Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.Aleluia.
Esta introdução se omite quando o Invitatório
precede imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
Exulte o céu do alto,aplaudam terra e mar;o Cristo, ressurgindo,a vida vem nos dar.
O tempo favorávelà terra já voltou;felizes, contemplamoso dia salvador,
no qual o mundo, salvono sangue do Cordeiro,já brilha em meio às trevascom brilho verdadeiro.
A morte mata a morte,da culpa nos redime;a força do vencido,vencendo, apaga o crime.
É esta a nossa espera,é este o nosso gozo:também ressurgiremos,com Cristo glorioso.
Por isso, celebremosa Páscoa do Cordeiro,repletos pela graçado seu amor primeiro.
Jesus, sede a alegriaperene dos remidos;uni na vossa glóriada graça os renascidos.
Louvor a vós, Jesus,da morte vencedor,reinando com o Paie o seu eterno Amor.
Salmodia
Ant.1 Nós
sofremos no mais íntimo de nós,esperando a redenção de nosso corpo. Aleluia.
Salmo 38(39)
Prece de um enfermoA criação ficou sujeita à vaidade. por sua dependência
daquele que a sujeitou; esperando ser libertada (Rm 8,20).
I
–2 Disse comigo: “Vigiarei minhas palavras, *a fim de não pecar com minha língua;– haverei de pôr um freio em minha boca *enquanto o ímpio estiver em minha frente”.
=3 Eu fiquei silencioso como um mudo, †mas de nada me valeu o meu silêncio, *pois minha dor recrudesceu ainda mais.=4 Meu coração se abrasou dentro de mim, †um fogo se ateou ao pensar nisso, *5 e minha língua então falou desabafando:
= “Revelai-me, ó Senhor, qual o meu fim, †qual é o número e a medida dos meus dias, *para que eu veja quanto é frágil minha vida!–6 De poucos palmos vós fizestes os meus dias; *perante vós a minha vida é quase nada.
–7 O homem, mesmo em pé, é como um sopro, *ele passa como a sombra que se esvai;– ele se agita e se preocupa inutilmente, *junta riquezas sem saber quem vai usá-las”.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Nós sofremos no mais íntimo de
nós,esperando a redenção de nosso corpo.
Aleluia.
Ant.2 Ó
Senhor, prestai ouvidos à minha prece,não fiqueis surdo aos lamentos do meu pranto!
Aleluia.
II
–8 E agora, meu Senhor, que mais espero? *Só em vós eu coloquei minha esperança!–9 De todo meu pecado libertai-me; *não me entregueis às zombarias dos estultos!
–10 Eu me calei e já não abro mais a boca, *porque vós mesmo, ó Senhor, assim agistes.–11 Afastai longe de mim vossos flagelos; *desfaleço ao rigor de vossa mão!
=12 Punis o homem, corrigindo as suas faltas; †como a traça, destruís sua beleza: *todo homem não é mais do que um sopro.=13 Ó Senhor, prestai ouvido à minha prece, †escutai-me quando grito por socorro, *não fiqueis surdo aos lamentos do meu pranto!
– Sou um hóspede somente em vossa casa, *um peregrino como todos os meus pais.–14 Desviai o vosso olhar, que eu tome alento, *antes que parta e que deixe de existir!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Ó Senhor, prestai ouvidos à
minha prece,não fiqueis surdo aos lamentos do meu pranto!
Aleluia.
Ant.3 Eu
confio na clemência do Senhoragora e para sempre. Aleluia.
Salmo 51(52)
Contra a maldade do caluniadorQuem se gloria, glorie-se no Senhor (1Cor 1,31).
–3 Por que é que te glorias da maldade, *ó injusto prepotente?=4 Tu planejas emboscadas todo dia, †tua língua é qual navalha afiada, *fabricante de mentiras!
–5 Tu amas mais o mal do que o bem, *mais a mentira que a verdade!–6 Só gostas das palavras que destroem, *ó língua enganadora!
–7 Por isso Deus vai destruir-te para sempre *e expulsar-te de sua tenda;– vai extirpar-te e arrancar tuas raízes *da terra dos viventes!
–8 Os justos hão de vê-lo e temerão, *e rindo dele vão dizer:–9 “Eis o homem que não pôs no Senhor Deus *seu refúgio e sua força,– mas confiou na multidão de suas riquezas, *subiu na vida por seus crimes!”
–10 Eu, porém, como oliveira verdejante *na casa do Senhor,– confio na clemência do meu Deus *agora e para sempre!
–11 Louvarei a vossa graça eternamente, *porque vós assim agistes;– espero em vosso nome, porque é bom, *perante os vossos santos!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Eu confio na clemência do Senhoragora e para sempre. Aleluia.
V. Deus, o Pai, ressuscitou a Jesus
Cristodentre os mortos, aleluia,
R. Para que esteja no Senhora nossa fé e esperança. Aleluia.
Primeira leitura
Dos Atos dos Apóstolos
6,1-15
Eleição dos primeiros diáconos: sete
homens cheios de Espírito e de sabedoria
Naqueles dias, aumentando o número dos discípulos,
surgiram murmurações dos helenistas contra os hebreus. Isto
porque, diziam aqueles, suas viúvas eram esquecidas na distribuição diária. Os Doze convocaram então a multidão dos
discípulos e disseram: “Não é conveniente que abandonemos a Palavra de Deus para servir às mesas. Procurai, antes,
entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, repletos
do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos desta
tarefa. Quanto a nós, permaneceremos assíduos à oração
e ao ministério da Palavra”. A proposta agradou a toda a
multidão. E escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do
Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timon, Pármenas
e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos aos
apóstolos e, tendo orado, impuseram-lhes as mãos.
