12a SEMANA DO TEMPO COMUM

IV Semana do Saltério

TERÇA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Primeiro Livro de Samuel 1,1-19

A esterilidade de Ana e sua prece
1Houve um homem de Ramataim-Sofim, da montanha de Efraim, que se chamava Elcana, filho de Jeroam, filho de Eliú, filho de Tou, filho de Suf, um efraimita. 2Elcana tinha duas mulheres: Ana era o nome de uma, e a outra chamavase Fenena. Fenena tinha filhos; Ana, porém, não tinha nenhum. 3Anualmente, aquele homem subia da sua cidade para adorar e oferecer sacrifícios a Deus dos Exércitos, em Silo. - Os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, sacerdotes do Senhor, estavam ali.
4No dia em que oferecia sacrifícios, Elcana tinha o costume de dar porções à sua mulher Fenena e a todos os seus filhos e filhas, 5porém a Ana, embora a amasse mais, dava apenas uma porção escolhida, pois Deus tinha fechado seu seio. 6A sua rival também a irritava humilhando-a, porque Deus tinha fechado seu seio. 7E assim fazia Elcana todos os anos, sempre que eles subiam ao templo do Senhor; Fenena a ofendia. E Ana chorava e não se alimentava. 8Então Elcana, o seu marido lhe dizia: “Ana, por que choras e não te alimentas? Por que teu coração está triste? Será que eu não valho para ti mais do que dez filhos?”
9
Depois que comeram e beberam, Ana se levantou. O sacerdote Eli estava sentado em sua cadeira, no limiar da porta do santuário do Senhor. 10Na amargura de sua alma, ela orou ao Senhor e chorou muito. 11E fez um voto, dizendo: “Senhor dos Exércitos, se quiseres dar atenção à humilhação da tua serva e te lembrares de mim, e não te esqueceres da tua serva e lhe deres um filho homem, então eu o consagrarei ao Senhor por todos os dias da sua vida, e a navalha não passará sobre a sua cabeça.”
12
Como prolongasse sua oração ao Senhor, Eli observava a sua boca. 13Ana apenas murmurava: seus lábios se moviam, mas não se podia ouvir o que ela dizia, e por isso Eli julgou que ela estivesse embriagada. 14Então lhe disse Eli: “Até quando estarás embriagada? Livra-te do teu vinho!” 15Ana, porém, lhe respondeu assim: “Não, meu senhor, eu sou uma mulher atribulada; não bebi vinho nem bebida forte: derramo a minha alma perante Deus. 16Não julgues a tua serva como uma vadia. É por excesso de sofrimento e de afrontas que tenho falado até agora.” 17Eli então lhe disse: “Vai em paz, e que o Deus de Israel te conceda o que lhe pediste.” 18Respondeu-lhe ela: “Ache a tua serva graça aos teus olhos.” E a mulher seguiu o seu caminho; comeu e o seu aspecto não era mais o mesmo.
19
Levantaram-se bem cedo e, depois de se terem prostrado diante do Senhor, voltaram à sua casa, em Ramá. Elcana conheceu sua mulher Ana, e o Senhor se lembrou dela.

Responsório 1Sm 1,11; Sl 112,9
R. Senhor dos exércitos,
se vos dignardes olhar para a aflição de vossa serva,
e vos lembrardes de mim;
se não vos esquecerdes de vossa escrava
e lhe derdes um filho varão,
* Eu o consagrarei ao Senhor durante todos os dias de sua vida.
V. E a mulher, que, antes, era estéril,
ele a faz, em sua casa, mãe feliz de muitos filhos.
* Eu o consagrarei.

Segunda leitura
Do Tratado “sobre a Oração do Senhor”, de São Cipriano, bispo e mártir
(Nn. 22-23)
(Séc. III)


Depois do alimento, peçamos o perdão do pecado
Perdoa as nossas dívidas, como nós perdoamos aos nossos devedores. Depois do alimento, pedimos o perdão do pecado: quem é alimentado por Deus, viva também em Deus; cuide não só da vida presente e temporal, mas sobretudo da eterna, à qual se pode chegar se os pecados são perdoados, pecados que o Senhor, no Evangelho, chama dívidas: Perdoei toda a tua dívida, porque me pediste (Mt 18,32).
Mas, com que urgência necessária, salutar e previdente se nos adverte que somos pecadores e devemos rogar pelos nossos pecados! Pois, ao pedirmos a misericórdia de Deus, tomamos consciência de nós mesmos.
Para que ninguém se contente consigo, presumindo-se inocente, nem, exaltando-se, avance ainda mais para a própria ruína, temos a tarefa de pedir perdão, a cada dia, pelos nossos pecados, lembrando-nos que pecamos cotidianamente.
Disso, aliás, também nos previne João, na epístola: Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está conosco. Se, porém, confessarmos nossos pecados, o Senhor é fiel e justo para perdoá-los (1Jo 1,8-9).
Ele, portanto, nos lembra de duas coisas: devemos rogar pelos nossos pecados, e conseguiremos a indulgência quando o fizermos. Por isso, diz-se que o Senhor é fiel no cumprimento de sua promessa, ou seja, o perdão dos pecados: ensinou-nos a orar nessa intenção, prometendo a indulgência e a misericórdia de um Pai.
Cristo, então, condicionou o perdão divino à remissão das dívidas que os outros têm conosco. Devemos, portanto, lembrar que não podemos conseguir o perdão que pedimos pelos nossos pecados, se não fizermos o mesmo em relação aos nossos devedores. Nesse sentido, lê-se em outra passagem: Na medida em que medirdes, sereis medidos (Mt 7,2). Assim, aquele servo que recebera do dono o perdão de toda a sua dívida e a seguir não quis fazer o mesmo para o companheiro, foi preso e encarcerado. O Senhor retirou-lhe o perdão porque lhe faltou indulgência para com o companheiro.
Com mais força ainda, Cristo reafirma, com toda a sua autoridade, este princípio: E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas (Mc 11,25). Não te restará, pois, a menor escusa no dia do juízo, quando fores julgado conforme tua sentença para com os outros: como fizeste, assim te será feito.
Deus preceituou que devemos ser pacificadores
(Mt 5,9), concordes e unânimes em sua casa. Ele quer que perseveremos, tal como nos fez pelo segundo nascimento, a fim de que permaneçam na Sua paz os que vivem em Deus e tenham uma só alma e um só sentir os que têm um só Espírito. O Senhor não aceita o sacrifício do dissidente, aliás, manda que volte do altar e se reconcilie antes com o irmão. Só então as nossas orações serão inspiradas à paz e Deus as apreciará. O máximo sacrifício, aos olhos de Deus, é a nossa paz e concórdia fraternal, é o povo reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Responsório Sl 30,2.4; 24,18
R.
Junto de vós, Senhor, me refugio.
Não seja eu confundido para sempre.
Vós sois minha rocha e fortaleza:
*
haveis de me guiar e dirigir,
por amor de vosso nome.
V. Vede minha miséria e meu sofrimento,
e perdoai-me todas as faltas:
* haveis de me guiar e dirigir,
por amor de vosso nome.

Oração

Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.