QUARTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura

Do Segundo Livro dos Reis 18,37-19,19.35-37

Oração de Ezequias. Isaías o conforta.
A salvação de Jerusalém

18,37 O chefe do palácio, Eliacim, filho de Helcias, o secretário Sobna e o escriba Joaé, filho de Asaf, foram à presença do rei Ezequias, de vestes rasgadas, e lhe relataram as palavras do copeiro-mor.

19,1Ao ouvir essas coisas, o rei Ezequias rasgou suas vestes, cobriu-se de pano de saco e foi ao Templo do Senhor. 2Enviou o chefe do palácio, Eliacim, o secretário Sobna e os anciãos dos sacerdotes, cobertos de pano de saco, ao profeta Isaías, filho de Amós. 3Estes lhe disseram: “Assim fala Ezequias: Hoje é um dia de angústia, de castigo e de opróbrio. Os filhos estão para nascer e não há força para os dar à luz. 4Oxalá o Senhor, teu Deus, tenha ouvido todas as palavras do copeiro-mor, que o rei da Assíria, seu senhor, mandou para insultar o Deus vivo; oxalá o Senhor, teu Deus, dê o castigo merecido pelas palavras que ele ouviu! Faze uma prece em favor do resto que ainda subsiste.”

5Os ministros do rei Ezequias foram ter com Isaías, 6e este lhes disse:”Direis a vosso senhor: Assim fala o Senhor: Não tenhas medo das palavras que ouviste, das blasfêmias que os servos do rei da Assíria lançaram contra mim. 7Vou insuflar-lhe um espírito e, ao ouvir certa notícia, voltará para sua terra e farei com que pereça pela espada em sua terra.”

8O copeiro-mor retirou-se e encontrou o rei da Assíria a ponto de combater contra Lebna. O copeiro-mor, com efeito, tinha ouvido dizer que o rei se retirara de Laquis, 9pois tinha recebido esta notícia a respeito de Taraca, rei de Cuch: “Ele partiu para te fazer a guerra.”

Outra vez enviou Senaquerib mensageiros a Ezequias, para lhe dizer: 10“Assim falareis a Ezequias, rei de Judá: Que teu Deus, em quem confias, não te iluda, dizendo: ‘Jerusalém não será entregue às mãos do rei da Assíria!’ 11Ouviste contar o que os reis da Assíria fizeram a todas as nações, destruindo-as completamente, e tu poderias escapar? 12Acaso seus deuses libertaram as nações que meus pais devastaram: Gozã, Harã, Resef e os edenitas que moravam em Telassar? 13Onde estão o rei de Emat, o rei de Arfad, o rei de Lair, de Sefarvaim, de Ana e de Ava?”

14Ezequias tomou a carta das mãos dos mensageiros e leu-a. Depois subiu ao Templo do Senhor e desdobrou-a diante do Senhor: 15E Ezequias orou assim na presença de Deus. “Senhor, Deus de Israel, que estás sentado sobre os querubins, tu és o único Deus de todos os reinos da terra, tu fizeste o céu e a terra. 16Inclina teus ouvidos, Senhor, e escuta, abre teus olhos, Senhor, e vê! Escuta as palavras de Senaquerib, que mandou emissários para insultar o Deus vivo. 17É verdade, Senhor, os reis da Assíria devastaram as nações e sua terra, 18lançaram ao fogo seus deuses, pois aqueles não eram deuses, mas obra de mãos humanas, madeira e pedra; por isso puderam aniquilá-lo. 19Mas agora, Senhor, nosso Deus, livra-nos de sua mão, te suplico, e que todos os reinos da terra saibam que só tu és Deus, e Senhor!”

35Naquela mesma noite, saiu o Anjo do Senhor e exterminou no acampamento assírio cento e oitenta e cinco mil homens. De manhã, ao despertar, só havia cadáveres.

36Senaquerib, rei da Assíria, levantou o acampamento e partiu. Voltou para Nínive e aí permaneceu. 37Certo dia, estando ele a adorar no templo de Nesroc, seu deus, Adramelec e Sarasar mataram-no a espada e fugiram para a terra de Ararat. Asaradon, seu filho, reinou em seu lugar.

