15a SEMANA DO TEMPO COMUMIII Semana do SaltérioSÁBADOOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Livro de Jó
7,1-21
Jó, oprimido, grita ao Senhor
Jó disse: 1 Não está o homem condenado a trabalhos forçados aqui na terra?
Não são seus dias os de mercenário?
2Como o escravo suspira pela sombra,
como o mercenário espera o salário,
3assim tive por herança meses de ilusão,
e couberam-me noites de pesar.
4Quando me deito, penso: “Quando virá o dia?”
Ao me levantar: “Quando chegará a noite?”
E pensamentos loucos invadem-me até o crepúsculo.
5Meu corpo cobre-se de vermes e pústulas,
a pele rompe-se e supura.
6Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira
e consomem-se sem esperança.
7Lembra-te de que minha vida é sopro,
e que meus olhos não voltarão a ver a felicidade.
8Os olhos de quem me via não mais me verão,
teus olhos pousarão sobre mim e já não existirei.
9Como a nuvem se dissipa e desaparece,
assim quem desce ao Xeol não subirá jamais.
10
Não voltará para sua casa,
sua morada não tornará a vê-lo.
11Por isso, não refrearei minha língua,
falarei com espírito angustiado
e queixar-me-ei com a alma amargurada.
12Acaso sou o Mar ou o Dragão,
para que ponhas um guarda contra mim?
13Se eu disser: “Meu leito consolar-me-á
e minha cama aliviar-me-á o sofrimento”,
14então me assustas com sonhos.
e me aterrorizas com visões.
15Preferiria morrer estrangulado;
antes a morte que meus tormentos.
16Eu zombo de mim, não viverei para sempre;
deixa-me, pois os meus dias são um sopro!
17Que é o homem, para que faças caso dele,
para que dele te ocupes,
18para que o inspeciones a cada manhã
e o examines a cada momento?
19Por que não afastas de mim o olhar
e não me deixas até que tiver engolido a saliva?
20Se pequei, que mal te fiz com isso,
sentinela dos homens?
Por que me tomas por alvo?
E cheguei a ser um peso para ti?
21Por que não perdoas meu delito
e não deixas passar a minha culpa?
Eis que vou logo deitar-me no pó;
procurar-me-ás e já não existirei.
Responsório Cf. Jó 7,5.7.6
R. Minha carne se cobre de podridão e de imundície,
minha pele racha e supura.
* Lembra-te, Senhor,
de que minha vida nada mais é do
que um sopro.
V. Meus dias passam mais depressa do que a lançadeira,
e
se desvanecem sem deixar esperança.
* Lembra-te.
Segunda leitura
Dos “Livros das Confissões”, de Santo Agostinho, bispo
(Liv. 10,26.37-29,40; CCL 27,174-176)
(Séc. V)
Em tua imensa misericórdia, toda a minha esperança
Onde te encontrei, Senhor, para te conhecer? Não
estavas certamente em minha memória antes que eu te
conhecesse.
Onde então te encontrei para te conhecer, a não ser
em ti, acima de mim? Não é propriamente um lugar.
Afastamo-nos, aproximamo-nos e não é um lugar. Em toda
parte, ó Verdade, presides a todos que vêm com diferentes
consultas.
Com clareza respondes, porém nem todos ouvem com
clareza. Todos perguntam o que querem e nem sempre
ouvem o que querem. Ótimo servo teu é quem não espera
ouvir de ti o que desejaria, mas antes quer aquilo que de
ti ouve.
Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te
amei! Estavas dentro e eu fora te procurava. Precipitava-me
eu, disforme, sobre as coisas formosas que fizeste. Estavas
comigo, contigo eu não estava. As criaturas retinham-me
longe de ti, aquelas que não existiriam se não estivessem
em ti. Chamaste e gritaste e rompeste a minha surdez.
Cintilaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira.
Exalaste perfume, aspirei-o e anseio por ti. Provei, tenho
fome e tenho sede. Tocaste-me e abrasei-me no desejo de
tua paz.
Quando me uno a ti com todo o meu ser, não há em
mim dor nem fadiga. Viva será minha vida, toda repleta de
ti. Agora ergues o que de ti está repleto. Como ainda não
estou pleno de ti, sou um peso para mim. Lutam minhas
lamentáveis alegrias com as tristezas deleitáveis. De que
lado estará a vitória, não sei.
Ai de mim, Senhor! Tem piedade de mim. Lutam minhas más tristezas com as boas alegrias, e não sei quem
vencerá.
Ai de mim, Senhor! Tem piedade de mim! Ai de
mim! Bem vês que não escondo minhas chagas. És o médico; eu, o doente. És misericordioso; eu, o miserável.
Não é verdade que a vida humana na terra é uma
tentação? Quem deseja pesares e dificuldades? Ordenas
tolerá-los, não amá-los. Ninguém ama aquilo que tolera,
mesmo se gosta de tolerar. Embora alegre-se por tolerar,
prefere não ter que tolerá-lo. Na adversidade desejo a
felicidade; na felicidade temo a adversidade. Que meio-termo haverá onde a vida humana não seja uma tentação?
Ai da felicidade do mundo, uma e duas vezes, pelo
temor da adversidade e pela caducidade da alegria! Ai
das adversidades do mundo, pelo desejo da felicidade!
A adversidade é dura e faz naufragar a tolerância. Não
é verdade que é uma tentação a vida humana sobre a
terra? Em tua imensa misericórdia ponho toda a minha
esperança.
Responsório Lc 19,10
R. Muito tarde vos amei, ó Beleza sempre antiga,
ó Beleza
sempre nova, muito tarde vos amei!
* Vós chamastes e gritastes e rompestes-me a surdez.
V. Veio o Filho do Homem buscar e salvar o que estava
perdido.
* Vós chamastes.OraçãoÓ
Deus, que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom
caminho, dai a todos os que professam a fé rejeitar o que não convém ao
cristão, e abraçar tudo o que é digno desse nome. Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.