Ofício das Leituras

V.
Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Esta introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.

Hino

Agora é tempo favorável,
divino dom da Providência,
para curar o mundo enfermo
com um remédio, a penitência.

Da salvação refulge o dia,
na luz de Cristo a fulgurar.
O coração, que o mal feriu,
a abstinência vem curar.

Em corpo e alma, a abstinência,
Deus, ajudai-nos a guardar.
Por tal passagem, poderemos
à páscoa eterna, enfim, chegar.

Todo o Universo vos adore,
Trindade Santa, Sumo Bem.
Novos por graça entoaremos
um canto novo a vós. Amém.

Salmodia

Ant.1 Agradeçamos ao Senhor o seu amor
e as suas maravilhas entre os homens.

Salmo 106(107)

Ação de graças pela libertação
Deus enviou sua palavra aos israelitas e lhes anunciou a boa-nova da paz, por meio de Jesus Cristo (At 10,36).

I

1 Dai graças ao Senhor, porque ele é bom, *
porque eterna é a sua misericórdia!
2 Que o digam os libertos do Senhor, *
que da mão dos opressores os salvou
3 e de todas as nações os reuniu, *
do Oriente, Ocidente, Norte e Sul.

4 Uns vagavam, no deserto, extraviados, *
sem acharem o caminho da cidade.
5 Sofriam fome e também sofriam sede, *
e sua vida ia aos poucos definhando. 

6 Mas gritaram ao Senhor na aflição, *
e ele os libertou daquela angústia.
7 Pelo caminho bem seguro os conduziu *
para chegarem à cidade onde morar.

8 Agradeçam ao Senhor o seu amor *
e as suas maravilhas entre os homens!
9 Deu de beber aos que sofriam tanta sede *
e os famintos saciou com muitos bens!

10 Alguns jaziam em meio a trevas pavorosas, *
prisioneiros da miséria e das correntes,
11 por se terem revoltado contra Deus *
e desprezado os conselhos do Altíssimo.
12 Ele quebrou seus corações com o sofrimento; *
eles tombaram, e ninguém veio ajudá-los!

13 Mas gritaram ao Senhor na aflição, *
e ele os libertou daquela angústia.
14 E os retirou daquelas trevas pavorosas, *
despedaçou suas correntes, seus grilhões.

15 Agradeçam ao Senhor por seu amor *
e por suas maravilhas entre os homens!
16 Porque ele arrombou portas de bronze *
e quebrou trancas de ferro das prisões!

 – Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Agradeçamos ao Senhor o seu amor
e as suas maravilhas entre os homens.

Ant.2 Nós vimos seus prodígios e suas maravilhas.

II

17 Uns deliravam no caminho do pecado, *
sofrendo a conseqüência de seus crimes;
18 todo alimento era por eles rejeitado, *
e da morte junto às portas se encontravam. 

19 Mas gritaram ao Senhor na aflição, *
e ele os libertou daquela angústia.
20 Enviou sua palavra e os curou, *
e arrancou as suas vidas do sepulcro.

21 Agradeçam ao Senhor o seu amor *
e as suas maravilhas entre os homens!
22 Ofereçam sacrifícios de louvor, *
e proclamem na alegria suas obras!

23 Os que sulcam o alto-mar com seus navios, *
para ir comerciar nas grandes águas,
24 testemunharam os prodígios do Senhor *
e as suas maravilhas no alto-mar.

25 Ele ordenou, e levantou-se o furacão, *
arremessando grandes ondas para o alto;
26 aos céus subiam e desciam aos abismos, *
seus corações desfaleciam de pavor.

27 Cambaleavam e caíam como bêbados, *
e toda a sua perícia deu em nada.
28 Mas gritaram ao Senhor na aflição, *
e ele os libertou daquela angústia.

29 Transformou a tempestade em bonança, *
e as ondas do oceano se calaram.
30 Alegraram-se ao ver o mar tranqüilo, *
e ao porto desejado os conduziu.

