupava o segundo lugar, e
os três guardas das portas. 19Na cidade, prendeu um eunuco,
chefe dos guerreiros, cinco conselheiros do rei, que foram
encontrados na cidade, o secretário do chefe do exército,
encarregado da mobilização, e sessenta homens do povo,
que foram encontrados na cidade. 20Nabuzardã, comandante
da guarda, prendeu-os e os levou à presença do rei de Babilônia, em Rebla, 21e o rei da Babilônia mandou matá-los
em Rebla, na terra de Emat. Assim, Judá foi exilado para
longe de sua terra.
Responsório Sl 78(79),1.4-5
R. Senhor, povos infiéis invadiram a vossa herança,
profanaram o vosso santo templo.
De Jerusalém fizeram um
montão de ruínas.
* Tornamo-nos, para nossos vizinhos,
objetos de desprezo,
de escárnio e zombaria
para os povos que nos cercam.
V. Até quando, Senhor? Será eterna vossa cólera?
Será como
um braseiro ardente o vosso zelo?
* Tornamo-nos.
Do “Livro contra os heréticos Petrobrusianos”, do bemaventurado Pedro, o venerável, abade
(Nn.165-167)
Misericórdia e verdade se
encontrarão no caminho que é Cristo
O sacrifício do mundo cristão não é múltiplo, mas único,
não muitas as vítimas, mas uma só; porque como no mundo
inteiro um só é o povo cristão que o oferece, uno é o Deus
a quem o oferece e uma a fé com a qual o oferece, assim
também o sacrifício que é oferecido é um só. A multiplicidade das vítimas judaicas cederam o lugar à única vítima
cristã: na verdade, porque o sacrifício hebraico não podia
tornar perfeito, através da sua multiplicidade, o que era
escravo, Deus providenciou a vítima que purificasse com a
sua simplicidade aqueles que a oferecem, para santificá-los
e torná-los perfeitos. Boi, bezerro, bode, cordeiro, cabra,
cabrito enchem com as suas carnes e o seu sangue os altares
dos judeus; só o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo (Jo 12,9) é colocado sobre o altar dos cristãos. Não
escutai a mim, mas ao Apóstolo de Deus: Cristo, nossa
Páscoa, disse, foi imolado (1Cor 5,7). Isto é, a páscoa dos
judeus é o cordeiro imolado, a nossa Páscoa, porém, é Cristo
imolado. Eis porque Cristo é o único sacrifício dos cristãos.
Este era o sacrifício reservado para o tempo cristão. Digo
reservado para o tempo da graça e que não teria sido justo
dar no tempo da ira.
O judeu teve o boi, o cristão tem o Cristo, cujo sacrifício
é tão superior às vítimas judaicas quanto o Cristo é mais
precioso do que o boi. Deus, que é bondade por essência,
tendo piedade do homem que se tinha perdido, queria salválo; mas assim como não queria nem podia salvá-lo senão
com a justiça, enquanto procurava no seu eterno conselho
como usar de misericórdia para com a mísera humanidade
conservando salva a justiça, achou preferível este modo,
com o qual a justiça ficasse resguardada, o homem liberto,
a graça acrescentada e Deus glorificado. Enviou, portanto,
o seu divino Filho aos filhos dos homens, a fim de que
assumindo a natureza humana, mas permanecendo imune
aos vícios humanos, tomasse sobre si não o pecado, mas a
pena do pecado, isto é, a morte do corpo, e anulasse assim,
com a sua única morte, a dupla morte do homem: com a
sua morte transitória, a morte eterna. Com esta economia
age a misericórdia e nada é retirado da justiça, enquanto
no lugar do suplício eterno do homem lhe será oferecido
o suplício temporal do homem-Deus; no lugar da morte
eterna do homem, a morte temporal do homem-Deus. Esta
tem tanto peso na balança da própria justiça que para agir
segundo a justiça sobre os pecados, a morte temporal do
Filho de Deus pesa muito mais que a morte eterna dos
filhos dos homens. Com a morte de Cristo a justiça teve
uma reparação maior de quanto tivesse podido ter com a
condenação do homem.
A justiça, portanto, recebe a sua parte, porque o Filho
de Deus morreu pelos pecados dos homens.
Assim a justiça, que por longo tempo era oposta à salvação dos homens, finalmente se dobrou à misericórdia, e
a misericórdia e a verdade se encontraram (cf. Sl 84,11)
em Cristo que é o caminho, enquanto por milênios tinham
agido por vias diversas; e enquanto a justiça e a paz foram
como que opostos entre si durante o tempo da condenação
do homem, agora que este foi salvo, também “justiça e paz
se abraçarão” (Sl 84,11).
Este é o nosso sacrifício, este o holocausto da lei evangélica do Novo Testamento.
Este é o holocausto do novo povo que foi oferecido uma
vez sobre a cruz de Cristo, Filho de Deus e do homem, e
que sempre deverá ser oferecido sobre o altar do seu povo
como ele próprio recomendou e estabeleceu. Nada mais
de fato foi oferecido naquele tempo, nada mais é oferecido
hoje, mas, como foi dito: “Cristo, depois de ter se oferecido
uma vez por todas” (Hb 9,28), entregou-se, a si mesmo, à
sua Igreja para ser oferecido sempre.
Responsório Hb 10,1.14; 9,9
R. Porque a lei possui somente uma sombra
e não a própria realidade das coisas,
não tem o poder de conduzir à
perfeição,
por meio daqueles sacrifícios que se oferecem
continuamente,
aqueles que se aproximam de Deus;
* Cristo, porém, com uma única oblação,
tornou perfeitos
para sempre
aqueles que são santificados.
V. Conforme a lei, são oferecidos dons e sacrifícios
que não
podem tornar perfeito,
na sua consciência, o oferente.
* Cristo, porém.