Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.Aleluia.
Esta introdução se omite
quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
Ó Senhor, Rei eterno e sublime,
dos fiéis imortal Redentor!
Morre a morte, por vós destruída,
e triunfa, por graça, o amor.
Sobre o trono celeste elevado,
à direita do Pai vos sentais,
e um poder é a vós concedido,
que é do céu, não pertence aos mortais,
para que todo ser que criastes
nos abismos, na terra, ou nos céus
ante vós, de joelhos, se incline,
com respeito, adorando seu Deus.
Tremem anjos, perante a mudança
que o destino dos homens sofreu:
peca a carne e a carne redime,
reina a carne no Verbo de Deus.
Sois, Senhor, nosso gozo e delícia,
que a alegria do mundo ofuscais.
Sois também nosso prêmio perene,
vós que a todo o universo guiais.
Suplicantes, portanto, rogamos:
Nossas culpas, Senhor, perdoai.
Pela força da graça divina,
nossas mentes a vós elevai.
Quando em glória voltardes na nuvem,
a julgar as nações reunidas,
afastai os devidos castigos,
dai de novo as coroas perdidas.
Honra a vós, ó Jesus glorioso,
que às alturas dos céus ascendeis.
Com o Pai e o Espírito Santo
pelos séculos sem fim reinareis.
Salmodia
Ant.1 O amor
e a verdade vão andando à vossa frente. Aleluia.
Salmo 88(89),2-38
As misericórdias do Senhor com a descendência de DaviConforme prometera, da descendência de Davi, Deus fez surgir
um Salvador, que é Jesus (At 13,22.23).
I
–2 Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor,
*de geração em geração eu cantarei vossa verdade!–3 Porque dissestes: “O amor é garantido para
sempre!” *E a vossa lealdade é tão firme como os céus.
–4 “Eu firmei uma Aliança com meu servo, meu eleito,
*e eu fiz um juramento a Davi, meu servidor:–5 Para sempre, no teu trono, firmarei tua
linhagem, *de geração em geração garantirei o teu reinado!”
–6 Anuncia o firmamento vossas grandes maravilhas, *e o vosso amor fiel, a assembleia dos eleitos,–7 pois, quem pode, lá nas nuvens ao Senhor se
comparar *e quem pode, entre seus anjos, ser a ele semelhante?
–8 Ele é o Deus temível no conselho dos seus
santos,*ele é grande, ele é terrível para quantos o rodeiam.–9 Senhor Deus do universo, quem será igual a vós?
*Ó Senhor, sois poderoso, irradiais fidelidade!
–10 Dominais sobre o orgulho do oceano furioso, *quando as ondas se levantam, dominando as acalmais.–11Vós feristes a Raab e o deixastes como morto, *vosso braço poderoso dispersou os inimigos.
–12 É a vós que os céus pertencem, e a terra é
também vossa! *Vós fundastes o universo e tudo aquilo que contém.–13 Vós criastes no princípio tanto o norte como o
sul; *o Tabor e o Hermon em vosso nome rejubilam.
–14 Vosso braço glorioso se revela com poder! *Poderosa é vossa mão, é sublime a vossa destra!–15 Vosso trono se baseia na justiça e no direito,
*vão andando à vossa frente o amor e a verdade.
–16 Quão feliz é aquele povo que conhece a alegria;
*seguirá pelo caminho, sempre à luz de vossa face!–17 Exultará de alegria em vosso nome dia a dia, *e com grande entusiasmo exaltará vossa justiça.
–18 Pois sois vós, ó Senhor Deus, a sua força e sua
glória, *é por vossa proteção que exaltais nossa cabeça.–19 Do Senhor é o nosso escudo, ele é nossa
proteção, *ele reina sobre nós, é o Santo de Israel!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,*como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. O amor e a verdade vão andando à
vossa frente. Aleluia.
Ant.2 O Filho
de Deus se fez homem
e nasceu da família de Davi. Aleluia.
II
=20 Outrora vós falastes em visões a vossos santos:
†“Coloquei uma coroa na cabeça de um herói *e do meio deste povo escolhi o meu Eleito.
–21 Encontrei e escolhi a Davi, meu servidor, *e o ungi, para ser rei, com meu óleo consagrado.–22 Estará sempre com ele minha mão onipotente, *e meu braço poderoso há de ser a sua força.
