Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Esta introdução se
omite quando o Invitatório precede
imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
Ó Senhor, Rei eterno e sublime,
dos fiéis imortal Redentor!
Morre a morte, por vós destruída,
e triunfa, por graça, o amor.
Sobre o trono celeste elevado,
à direita do Pai vos sentais,
e um poder é a vós concedido,
que é do céu, não pertence aos mortais,
para que todo ser que criastes
nos abismos, na terra, ou nos céus
ante vós, de joelhos, se incline,
com respeito, adorando seu Deus.
Tremem anjos, perante a mudança
que o destino dos homens sofreu:
peca a carne e a carne redime,
reina a carne no Verbo de Deus.
Sois, Senhor, nosso gozo e delícia,
que a alegria do mundo ofuscais.
Sois também nosso prêmio perene,
vós que a todo o universo guiais.
Suplicantes, portanto, rogamos:
Nossas culpas, Senhor, perdoai.
Pela força da graça divina,
nossas mentes a vós elevai.
Quando em glória voltardes na nuvem,
a julgar as nações reunidas,
afastai os devidos castigos,
dai de novo as coroas perdidas.
Honra a vós, ó Jesus glorioso,
que às alturas dos céus ascendeis.
Com o Pai e o Espírito Santo
pelos séculos sem fim reinareis.
Salmodia
Ant.1 Vem a
nós o nosso Deus e nos fala abertamente. Aleluia.
Salmo 49(50)
O culto que agrada a DeusEu não vim abolir a Lei, mas dar-lhe pleno cumprimento (cf.
Mt5,17).
I
–1 Falou o Senhor Deus, chamou a terra, *do sol nascente ao sol poente a convocou.–2 De Sião, beleza plena, Deus refulge, *3 vem a nós o nosso Deus e não se cala.
– À sua frente vem um fogo abrasador, *ao seu redor, a tempestade violenta.–4 Ele convoca céu e terra ao julgamento, *para fazer o julgamento do seu povo:
–5 “Reuni à minha frente os meus eleitos, *que selaram a Aliança em sacrifícios!”–6 Testemunha o próprio céu seu julgamento, *porque Deus mesmo é juiz e vai julgar.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Vem a nós o nosso Deus e nos
fala abertamente. Aleluia.
Ant.2 Oferece
ao Senhor um sacrifício de louvor! Aleluia.
II
=7 “Escuta, ó meu povo, eu vou falar; †ouve, Israel, eu testemunho contra ti: *Eu, o Senhor, somente eu, sou o teu Deus!
–8 Eu não venho censurar teus sacrifícios, *pois sempre estão perante mim teus holocaustos;–9 não preciso dos novilhos de tua casa *nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos.
–10 Porque as feras da floresta me pertencem *e os animais que estão nos montes aos milhares.–11 Conheço os pássaros que voam pelos céus *e os seres vivos que se movem pelos campos.
–12 Não te diria, se com fome eu estivesse, *porque é meu o universo e todo ser.–13 Porventura comerei carne de touros? *Beberei, acaso, o sangue de carneiros?
–14 Imola a Deus um sacrifício de louvor *e cumpre os votos que fizeste ao Altíssimo.–15 Invoca-me no dia da angústia, *e então te livrarei e hás de louvar-me”.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Oferece ao Senhor um sacrifício
de louvor! Aleluia.
Ant.3 Eu não
quero oferenda e sacrifício;
quero o amor e a ciência do Senhor! Aleluia.
III
=16 Mas ao ímpio é assim que Deus pergunta: †“Como ousas repetir os meus preceitos *e trazer minha Aliança em tua boca?
–17 Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos *e deste as costas às palavras dos meus lábios!–18 Quando vias um ladrão, tu o seguias *e te juntavas ao convívio dos adúlteros.
–19 Tua boca se abriu para a maldade *e tua língua maquinava a falsidade.–20 Assentado, difamavas teu irmão, *e ao filho de tua mãe injuriavas.
–21 Diante disso que fizeste, eu calarei? *Acaso pensas que eu sou igual a ti?– É disso que te acuso e repreendo *e manifesto essas coisas aos teus olhos.
=22 Entendei isto, todos vós que esqueceis Deus, †para que eu não arrebate a vossa vida, *sem que haja mais ninguém para salvar-vos!
–23 Quem me oferece um sacrifício de louvor, *este sim é que me honra de verdade.– A todo homem que procede retamente, *eu mostrarei a salvação que vem de Deus”.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Eu não quero oferenda e
sacrifício;
quero o amor e a ciência do Senhor! Aleluia.
V. Meu coração e minha carne
rejubilam. Aleluia.
R. E exultam de alegria no Deus vivo.
Aleluia.
Primeira leitura
Dos Atos dos Apóstolos
25,1-27
Paulo diante do rei Agripa
Três dias depois de sua chegada à província, Festo subiu
de Cesareia a Jerusalém. Logo os chefes dos sacerdotes e os
mais notáveis dentre os judeus se constituíram, diante dele,
acusadores de Paulo. E ao mesmo tempo solicitaram-lhe,
pedindo como especial favor, mas em detrimento de Paulo,
que o transferisse para Jerusalém: é que preparavam uma
emboscada para o matarem durante o trajeto. Mas Festo
respondeu que Paulo encontrava-se preso em Cesareia, e que
ele mesmo partiria muito em breve para lá. E completou:
“Aqueles dentre vós que detêm o poder desçam comigo. E
se há algo de irregular nesse homem, apresentem acusação
contra ele”.
