QUINTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro do Eclesiástico 16,24-17,12

O homem na criação
Escuta-me, filho, e aprende o conhecimento, aplica o teu coração às minhas palavras. Com medida revelarei a disciplina, com precisão anunciarei o conhecimento. 26Quando, no princípio, o Senhor criou suas obras, assim que foram feitas, atribuiu um lugar a cada uma. 27Ordenou para sempre a sua atividade e suas tarefas pelas suas gerações. Elas não sentem fome nem cansaço e não abandonam suas atividades. 28Nenhuma delas jamais se choca com a outra e jamais desobedecem à sua palavra. 29Depois disso, o Senhor olhou para a terra e a encheu com seus bens. 30Cobriu-lhe a superfície com toda a espécia de animais e estes retornarão para a terra. 17,1O Senhor tirou o homem da terra e a ela o faz voltar novamente. 2Deu aos homens número preciso de dias e tempo determinado, deu-lhes poder sobre tudo o que está sobre a terra. 3Revestiu-os de força como a si mesmo, criou-os à sua imagem. 4A toda carne inspirou o temor do homem, para que ele domine feras e pássaros. 5Eles receberam o uso de cinco poderes do Senhor, como sexto, a inteligência lhes foi dada em partilha e como sétimo a razão, intérprete de seus poderes. 6Deu-lhes o julgamento, uma língua, olhos, ouvidos e coração para pensar. 7Encheu-os de conhecimento e inteligência e mostrou-lhes o bem e o mal. 8Pôs seu temor em seu coração para lhes mostrar a grandeza de suas obras. E concedeu-lhes celebrar eternamente suas maravilhas. Eles louvarão o seu santo nome, 9narrando a grandeza de suas obras. 11Concedeu-lhes, ainda, o conhecimento, ele os gratificou com a lei da vida, para que compreendam que são mortais aqueles que existem no presente. 12Fez com eles aliança eterna e deu-lhes a conhecer seus julgamentos.

Responsório 1Cor 15,47.49; Eclo 17,1.3
R. O primeiro homem, tirado da terra, é terrestre;
o segundo homem vem do céu.
* Assim como trouxemos a imagem do homem terrestre,
assim também traremos a imagem do homem celeste.
V. O Senhor tirou o homem da terra,
e à sua imagem o formou.
* Assim como trouxemos.

Segunda leitura

Do Tratado “A vida em Cristo”, de Nicolau Cabasilas
(Liv. 1)
(Séc. XIV)


A bondade de Deus é inexplicável
Aquele que se une ao Senhor forma com ele um só espírito (1Cor 6,17). Como a bondade de Deus é inexplicável, e o seu amor pelo gênero humano supera toda a capacidade de expressão, enquanto corresponde somente à bondade divina, assim a sua união com aquele que ama supera em todos os aspectos qualquer união imaginável, e não pode ser explicada com nenhuma comparação por causa da sua dignidade.
Por isso a Escritura recorreu a muitos exemplos para exprimir essa estreitíssima união, dado que um só, absolutamente, não teria bastado.
Portanto, ora apresenta a casa e o seu habitante, ora a videira e os ramos, ora a união esponsal, ora a cabeça e os membros; mas de todos estes exemplos, nenhum deles corresponde plenamente e não é possível chegar à plena verdade com qualquer um deles. É preciso, sobretudo, que a união esteja lado a lado com o amor e a caridade. Mas o que pode estar à altura da caridade divina? Entre as semelhanças, as que, antes de qualquer outra coisa, parecem significar a união mais íntima são a união nupcial e a ligação entre a cabeça e os membros. Porém, mesmo estas, estão bem longe de dar-nos a ideia real da união divina. Na verdade, o matrimônio não unirá jamais os cônjuges a tal ponto que um seja e viva no outro, como se vê claramente em Cristo e na Igreja. Por isso o Apóstolo, depois de ter dito sobre o matrimônio: Este mistério é grande logo acrescenta, eu o digo referindo-me a Cristo e à Igreja! (Ef 5,32). Querendo explicar que ele não visa à união esponsal, mas àquela. Os membros, pois, estão estreitamente unidos à cabeça, e vivem desta conexão e conjunção a tal ponto que, quando esta união é quebrada, provoca a sua morte. Mas estes membros parecem estar mais unidos a Cristo do que à sua cabeça e vivem mais desta união do que daquela natural: o demonstram os santos mártires que suportaram alegremente esta última ruptura, e não quiseram nem mesmo ouvir falar da primeira. De fato, ofereceram com alegria a cabeça e os próprios membros ao algoz, mas não puderam ser separados e arrancados do Cristo nem mesmo por palavras. Em verdade, quem está mais unido a um outro que um homem está unido a si mesmo? No entanto, também esta união é inferior e menos perfeita do que aquela. Cada um dos espíritos bem aventurados é único e idêntico a si mesmo: todavia é mais unido ao Salvador do que a si mesmo, porque ama mais a ele do que a si mesmo. Paulo confirma o que dissemos quando prefere ser anátema, separado de Cristo, em favor dos judeus, para fazer crescer a glória do Senhor.
Se o amor humano é tão grande, é impossível medir o divino. E se os maus souberam dar provas de tanta bondade, o que diremos daquela outra bondade? Mas, se o amor é assim tão sublime e extraordinário, é preciso que também a união, para a qual tal amor arrasta os amantes, humilhe a inteligência humana a tal ponto que ela não possa mais elevar-se em busca de uma semelhança ou de uma comparação.

Responsório Sl 102(103),2.4; Gl 2,20
R. Bendize ao Senhor, ó minha alma;
* Não esqueças todos os seus favores:
 ele que salva da cova a tua vida,
te coroa de graça e de misericórdia.
V. Amou-me e se entregou a si mesmo por mim.
* Não esqueças.

Oração

Ó Deus, sempre nos preceda e acompanhe a vossa graça para que estejamos sempre atentos ao bem que devemos fazer. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.