31 Agradeçam ao Senhor o seu amor *
e as suas maravilhas entre os homens!
32 Na assembleia do seu povo o engrandeçam *
e o louvem no conselho de anciãos!

 – Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Nós vimos seus prodígios e suas maravilhas.

Ant.3 Que os justos, vendo as obras do Senhor,
compreendam como é grande o seu amor!

III

33 Ele mudou águas correntes em deserto, *
e fontes de água borbulhante em terra seca;
34 transformou as terras férteis em salinas, *
pela malícia dos que nelas habitavam.

35 Converteu em grandes lagos os desertos *
e a terra árida em fontes abundantes;
36 e ali fez habitarem os famintos, *
que fundaram sua cidade onde morar.

37 Plantaram vinhas, semearam os seus campos, *
que deram frutos e colheitas abundantes.
38 Abençoou-os e cresceram grandemente, *
e não deixou diminuir o seu rebanho.

39 Mas depois ficaram poucos e abatidos, *
oprimidos por desgraças e aflições;
40 porém Aquele que confunde os poderosos *
e os fez errar por um deserto sem saída,
41 retirou da indigência os seus pobres, *
e qual rebanho aumentou suas famílias.

42 Que os justos vejam isto e rejubilem, *
e os maus fechem de vez a sua boca!
43 Quem é sábio, que observe essas coisas *
e compreenda a bondade do Senhor!

 – Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Que os justos, vendo as obras do Senhor,
compreendam como é grande o seu amor!

V.
Quem pratica a verdade se põe junto à luz.

R.
E suas obras de filho de Deus se revelam.

Primeira leitura
Do Livro do Êxodo 40,16-38

Construção do santuário e
manifestação do Senhor na nuvem
Moisés o fez, tudo como o Senhor lhe havia ordenado. No primeiro dia do primeiro mês do segundo ano, levan taram a Habitação. Moisés levantou a Habitação. Colocou as travessas e ergueu as colunas. Estendeu a tenda para a Habitação e colocou por cima a cobertura da Tenda, como o Senhor havia ordenado a Moisés. Tomou o Testemunho, colocou-o na arca, colocou os varais na arca e pôs o pro piciatório sobre a arca. Introduziu a arca na Habitação e colocou a cortina do véu. Velou assim a arca do Testemunho, como o Senhor havia ordenado a Moisés. Colocou a mesa na Tenda da Reunião, ao lado da Habitação, ao norte, na extremidade do véu, e dispôs em ordem o pão diante do Senhor, como o Senhor havia ordenado a Moisés. Colo cou o candelabro na Tenda da Reunião, diante da mesa, ao lado da Habitação, ao sul, e dispôs as lâmpadas diante do Senhor, como o Senhor havia ordenado a Moisés. Colocou o altar de ouro na Tenda da Reunião, diante do véu, e em cima dele queimou o incenso aromático, como o Senhor havia ordenado a Moisés. Depois colocou o véu na entrada da Habitação. Colocou o altar dos holocaustos na entrada da Habitação, da Tenda da Reunião, e nele ofereceu holocaus tos e a oblação, como o Senhor havia ordenado a Moisés. Colocou a bacia entre a Tenda da Reunião e o altar, e pôs nela água para as abluções, com a qual Moisés, Aarão e os seus filhos lavavam as mãos e os pés. Quando entravam na Tenda da Reunião ou se aproximavam do altar, lavavam-se, como o Senhor havia ordenado a Moisés. Levantou o átrio ao redor da Habitação e do altar, e colocou o véu na porta do átrio. Assim Moisés terminou os trabalhos.
A nuvem cobriu a Tenda da Reunião, e a glória do Senhor encheu a Habitação. Moisés não pôde entrar na Tenda da Reunião porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do Senhor enchia a Habitação.
Em todas as etapas, quando a nuvem se levantava por cima da Habitação, os israelitas punham-se em marcha. Mas se a nuvem não se levantava, também eles não mar chavam, até que ela se levantasse. Pois, de dia a nuvem do Senhor ficava sobre a Habitação, e de noite havia dentro dela um fogo, aos olhos de toda a casa de Israel, durante todas as suas etapas.

