Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Esta introdução se
omite
quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
Agora é tempo favorável,
divino dom da Providência,
para curar o mundo enfermo
com um remédio, a penitência.
Da salvação refulge o dia,
na luz de Cristo a fulgurar.
O coração, que o mal feriu,
a abstinência vem curar.
Em corpo e alma, a abstinência,
Deus, ajudai-nos a guardar.
Por tal passagem, poderemos
à páscoa eterna, enfim, chegar.
Todo o Universo vos adore,
Trindade Santa, Sumo Bem.
Novos por graça entoaremos
um canto novo a vós. Amém.
Salmodia
Ant.1 Confia
ao Senhor o teu destino;
confia nele e com certeza ele agirá.
Salmo 36(37)
O destino dos maus e dos bonsBem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra (Mt 5,5).
I
–1 Não te irrites com as obras dos malvados *nem invejes as pessoas desonestas;–2 eles murcham tão depressa como a grama, *como a erva verdejante secarão.
–3 Confia no Senhor e faze o bem, *e sobre a terra habitarás em segurança.–4 Coloca no Senhor tua alegria, *e ele dará o que pedir teu coração.
–5 Deixa aos cuidados do Senhor o teu destino; *confia nele, e com certeza ele agirá.–6 Fará brilhar tua inocência como a luz, *e o teu direito, como o sol do meio-dia.
–7 Repousa no Senhor e espera nele! *Não cobices a fortuna desonesta,– nem invejes quem vai bem na sua vida *mas oprime os pequeninos e os humildes.
–8 Acalma a ira e depõe o teu furor!*Não te irrites, pois seria um mal a mais!–9 Porque serão exterminados os perversos, *e os que esperam no Senhor terão a terra.
–10 Mais um pouco e já os ímpios não existem; *se procuras seu lugar, não o acharás.–11 Mas os mansos herdarão a nova terra, *e nela gozarão de imensa paz.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Confia ao Senhor o teu destino;
confia nele e com certeza ele agirá.
Ant.2
Afasta-te do mal e faze o bem,
pois a força do homem justo é o Senhor.
II
–12 O pecador arma ciladas contra o justo *e, ameaçando, range os dentes contra ele;–13 mas o Senhor zomba do ímpio e ri-se dele, *porque sabe que o seu dia vai chegar.
–14 Os ímpios já retesam os seus arcos *e tiram sua espada da bainha,– para abater os infelizes e os pequenos *e matar os que estão no bom caminho;–15 mas sua espada há de ferir seus corações, *e os seus arcos hão de ser despedaçados.
–16 Os poucos bens do homem justo valem mais *do que a fortuna fabulosa dos iníquos.–17 Pois os braços dos malvados vão quebrar-se, *mas aos justos é o Senhor que os sustenta.
–18 O Senhor cuida da vida dos honestos, *e sua herança permanece eternamente.–19 Não serão envergonhados nos maus dias, *mas nos tempos de penúria, saciados.
–20 Mas os ímpios com certeza morrerão, *perecerão os inimigos do Senhor;– como as flores das campinas secarão, *e sumirão como a fumaça pelos ares.
–21 O ímpio pede emprestado e não devolve, *mas o justo é generoso e dá esmola.–22 Os que Deus abençoar, terão a terra; *os que amaldiçoar, se perderão.
–23 É o Senhor quem firma os passos dos mortais *e dirige o caminhar dos que lhe agradam;–24 mesmo se caem, não irão ficar prostrados, *pois é o Senhor quem os sustenta pela mão.
=25 Já fui jovem e sou hoje um ancião, †mas nunca vi um homem justo abandonado, *nem seus filhos mendigando o próprio pão.–26 Pode sempre emprestar e ter piedade; *seus descendentes hão de ser abençoados.
–27 Afasta-te do mal e faze o bem, *e terás tua morada para sempre.–28 Porque o Senhor Deus ama a justiça, *e jamais ele abandona os seus amigos.
– Os malfeitores hão de ser exterminados, *e a descendência dos malvados destruída;–29 mas os justos herdarão a nova terra *e nela habitarão eternamente.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Afasta-te do mal e faze o bem,
pois a força do homem justo é o Senhor.
Ant.3 Confia
em Deus e segue sempre seus caminhos!
