SÃO ROQUE
GONZÁLEZ,
SANTO AFONSO
RODRÍGUEZ
E SÃO JOÃO
DEL CASTILLO, PRESBÍTEROS E MÁRTIRES
Memória
Roque González de
Santa Cruz nasceu em 1576 na cidade de Assunção
(Paraguai). Era já sacerdote quando entrou na Companhia de Jesus
em 1609, e durante quase vinte anos procurou civilizar os índios
que habitavam nas florestas daquelas regiões, agrupando-os nas
“Reduções” e instruindo-os na fé e nos costumes
cristãos. Foi morto traiçoeiramente pela fé, a 15
de novembro de 1628, juntamente com Afonso Rodríguez, espanhol.
Dois dias mais tarde, em outra “Redução”, sofreu cruel
martírio João del Castillo, também espanhol, que
tinha sido ardente defensor dos índios contra os seus
opressores. Estes três sacerdotes jesuítas, martirizados
na região que hoje é diocese de Santo Ângelo, foram
canonizados pelo Papa João Paulo II em 1988.
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Ofício das Leituras
V. Vinde, ó
Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Esta
introdução se omite quando o Invitatório precede
imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
Rei glorioso do mártir,
sois a coroa e o troféu,
pois desprezando esta terra,
procura apenas o céu.
Que o coração inclinando,
possais ouvir nossa voz;
vossos heróis celebrando,
supliquem eles por nós!
Se pela morte venceram,
mostrando tão grande amor,
vençamos nós pela vida
de santidade e louvor.
A vós, Deus uno, Deus trino,
sobe hoje nosso louvor,
pelos heróis que imitaram
a própria cruz do Senhor.
Salmodia
Ant. 1 Até à morte fiéis ao Senhor,
derramaram seu sangue por Cristo
e alcançaram o prêmio eterno.
Salmo 2
–1 Por que os povos
agitados se revoltam? *
por que tramam as nações projetos vãos?
=2 Por que os reis de toda
a terra se reúnem, †
e conspiram os governos todos juntos *
contra o Deus onipotente e o seu Ungido?
–3 “Vamos quebrar suas
correntes”, dizem eles, *
“e lançar longe de nós o seu domínio!”
–4 Ri-se deles o que mora
lá nos céus; *
zomba deles o Senhor onipotente.
–5 Ele, então, em
sua ira os ameaça, *
e em seu furor os faz tremer, quando lhes diz:
–6 “Fui eu mesmo que
escolhi este meu Rei, *
e em Sião, meu monte santo, o consagrei!”
=7 O decreto do Senhor
promulgarei, †
foi assim que me falou o Senhor Deus: *
“Tu és meu Filho, e eu hoje te gerei!
=8 Podes pedir-me, e em
resposta eu te darei †
por tua herança os povos todos e as nações, *
e há de ser a terra inteira o teu domínio.
–9 Com cetro férreo
haverás de dominá-los, *
e quebrá-los como um vaso de argila!”
–10 E agora, poderosos,
entendei; *
soberanos, aprendei esta lição:
–11 Com temor servi a Deus,
rendei-lhe glória *
e prestai-lhe homenagem com respeito!
–12 Se o irritais,
perecereis pelo caminho, *
pois depressa se acende a sua ira!
– Felizes hão de ser todos aqueles *
que põem sua esperança no Senhor!
– Glória
ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Até à morte
fiéis ao Senhor,
derramaram seu sangue por Cristo
e alcançaram o prêmio eterno.
Ant. 2 Os justos viverão eternamente,
e a sua recompensa é o Senhor.
Salmo 32(33)
I
–1 Ó justos,
alegrai-vos no Senhor! *
Aos retos fica bem glorificá-lo.
–2 Dai graças ao
Senhor ao som da harpa, *
na lira de dez cordas celebrai-o!
–3 Cantai para o Senhor
um canto novo, *
com arte sustentai a louvação!
–4 Pois reta é a
palavra do Senhor, *
e tudo o que ele faz merece fé.
–5 Deus ama o direito e a
justiça, *
transborda em toda a terra a sua graça.
–6 A palavra do Senhor
criou os céus, *
e o sopro de seus lábios, as estrelas.
