SEGUNDA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Livro de Judite
5,1-21
Conselho de guerra no acampamento de Holofernes
1Contaram a Holofernes, general do exército assírio, que
os israelitas se preparavam para a guerra. Disseram-lhe que
eles tinham fechado as passagens da montanha, fortificado
todos os cumes dos montes elevados e colocado obstáculos
nas planícies. 2Então ele irritou-se muito, chamou todos os
chefes de Moab e os generais de Amon e todos os sátrapas
do litoral. 3“Homens de Canaã”, disse-lhes, “contai-me:
qual é esse povo que mora nas montanhas? Quais as cidades
em que habita? Qual o número de seu exército? Em que
consiste o seu poder e a sua força? Quem se elevou sobre
eles como rei e governa suas tropas? 4Por que desdenharam
vir ao meu encontro, ao contrário do que fizeram os que
habitam o ocidente?”
5Disse-lhe Aquior, chefe de todos os filhos de Amon:
“Escuta, pois, meu senhor, a palavra da boca de teu servo.
Declarar-te-ei a verdade sobre esse povo que habita nesta
montanha, perto de onde habitas. 6Esse povo é descendente
dos caldeus. 7Primeiro emigraram para a Mesopotâmia,
porque não quiseram seguir os deuses de seus pais, que
viveram na terra dos caldeus. 8Abandonaram os caminhos
dos seus progenitores e adoraram o Deus do céu, que
reconheceram como Deus. Banidos, então, da presença de
seus deuses, fugiram para a Mesopotâmia e aí habitaram
por longo tempo. 9O Deus deles ordenou que saíssem do
estrangeiro e fossem para a terra de Canaã. Nela se instalaram
e enriqueceram-se muito com ouro, prata e numerosos
rebanhos. 10Desceram, em seguida, para o Egito, porque
uma fome se abateu sobre a terra de Canaã. Habitaram
lá enquanto encontraram alimento. Tornaram-se ali uma
grande multidão, era inumerável a raça deles. 11Mas o rei do
Egito levantou-se contra eles e enganou-os, submetendo-os
ao trabalho pesado e ao fabrico de tijolos. Humilharam-nos
e reduziram-nos a escravos. 12Eles clamaram ao seu Deus,
que feriu toda a terra do Egito com pragas, para as quais
não havia remédio. Então os egípcios expulsaram-nos de
suas vistas. 13Deus secou o mar Vermelho diante deles 14e
conduziu-os pelo caminho do Sinai e de Cades Barne. Eles
expulsaram todos os habitantes do deserto, 15estabeleceram-
se na terra dos amorreus e exterminaram, vigorosamente,
todos os habitantes de Hesebon. Atravessaram o Jordão,
tomaram toda a montanha, 16expulsaram de suas vistas os
cananeus, os ferezeus, os jebuseus, os siquemitas e todos os
gergeseus, e habitaram aí por muitos dias. 17Enquanto não
pecaram contra o seu Deus, a prosperidade estava com eles,
porque o seu Deus odeia a iniquidade. 18Quando, porém,
se afastaram do caminho que lhes havia assinalado, uma
parte foi completamente exterminada em guerras, outra
foi levada cativa para uma terra estrangeira. O Templo de
seu Deus foi arrasado e suas cidades foram conquistadas
pelos adversários. 19Agora, voltando-se para seu Deus,
retornaram da diáspora, dos lugares em que estavam
dispersos, ocuparam Jerusalém, onde está o santuário
deles, e repovoaram a montanha, por estar deserta. 20E
agora, mestre e senhor, se há algum delito nesse povo, se
pecaram contra seu Deus, neste caso, examinaremos bem
se há mesmo neles esse tropeço. Depois subiremos e os
atacaremos. 21Mas se não há iniquidade na sua gente, que
meu senhor passe adiante, para que não aconteça que o
Senhor e Deus deles os proteja e esteja a seu favor. Seríamos
então motivo de escárnio para toda a terra.”