–23 Não será surpreendido pela força do inimigo, *nem o filho da maldade poderá prejudicá-lo.–24 Diante dele esmagarei seus inimigos e
agressores, *ferirei e abaterei todos aqueles que o odeiam.
–25 Minha verdade e meu amor estarão sempre com ele,
*sua força e seu poder por meu nome crescerão.–26 Eu farei que ele estenda sua mão por sobre os
mares, *e a sua mão direita estenderei por sobre os rios.
–27 Ele, então, me invocará: ‘Ó Senhor, vós sois meu
Pai, *sois meu Deus, sois meu Rochedo onde encontro a salvação!’–28 E por isso farei dele o meu filho primogênito,
*sobre os reis de toda a terra farei dele o Rei altíssimo.
–29 Guardarei eternamente para ele a minha graça *e com ele firmarei minha Aliança indissolúvel.–30 Pelos séculos sem fim conservarei sua
descendência, *e o seu trono, tanto tempo quanto os céus, há de durar”.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,*como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. O Filho de Deus se fez homem
e nasceu da família de Davi. Aleluia.
Ant.3 Eu
jurei uma só vez a Davi, meu servidor:
Eis que a tua descendência durará eternamente. Aleluia.
III
–31 “Se seus filhos, porventura, abandonarem minha
lei *e deixarem de andar pelos caminhos da Aliança;–32 se, pecando, violarem minhas justas prescrições
*e se não obedecerem aos meus santos mandamentos:
–33 eu, então, castigarei os seus crimes com a vara,
*com açoites e flagelos punirei as suas culpas.–34 Mas não hei de retirar-lhes minha graça e meu
favor *e nem hei de renegar o juramento que lhes fiz.
–35 Eu jamais violarei a Aliança que firmei, *e jamais hei de mudar o que meus lábios proferiram!–36 Eu jurei uma só vez por minha própria
santidade, *e portanto, com certeza,a Davi não mentirei!
–37 Eis que a sua descendência durará eternamente *e seu trono ficará à minha frente como o sol;–38 como a lua que perdura sempre firme pelos
séculos, *e no alto firmamento é testemunha verdadeira”.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,*como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Eu jurei uma só vez a Davi, meu
servidor:
Eis que a tua descendência durará eternamente. Aleluia.
V. Deus, o Pai, ressuscitou a Jesus
Cristo dentre os mortos, aleluia,
R. Para que esteja no Senhor a nossa
fé e esperança. Aleluia.
Primeira leitura
Dos Atos dos Apóstolos
27,1-20
Viagem de Paulo para Roma
Ao ser decidido o nosso embarque para a Itália, entregaram Paulo e alguns outros presos a um centurião chamado
Júlio, da coorte Augusta. Subimos a bordo de um navio de
Adramítio que ia partir para as costas da Ásia, e zarpamos.
Estava conosco Aristarco, macedônio de Tessalônica. No dia
seguinte, aportamos em Sidônia. Tratando Paulo com humanidade, Júlio permitiu-lhe ver os amigos e receber deles
assistência. Partindo dali, navegamos rente à ilha da Chipre,
por serem contrários os ventos. A seguir, tendo atravessado
o mar ao longo da Cilícia e da Panfília, desembarcamos
em Mira, na Lícia, ao fim de quinze dias. Ali encontrou o
centurião um navio alexandrino de partida para a Itália, e
para ele nos transferiu.
Durante vários dias navegamos lentamente, chegando
com dificuldade à altura de Cnido. O vento, porém, não
nos permitiu aportar. Velejamos rente a Creta, junto ao cabo
Salmone e, costeando-a com dificuldade, chegamos a um
lugar chamado Bons Portos, perto do qual está a cidade de
Lasaia.
Tendo transcorrido muito tempo, a navegação já se
tornava perigosa, também porque já tinha passado o Jejum.
Paulo, então, tentou adverti-los: “Amigos, vejo que a viagem
está em vias de consumar-se com muito dano e prejuízo,
não só da carga e do navio, mas também de nossas vidas”.
O centurião, porém, deu mais crédito ao piloto e ao armador
do que ao que Paulo dizia. O porto, aliás, não era próprio
para se invernar. A maioria, pois, foi de opinião que se devia
zarpar dali, para ver se poderiam chegar a Fênix. Este é um
porto de Creta, ao abrigo dos ventos sudoeste e noroeste.
Ali poderiam passar o inverno.
