Ofício das Leituras
 
Primeira leitura

Do Livro do Profeta Isaías 21,6-12

 
A sentinela anuncia a queda da Babilônia
6 Isto me disse o Senhor:
“Vai e coloca uma sentinela
para relatar tudo que vê.

7 Se ela vê um carro, uma parelha de cavalos,
uma pessoa montada num burro, outra num camelo,
deve concentrar o olhar com grande atenção”.

8 Gritou a sentinela:
“Eu fico sempre o dia inteiro, Senhor,
em meu posto de observação,
fico as noites inteiras
em meu posto de guarda;
9 eis que está vindo para cá um punhado de homens,
uma parelha de cavalos”.

E, retomando, disse:
“Caiu, caiu Babilônia,
todas as estátuas de seus deuses
foram quebradas no chão”.

10 Ó minha gente, triturada, batida na minha eira,
eu vos tenho relatado
o que ouvi do Senhor dos exércitos, Deus de Israel.

11 Oráculo sobre Duma.
Alguém grita para mim de Seir:
“Guarda, que notícias da noite?
Guarda, que notícias da noite?”

12 Disse o guarda:
“Chegou manhã, chegou noite;
se buscais alguém, continuai buscando,
voltai, vinde”.

Responsório Ap 18,2.4.5
R. Com voz poderosa, o anjo exclamou:
Caiu Babinia, a grande, caiu!
E ouvi outra voz do céu que dizia:

* Deixai-a, meu povo, para que cada um
se preserve da ria e da ira de Deus.

V. Seus pecados chegaram ao mais alto dos céus,
e o Senhor se lembrou dos atos iquos,
praticados por ela.

* Deixai-a, meu povo, para que cada um
se preserve da ria e da ira de Deus.

 
Segunda leitura

Do Tratado sobre o bem da paciência, de São Cipriano, bispo e mártir


(Nn. 13 et 15: CSEL 3,406-408)

(Séc. III)
 
Esperamos o que não vemos
É este o preceito salvífico de nosso Senhor e Mestre: Quem perseverar até o fim, será salvo (Mt 10,22). E ainda: Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8,31-32).
É preciso ter paciência e perseverar, irmãos caríssimos, para que, tendo sido introduzidos na esperança da verdade e da liberdade, possamos chegar à verdade e à liberdade. O fato de sermos cristãos exige que tenhamos fé e esperança, mas a paciência é necessária para que elas possam dar seus frutos.
Nós não buscamos a glória presente, mas a futura, como também ensina o Apóstolo Paulo: Já fomos salvos, mas na esperança. Ora, o objeto da esperança não é aquilo que se vê; como pode alguém esperar o que já vê? Mas se esperamos o que não vemos, é porque o estamos aguardando mediante a perseverança (Rm 8,24-25). A esperança e a paciência são necessárias para levarmos a bom termo o que começamos a ser e para conseguirmos aquilo que, tendo-nos sido apresentado por Deus, esperamos e acreditamos.
Noutro lugar, o mesmo Apóstolo ensina os justos, os que praticam o bem e os que acumulam para si tesouros no céu, na esperança da felicidade eterna, a serem também pacientes, dizendo: Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, principalmente aos irmãos na fé. Não desanimemos de fazer o bem, pois no tempo devido haveremos de colher, sem desânimo (Gl 6,10.9).
Ele recomenda a todos que não deixem de fazer o bem por falta de paciência; que ninguém, vencido ou desanimado pelas tentações, desista no meio do caminho do mérito e da glória, e venha a perder as boas obras já feitas, por não ter levado até o fim o que começou.
Finalmente, o Apóstolo, ao falar da caridade, une a ela a tolerância e a paciência. A caridade, diz ele, é paciente, é benigna; não é invejosa, não se ensoberbece, não se encoleriza, não suspeita mal; tudo ama, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (1Cor 13,4-5). Ensina-nos, portanto, que só a caridade pode permanecer, porque é capaz de tudo suportar.
E noutra passagem diz: Suportai-vos uns aos outros com amor; aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz (Ef 4,2b-3). Provou deste modo que só é possível conservar a união e a paz quando os irmãos se suportam mutuamente e guardam, mediante a paciência, o vínculo da concórdia.
 
Responsório Cf. Hab 2,3; Hb 10,37
R. O Senhor há de vir sem frustrar nossa espera;
* Esperemos atentos,
pois vi com certeza, sem mais retardar.
V. Ainda um pouco, um pouco somente
e vi o que vem.

*
Esperemos.

 Oração

Ó Deus, que enviastes a este mundo o vosso Unigênito para libertar da antiga escravidão o gênero humano, concedei aos que esperam vossa misericórdia chegar à verdadeira liberdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.