Ofício
das Leituras
V.
Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Esta introdução se omite
quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
Agora é tempo favorável,
divino dom da Providência,
para curar o mundo enfermo
com um remédio, a penitência.
Da salvação refulge o dia,
na luz de Cristo a fulgurar.
O coração, que o mal
feriu,
a abstinência vem curar.
Em corpo e alma, a abstinência,
Deus, ajudai-nos a
guardar.
Por tal passagem,
poderemos
à páscoa eterna, enfim,
chegar.
Todo o Universo vos adore,
Trindade Santa, Sumo Bem.
Novos por graça entoaremos
um canto novo a vós.
Amém.
Salmodia
Ant.1
Lembrai-vos, ó Senhor, de mim, lembrai-vos;
visitai-me com a vossa salvação!
Salmo 105(106)
A bondade do Senhor e a infidelidade do
povo
Estas
coisas foram escritas para nos admoestar e instruir, a nós que já
chegamos ao
fim dos tempos (1Cor 10,11).
I
–1 Dai graças
ao Senhor, porque ele é bom, *
porque eterna é a sua misericórdia!
–2 Quem contará
os grandes feitos do Senhor? *
Quem cantará todo o louvor que ele merece?
–3 Felizes
os que guardam seus preceitos *
e praticam a justiça em todo o tempo!
–4 Lembrai-vos,
ó Senhor, de mim, lembrai-vos, *
pelo amor que demonstrais ao vosso povo!
–
Visitai-me com a vossa salvação, *
5 para que eu veja
o bem-estar do vosso povo,
– e exulte
na alegria dos eleitos, *
e me glorie com os que são vossa herança.
–6 Pecamos
como outrora nossos pais, *
praticamos a maldade e fomos ímpios;
–7 no Egito
nossos pais não se importaram *
com os vossos admiráveis grandes feitos.
–
Logo esqueceram vosso amor prodigioso *
e provocaram o Senhor no mar Vermelho;
–8 mas salvou-os
pela honra de seu nome, *
para dar a conhecer o seu poder.
–9 Ameaçou
o mar Vermelho e ele secou, *
entre as ondas os guiou como em deserto;
–10 dos seus
perseguidores os salvou, *
e do poder do inimigo os libertou.
–11 Seus opressores
afogaram-se nas águas, *
tanto assim que não sobrou nenhum sequer.
–12 Então
tiveram fé na sua palavra *
e cantaram em seguida o seu louvor.
–13 Mas bem depressa
esqueceram suas obras, *
não confiaram nos projetos do Senhor.
–14 No deserto
deram largas à cobiça, *
na solidão eles tentaram o Senhor.
–15 Concedeu-lhes
o Senhor o que pediam *
e saciou a sua gula e seus desejos.
–16 Invejaram
a Moisés no acampamento, *
e a Aarão, o consagrado do Senhor.
–17 Abriu-se a terra
e ali tragou Datan *
e sepultou o bando todo de Abiron.
–18 Um fogo
consumiu seus seguidores, *
uma chama devorou aqueles ímpios.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant.
Lembrai-vos,
ó Senhor, de mim, lembrai-vos;
visitai-me com a vossa salvação!
Ant.2
O povo da Aliança somos nós:
não esqueçamos o amor do nosso Deus!
II
–19 Construíram
um bezerro no Horeb *
e adoraram uma estátua de metal;
–20 eles trocaram
o seu Deus, que é sua glória, *
pela imagem de um boi que come feno.
–21 Esqueceram-se
do Deus que os salvara, *
que fizera maravilhas no Egito;
–22 no país de Cam
fez tantas obras admiráveis, *
no mar Vermelho, tantas coisas assombrosas.
–23 Até pensava
em acabar com sua raça, *
não tivesse Moisés, o seu eleito,
– se
interposto, intercedendo junto a ele, *
para impedir que sua ira os destruísse.
–24 Desprezaram
uma terra de delícias, *
não confiaram na palavra do Senhor;
–25 murmuraram
contra ele em suas tendas, *
não quiseram escutar a sua voz.
–26 Então,
erguendo a mão, ele jurou *
que havia de prostrá-los no deserto
– e
dispersar os filhos seus por entre os povos, *
espalhando-os através da terra inteira.
–27 Renderam culto
a Baal, deus de Fegor, *
e comeram oblações a deuses mortos;
–28 provocaram
o Senhor com suas práticas, *
e uma peste entre eles se alastrou.
–30 Então Finéias
levantou-se e fez justiça, *
e a peste em seguida terminou;
–31 justiça
seja feita, pois, a ele, *
de geração em geração, por todo o sempre!
