16o DOMINGO DO TEMPO COMUM
IV Semana do Saltério
Ofício das Leituras
Primeira leitura
Do Segundo Livro de Samuel
15,7-14.24-30; 16,5-13
Revolta de Absalão e fuga de Davi
15,7Ao fim de quatro anos, Absalão disse ao rei: “Permite
que eu vá a Hebron, a fim de cumprir um voto que fiz ao
Senhor. 8Porque, quando eu estava em Gessur, em Aram, o
teu servo fez este voto: Se Deus me conceder voltar a Jerusalém, prestarei um culto ao Senhor.” 9Disse-lhe o rei: “Vai
em paz!” Ele se pôs, então, a caminho, para ir a Hebron.
10Absalão mandou emissários a todas as tribos de Israel
para dizer-lhes: “Quando ouvirdes o som da trombeta, dizei
uns aos outros: Absalão tornou-se rei em Hebron!” 11Com
Absalão partiram de Jerusalém duzentos homens. Sendo
convidados, e vindo inocentemente, de nada estavam informados. 12Absalão encarregou de uma missão Aquitofel,
o gilonita, conselheiro de Davi, a partir de sua cidade de
Gilo, enquanto ele oferecia sacrifícios. A conjuração se
avolumava e se fortalecia, e a multidão dos partidários de
Absalão ia aumentando.
13Um informante veio dizer a Davi: “O coração dos homens de Israel se voltou para Absalão.” 14Então Davi disse
a todos os seus servos que estavam com ele em Jerusalém:
“Levantemo-nos e fujamos! Doutra sorte não escaparemos
de Absalão. Apressai-vos em partir, para que não aconteça
que se apresse ele e nos ataque, nos destrua e passe a cidade
ao fio da espada.”
24Eis que chegaram também Sadoc e todos os levitas,
transportando a Arca da Aliança de Deus. Puseram a Arca
de Deus, e Abiatar estava ali, até que todo o povo acabou
de sair da cidade. 25Então o rei disse a Sadoc: “Torna a levar
a Arca de Deus para a cidade. Se eu encontrar graça aos
olhos do Senhor, ele me trará de volta e me permitirá revê-la
e à sua Habitação; 26se porém, ele disser: ‘Tu me desagradas’, aqui estou: faça de mim o que lhe aprouver.” 27O rei
disse ao sacerdote Sadoc: “Vês a situação? Volta em paz à
cidade. Teu filho Aquimaás e Jônatas, o filho de Abiatar,
vossos dois filhos, estão convosco. 28Vede! Eu permanecerei
caminhando pelos trilhos de deserto, aguardando notícias
vossas.” 29Sadoc e Abiatar levaram, pois, a Arca de Deus
de volta a Jerusalém, e ali ficaram.
30Subia Davi chorando, pela encosta das Oliveiras, a
cabeça coberta e os pés descalços, e todo o povo que o
acompanhava tinha a cabeça coberta e subia chorando.
16,5Quando o rei Davi chegou a Baurim, surgiu um homem, membro do mesmo clã da família de Saul, cujo nome
era Semei, filho de Gera, e saiu proferindo maldições. 6Atirava pedras em Davi e em todos os servos do rei de Davi,
e apesar disso todo o povo e todos os valentes se puseram
à sua direita e à sua esquerda. 7Semei amaldiçoava a Davi
com estas palavras: “Vai-te! Vai-te! homem sanguinário,
bandido! 8Deus fez cair sobre ti todo o sangue da casa de
Saul, cujo trono usurpaste. Assim fez, o Senhor, tirando das
suas mãos a realeza para dá-la a teu filho Absalão. Estás
entregue à tua própria desgraça, porque és homem sanguinário.” 9Abisaí, filho de Sárvia, disse então ao rei: “Por que
este cão morto há de ficar amaldiçoando o senhor meu rei?
Deixa-me atravessa-lo e cortar-lhe a cabeça.” 10Mas o rei
respondeu: “Que tenho convosco filhos de Sárvia? Se ele
amaldiçoa e se o Senhor lhe ordenou: ‘Amaldiçoa a Davi’,
quem poderia dizer-lhe: ‘Por que fazes isso?’” 11Davi disse
a Abisaí e a todos os seus servos: “Vede: o filho que saiu
das minhas entranhas busca a minha morte. Com mais razão, este benjaminita! Deixai que amaldiçoe, se Deus lhe
ordenou que o fizeste. 12Talvez o senhor considere a minha
miséria e me restitua bem em lugar de sua maldição de hoje.”
13Davi e os seus homens continuaram o seu caminho. Semei
ia andando ao lado da montanha, paralelamente a Davi,
e, enquanto andava, proferia maldições, atirava pedras e
jogava terra para o ar.
Responsório
Sl 40(41),10; Mc 14,18b
R. Até mesmo o amigo em quem mais confiava,
* Que comia o meu pão, me calcou sob os pés.
V. Um de vós me trairá que comigo está à mesa.
* Que comia.
