SÃO PONCIANO, PAPA, E SANTO HIPÓLITO
PRESBÍTERO, MÁRTIRES

Ponciano foi ordenado bispo de Roma no ano 231. Desterrado para a Sardenha, juntamente com o presbítero Hipólito, pelo imperador Maximino, no ano 235, aí morreu, depois de ter abdicado do seu pontificado. Seu corpo foi sepultado no cemitério de Calisto, e o de Hipólito no cemitério que está junto à Via Tiburtina. A Igreja Romana presta culto a ambos os mártires já desde o princípio do século IV.

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 Ofício das Leituras

V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Esta introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.

Hino

Rei glorioso do mártir,
sois a coroa e o troféu,
pois desprezando esta terra,
procura apenas o céu.

 Que o coração inclinando,
possais ouvir nossa voz;
vossos heróis celebrando,
supliquem eles por nós!


Se pela morte venceram,
mostrando tão grande amor,
vençamos nós pela vida
de santidade e louvor.

A vós, Deus uno, Deus trino,
sobe hoje nosso louvor,
pelos heróis que imitaram
a própria cruz do Senhor.

Salmodia

Ant. 1 Até à morte fiéis ao Senhor,

derramaram seu sangue por Cristo

e alcançaram o prêmio eterno.

Salmo 2

1 Por que os povos agitados se revoltam? *
por que tramam as nações projetos vãos?
=2 Por que os reis de toda a terra se reúnem, †
e conspiram os governos todos juntos *
contra o Deus onipotente e o seu Ungido?

3 "Vamos quebrar suas correntes , dizem eles, *
"e lançar longe de nós o seu domínio!
4 Ri-se deles o que mora lá nos céus; *
zomba deles o Senhor onipotente.
5 Ele, então, em sua ira os ameaça, *
e em seu furor os faz tremer, quando lhes diz:

6 "Fui eu mesmo que escolhi este meu Rei, *
e em Sião, meu monte santo, o consagrei!
=7 O decreto do Senhor promulgarei, †
foi assim que me falou o Senhor Deus: *
"Tu és meu Filho, e eu hoje te gerei!

=8 Podes pedir-me, e em resposta eu te darei †
por tua herança os povos todos e as nações, *
e há de ser a terra inteira o teu domínio.
9 Com cetro férreo haverás de dominá-los, *
e quebrá-los como um vaso de argila!

10 E agora, poderosos, entendei; *
soberanos, aprendei esta lição:
11 Com temor servi a Deus, rendei-lhe glória *
e prestai-lhe homenagem com respeito!

12 Se o irritais, perecereis pelo caminho, *
pois depressa se acende a sua ira!
– Felizes hão de ser todos aqueles *
que põem sua esperança no Senhor!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant.
Até à morte fiéis ao Senhor,
derramaram seu sangue por Cristo
e alcançaram o prêmio eterno.

Ant. 2 Os justos viverão eternamente,

e a sua recompensa é o Senhor.

 

Salmo 32(33)

 

I
   –1 Ó justos, alegrai-vos no Senhor! *
 Aos retos fica bem glorificá-lo.
 
 –2 Dai graças ao Senhor ao som da harpa, *
 na lira de dez cordas celebrai-o!
 –3 Cantai para o Senhor um canto novo, *
 com arte sustentai a louvação!
 
 –4 Pois reta é a palavra do Senhor, *
 e tudo o que ele faz merece fé.
 –5 Deus ama o direito e a justiça, *
 transborda em toda a terra a sua graça.
 
 –6 A palavra do Senhor criou os céus, *
 e o sopro de seus lábios, as estrelas.
 –7 Como num odre junta as águas do oceano, *
 e mantém no seu limite as grandes águas.
 
 –8 Adore ao Senhor a terra inteira, *
 e o respeitem os que habitam o universo!
 –9 Ele falou e toda a terra foi criada, *
 ele ordenou e as coisas todas existiram.
 
 –10 O Senhor desfaz os planos das nações *
 e os projetos que os povos se propõem.
 =11 Mas os desígnios do Senhor são para sempre, †
 e os pensamentos que ele traz no coração, *
 de geração em geração, vão perdurar.

 

 Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
 Como era no princípio, agora e sempre. Amém. 

 

Ant.Os justos viverão eternamente,
e a sua recompensa é o Senhor.

Ant. 3 Vós lutastes por mim sobre a terra:

recebei, meus amigos, o prêmio.


 
II
 –12 Feliz o povo cujo Deus é o Senhor, *
 e a nação que escolheu por sua herança!
 –13 Dos altos céus o Senhor olha e observa; *
 ele se inclina para olhar todos os homens.
 
 –14 Ele contempla do lugar onde reside *
 e vê a todos os que habitam sobre a terra.
 –15 Ele formou o coração de cada um *
 e por todos os seus atos se interessa.
 
 –16 Um rei não vence pela força do exército, *
 nem o guerreiro escapará por seu vigor.
 –17 Não são cavalos que garantem a vitória; *
 ninguém se salvará por sua força.
 
 –18 Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem, *
 e que confiam esperando em seu amor,
 –19 para da morte libertar as suas vidas *
 e alimentá-los quando é tempo de penúria.
 
 –20 No Senhor nós esperamos confiantes, *
 porque ele é nosso auxílio e proteção!
 –21 Por isso o nosso coração se alegra nele, *
 seu santo nome é nossa única esperança.
 
 –22 Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, *
 da mesma forma que em vós nós esperamos!
 
 Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
 Como era no princípio, agora e sempre. Amém. 