E a palavra de Deus crescia. O número dos discípulos
multiplicava-se enormemente em Jerusalém, e considerável
grupo de sacerdotes obedecia à fé.
Estêvão, cheio de graça e de poder, operava prodígios
e grandes sinais entre o povo. Intervieram então alguns
da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus e
alexandrinos, dos da Cilícia e da Ásia, e puseram-se a
discutir com Estêvão. Mas não podiam resistir à sabedoria e
ao Espírito com o qual ele falava. Subornaram então alguns
para dizerem: “Ouvimo-lo pronunciar palavras blasfemas
contra Moisés e contra Deus”. Amotinaram assim o povo, os
anciãos e os escribas e, chegando de improviso, prenderam-
no e o levaram à presença do Sinédrio. Lá apresentaram
testemunhas falsas que depuseram: “Este homem não
cessa de falar contra este lugar santo e contra a Lei. Pois
ouvimo-lo dizer repetidamente que esse Jesus, o Nazareu,
destruirá este Lugar e modificará os costumes que Moisés
nos transmitiu”. Todos os membros do Sinédrio, com os
olhos fixos nele, tiveram a impressão de ver em seu rosto
o rosto de um anjo.
Responsório At 6,2-4.7
R. Não está certo que nós abandonemos
a pregação da
palavra de Deus para servirmos às mesas.
Portanto, irmãos,
escolhei entre vós sete homens de boa fama,
cheios do
Espírito e de sabedoria,
para que lhes confiemos esta
tarefa.
* Deste modo, poderemos dedicar-nos inteiramente
à oração
e ao serviço da Palavra, aleluia.
V. Entretanto, a palavra de Deus crescia,
e o número dos
discípulos se multiplicava consideravelmente em Jerusalém.
* Deste modo.
Segunda leitura
Do Tratado “A Vida em Cristo”, de Nicolau Cabasilas
(Lib. 1: PG 150,510-511)
(Séc. XIV)
Cristo nos abriu as portas da eternidade
Se aquele cordeiro pascal tudo realizou, porque foi
necessário o que aconteceu depois? Pois, se os tipos e
as figuras trouxeram a felicidade procurada, a verdade
e a própria realidade são inúteis. Que lugar ainda pôde
haver, na morte de Cristo, para se acabar com a inimizade
e se derrubar o muro de divisão, a fim de surgirem a paz
e a justiça nos tempos do Salvador, e outras realidades
parecidas, se antes de seu sacrifício havia homens justos e
amigos de Deus?
Temos à mão ainda um argumento. Outrora, com certeza, era a lei que nos unia a Deus. Agora são: a fé, a graça
e o que lhes seja semelhante. Com isso fica claro que a
comunhão dos homens com Deus era naquele tempo pura
servidão, mas agora é filiação adotiva e amizade. Pois a
lei se dá a servos; mas a graça de filhos e amigos é a fé e
a confiança.
Torna-se assim evidente por que o Salvador é o primogênito dentre os mortos (C1 1,18) e porque nenhum morto
podia ressurgir para a vida imortal antes que ele tivesse
ressuscitado; e de igual modo, por que somente ele chegou,
antes de todos os homens, à santidade e à justiça. Paulo
confirma essas coisas escrevendo que Cristo penetrou no santuário como precursor de todos nós (cf. Hb 6, 20).
Com efeito, penetrou no santuário depois de se oferecer
ao Pai, lá introduzindo os que o desejam e são participantes
de sua sepultura. De certo não a quem morre como ele
morreu, mas aos que no banho batismal mergulham em sua
morte, aos que são ungidos e aos que o anunciam na mesa
sagrada como morto e ressuscitado, recebendo-o como
alimento de modo inefável. É assim que conduz para o Reino
e para a coroa os que foram introduzidos por essas portas.
Quem, de fato, reconciliou e uniu o mundo celeste com
o terrestre, estabelecendo a paz e derrubando o muro que os separava (cf. Ef 2,14), não pode negar-se a si mesmo (1Tm
2,13), como afirma São Paulo. Era justo que se fechassem
as portas que foram abertas para Adão, uma vez que ele
não perseverou como devia ter perseverado. Mas o próprio
Cristo as abriu, ele que não cometeu pecado e nem podia
pecar. Portanto, diz Davi, sua justiça permanece eternamente (S1 110,10). Assim sendo, é necessário que elas estejam
sempre abertas e que introduzam as pessoas na vida e não
deem saída a quem da vida quiser afastar-se. Eu vim, diz o
Salvador, para que tenham vida (Jo 10,10). Essa é a vida que
o Senhor trouxe consigo: os que frequentam esses mistérios
tornem-se participantes de sua morte e ressurreição. Sem
isso não podemos evitar a morte.
Responsório 1Cor 15,54-55;Sl 3,6
R. A morte foi tragada pela vitória;
* Onde está, ó morte, a tua vitória?
Onde está, ó morte, o
teu aguilhão? Aleluia, aleluia.
V. Eu me deito e adormeço bem tranquilo;
acordo em paz,
pois o Senhor é meu sustento.
* Onde está.
Oração
Imploramos, ó Deus, a vossa clemência, ao recordar cada ano o
mistério pascal que renova a dignidade humana, e nos traz a esperança da
ressurreição: concedei-nos acolher sempre com amor o que celebramos com
fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
Conclusão da hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.