SEGUNDA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Ezequiel 17,3-15.19-24

Alegoria da águia

3“Eis o que deves dizer-lhe: Assim fala o Senhor Deus: A grande águia de grandes asas, de larga envergadura, coberta de rica plumagem, veio ao Líbano e apanhou o cimo de um cedro; 4colhendo o mais alto dos seus ramos, trouxe-o para a terra dos mercadores, onde o depôs em uma cidade de negociantes. 5Em seguida apanhou uma dentre as sementes da terra e a plantou em terra preparada, junto a corrente de águas abundantes, plantando-a como um salgueiro. 6Ela brotou e transformou-se em videira luxuriante, embora de estatura modesta, com a sua copa voltada para a águia, enquanto as suas raízes estavam debaixo dela. Tornou-se assim uma vinha, produziu sarmentos e lançou renovos. 7Ao lado desta, existiu outra grande águia, também de grandes asas e de plumagem abundante. Prontamente a videira estendeu para ela as raízes, voltou para ela a copa desde o canteiro em que estava plantada, a fim de que esta a regasse. 8Estava plantada em campo fértil, junto a águas abundantes, para formar ramos e produzir frutos, tornando-se uma videira magnífica. 9Dize-lhe que assim fala o Senhor Deus: Acaso vingará? Acaso a águia não arrancará as suas raízes? Não estragará os seus frutos, fazendo secar todos os seus brotos novos, de modo que não haja necessidade de braço forte e de muita gente para arrancá-la pelas raízes? 10Ei-la que está plantada; vingará? Acaso não murchará ao sopro do vento oriental, no mesmo canteiro em que brotou? 11Então a palavra do Senhor me foi dirigida nestes termos:

12Assim falarás a essa casa de rebeldes: Por acaso não sabeis o que significam estas coisas? Dize mais. Como sabeis, o rei da Babilônia veio a Jerusalém, tomou o seu rei e os seus príncipes, conduzindo-os para a Babilônia. 13Dentre os descendentes da casa real tomou um e fez aliança com ele, obrigando-o a prestar juramento e levando consigo os grandes da terra, 14a fim de que o reino permanecesse submisso, incapaz de rebelar-se e, por isso, disposto a cumprir a aliança, observando-a com fidelidade. 15Mas este príncipe acabou por rebelar-se contra ele, enviando mensageiros ao Egito, a fim de que este lhe fornecesse cavalos e gente em grande número. Por acaso terá êxito? Por acaso escapará aquele que faz tais coisas? Escapará, apesar de violar a aliança?

19Portanto, assim diz o Senhor Deus: Por minha vida o afirmo: certamente farei cair sobre a sua cabeça meu juramento, que ele desprezou e a minha aliança, que violou. 20Estenderei sobre ele a minha rede e será apanhado nas minhas malhas e conduzido por mim a Babilônia, onde o submeterei a julgamento em virtude da sua infidelidade para comigo. 21Quanto à elite das suas tropas, toda cairá à espada e seus sobreviventes serão espalhados para todos os ventos. Então sabereis que eu, o Senhor, é que falei. 22Assim diz o Senhor Deus: Tomarei do cimo do cedro, da extremidade dos seus ramos um broto e plantá-lo-ei eu mesmo sobre monte alto e elevado. 23Plantá-lo-ei sobre o alto monte de Israel. Ele deitará ramos e produzirá frutos, tornando-se cedro magnífico, de modo que à sua sombra habitará toda espécie de pássaros, à sombra dos seus ramos habitará toda sorte de aves. 24E saberão todas as árvores do campo que eu, o Senhor, é que abaixo a árvore alta e exalto a árvore baixa, que seco a árvore verde e faço brotar a árvore seca. Sim, eu, o senhor, o disse e o faço.

Responsório Ez 17,23; Mt 13,31.32

R. Plantá-lo-ei sobre o alto monte de Israel
e será um cedro
magnífico.
*
As aves do céu se abrigam nos seus ramos.

V. O Reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda,

que é o menor de todas as sementes,
quando cresce é a maior das hortaliças e torna-se árvore.
*
As aves do céu.

Segunda leitura

Do “Sermão sobre os pastores”, de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 46,14-15: CCL 41,541-542)
(Séc. V)

Insiste a tempo e fora de tempo

A desgarrada não reconduzistes e a que se perdia não fostes procurar (Ez 34,4). Aqui às vezes caímos em mãos dos ladrões e nos dentes dos lobos vorazes. Rogamos, pois, que oreis por estes nossos perigos. Também as ovelhas são rebeldes. Quando procuramos as erradias, declaram não ser nossas, para seu erro e perdição: “Que quereis de nós? Por que nos procurais?” Como se não fosse o mesmo motivo que nos faz querê-las e procurá-las; porque se desviam e se perdem. “Se estou no erro, diz, se na morte, que queres de mim? Por que me procuras?” Justamente porque estás no erro, quero reconduzir-te; porque te perdeste quero encontrar-te. “Quero assim errar, quero assim me perder”.

Queres vaguear assim, queres perder-te assim? Muito bem, mas eu não quero. Ouso dizer isto mesmo: sou importuno. Escuto o Apóstolo que diz: Prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo (2Tm 4,2). Com quem, a tempo? Com quem, fora de tempo? A tempo com os desejosos, fora de tempo com os que não querem ouvir. Sou inteiramente importuno, ouso dizer: “Tu queres errar, tu queres perecer; eu não quero”. E afinal não o quer Aquele que me faz tremer. Se eu quiser o erro, vê o que me dirá, vê como me repreenderá: Ao desgarrado não reconduzistes, ao que se perdera não fostes procurar. Temerei mais a ti do que a Ele? Teremos todos de nos apresentar ao tribunal de Cristo (2Cor 5,10).

Reconduzirei a desgarrada, procurarei a perdida. Quer queiras quer não, assim farei. E se, em minha busca, os espinhos dos bosques me rasgarem, eu me obrigarei a ir por todos os atalhos difíceis. Baterei todos os cercados; enquanto me der forças o Senhor que me ameaça, percorrerei tudo sem descanso. Reconduzirei a desgarrada, procurarei a perdida. Se não queres que eu sofra, não te desgarres, não te percas. É pouco dizer que tenho pena de ti, desgarrada e perdida. Tenho medo de que, se te abandonar, venha a matar o que é forte. Escuta o que se segue. E ao que era forte, matastes (Ez 34,3). Se eu abandonar a desgarrada e perdida, o que é forte terá gosto em desgarrar-se e perder-se.

Responsório Eclo 4,28-29; 2Tm 4,2

R. Não deixes de falar no tempo oportuno,
 nem queiras esconder a tua sabedoria por modéstia enganosa.
*
Pela fala se conhece a real sabedoria;
e o saber, pela palavra, que profere o homem sábio.
V. Proclama, em todo o tempo,
a Palavra do Senhor, persuade,
repreende e exorta com coragem,
com saber e paciência. * Pela fala.

Oração

Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, criador de todas as coisas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.