 

Ant. Vós lutastes por mim sobre a terra:

recebei, meus amigos, o prêmio.

 

 V. No Senhor nós esperamos confiantes.

R. Porque ele é nosso auxílio e proteção.

 

 Primeira leitura

Da Carta de São Paulo aos Romanos 8,18-39

 

Nada nos pode separar do amor de Deus,

que está em Cristo Jesus

Irmãos: 18Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós.

 19De fato, toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos deDeus. 20Pois a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua livre vontade, mas por sua dependência daquele que a sujeitou; 21também ela espera ser libertada da escravidão dacorrupção e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus. 22Com efeito, sabemos que toda a criação, até ao tempo presente, está gemendo como que em dores de parto.

23E não somente ela, mas nós também, que temos os primeiros frutos do Espírito, estamosinteriormente gemendo, aguardando a adoção filial e a libertação para o nosso corpo. 24Pois já fomos salvos,mas na esperança. Ora, o objeto da esperança não é aquilo que a gente está vendo; como pode alguém esperar o que já vê? 25Mas se esperamos o que não vemos, é porque o estamos aguardando mediante a perseverança.

26Também o Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos  inefáveis. 27E aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito. Pois é sempre segundo Deus que o Espírito intercede em favor dos santos.

 28Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus. 29Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos. 30E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou, também os tornou justos;e aos que tornou justos, também os glorificou.

 31Depois disto, que vos resta dizer? Se Deus é por nós, quem será contra nós? 32Deus que não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com ele? 33Quem acusará os escolhidos de Deus? Deus, que os declara justos? 34Quem condenará? Jesus Cristo, que morreu, mais ainda, que ressuscitou, e está, à direita de  Deus, intercedendo por nós?

 35Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? 36Pois é assim que está escrito: “Por tua causa somos entregues à morte, o dia todo; fomos tidos como ovelhas destinadas ao matadouro”.

37Mas, em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou! 38Tenho a certeza que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os poderes celestiais, nem o presente nem o futuro, nem as forças cósmicas, 39nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor.

 

Responsório Mt 5,44-45.48; Lc 6,17

 

R. Amai os vossos inimigos, diz Jesus,

orai por quem vos calunia e persegue,

* E sereis filhos do vosso Pai celeste.

V. Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.

* E sereis.


Segunda leitura

Das Cartas de São Cipriano, bispo e mártir

 (Epist. 10,2-3.5: CSEL 3,491-492.494-495)
(Séc. III)

Fé inexpugnável
Com que louvores proclamarei, irmãos fortíssimos, o vigor de vosso peito, a perseverança da fé, e com que elogio os exaltarei? Tolerastes duríssima tortura até a consumação na glória. Não cedestes aos suplícios, foram antes os suplícios que cederam diante de vós. As coroas deram fim às dores que os tormentos não davam. Os maiores dilaceramentos duraram muito tempo, não para lançar abaixo a fé, mas para enviar mais depressa ao Senhor os homens de Deus.
A multidão presente viu, admirada, o celeste combate de Deus e a luta espiritual de Cristo. Viu seus servos que perseveraram, com a palavra livre, com a mente incorrupta, com a força divina: despidos diante das flechas terrenas, mas armados com as armas da fé. Os torturados mantinham-se mais fortes do que os torturadores; os membros açoitados e dilacerados venceram os ferrões dos açoitadores e dilaceradores.
Os golpes furiosos, longamente repetidos, não conseguiram superar a fé inexpugnável. Embora suas vísceras estivessem arrebentadas, já não eram os membros destes servos de Deus que eram torturados, mas as chagas. Corria sangue que iria extinguir o incêndio da perseguição; o glorioso sangue derramado que apagaria a chama e o fogo da geena. Oh! que espetáculo foi este para o Senhor, que sublime, quão grande, de quanto apreço aos olhos de Deus, pelo juramento e consagração de seu soldado! Tal como está escrito nos salmos, que nos falam e exortam pelo Espírito Santo: Preciosa aos olhos de Deus a morte de seus justos (Sl 115,15). Preciosa a morte que compra a imortalidade ao preço de seu sangue, que recebe a coroa de Deus pela perfeição da virtude.
Quão alegre ali estava Cristo, com que satisfação lutou e venceu em tais servos seus, ele, o protetor da fé, que dá aos crentes tanto quanto quem recebe crê poder comportar. Esteve presente em seu combate, levantou, fortaleceu, animou os lutadores e as testemunhas de seu nome. Aquele que uma vez venceu a morte em nosso lugar, sempre vence em nós.
Ó feliz Igreja nossa, iluminada pela honra da divina condescendência, que em nossos tempos o glorioso sangue dos mártires ilustra. Antes, alva pelas boas obras dos irmãos, fez-se agora purpúrea pelo sangue dos mártires. Entre suas flores não faltam nem os lírios nem as rosas. Lute cada um agora pela magnífica dignidade de ambas as honras. Ganhem coroas alvas pelas boas obras ou vermelhas pelo martírio.

 Responsório

 R. Ao lutarmos pela fé, Deus nos vê, os anjos olham
e o Cristo nos contempla.
* Quanta honra e alegria combater, vendo-nos Deus,
e a coroa receber do Juiz, que é Jesus Cristo.
V. Concentremos nossas forças, para a luta preparemo-nos
com a mente pura e forte, doação, fé e coragem.
* Quanta honra.

Oração

 Ó Deus, que a admirável constância dos mártires Ponciano e Hipólito faça crescer em nós o vosso amor e mantenha em nossos corações uma fé sempre firme. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.