Do Livro do Profeta Oseias
2,4.8-25
Israel, castigado pela sua infidelidade, retornará a Deus
Assim falou o Senhor:
4Processai vossa mãe, processai.
Porque ela não é minha esposa,
e eu não sou seu esposo.
Que ela afaste do seu rosto as suas prostituições
e de entre os seios seus adultérios.
8Por isso cercarei o seu caminho com espinhos
e o fecharei com uma barreira, para que não encontre suas
sendas.
9Perseguirá seus amantes, sem os alcançar,
procurá-los-á, mas não os encontrará.
Dirá então: Quero voltar ao meu primeiro marido,
pois eu era outrora mais feliz do que agora.
10Mas ela não reconheceu que era eu
quem lhe dava o trigo, o mosto e o óleo,
quem lhe multiplicava a prata e o ouro
que eles usavam para Baal!
11Por isso retomarei o meu trigo a seu tempo
e o meu mosto na sua estação,
retirarei a minha lã e o meu linho,
que deviam cobrir a sua nudez.
12Agora descobrirei sua vergonha aos olhos dos seus amantes,
e ninguém a livrará de minha mão.
13Acabarei com sua alegria,
com suas festas, suas luas novas, e seus sábados
e com todas suas assembleias solenes.
14Devastarei sua vinha e sua figueira,
das quais dizia:
Este é o pagamento que me deram os meus amantes.
Farei delas um matagal,
e os animais selvagens as devorarão.
15Eu a castigarei pelos dias dos baais,
aos quais queimava incenso.
Enfeitava-se com seu anel e seu colar
e corria atrás de seus amantes,
mas de mim ela se esquecia!
Oráculo do Senhor.
16Por isso, eis que, eu mesmo, a seduzirei,
conduzi-la-ei ao deserto
e falar-lhe-ei ao coração.
17Dali lhe restituirei suas vinhas,
e o vale de Acor será uma porta de esperança.
Ali ela responderá como nos dias de sua juventude,
como no dia em que subiu da terra do Egito.
18Acontecerá, naquele dia,
- oráculo do Senhor que me chamarás “Meu marido”,
e não mais me chamarás “Meu Baal.”
19Afastarei de seus lábios os nomes dos baais,
para que não sejam mais lembrados por seus nomes.
20Farei em favor deles, naquele dia, um pacto
com os animais do campo, com as aves do céu e com os
répteis da terra.
Exterminarei da face da terra o arco, a espada e a guerra;
fá-los-ei repousar em segurança.
21Eu te desposarei a mim para sempre,
eu te desposarei a mim na justiça e no direito,
no amor e na ternura.
22Eu te desposarei a mim na fidelidade
e conhecerás o Senhor.
23
Naquele dia, eu responderei
– oráculo do Senhor eu responderei ao céu e ele responderá à terra.
24A terra responderá ao trigo, ao mosto
e ao óleo e eles responderão a Jezrael.
25Eu a semearei para mim na terra,
amarei a Lo-Ruhamah
e direi a Lo-Ammi: “Tu és meu povo”,
e ele dirá: “Meu Deus”.
Responsório Ap 19,7.9; Os 2,22
R. Porque estão para realizar-se as núpcias do Cordeiro,
e
sua esposa já está pronta.
* Felizes aqueles que foram convidados
para o banquete
das núpcias do Cordeiro.
V. Eu te desposarei a mim na fidelidade
e conhecerás ao
Senhor. * Felizes aqueles.
Do “Cântico espiritual” de São João da Cruz, presbítero
(Red. A, str. 38)
(Séc. XVI)
Desposar-te-ei para sempre
A alma, unida e transformada em Deus, respira em Deus
para Deus, com profundíssima aspiração semelhante à divina, que Deus, nela presente, respira em si mesmo; é este seu
modelo. Tanto quanto entendo, foi isto que São Paulo quis
dizer com estas palavras: Porque sois filhos, enviou Deus
a vossos corações o Espírito de seu Filho que clama: Abá,
Pai! (Gl 4,6). É o que se dá com os perfeitos.
Não é de admirar que a alma possa realizar coisa tão
sublime. Se Deus lhe concedeu o favor da união deiforme na
Santíssima Trindade, por que, pergunto, será incrível que ela
possa realizar sua vida de inteligência, conhecimento e amor
na Trindade, unida à própria Trindade, assemelhando-se ao
máximo a ela e tendo a viver nela o próprio Deus?
Nenhuma capacidade ou sabedoria poderá expressar
melhor como isto se faz do que as palavras do Filho de
Deus pedindo para nós este sublime estado e lugar, e prometendo que seríamos filhos de Deus. Assim rogou ao Pai:
Pai, aqueles que me deste quero que onde eu estou, estejam
eles comigo (Jo 17,24), realizando por participação aquilo
mesmo que faço. Disse mais: Não rogo apenas por eles, mas
também por aqueles que crerão em mim, através de suas
palavras; para que todos sejam um como tu, Pai, em mim
e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o
mundo creia que tu me enviaste. E eu lhes dei a glória que
me deste para que sejam um assim como nós somos um.
Eu neles e tu em mim, a fim de que sejam consumados na
unidade; e o mundo conheça que me enviaste e os amaste
como também me amaste a mim (Jo 17,20-23).
O Pai põe em comum com eles o mesmo amor que
comunica ao Filho: não no entanto, por natureza, como
ao Filho, mas pela unidade e transformação operadas pelo
amor. Também não se deve entender que o Filho peça ao Pai
que os santos sejam um por essência, como são um o Pai e
o Filho na unidade do amor. Os santos possuem assim, por
participação, os mesmos bens que eles possuem por natureza. Por isso são verdadeiramente deuses por participação,
feitos à semelhança e consortes do próprio Deus.
Daí dizer Pedro: Graça e paz a vós em abundância no
conhecimento de Deus e do Cristo Jesus, nosso Senhor. O
poder divino nos concedeu tudo quanto se relaciona à vida
e à piedade. Pelo conhecimento daquele que nos chamou
por sua própria glória e virtude, por quem cumpriu para
nós as maiores e mais preciosas promessas, para que por
elas nos tornemos consortes da natureza divina (2Pd 1,2-4).
Nesta união a alma é, pois, feita em seu agir participante
da Trindade. Isto só se dará perfeitamente na vida futura;
contudo já nesta vida se alcança não pequena parcela e
antegozo.
Ó almas, criadas para o gozo de tão indizíveis dons, que
fazeis? Para onde se voltam vossos esforços? Ó deplorável
cegueira dos filhos de Adão, fecham-se os olhos à imensa luz
envolvente e se tornam surdos a tão potentes palavras!
Responsório Cf. 1Jo 3,1.2b
R. Vede, irmãos, quanto amor Deus Pai nos mostrou:
* Que sejamos chamados filhos de Deus, e o somos de fato.
V. Sabemos que, quando se manifestar,
nós havemos de ser
semelhantes a ele. * Que sejamos.