Tendo soprado brandamente o vento sul, pensaram
ter alcançado o que pretendiam: levantaram âncora e
puseram-se a costear Creta mais de perto. Não muito
depois, desencadeou-se do lado da ilha um vento em
turbilhão, chamado Euroaquilão. O navio foi arrastado
violentamente, incapaz de resistir ao vento: deixamo-nos,
então, derivar. Passando rente a uma ilhota, chamada Cauda,
com dificuldade conseguimos recolher o escaler. Após tê-lo içado, os tripulantes usaram de recursos de emergência,
cingindo o navio com cabos. Contudo, temendo encalhar
na Sirte, soltaram a âncora flutuante, e assim deixaram-se
derivar. No dia seguinte, como fôssemos furiosamente
batidos pela tempestade, começaram a alijar a carga. No
terceiro dia, com as próprias mãos, lançaram ao mar até os
apetrechos do navio. Nem sol nem estrelas haviam aparecido
por vários dias, e a tempestade mantinha sua violência
não pequena: afinal, dissipava-se toda a esperança de nos
salvarmos.
Responsório At 23,11;Is 43,2
R. Tem confiança; assim como deste testemunho de mim
em Jerusalém,
* É preciso que sejas minha testemunha também em Roma,
aleluia.
V. Quando passares pela água, estarei contigo,
quando
atravessares rios, eles não te submergirão.
* É preciso.
Segunda leitura
Da Constituição dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja,
do Concílio Vaticano II.
(N. 4.12)
A missão do Espírito Santo na Igreja
Terminada na terra a obra que o Pai confiou ao Filho, o
Espírito Santo foi enviado no dia de Pentecostes a fim de
santificar continuamente a Igreja e, por Cristo, no único
Espírito, terem os fiéis acesso junto ao Pai. Ele é o Espírito
da vida, a fonte de água que jorra para a vida eterna. Por ele,
o Pai dá vida aos homens mortos pelo pecado, até ressuscitar
em Cristo seus corpos mortais.
O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis como
em um templo. Neles ora e dá testemunho da adoção de
filhos. Conduz a Igreja ao conhecimento da verdade total,
unifica-a na comunhão e nos ministérios, ilumina-a com
diversos dons carismáticos e hierárquicos e enriquece-a
com seus frutos.
Pela força do evangelho, rejuvenesce a Igreja, renovando-a constantemente e a conduz à perfeita união com seu
Esposo. Pois o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus:
“Vem!”
Assim se apresenta a Igreja inteira como um povo
reunido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
O conjunto dos fiéis, consagrado pela unção do Espírito
Santo, não pode enganar-se na fé. Esta peculiaridade se
exprime através do sentido sobrenatural da fé, quando na
sua totalidade, a hierarquia e os fiéis leigos, manifestam um
consenso universal em matéria de fé e costumes.
Com este senso de fé, formado e sustentado pelo
Espírito da verdade, o povo de Deus, guiado pelo sagrado
magistério a que obedece com fidelidade, acolhe não mais
como palavras dos homens, mas, na realidade, a palavra de
Deus, e adere sem esmorecimento à fé que, uma vez para sempre, foi transmitida aos santos (Jd 3). Nela penetra
sempre mais profundamente, com reto julgamento, e cada
vez mais plenamente a põe em prática em sua vida.
Além disso, por meio dos sacramentos e ministérios, o
Espírito Santo não apenas santifica e conduz o povo de Deus
e o adorna com virtudes, mas ainda distribui a cada um seus dons conforme quer (1Cor 12,11), e concede também graças
especiais aos fiéis de todas as condições. Torna-os assim
aptos e disponíveis para assumir deveras obras ou funções,
em vista de uma séria renovação e mais ampla edificação da
Igreja, conforme foi dito: A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum (1Cor 12,5).
Estes carismas devem ser recebidos com ação de graças
e consolação. Pois todos, desde os mais extraordinários aos
mais simples e comuns, são perfeitamente apropriados e
úteis às necessidades da Igreja.
Responsório Jo 7,37-39
R. No último dia da festa, o mais solene,
estando em pé,
Jesus clamava em alta voz:
* Quem tem sede venha a mim, venha beber,
e torrentes
de água viva jorrarão do mais íntimo
de quem tem fé em
mim. Aleluia.
V. Jesus dizia isso do Espírito,
que devia receber quem nele
cresse.
* Quem tem sede.
Oração
Ó Deus misericordioso, concedei que a vossa Igreja, reunida no
Espírito Santo, se consagre ao vosso serviço num só coração e numa só
alma. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.