–7 Como num odre junta as
águas do oceano, *
e mantém no seu limite as grandes águas.
–8 Adore ao Senhor a
terra inteira, *
e o respeitem os que habitam o universo!
–9 Ele falou e toda a
terra foi criada, *
ele ordenou e as coisas todas existiram.
–10 O Senhor desfaz os
planos das nações *
e os projetos que os povos se propõem.
=11 Mas os
desígnios do Senhor são para sempre, †
e os pensamentos que ele traz no coração, *
de geração em geração, vão
perdurar.
Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant.Os justos viverão eternamente,
e a sua recompensa é o Senhor.
Ant. 3 Vós lutastes por mim sobre a terra:
recebei, meus amigos, o prêmio.
II
–12 Feliz o povo cujo
Deus é o Senhor, *
e a nação que escolheu por sua herança!
–13 Dos altos céus
o Senhor olha e observa; *
ele se inclina para olhar todos os homens.
–14 Ele contempla do
lugar onde reside *
e vê a todos os que habitam sobre a terra.
–15 Ele formou o
coração de cada um *
e por todos os seus atos se interessa.
–16 Um rei não
vence pela força do exército, *
nem o guerreiro escapará por seu vigor.
–17 Não são
cavalos que garantem a vitória; *
ninguém se salvará por sua força.
–18 Mas o Senhor pousa o
olhar sobre os que o temem, *
e que confiam esperando em seu amor,
–19 para da morte
libertar as suas vidas *
e alimentá-los quando é tempo de penúria.
–20 No Senhor nós
esperamos confiantes, *
porque ele é nosso auxílio e proteção!
–21 Por isso o nosso
coração se alegra nele, *
seu santo nome é nossa única esperança.
–22 Sobre nós
venha, Senhor, a vossa graça, *
da mesma forma que em vós nós esperamos!
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Vós lutastes por mim sobre a terra:
recebei, meus amigos, o prêmio.
V. No Senhor nós esperamos confiantes.
R. Porque ele é
nosso auxílio e proteção.
Primeira leitura
Da Carta de São Paulo aos Romanos 8,18-39
Nada nos pode separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus
Irmãos: 18Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós.
19De fato, toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus. 20Pois a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua livre vontade, mas por sua
dependência daquele que a sujeitou; 21também ela espera ser libertada da escravidão da corrupção e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus. 22Com efeito, sabemos que toda a criação, até ao tempo presente, está gemendo como que em dores de parto. 23E não somente ela, mas nós também, que temos os primeiros frutos do Espírito, estamos interiormente gemendo, aguardando a adoção filial e a libertação para o nosso corpo. 24Pois já fomos salvos,mas na esperança. Ora, o objeto da esperança não é aquilo que a gente está vendo; como pode alguém esperar o que já vê? 25Mas se esperamos o que não vemos, é porque o estamos aguardando mediante a perseverança.
26Também o Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. 27E aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito. Pois é sempre segundo Deus que o Espírito intercede em favor dos santos.
28Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus. 29Pois aqueles que Deus
contemplou com seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos. 30E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou, também os tornou justos;e aos que tornou justos, também os glorificou.
31Depois disto, que vos resta dizer? Se Deus é por nós, quem será contra nós? 32Deus que não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com ele? 33Quem acusará os escolhidos de Deus? Deus, que os declara justos? 34Quem condenará? Jesus Cristo, que morreu, mais ainda, que ressuscitou, e está, à direita de Deus, intercedendo por nós?
35Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? 36Pois é assim que está escrito: “Por tua causa somos entregues à morte, o dia todo; fomos tidos como ovelhas destinadas ao matadouro”. 37Mas, em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou! 38Tenho a certeza que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os poderes celestiais, nem o presente nem o futuro, nem as forças cósmicas, 39nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Responsório Mt 5,44-45.48; Lc 6,17
R. Amai os vossos inimigos, diz Jesus,
orai por quem vos calunia e persegue,
* E sereis filhos do vosso Pai celeste.
V. Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.
* E sereis.