III
–30 O justo tem nos lábios o que é sábio, *sua língua tem palavras de justiça;–31 traz a Aliança do seu Deus no coração, *e seus passos não vacilam no caminho.
–32 O ímpio fica à espreita do homem justo, *estudando de que modo o matará;–33 mas o Senhor não o entrega em suas mãos, *nem o condena quando vai a julgamento.
–34 Confia em Deus e segue sempre seus caminhos; *ele haverá de te exaltar e engrandecer;– possuirás a nova terra por herança, *e assistirás à perdição dos malfeitores.
–35 Eu vi o ímpio levantar-se com soberba, *elevar-se como um cedro exuberante;–36 depois passei por lá e já não era, *procurei o seu lugar e não o achei.
–37 Observa bem o homem justo e o honesto: *quem ama a paz terá bendita descendência.–38 Mas os ímpios serão todos destruídos, *e a sua descendência exterminada.
–39 A salvação dos piedosos vem de Deus; *ele os protege nos momentos de aflição.=40 O Senhor lhes dá ajuda e os liberta, †defende-os e protege-os contra os ímpios, *e os guarda porque nele confiaram.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Confia em Deus e segue sempre
seus caminhos!
V. Eis o tempo de conversão.
R. Eis o dia da salvação.
Primeira leitura
Do Livro do Êxodo 16,1-18.35
O maná no deserto
1Toda a comunidade dos filhos de Israel partiu de
Elim e chegou ao deserto de Sin, entre Elim e o Sinai, no dia quinze do
segundo mês da saída do Egito. 2A comunidade dos filhos de
Israel pôs-se a murmurar contra Moisés e Aarão, no deserto, dizendo: 3“Quem
dera
se tivéssemos morrido pela mão do Senhor no Egito, quando nos
sentávamos junto às panelas de carne e comíamos pão com fartura! Por
que nos trouxestes a este deserto para matar de fome a toda esta
gente?”
4O Senhor disse a Moisés: “Eu farei chover para vós
o pão do céu. O povo sairá diariamente e só recolherá a porção de cada
dia a fim de que eu o ponha à prova, para ver se anda ou não na minha
lei. 5No sexto dia, quando prepararem o que tiverem
trazido, terão o dobro do que recolherem diariamente”.
6Moisés e Aarão disseram a todos os filhos de
Israel: “Esta tarde, sabereis que foi o Senhor que vos fez sair da
terra do Egito; 7e, pela manhã, vereis a glória do Senhor.
Ele ouviu as vossas murmurações contra o Senhor; porém, quem somos nós,
para que murmureis contra nós?” 8E Moisés continuou: “O
Senhor vos dará esta tarde carne para comerdes, e pela manhã pão com
fartura; porque ouviu as murmurações que fizestes contra ele. Nós,
porém, quem somos? Não é contra nós a vossa murmuração, mas contra o
Senhor”.
9E Moisés disse a Aarão:“Dize a toda a comunidade
dos filhos de Israel: ‘Apresentai-vos diante do Senhor, pois ele ouviu
a vossa murmuração’”. 10Enquanto Aarão falava a toda a comunidade dos
filhos de Israel, voltando os olhos para o deserto, eles viram aparecer
na nuvem a glória do Senhor. 11O Senhor falou, então, a
Moisés, dizendo: 12“Eu ouvi as murmurações dos filhos de
Israel. Dize-lhes, pois: ‘Ao anoitecer, comereis carne, e pela manhã
vos fartareis de pão. Assim sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus’”.
13Com efeito, à tarde, veio um bando de codornizes e
cobriu o acampamento; e, pela manhã, formou-se uma camada de orvalho ao
redor do acampamento. 14Quando se evaporou o orvalho que
caíra, apareceu na superfície do deserto uma coisa miúda, em forma de
grãos, fina como a geada sobre a terra. 15Vendo aquilo, os
filhos de Israel disseram entre si: “Que é isto?” Porque não sabiam o
que era. Moisés respondeu-lhes: “Isto é o pão que o Senhor
vos deu como alimento. 16Eis a ordem que o Senhor vos deu:
Que cada um recolha para comer a quantia de que necessita, quatro litros
e meio por cabeça, e de acordo com o número de pessoas que moram em
cada tenda”. 17Assim fizeram os filhos de Israel,
recolhendo uns mais, outros menos. 18Mas, ao medir depois
as quantias, não sobrava a quem tinha recolhido mais, nem faltava a
quem tinha recolhido menos; cada um recolhia quanto podia comer. 35Os
filhos
de Israel comeram maná durante quarenta anos, até entrarem em
terra habitada; alimentaram-se com esta comida até chegarem às
fronteiras de Canaã.