–32 Junto às águas
de Meriba o irritaram, *
e Moisés saiu-se mal por causa deles;
–33 porque tinham
irritado seu espírito *
e o levaram a falar sem refletir.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant.
O povo
da Aliança somos nós:
não esqueçamos o amor do nosso Deus!
Ant.3
Salvai-nos, ó Senhor e nosso Deus,
e, do meio das nações, nos congregai!
III
–34 Não quiseram
suprimir aqueles povos, *
que o Senhor tinha mandado exterminar;
–35 misturaram-se,
então, com os pagãos, *
e aprenderam seus costumes depravados.
–36 Aos ídolos
pagãos prestaram culto, *
que se tornaram armadilha para eles;
–37 pois imolaram
até mesmo os próprios filhos, *
sacrificaram suas filhas aos demônios.
–38 O sangue
inocente derramaram, *
o sangue de seus filhos e suas filhas,
– que
aos deuses de Canaã sacrificaram, *
profanando aquele chão com tanto sangue!
–39 Contaminaram-se
com suas próprias obras, *
prostituíram-se em crimes incontáveis.
–40 Acendeu-se
a ira de Deus contra o seu povo, *
e o Senhor abominou a sua herança.
–41 E entregou-os
entre as mãos dos infiéis, *
para que fossem dominados por estranhos;
–42 seus inimigos
se tornaram seus tiranos *
e os humilharam sob o jugo de suas mãos.
=43 Quantas vezes
o Senhor os libertou! †
Eles, porém, por malvadez o provocavam, *
e afundavam sempre mais em seu pecado.
–44 Mas o Senhor
tinha piedade do seu povo, *
quando ouvia o seu grito na aflição.
–45 Lembrou-se então
da Aliança em seu favor *
e no seu imenso amor se comoveu,
–46 fazendo
que encontrassem compaixão *
junto àqueles que os levaram como escravos.
–47 Salvai-nos,
ó Senhor, ó nosso Deus, *
e do meio das nações nos congregai,
–
para ao vosso santo nome agradecer *
e para termos nossa glória em vos louvar!
=48 Seja bendito
o Senhor Deus de Israel, †
desde sempre e pelos séculos sem fim! *
Que todo o povo diga Amém, oh sim, Amém!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant.
Salvai-nos, ó Senhor
e nosso Deus,
e, do meio das nações,
nos congregai!
V. Quem pratica a verdade se põe junto
à luz.
R. E suas
obras de filho de Deus se
revelam.
Primeira leitura
Do Livro do Deuteronômio
32,48-52;34,1-12
A morte de Moisés
Nesse mesmo dia, o Senhor falou a Moisés: “Sobe a
esta montanha dos Abarim, sobre o monte Nebo, na terra
de Moab, diante de Jericó, e contempla a terra de Canaã
que eu dou como propriedade aos israelitas. Morrerás no
monte em que tiveres subido e irás reunir-te aos teus, assim
como o teu irmão Aarão, que foi reunido ao seu povo no
monte Hor, pois fostes infiéis a mim no meio dos israelitas,
junto às águas de Meriba-Cades, no deserto de Sin, não
reconhecendo a minha santidade no meio dos israelitas.
Por isso contemplarás a terra à tua frente, mas não poderás
entrar nela, na terra que estou dando aos israelitas.”
Moisés subiu, então, das estepes de Moab para o monte
Nebo, ao cume do Fasga, que está diante de Jericó. E o
Senhor mostrou-lhe toda a terra: de Galaad até Dã, todo o
Neftali, a terra de Efraim e Manassés, toda a terra de Judá até
o mar ocidental, o Negueb, o distrito da planície de Jericó,
cidade das palmeiras, até Segor. E o Senhor lhe disse: “Esta
é a terra que, sob juramento, prometi a Abraão, Isaac e Jacó,
dizendo: ‘Eu a darei à tua descendência.’ Eu a mostrei aos
teus olhos; tu, porém, não atravessarás para lá.”
E Moisés, servo do Senhor, morreu ali, na terra de Moab,
conforme a palavra do Senhor. E ele o sepultou no vale, na
terra de Moab, defronte a Bet-Fegor; e até hoje ninguém
sabe onde é a sua sepultura. Moisés tinha cento e vinte anos
quando morreu; sua vista não havia enfraquecido e seu vigor
não se esgotara. Os israelitas choraram Moisés nas estepes
de Moab durante trinta dias, até o término do pranto em luto
por Moisés. Josué, filho de Nun, estava cheio de espírito de
sabedoria, porquanto Moisés lhe impusera as mãos. E os
israelitas lhe obedeceram, agindo conforme o Senhor tinha
ordenado a Moisés.