Responsório 2Rs 19,6.7.19

R. Direis ao vosso Senhor: Assim fala o Senhor: Não tenhas
medo das palavras que ouvis. * Vou insuflar-lhe um espírito e, ao ouvir certa notícia
voltará para a sua terra e farei com que pereça pela espada em sua terra.
V. Senhor nosso Deus, livra-nos de sua mão, e que todos os
reinos da terra saibam que só tu és Deus. * Vou insuflar-lhe.

Segunda leitura

Dos “Discursos sobre o Cântico dos Cânticos”, de São Bernardo, abade

(27 4,6-7)

Tornar-te-ei minha esposa na benevolência e no amor

Vi também descer do céu, de junto de Deus, a Cidade santa, uma Jerusalém nova, pronta como uma esposa que se enfeitou para seu marido (Ap 21,2). E acrescenta: Nisto ouvi uma voz forte que, do trono, dizia: ‘Eis a tenda de Deus com os homens! Ele habitará com eles’ (Ap 21,3). Por quê? Creio que para tomar para si a esposa dos homens. Coisa inacreditável! Vinha para a sua esposa, mas não vinha sem esposa. Buscava a esposa, e a esposa estava com ele. Haveria, então, duas esposas? Absolutamente não. Com efeito, se diz: Uma só é minha pomba (Ct 6,9). Como ele quis reunir num único rebanho as ovelhas dispersas, de modo que houvesse um só aprisco e um só pastor, da mesma maneira, embora, desde o começo, estivesse em união esponsal com a multidão dos anjos, agradou-lhe congregar a Igreja do meio do mundo e uni-la à Igreja celeste, a fim de que existisse uma só esposa e um só esposo.

Assim o esposo e a esposa, Jesus e Jerusalém, descendem do céu. E ele, para que pudéssemos contemplá-lo, despojouse a si mesmo, assumiu a condição de servo e se manifestou em forma de homem. Mas aquele que teve a visão de que forma ou com que aspecto viu a esposa descer do céu? Talvez na forma de uma multidão de anjos que desciam e subiam sobre o Filho do homem? Melhor: viu a esposa quando contemplou o Verbo na carne e reconheceu ambos numa única carne.

Quando o santo Emanuel trouxe à terra o magistério da doutrina celeste; quando, em Cristo e por Cristo, foi-nos revelada a bela imagem visível de nossa mãe, a Jerusalém celeste, o que os nossos olhos viram a não ser a esposa no esposo, o que admiraram a não ser o único e idêntico Senhor da glória, como um noivo que se adorna com um diadema, como uma noiva que se enfeita com as suas joias? (Is 61,10).

Logo, aquele que desceu é o mesmo que ascendeu, para que ninguém ascenda ao céu a não ser aquele que do céu desceu, o único e verdadeiro Senhor, o esposo como cabeça e a esposa como corpo. E não foi em vão que o homem celeste apareceu sobre a terra, pois tornou celeste um grande número de homens terrestres, fazendo-os semelhantes a si, a fim de que se cumprisse o que se lê: Qual foi o homem celeste, tais serão os celestes (1Cor 15,48). Desde então, vive-se na terra segundo os costumes das criaturas celestes, enquanto, à semelhança daquela suprema e bendita criatura, também esta, que veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão, adere ao homem celeste com amor casto; e, ainda que não se junte a ele, à semelhança da outra, numa plena visão, mesmo assim é-lhe aliada pela fé, segundo a promessa do Senhor que diz pela boca do profeta: Eu te desposarei a mim no amor e na ternura, eu te desposarei a mim na fidelidade (Os 2,21.22).

Consequentemente esforça-se para sempre mais se conformar ao modelo celestial, aprendendo a padecer e a compadecer-se, a ser mansa e humilde de coração. Dessa maneira, anela agradar, ainda que ausente, àquele em quem os anjos desejam fixar o olhar, para, ardendo por um desejo angelical, comprovar ser concidadã dos santos, íntima de Deus, esposa dileta.

Responsório Ct 5,16; Gl 2,20

R. Ele todo é uma delícia.
*
Assim é o meu amado,
assim é o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.
V. Já não sou eu que vivo,
mas é Cristo que vive em mim.
*
Assim é o meu amado.

Oração

Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis no vosso imenso amor de Pai mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.