Segunda leitura
Das Cartas de São Roque González, presbítero
(Lit. Annuae P. Rochi González pro anno 1615 [s. d.] datae ad P. Provincialem Petrum Oñate. Ed. [in lingua hispanica] in: Documentos para la Historia Argentina, vol.20, Buenos Aires 1920, pp. 24-25)
(Séc.XVII)
Espero que esta cruz seja o princípio para se levantarem muitas outras
Voltando pouco depois para lá encontrei um local onde podia ficar: uma pequena choupana perto do rio; e, passado algum tempo, ofereceram-me uma palhoça maior. Dois meses mais tarde, o Padre Reitor enviou o Padre Diogo de Boroa. Este chegou finalmente na segunda-feira de Pentecostes. Com muita consolação considerávamos como o amor de Deus nos juntava naquelas terras tão longínquas. Dividimos entre nós o limitado espaço da nossa morada, com um tabique feito de canas. Ao lado tínhamos uma capela, pouco maior que o próprio altar em que celebrávamos a Missa. Por eficácia deste supremo e divino sacrifício, em que Cristo se ofereceu ao Pai na Cruz, começou ele a triunfar ali, pois os demônios que antes costumavam aparecer a estes índios não se atreveram a aparecer mais, como testemunhou algum deles. Resolvemos continuar na mesma palhoça, embora tudo nos faltasse. O frio era tanto que nos custava adormecer. O alimento também não era melhor: milho ou farinha de mandioca, que é a comida dos índios; e porque começamos a buscar pelos bosques umas ervas de que se alimentam os papagaios, com este apelido nos chamavam.
Prosseguindo as coisas deste modo, e temendo os demônios que, se a Companhia de Jesus entrasse nestas regiões, eles perderiam em breve o que por tanto tempo tinham possuído, começaram a espalhar por todo o Paraná que nós éramos espiões e falsos sacerdotes, e que trazíamos a morte em nossos livros e imagens. Divulgou-se isto a tal ponto que, estando o Padre Boroa a explicar aos índios os mistérios da nossa fé, eles temiam aproximar-se das sagradas imagens, com receio de algum contágio mortífero. Mas estas idéias foram-se desfazendo pouco a pouco, sobretudo quando viram com os próprios olhos que os nossos eram para eles como verdadeiros pais, dando-lhes de bom grado quanto tinham em casa e assistindo-os nos seus trabalhos e enfermidades,de dia e de noite, auxiliando-os não só em proveito das suas almas, o que é certamente mais importante, mas também dos seus corpos.
E assim, quando vimos consolidar-se o amor dos índios para conosco, pensamos em construir uma igreja, que, embora pequena e modesta e coberta com palha, apareceu a esta gente miserável como um palácio real, e ficam atônitos quando levantam os olhos para o teto. Ambos tivemos de trabalhar com barro para fazer o reboco e para ensinar os indígenas a fazer tijolos. Deste modo conseguimos ter a igreja pronta para o dia de Santo Inácio do ano passado de 1615. Neste dia celebramos lá a primeira missa e renovamos os nossos votos. Houve ainda outros ritos festivos, quanto era possível segundo a pobreza do lugar. Também quisemos organizar umas danças, mas estes rapazes são tão rudes que não conseguiram aprendê-las. Levantamos depois uma torre de madeira e pusemos nela um sino que a todos encheu de admiração, pois nunca tinham visto nem ouvido semelhante coisa. Também foi ocasião de grande devoção uma cruz que os próprios indígenas levantaram: tendo-lhes nós explicado por que razão os cristãos adoram a cruz, eles se ajoelharam conosco para adorá-la. Desconhecida até agora nestas terras, espero em nosso Senhor que esta cruz seja o princípio para se levantarem muitas outras.
Responsório Jo 10,15.18; Jr 12,7
R. Do
meu pai eu recebi uma missão para
salvar.
* Eu
dou minha vida por minhas ovelhas.
V.
Deixei a minha casa, rejeitei a minha
herança;
minha vida muito amada
coloquei-a livremente
na mão dos
inimigos. * Eu dou.
Oração
Senhor, que a vossa palavra cresça nas terras onde os vossos mártires a semearam e seja multiplicada em frutos de justiça e de paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão
da
Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.