Segunda leitura
Das “Homilias” de São Lourenço de Brindisi, presbítero
(Hom. 2)
(Séc. XVII)
Cristo chora na sinagoga que tanto amava
O grande patriarca Abraão lamentou a morte de sua
esposa Sara, e Isaac, a de sua mãe. O povo de Israel chorou
pela morte do sumo sacerdote Araão e do grande profeta
Moisés. Davi lamentou a morte de Saul e de seu filho Absalão; assim chora Cristo por Jerusalém. Quem não sabe
que nas Sagradas Escrituras a sinagoga é chamada esposa
de Deus? Cristo é Deus e Jerusalém é a sinagoga.
No olhar de Cristo está presente a morte iminente de sua
esposa, portanto, quando viu a cidade, começou a chorar
(Lc 19,41). Assim, Davi chora por Absalão: Meu filho Absalão! Meu filho Absalão! Por que não morri eu em seu lugar?
Absalão, meu filho, meu filho! (2Sm 19,1); da mesma forma
Jesus diz a Jerusalém: quem me dera, Jerusalém, morrer em
seu lugar! Estou pronto para dar minha vida por você, para
que seja salva! Davi amava com ternura seu filho Absalão,
apesar de ser ímpio e tentar matar seu pai para apoderar-se
do reino; ainda assim, chorava, e queria morrer por ele. Da
mesma forma se comporta Cristo para com Jerusalém, e
chora, porque sente que agora ela está próxima da morte.
Ele se angustia por ela e não apenas deseja morrer pela sua
salvação, mas realmente morre. Cristo sentia uma profunda
dor porque enquanto se dirigia para morrer em Jerusalém,
para salvar a cidade, esta, por sua própria culpa, recebia a
morte Dele não como uma salvação, mas como uma condenação ainda mais grave. Quando viu a cidade, começou
a chorar. Na paixão dolorosa na cruz, Cristo não sofre tanto
pela própria dor e morte, mas sim porque havia homens que
nunca conheceriam este benefício; diz, de fato: Se compreendesse hoje o que lhe pode trazer a paz! (Lc 19,42). Todos
nós nascemos como filhos da ira e inimigos de Deus, e Ele
nos oferece o tempo da vida terrena para encontrarmos a
paz e alcançarmos a Sua graça e, finalmente, obtermos a
Sua glória. Mas, infelizmente, nós não nos preocupamos
absolutamente com isso; pelo contrário, caindo no pecado
a cada dia, tornamo-nos sempre mais inimigos de Deus.
Isso acontece porque não é visível aos nossos olhos nem
o fruto da graça de Deus, nem o fruto do pecado, que é a
condenação eterna.
Todavia, ó cristãos, sabemos que o céu e a terra passarão, mas as palavras de Cristo não podem passar. Cristo
advertiu Jerusalém de sua extrema ruína e previu a destruição da cidade pelos seus inimigos, e assim aconteceu.
Para nós Ele prediz a condenação eterna, se não tivermos
arrependimento: Convertam-se, porque o Reino do Céu está
próximo; se não se converterem, morrerão todos do mesmo
modo (Mt 4,17; Lc 13,5), como morreram os pecadores no
dilúvio ou no fogo de Pentápolis. E nós, o que fazemos?
Vamos ter arrependimento pelos nossos pecados ou, em vez
disso, vamos adicionar outros mais graves àqueles que já
cometemos? Quão deplorável é nossa cegueira!
Quando Jesus estava perto de Jerusalém e viu a cidade,
começou a chorar, porque não reconheceu o tempo em
que veio para visitá-la (cf. Lc 19,41.44). Em Sua bondade
misericordiosa, o Senhor visitou-nos para nos iluminar,
anunciando ao seu povo a salvação, o perdão dos pecados
(Lc 1,77); visitou-nos para nos salvar dos nossos pecados,
para conceder-nos que, livres do medo e arrancados das
mãos dos inimigos, nós o sirvamos com santidade e justiça,
em sua presença, todos os nossos dias (Lc 1,74.75). Mas,
por favor, irmãos, se queremos agir dessa maneira, temos
que estar conscientes do nosso fim. Então, tendo sempre a
nossa morte diante de nossos olhos, saberemos conhecer a
vaidade do mundo e guiaremos os nossos passos no caminho
da santidade e da justiça.
Responsório
Jr 15,5-6; Lc 19,42
R. Quem terá pena de você, Jerusalém,
quem terá compaixão de você?
Quem se voltará para perguntar como você
está passando?
* Você me abandonou, disse o Senhor.
V. Se também você compreendesse hoje o caminho da paz!
Agora, porém, isso está escondido aos seus olhos!
* Você.
Te Deum
em latim
(A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)
A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.
A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!
Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,
Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.
A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,
e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.
Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.
Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.
Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.
Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.
Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.
(A parte que se segue pode ser omitida, se for
oportuno).
Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.
Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.
Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.
Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.
Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!
Oração
Ó Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai
em nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e
caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.