E em Israel nunca mais surgiu um profeta como Moisés
- a quem o Senhor conhecia face a face -, seja por todos os
sinais e prodígios que o Senhor o mandou realizar na terra
do Egito, contra Faraó, contra todos os seus servidores e
toda a sua terra, seja pela mão forte e por todos os feitos
grandiosos e terríveis que Moisés realizou aos olhos de
todo Israel!
Responsório
Cf. Eclo 45,1-3;At 17,35
R. Moisés foi amado por Deus e pelos homens,
sua memória é uma benção.
Deus o fez semelhante aos santos em
glória,
* Tornou-o poderoso para o terror dos inimigos
e pela sua
palavra fez cessar os prodígios.
V. Deus o enviou como chefe e resgatador,
mediante o anjo
que lhe apareceu na sarça.
* Tornou-o poderoso para o.
Segunda leitura
Da Constituição pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja
no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II
(N. 18.22)
O mistério da morte
É em face da morte que o enigma da condição
humana atinge o seu ponto máximo. Não são só a dor
e a progressiva dissolução do corpo que atormentam o
homem, mas também, e ainda mais, o temor de que tudo
acabe para sempre. Mas a intuição do próprio coração o
faz acertar quando o leva a afastar com horror e a recusar
a ruína total e o desaparecimento definitivo da sua pessoa.
A semente de eternidade que nele existe, irredutível à pura
matéria, insurge-se contra a morte. Todas as tentativas da
técnica, por mais úteis que sejam, não conseguem acalmar
a ansiedade do homem: o prolongamento da longevidade
biológica não pode satisfazer áquele desejo de uma vida
ulterior, invencivelmente arraigado no seu coração.
Enquanto, diante da morte, qualquer imaginação se
revela impotente, a Igreja, ensinada pela revelação divina,
afirma que o homem foi criado por Deus para uma finalidade
feliz, para além dos limites da miséria terrena. A fé cristã
ensina, além disso, que a morte corporal - de que o homem
teria sido isento se não houvesse pecado - será vencida,
quando o onipotente e misericordioso Salvador restituir ao
homem a salvação que perdera por sua culpa. Com efeito,
Deus chamou e continua chamando o homem a unir-se a ele
com todo o seu ser na perpétua comunhão da incorruptível
vida divina. Essa vitória, alcançou-a Cristo ressuscitado,
libertando o homem da morte com a sua própria morte.
Portanto, a fé, que se apresenta à reflexão do homem
apoiada em sólidos argumentos, dá uma resposta à sua
ansiedade acerca do seu destino futuro. Ao mesmo tempo,
oferece a possibilidade de se comunicar em Cristo com os
irmãos queridos que a morte já levou, dando a esperança de
que eles alcançaram a verdadeira vida junto de Deus.
Certamente, para o cristão é uma necessidade e um dever
lutar contra o mal através de muitas tribulações, e passar pela
morte; mas, associado ao mistério pascal, e configurado à
morte de Cristo, vai ao encontro da ressurreição, fortalecido
pela esperança.
E isso vale não só para os cristãos, mas também para
todos os homens de boa vontade, em cujos corações a graça
opera ocultamente. Com efeito, já que Cristo morreu por
todos e que a vocação última de todos os homens é realmente
uma só, a saber, a vocação divina, devemos crer que o
Espírito Santo dá a todos a possibilidade de se associarem
a este mistério pascal por um modo que só Deus conhece.
Tal é a qualidade e a grandeza do mistério do homem,
que a revelação cristã manifesta aos que creem. E assim,
por Cristo e em Cristo, se esclarece o enigma da dor e da
morte, o qual, fora do seu Evangelho, nos esmaga. Cristo
ressuscitou, destruindo a morte com sua própria morte, e
deu-nos a vida, para que, como filhos no Filho, possamos
exclamar no Espírito: Abba, Pai!
Responsório
Sl 26(27),1;22(23),4
R. O Senhor é minha luz e salvação;
de quem eu terei
medo?
* O Senhor é a proteção da minha vida;
perante quem eu
tremerei?
V. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,
nenhum mal
eu temerei.
* O Senhor é a proteção da minha vida.
Oração
Ó Deus, que pelos
exercícios da Quaresma já nos dais na terra
participar dos bens do céu, guiai-nos de tal modo nesta vida, que
possamos chegar à luz em que habitais. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V.
Bendigamos ao Senhor.
R.
Demos graças a Deus.