SEGUNDA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro do Eclesiastes 2,1-3.12-26

Inanidade dos prazeres e da sabedoria humana
1Eu disse a mim mesmo: Pois bem, eu te farei experimentar a alegria e conhecer a felicidade! Mas também isso é vaidade. 2Do riso eu disse: “Tolice”, e da alegria: “Para que serve?” 3Ponderei seriamente entregar meu corpo ao vinho, mantendo meu coração sob a influência da sabedoria, e render-me à insensatez, para averiguar o que convém ao homem fazer debaixo do céu durante os dias contados da sua vida.
12
Pus-me então a examinar a sabedoria, a tolice e a insensatez. Que fará o sucessor do rei? O que já haviam feito. 13Observei que a sabedoria é mais proveitosa do que a insensatez, assim como o dia é mais que as trevas: 14O sábio tem os olhos na cabeça, mas o insensato caminha nas trevas.
Porém compreendi que ambos terão a mesma sorte. 15Por isso disse em mim mesmo: “A sorte do insensato será também a minha; para que então me tornei sábio?” Disse em mim mesmo: “Isso também é vaidade”. 16Não há lembrança durável do sábio e nem do insensato, pois nos anos vindouros tudo será esquecido: o sábio morre com o insensato. 17Detesto a vida, pois vejo que a obra que se faz debaixo do sol me desagrada: tudo é vaidade e correr atrás do vento.
18
Detesto todo o trabalho com que me afadigo debaixo do sol pois, se tenho que deixar tudo ao meu sucessor, 19quem sabe se ele será sábio ou néscio? Todavia, ele será dono de todo o trabalho com que me afadiguei com sabedoria debaixo do sol; e isso também é vaidade. 20E meu coração ficou desenganado de todo o trabalho com que me afadiguei debaixo do sol. 21Há quem trabalhe com sabedoria, conhecimento e sucesso, e deixe sua porção a outro que não trabalhou. Isso também é vaidade e grande desgraça.
22
Com efeito, o que resta ao homem de todo o trabalho e esforço com que o seu coração se afadigou debaixo do sol? 23Sim, seus dias todos são dolorosos e sua tarefa é penosa, e mesmo de noite ele não pode repousar. Isso também é vaidade.
24
Eis que a felicidade do homem é comer e beber, desfrutando do produto do seu trabalho; e vejo que também isso vem da mão de Deus, 25pois quem comerá e quem beberá, se isso não vier dele? 26Ao homem do seu agrado ele dá sabedoria, conhecimento e alegria; mas ao pecador impõe como tarefa ajuntar e acumular para dar a quem agrada a Deus. Isso também é vaidade e correr atrás do vento.

Responsório Cf. Ecl 2,26; 1,14; 1Tm 6,10
R. Ao homem que lhe agrada Deus
dá sabedoria, ciência e alegria;
mas dá ao pecador aflições
e vãos cuidados de juntar e acumular.
* Também isto é vaidade e é vã preocupação.
V. A raiz dos males todos é a cobiça do dinheiro;
e alguns, nessa ambição,
a si mesmos se afligem com tormentos numerosos.
* Também isto.

Segunda leitura

Das “Homilias sobre o Eclesiastes”, de São Gregório de Nissa, bispo
(Hom. 5: PG 44,683-686)
(Séc. IV)


Os olhos dos sábios estão em sua cabeça
Se a alma levantar os olhos para sua cabeça, que é Cristo - conforme comparação de Paulo - considere-se feliz pela viva agudeza de seu olhar, porquanto tem os olhos ali onde não existe a escuridão do mal. O grande Paulo, e quem quer que seja igualmente grande, tem os olhos na cabeça, como também os têm todos os que vivem, se movem e são em Cristo. Pois como não é possível que veja trevas quem está na luz, também não pode acontecer que quem tem os olhos em Cristo, os fixe em alguma coisa vã.
Quem, pois, tem os olhos na cabeça, entendendo cabeça por princípio de tudo, tem os olhos em toda virtude (Cristo é a virtude absoluta e perfeita), na verdade, na justiça, na incorruptibilidade, em todo bem. Os olhos do sábio estão em sua cabeça; o insensato, porém, caminha nas trevas. Quem não põe sua lâmpada sobre o candelabro, mas coloca-a debaixo do leito, faz com que a luz seja trevas.
Ao contrário, quão numerosos são aqueles que, por suas lutas, se enriquecem com as realidades supremas, vivem na contemplação da verdade e, no entanto, são tidos por cegos e inúteis, tais como Paulo a gloriar-se, dizendo-se insensato por causa de Cristo. A prudência e a sabedoria dele não se preocupavam nunca com aquilo que é objeto de nossos cuidados. Diz ele: Nós, estultos por Cristo, como se dissesse: “Nós, cegos em relação às coisas daqui de baixo, porque olhamos para cima e temos os olhos na cabeça”. Por este motivo era sem teto e sem mesa, pobre, peregrino, nu, sofrendo fome e sede.
Quem não o julgaria infeliz, vendo-o preso e açoitado como um infame, após o naufrágio, ser levado pelas ondas do mar alto, e conduzido daqui para ali em cadeias? E, no entanto, embora tratado dessa maneira entre os homens, não despregou os olhos, mantendo-os sempre em Cristo, Cabeça, e dizia: Quem nos separará da caridade de Cristo, que está em Cristo Jesus? Aflição, angústia, perseguição, fome, nudez, perigos, espada? Como se dissesse: “Quem arrancará meus olhos da Cabeça e os voltará para aquilo que se calca aos pés?”
A nós também nos exorta a agir de modo semelhante quando ordena ter gosto pelas coisas do alto; não é isto o mesmo que dizer termos os olhos em Cristo, Cabeça?

Responsório Cf. Sl 122(123),2; Jo 8,12b
R. Como os olhos dos escravos
estão fitos nas mãos do seu senhor,
* Assim os nossos olhos, no Senhor,
até de nós ter piedade.
V. Eu sou a luz do mundo:
Aquele que me segue não caminha entre as trevas,
mas terá a luz da vida.
* Assim.

Oração

Ó Deus, preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.