Do Segundo Livro das Crônicas
29,1-2; 30,1-16a
A Páscoa sacerdotal do rei Ezequias
29,1Ezequias tornou-se rei com vinte e cinco anos de idade
e reinou vinte e nove anos em Jerusalém; sua mãe chamava-se Abia e era filha de Zacarias. 2Fez o que é agradável
aos olhos do Senhor imitando tudo o que fizera Davi, seu
antepassado.
30,1Ezequias enviou mensageiros para todo o Israel e Judá;
escreveu também cartas a Efraim e Manassés para convidá-los a vir ao Templo do Senhor, em Jerusalém, celebrar
uma Páscoa em honra do Senhor, Deus de Israel. 2O rei,
seus oficiais e toda a assembleia de Jerusalém tinham resolvido celebrá-la no segundo mês, 3já que não mais podiam
celebrá-la na própria data, porque não estavam santificados
sacerdotes em número suficiente, e o povo ainda não se
tinha reunido em Jerusalém. 4Isso pareceu justo aos olhos
do rei e de toda a Assembleia. 5Decidiu-se publicar em todo
o Israel, de Bersabeia a Dã, um apelo para que viessem
celebrar em Jerusalém uma Páscoa para o Senhor, Deus
de Israel; de fato, eram poucos os que tinham cumprido a
Escritura. 6Partiram então os mensageiros, com as cartas
escritas pelo rei e seus oficiais, e foram por todo o Israel
e Judá. Deviam dizer, segundo a ordem do rei: “Israelitas,
voltai ao Senhor, o Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, e
ele voltará para aqueles dentre vós que sobrevivem depois
de ter escapado das mãos dos reis da Assíria. 7Não façais
como vossos pais e vossos irmãos que pecaram contra o Senhor, o Deus de seus pais, e foram por ele entregues à ruína,
como vedes. 8Não endureçais mais a vossa cerviz como o
fizeram vossos pais. Submetei-vos ao Senhor, vinde a seu
santuário, que ele consagrou para sempre, servi ao Senhor
vosso Deus, e ele afastará de vós sua ardente ira. 9Porque,
se de fato voltardes para o Senhor, vossos irmãos e vossos
filhos encontrarão misericórdia diante de seus vencedores
e poderão regressar a esta terra, pois o Senhor vosso Deus
é cheio de compaixão e de ternura. Se voltardes para ele,
não afastará de vós a sua face.”
10Os mensageiros foram e percorreram, de cidade em
cidade, o país de Efraim e de Manassés, e também o de
Zabulon; mas zombavam deles e os escarneciam. 11No entanto, alguns homens de Aser, de Manassés e de Zabulon
se humilharam e vieram a Jerusalém. 12Foi em Judá que a
mão de Deus agiu para dar a todos um só coração, a fim
de executarem as prescrições do rei e dos oficiais, contidas
na Palavra do Senhor. 13Um povo numeroso reuniu-se em
Jerusalém para celebrar no segundo mês a festa dos Ázimos.
Uma assembleia extremamente numerosa 14pôs-se a destruir
os altares que estavam em Jerusalém e todos os altares de
perfumes, para jogá-los no vale do Cedron.
15Imolaram a Páscoa no dia catorze do segundo mês.
Cheios de confusão, os sacerdotes e os levitas santificaram-se e foram levar os holocaustos ao Tempo do Senhor.
16aDepois se puseram em seus postos.
Responsório Cf. 2Cr 29,4.5; 1Cor 3,17
R. Ezequias disse aos sacerdotes e ao levitas.
* Santificai-vos agora e consagrai o Templo do Senhor.
V. O templo de Deus é Santo, e este templo sois vós.
* Santificai-vos.
Dos “Discursos sobre a Páscoa”, de Santo Elredo, abade
Na nossa Páscoa, Cristo
é imolado realmente e não em figura
Caríssimos irmãos, ficai sabendo que durante esta vida
mortal não podemos celebrar a Páscoa sem alfaces agrestes,
isto é, sem amargura. Páscoa - como bem sabeis - quer
dizer passagem. Nas sagradas Escrituras, encontramos uma
tríplice passagem, que representa quase uma tríplice páscoa.
Com efeito, é celebrada uma primeira páscoa durante a saída
de Israel do Egito, quando da passagem dos judeus através
do mar Vermelho, da escravidão à liberdade, das panelas
de carne ao maná dos anjos.
É celebrada outra páscoa quando não apenas os judeus,
mas a humanidade inteira passou da morte à vida, do jugo
do demônio àquele de Cristo, da escravidão das trevas
à liberdade da glória dos filhos de Deus, dos alimentos
imundos dos vícios ao pão verdadeiro, o próprio pão dos
anjos que diz de si mesmo: Eu sou o pão vivo descido do
céu (Jo 6,51).
Celebraremos com alegria a terceira páscoa, quando passaremos daquilo que é mortal à imortalidade, da corrupção
à incorruptibilidade, da miséria à felicidade, da fadiga ao
repouso, do temor à segurança. A primeira é a páscoa dos
judeus; a segunda, a páscoa dos cristãos; a terceira é a páscoa dos santos e perfeitos. Na páscoa dos judeus, é imolado
um cordeiro; na páscoa dos cristãos, é imolado Cristo; na
páscoa dos santos e perfeitos, enfim, Cristo é glorificado.
Considerai os graus e as diferenças desta solenidade, como
Cristo realiza a nossa salvação, ele que se estende com vigor
de um extremo ao outro do mundo e governa o universo
com bondade (Sb 8,1).
Com efeito, na páscoa dos judeus, é imolado um cordeiro, figura velada da imolação de Cristo. Na páscoa dos
cristãos, Cristo é imolado realmente e não em figura. Na
páscoa dos santos e dos perfeitos, Cristo não é mais imolado, mas manifestado. Na primeira páscoa, é prefigurada
a paixão de Cristo; na segunda páscoa, a paixão é levada
a termo; na terceira páscoa, revela-se o fruto da paixão no
poder da ressurreição. Dessa maneira, a sabedoria vence
a malícia.
Com efeito, o meu Senhor Jesus, potência e sabedoria de
Deus, venceu, sábia e absolutamente, suave e fortemente,
a malícia da serpente antiga. Certamente, a malícia é uma
perversidade astuta, que gera e contém a soberba e a inveja
do demônio, por cuja causa a morte introduziu o germe de
todo pecado sobre a face da Terra. E assim, o meu Senhor
Jesus Cristo, de maneira sábia e não menos forte que suave,
uma vez por todas, venceu essa malícia em razão da qual
perecera todo o gênero humano.
Responsório Ex 12,5.6.13; 1Pd 1,18-19
R. O vosso cordeiro seja sem defeito;
toda a assembleia da
comunidade de Israel
o imolará ao crepúsculo.
* O sangue será para vós
um sinal nas casas em que estiverdes:
quando eu vir o sangue, passarei adiante e,
quando
eu ferir a terra do Egito,
não haverá entre vós o flagelo
destruidor.
V. Fostes resgatados da vida fútil
pelo sangue precioso de
Cristo,
como de cordeiro sem defeitos e sem mácula.
* O sangue será.