Responsório 1Cor 10,1.2;Ex 40,34.35
R. Os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem
e todos passaram pelo mar;
* Na nuvem e no mar,
todos foram batizados em Moisés.
V. Então a nuvem cobriu a Tenda da Reunião
e a glória do Senhor encheu o santuário.
*
Na nuvem.

Segunda leitura

Dos Sermões de São Gregório de Nazianzo, bispo
(Oratio 14, De pauperum amore, 38.40:PG 35,907.910)
(Séc.VI)

Sirvamos a Cristo na pessoa dos pobres
Diz a Escritura: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia (Mt 5,7). A misericórdia não é certamente a última das bem-aventuranças. Lemos também: Feliz de quem pensa no pobre e no fraco (Sl 40,2). E ainda: Feliz o homem caridoso e prestativo (Sl 111,5). E noutro lugar: O justo é generoso e dá esmola (Sl 36,26). Tornemo-nos dignos destas bênçãos, de sermos chamados misericordiosos e cheios de bondade. Nem sequer a noite interrompa a tua prática da misericórdia. Não digas: “Vai e depois volta, amanhã te darei o que pedes”.Nada se deve interpor entre a tua resolução e o bem que vais fazer. Só a prática do bem não admite adiamento.

Reparte o teu pão com o faminto, acolhe em tua casa os pobres e peregrinos
(Is 58,7), com alegria e presteza. Quem se dedica a obras de misericórdia, diz o Apóstolo, faça-o com alegria (Rm 12,8). Essa presteza e solicitude duplicarão a recompensa da tua dádiva. Mas o que é dado com tristeza e de má vontade não se torna agradável nem é digno. Devemos alegrar-nos, e não entristecer-nos, quando prestamos algum benefício. Diz a Escritura: Se quebrares as cadeias injustas e desligares as amarras do jugo (Is 58,6), isto é, da avareza e das discriminações, das suspeitas e das murmurações, que acontecerá? A tua recompensa será grande e admirável! Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa (Is 58,8). E quem há que não deseje a luz e a saúde?

Por isso, se me julgais digno de alguma atenção, vós, servidores de Cristo, seus irmãos e co-herdeiros, em todas as ocasiões visitemos a Cristo, alimentemos a Cristo, tratemos as feridas de Cristo, vistamos a Cristo, acolhamos a Cristo, honremos a Cristo; não apenas oferecendo-lhe uma refeição, como fizeram alguns, não apenas ungindo-o com perfumes como Maria, não apenas dando-lhe o sepulcro como José de Arimatéia, não apenas dando o necessário para o sepultamento como Nicodemos que dava a Cristo só uma parte do seu amor, nem, finalmente, oferecendo ouro, incenso e mirra, como fizeram os magos, antes de todos esses. O Senhor do universo quer a misericórdia e não o sacrifício, e a compaixão tem muito maior valor que milhares de cordeiros gordos. Ofereçamos a misericórdia e a compaixão na pessoa dos pobres que hoje na terra são humilhados, de modo que, ao deixarmos este mundo, eles nos recebam nas moradas eternas, juntamente com o próprio Cristo nosso Senhor, a quem seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém. 

Responsório Mt 25,35.40; Jo 15,12
R. Eu tive fome e me destes de comer;
eu tive sede e me destes de beber;
eu não tinha onde morar e me acolhestes.
* Em verdade, o que fizestes ao menor dos meus irmãos,
foi a mim que o fizestes.
V. O meu mandamento é este: Amai-vos como eu vos amei.
* Em verdade.

Oração
Ó Deus, alegrando-nos cada ano com a celebração da Quaresma, possamos participar com fervor dos sacramentos pascais e colher com alegria todos os seus frutos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.