Responsório Cf. Sb 16,20; Jo 6,32b
R. Saciastes vosso povo com manjar
digno de anjos
e lhes destes pão do céu,
* Que contém toda delícia e agrada a todo gosto.
V. Não foi Moisés quem deu outrora
aquele pão que vem do céu,
porém, meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu.
* Que contém.
Segunda leitura
Dos Comentários sobre os Salmos, de Santo Agostinho, bispo
(Ps 140,4-6:CCL 40,2028-2029)
(Séc.V)
A paixão de todo o corpo de Cristo
Senhor, eu clamo por vós, socorrei-me sem demora (Sl
140,1). Isto todos nós podemos dizer. Não sou eu que digo, é o Cristo
total que diz. Contudo, estas palavras foram ditas especialmente em
nome do Corpo, porque, quando Cristo estava neste mundo, orou como
homem; orou ao Pai em nome do Corpo; e enquanto orava, gotas de sangue
caíram de todo o seu corpo. Assim está escrito no Evangelho: Jesus
rezava com mais insistência e seu suor tornou-se como gotas de sangue
(Lc 22,44). Que significa este derramamento de sangue de todo o seu
corpo, senão a paixão dos mártires de toda a Igreja? Senhor, eu
clamo por vós, socorrei-me sem demora. Quando eu grito, escutai minha
voz! (Sl 140,1). Julgavas ter acabado de vez o teu clamor ao dizer:
eu clamo por vós. Clamaste, mas não julgues que já estejas em
segurança. Se findou a tribulação, findou também o clamor; mas se a
tribulação da Igreja e do Corpo de Cristo continua até o fim dos
tempos, não só devemos dizer: eu clamo por vós, socorrei-me sem
demora; mas: Quando eu grito, escutai minha voz! Minha oração suba a
vós como incenso, e minhas mãos, como oferta da tarde (Sl 140,2).
Todo cristão sabe que esta expressão continua a ser atribuída à
própria Cabeça. Porque, na verdade, foi ao cair da tarde daquele dia,
que o Senhor, voluntariamente, entregou na cruz sua vida, para
retomá-la em seguida. Também aqui estávamos representados. Com efeito,
o que estava suspenso na cruz foi o que ele assumiu da nossa natureza.
Como seria possível que o Pai rejeitasse e abandonasse algum momento
seu Filho Unigênito, sendo ambos um só Deus? Contudo, cravando nossa
frágil natureza na cruz, onde o nosso homem velho, como diz o Apóstolo,
foi crucificado com Cristo (Rm 6,6), clamou com a voz da nossa
humanidade: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Sl
21,2).
Eis, portanto, o verdadeiro sacrifício vespertino: a paixão do
Senhor, a cruz do Senhor, a oblação da vítima salvadora, o holocausto
agradável a Deus. Esse sacrifício vespertino, ele o converteu, por sua
ressurreição, em oferenda da manhã. Assim, a oração que se eleva, com
toda pureza, de um coração fiel, é como o incenso que sobe do altar
sagrado. Não há aroma mais agradável a Deus: possam todos os fiéis
oferecê-lo ao Senhor. Por isso, o nosso homem velho – são palavras do
Apóstolo – foi crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo
do pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado (Rm 6,6).
Responsório Cf. Gl 2,19.20
R. Estou pregado com Cristo na cruz.
* Eu vivo, porém, já não eu,
mas Cristo é que vive em mim.
V. Vivo agora esta vida na fé no Filho
de Deus, Jesus Cristo,
que me amou e, por mim, se entregou. * Eu vivo.
Oração
Guardai, Senhor Deus, a vossa Igreja com a vossa constante proteção, e,
como a fraqueza humana desfalece sem vosso auxílio, livrai-nos
constantemente do mal e conduzi-nos pelos caminhos da salvação. Por
nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.