7a SEMANA DO TEMPO COMUM

III Semana do Saltério

SEXTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios 5,1-21

O amor de Cristo nos impele.

Irmãos, 1sabemos, com efeito, que, se nossa morada terrestre, esta tenda, for destruída, teremos no céu um edifício, obra de Deus, morada eterna, não feita por mãos humanas. 2Tanto assim que gememos pelo desejo ardente de revestir por cima da nossa morada terrestre a nossa habitação celeste - 3o que será possível se formos encontrados vestidos, e não nus. 4Pois nós, que estamos nesta tenda, gememos acabrunhados, porque não queremos ser despojados da nossa veste, mas revestir a outra por cima desta, a fim de que o que é mortal seja absorvido pela vida. 5E quem nos dispôs a isto foi Deus, que nos deu o penhor do Espírito.
6Por conseguinte, estamos sempre confiantes, sabendo que, enquanto habitamos neste corpo, estamos fora da nossa mansão, longe do Senhor, 7pois caminhamos pela fé e não pela visão... 8Sim, estamos cheios de confiança, e preferimos deixar a mansão deste corpo para ir morar junto do Senhor. 9Por isto também esforçamo-nos por agradar-lhe, quer permaneçamos em nossa mansão, quer a deixemos. 10Porquanto todos nós teremos de comparecer manifestamente perante o tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba a retribuição do que tiver feito durante a sua vida no corpo, seja para o bem, seja para o mal.
11
Compenetrados, pois, do temor do Senhor, procuramos convencer os homens. Quanto a Deus, somos-lhe plenamente manifestos; espero que sejamos também plenamente conhecidos por vós em vossas consciências. 12Não nos recomendamos de novo junto a vós, mas desejamos dar-vos a ocasião de vos gloriardes a nosso respeito, a fim de que possais responder aos que se gloriam apenas pelas aparências, e não pelo que está nos corações. 13Se nos deixamos arrebatar como para fora do bom senso, foi por causa de Deus; se somos sensatos, é por causa de vós. 14Pois a caridade de Cristo nos compele, quando consideramos que um só morreu por todos e que, por conseguinte, todos morreram. 15Ora, ele morreu por todos a fim de que aqueles que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles.
16
Por isto, doravante a ninguém conhecemos segundo a carne. Também se conhecemos Cristo segundo a carne, agora já não o conhecemos assim. 17Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova. 18Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação. 19Pois era Deus que em Cristo reconciliava o mundo consigo, não imputando aos homens as suas faltas e pondo em nós a palavra da reconciliação. 20Sendo assim, em nome de Cristo exercemos a função de embaixadores e por nosso intermédio é Deus mesmo que vos exorta. Em nome de Cristo suplicamo-vos: reconciliai- vos com Deus. 21Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que, por ele, nos tornemos justiça de Deus.

Responsório 2Cor 5,18; Rm 8,32
R. Deus nos reconciliou consigo, por Cristo,
* E nos confiou o ministério da reconciliação.
V.
Aquele não poupou seu próprio Filho,
mas o entregou por todos nós.
*
E nos confiou.

Segunda leitura
Dos “Comentários sobre os Salmos”, de Santo Ambrósio, bispo
(Ps 48,14-16: CSEL 64,368-370)

(Séc. IV)


Cristo por seu sangue reconciliou o mundo com Deus.

Se Cristo reconciliou o mundo com Deus, então não necessitava ele de reconciliação. Por qual pecado seu expiaria, se não conheceu pecado algum? E ainda, ao pedirem os judeus a didracma que, pela lei, se dava pelo pecado, disse a Pedro: Simão, de quem os reis da terra recebem tributos ou impostos, de seus filhos ou dos estranhos? Respondeu Pedro: Dos estranhos, e o Senhor: Logo, os filhos estão livres. Mas para não lhes causarem embaraço, lança o anzol e tira o primeiro peixe que apanhar, abre-lhe a boca e encontrarás um estáter; toma-o e paga-o por mim e por ti (Mt 17,25-27).
Demonstrou, assim, não ser obrigado à expiação de pecados; não era servo do pecado, mas livre de todo erro o Filho de Deus. O filho liberta, o servo é réu. Logo, livre de tudo, não tem ele de dar o preço de redenção de sua alma; o preço de seu sangue pode derramar-se pelo universo para redimir o pecado de todos. Com justiça liberta a outros quem nada deve por si.
Digo mais. Não apenas Cristo não tem preço a pagar por sua redenção ou expiação pelo pecado, mas, a respeito de qualquer homem, pode-se entender não deva cada um pagar o próprio resgate. Porque a expiação de todos é Cristo, é a redenção do universo.
De que homem será o sangue capaz de alcançar sua redenção, se pela redenção de todos Cristo já derramou seu sangue? Haverá sangue comparável ao sangue de Cristo? Ou haverá homem tão poderoso que possa dar algo pela própria expiação, de maior valor do que a expiação que Cristo ofereceu em si mesmo, ele, o único a reconciliar por seu sangue o mundo com Deus? Que maior hóstia, que sacrifício mais excelente, que melhor advogado do que aquele que pelo pecado de todos se fez súplica e entregou a vida como redenção por nós?
Não se cogita da expiação ou redenção de cada um, porque o preço de todos é o sangue de Cristo, com o qual o Senhor Jesus nos redimiu, e só ele nos reconciliou com o Pai e trabalhou até o fim, pois assumiu nossas tarefas ao dizer: Vinde a mim, todos vós que lutais, e eu vos aliviarei (Mt 11,28).

Responsório Cf. Cl 1,21-22; Rm 3,25a
R. Vós éreis estrangeiros
e inimigos pelos vossos pensamentos e más obras;
mas agora Deus vos reconciliou,
pela morte corporal de Jesus Cristo.
*
E podeis apresentar-vos diante dele,
como santos e sem manchas e sem culpas.
V.
Deus destinou que Cristo fosse, por seu sangue,
a vítima de propiciação pela fé que colocamos nele mesmo.
*
E podeis.

Oração

Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.