Responsório
Cf. Jd 16,13.5; 6,19; Eclo 36,15-16
R. Senhor Todo-poderoso, tu és grande e glorioso,
os repeliu
pela mão de uma mulher,
* Escuta a oração dos teus servos.
V. Bendito sejas tu, Senhor,
que dá a recompensa aos que
esperam em ti,
mas abates aos que confiam em suas próprias
forças.
* Escuta.
Segunda leitura
Do Tratado “sobre a oração”, de Orígenes, presbítero
(Nn. 1-2)
(Séc. III)
Eis o que é necessário pedir na oração
Há coisas de máximo valor, tão elevadas acima do
homem, que tanto superam a nossa natureza morta, que
não podem ser compreendidas por nossa precária razão. O
desígnio de Deus, porém, nos torna possíveis esses bens,
pela múltipla e imensa graça divina, derramada nos homens
por Deus, por meio de Jesus Cristo, mediador dessa graça
infinita em nosso favor, com a cooperação do Espírito.
Como, pois, é impossível à natureza humana adquirir
a sabedoria pela qual tudo foi criado, com efeito, segundo Davi, Deus fez em sabedoria (Sl 103,24), o impossível se
torna possível por nosso Senhor Jesus Cristo, o qual foi feito por Deus sabedoria para nós, e justiça e santidade e
redenção (1Cor 1,30).
Quem, pois, não diria ser impossível ao homem investigar as coisas do céu? Esse impossível, contudo, torna-se
possível pela imensa graça de Deus. Aquele, com efeito,
que foi raptado ao terceiro céu, talvez tenha investigado o
que há nos três céus, pois escutou palavras inefáveis que não é lícito ao homem falar (2Cor 12,4).
Quem, pois, pode
dizer que ao homem é possível conhecer o pensamento do
Senhor?
De fato, ninguém entre os homens conhece as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está, assim nin-
guém conhece as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus
(1Cor 2,11). Mas, se ninguém conhece as coisas de Deus,
senão o Espírito de Deus, é impossível aos homens conhecer
as coisas de Deus. Como, pois, se torna isso possível? Presta
atenção: Nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que vem de Deus, a fim de conhecermos as coisas
que Deus nos concedeu por graça. Tais coisas, nós não as
ensinamos com palavras da sabedoria humana, mas com a
doutrina ensinada pelo Espírito (1Cor 2,12-13).
Uma das coisas impossíveis, segundo me parece, tendo
em vista a nossa fraqueza, é precisamente falar, de modo
claro, justo e digno da oração, como convém orar, o que
dizer a Deus na oração, e quais os tempos favoráveis à
oração (...). Aquele que, por causa da magnitude das suas
revelações, temia que alguém o julgasse superior ao que via
e escutava (a respeito dele), confessava não saber orar como
convém, dizendo: Não sabemos o que orar como convém (Rm 8,26). Necessário é, pois, não só orar, mas também orar
como convém, e pedir o que convém. Na verdade, embora
possamos compreender o que convém orar, isto seria insuficiente se não ajustássemos como convém pedir. Mas de
que serviria saber como convém, se não soubéssemos pedir
aquilo que convém?
Uma destas duas exigências, isto é, o que pedir, são as
próprias palavras da oração. Quanto à outra, isto é, como
convém orar, é a condição do próprio orante. Eis, por
exemplo, o que convém pedir: “pedi coisas grandes, e as
pequenas vos serão acrescentadas”. “Pedi as coisas celestes
e as terrenas vos serão acrescentadas”; e ainda, orai pelos que vos caluniam (Mt 5,44); e também: pedi ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe (Mt 9,38);
Orando, não multipliqueis as palavras (Mt 6,7), e outras
coisas parecidas.
Responsório
Cf. Rm 8,26; Zc 12,9.10
R. Não sabemos o que havemos de pedir como convém,
* O mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.
V. Naquele dia, derramarei sobre a casa de Davi
e sobre os
habitantes de Jerusalém o Espírito de graça e de súplicas.
* O mesmo Espírito.
OraçãoÓ
Deus, que mostrais vosso poder sobretudo no perdão e na misericórdia,
derramai sempre em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro
das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais. Por nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.