12a SEMANA DO TEMPO COMUM

IV Semana do Saltério

QUINTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Primeiro Livro de Samuel 21,2-10; 22,1-5

Fuga de Davi
Naqueles dias: 21,2Davi dirigiu-se a Nobe, para junto do sacerdote Aquimelec. Este foi ao encontro de Davi, cheio de apreensão, e perguntou-lhe: "Por que estás só? Não há ninguém contigo? 3Davi respondeu ao sacerdote Aquimelec: "O rei me deu uma tarefa, recomendando-me com insistência: "Ninguém deve saber nada a respeito do encargo que te confio e imponho". Por isso eu combinei com os meus servos um encontro em certo lugar. 4Agora, se tens à mão cinco pães, entrega-os a mim, ou qualquer coisa que tenhas disponível".

5O sacerdote replicou a Davi nestes termos: "Não tenho à mão pão comum, mas só pão consagrado. Poderás tomá-lo, se teus servos se abstiveram do contacto com mulheres". 6Davi respondeu ao sacerdote, dizendo: "Seguramente, tivemos que renunciar a mulheres; como acontece quando eu parto em expedição, os meus servos estão limpos. Embora se trate de um empreendimento profano, hoje, com maior razão, seus corpos estão puros". 7Então o sacerdote entregou-lhe o pão consagrado, porque não havia ali senão os pães da proposição, que tinham sido tirados da presença do Senhor para serem substituídos por pães quentes.

8Ora, achava-se ali, naquele dia, retido na presença do Senhor, um dos servos de Saul, chamado Doeg, o edomita, o mais forte dos pastores de Saul.

9Davi ainda perguntou a Aquimelec: "Tens aqui à mão uma lança ou uma espada? Nem sequer tive tempo de pegar na minha lança e nas minhas armas, porque era urgente o encargo do rei". 10O sacerdote respondeu: "Tenho a espada de Golias, o filisteu, que tu mataste no vale do Terebinto. Está embrulhada num pano, atrás do efod. Se quiseres, leva-a contigo, pois aqui não há nenhuma outra". E Davi disse: "Não há outra melhor. Dá-me a espada!

22,1Davi partiu dali e refugiou-se na caverna de Odolan. Quando seus irmãos e toda a sua gente souberam disso, foram juntar-se a ele. 2Com Davi agruparam-se todos os miseráveis, todos os devedores insolventes e toda sorte de revoltados e descontentes. Ele tornou-se o seu chefe. Eram cerca de quatrocentos homens.

3De lá, Davi dirigiu-se para Masfa de Moab, e disse ao rei de Moab: "Permite que meu pai e minha mãe fiquem convosco, até que eu saiba o que Deus quer de mim". 4Então deixou-os junto do rei de Moab, e ficaram com ele durante todo o tempo em que Davi permaneceu no seu refúgio.

5Mas o profeta Gad disse a Davi: "Não fiques no teu refúgio. Parte e vai para a terra de Judá". E Davi partiu e foi para o bosque de Haret.

Responsório Rm 7,6; Mc 2,25.26

R. Agora, porém, libertos da lei
e mortos para aquilo que nos mantinha cativos,
* Seja o nosso serviço
na novidade do espírito, não na velhice da letra.
V. Nunca lestes como agiram
Davi e os companheiros necessitados e com fome?
Como ele entrou na casa do Senhor e comeu os pães
que somente aos sacerdotes era lícito comer?
* Seja o nosso.

Segunda leitura
Das Homilias, de São Gregório de Nissa, bispo

(Orat. 6 De beatitudinibus: PG 44,1263-1266)
(Séc. IV)

Deus é um rochedo inacessível
O que costuma acontecer a quem do alto de um monte olha para o vasto mar lá embaixo, isto mesmo se dá com o meu espírito em relação à altíssima palavra do Senhor: dessa altura olho para a inexplicável profundidade de seu sentido.

A mesma vertigem que se pode sentir em alguns lugares da costa, quando se olha desde uma grande elevação a cavaleiro das ondas para o mar profundo, do alto saliente de um penhasco que, do lado do mar, parece cortado pelo meio do vértice até a base mergulhada nas profundezas, sobrevém a meu espírito suspenso à grande palavra proferida pelo Senhor: Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Deus se oferece à visão daqueles que têm o coração purificado. Deus, ninguém jamais o viu, diz o grande João. Confirma esta asserção, Paulo, aquele espírito sublime: A quem homem algum vê nem pode ver. Eis aqui o penhasco, escorregadio, despenhadeiro sem fundo, talhado a pique, que não oferece em si nenhum ponto de apoio para a inteligência da criatura! O próprio Moisés sentiu-se esmagado pela palavra: Não há, diz ele, quem veja a Deus e continue a viver. Ele sentenciou que este penhasco é inacessível, porque nunca nossa mente pode lá chegar, por mais que se esforce por alcançá-lo, erguendo-se até ele.

Ora, ver a Deus é gozar a vida eterna. No entanto, que Deus não possa ser visto, as colunas da fé, João, Paulo e Moisés, o afirmam. Percebes a vertigem que arrasta logo o espírito para as profundezas do conteúdo desta questão? De fato, se Deus é a vida, quem não vê a Deus não vê a vida. Mas que não se possa ver a Deus, tanto os profetas quanto os apóstolos, levados pelo Espírito divino, o atestam. Em que angústias, portanto, se debate a esperança dos homens?

Contudo, o Senhor vem erguer e sustentar a esperança vacilante, assim como fez a Pedro, a ponto de afundar, firmando-o na água tornada resistente ao caminhar, para que ele não se afogasse.

Portanto, se a mão do Verbo se estender para nós, que vacilamos no abismo de nossas especulações, colocando-nos em outra perspectiva, perderemos o medo e, já seguros, abraçaremos o Verbo que nos conduz como que pela mão, dizendo: Bem-aventurados os puros de coração porque eles verão a Deus.

Responsório Jo 1,18; Sl 144(145),3

R. Ninguém jamais viu a Deus,
* Mas o Filho Unigênito que está junto do Pai,
este o deu a conhecer.
V. Grande é o Senhor e muito digno de louvores,
e ninguém pode medir sua grandeza. * Mas o Filho.

Oração

Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.