Tendo, pois, passado entre eles não mais de oito ou dez
dias, desceu a Cesareia. No dia seguinte, sentando-se no
tribunal, mandou trazer Paulo. Quando este compareceu,
os judeus que haviam descido de Jerusalém o rodearam,
aduzindo muitas e graves acusações, as quais porém não
podiam provar. Paulo, defendendo-se dizia: “Não cometi
falta alguma contra a Lei dos judeus, nem contra o Templo,
nem contra César.” Então Festo, querendo agradar aos
judeus, dirigiu-se a Paulo: “Queres subir a Jerusalém, para lá,
em minha presença, seres julgado a respeito destas coisas?”
Paulo, porém, replicou: “Estou perante o tribunal de César, e
é aqui que devo ser julgado. Nenhum crime pratiquei contra
os judeus, como tu perfeitamente reconheces. Mas, se de
fato cometi injustiça, ou pratiquei algo que mereça a morte,
não recuso morrer. Se, ao contrário, não há nada daquilo de
que me acusam, ninguém pode entregar-me a eles. Apelo
para César!” Então Festo, depois de ter conferenciado com
o seu conselho, respondeu: “Para César apelaste, perante
César irás!”
Passados alguns dias, o rei Agripa e Berenice vieram a
Cesareia e foram saudar Festo. Como se demorassem ali
por mais tempo, Festo expôs ao rei o caso de Paulo: “Há
um homem aqui, disse ele, a quem Félix deixou detido.
Estando eu em Jerusalém, os chefes dos sacerdotes e anciãos
dos judeus apresentaram queixas contra ele, pedindo a sua
condenação. Respondi-lhes, porém, que não é costume
dos romanos entregar um homem antes que ele, quando
acusado, possa confrontar seus acusadores e tenha meios
de defender-se da acusação. Vindo eles junto comigo para
cá, já no dia seguinte sentei-me no tribunal, sem dilação
alguma, e mandei trazer o homem. Comparecendo perante
ele, seus acusadores não aduziram nenhuma acusação de
crimes de que eu pudesse suspeitar. Tinham somente certas
questões sobre sua própria religião e a respeito de certo
Jesus, já morto, e que Paulo afirma estar vivo. Estando eu
perplexo quando à investigação dessas coisas, perguntei-lhe
se preferia ir a Jerusalém, para lá ser julgado. Mas Paulo
interpôs apelação, para que sua causa fosse reservada ao
juízo de Augusto. Ordenei, pois, que ficasse detido, até que
eu possa envia-lo a César”. Disse então Agripa a Festo. “Eu
também quisera ouvir este homem”. E Festo: “Amanhã o
ouvirás.”
De fato, no dia seguinte, Agripa e Berenice vieram com
grande pompa e foram à sala de audiências, junto com os
tribunos e as personalidades importantes da cidade. A uma
ordem de Festo, trouxeram Paulo. Festo disse então: “Rei
Agripa, e vós todos conosco aqui presentes, estais vendo
este homem, por causa do qual toda a comunidade dos
judeus recorreu a mim tanto em Jerusalém como aqui,
clamando que ele não deve continuar a viver. Eu, porém,
averiguei que nada fez que mereça a morte. Contudo,
como ele mesmo apelou para o Imperador Augusto, decidi
enviá-lo. Acontece que nada tenho de concreto, sobre ele,
para escrever ao Soberano. Por isso, faço-o comparecer
diante de vós, sobretudo diante de ti, rei Agripa, a fim de
que, feita a arguição, eu tenha o que escrever. Pois me
parece absurdo enviar um detido sem também notificar as
acusações movidas contra ele”.
Responsório 1Cor 15,14.20.19
R. Se Cristo não ressuscitou,
a nossa pregação é sem
fundamento.
* Mas, na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos
como
primícias dos que morreram, aleluia, aleluia.
V. Se é só para esta vida que pusemos a nossa esperança
em Cristo,
somos, dentre todos os homens, os mais dignos
de compaixão.
* Mas, na realidade.
Segunda leitura
Do Comentário sobre o Evangelho de São João, de São
Cirilo de Alexandria, bispo
(Lib. 11,11: PG 74,559-562)
Cristo é o vínculo da unidade
Cada vez que participamos do corpo sagrado de Cristo,
unimo-nos a ele corporalmente, como afirma São Paulo
ao falar do mistério do amor misericordioso de Deus:
Este mistério não foi manifestado por Deus nas gerações passadas. Só ultimamente ele foi revelado pelo Espírito a seus santos apóstolos e profetas. Eis o mistério: os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo e beneficiários da mesma promessa, em Cristo Jesus
(Ef 3,5-6).
Ora, se todos nós formamos um só corpo em Cristo,
não apenas uns com os outros, mas também com aquele
que habita em nós pela sua carne, por que não vivemos
plenamente essa união existente entre nós e Cristo? Com
efeito, Cristo é o vínculo da unidade, por ser ao mesmo
tempo Deus e homem.
Seguindo o mesmo caminho, podemos falar da nossa
união espiritual, afirmando que todos nós, ao recebermos
o único e mesmo Espírito Santo, nos unimos uns com os
outros e com Deus. Embora estejamos separados, somos
muitos e, em cada um de nós, Cristo faz habitar o Espírito
do Pai que é também o seu. Todavia, o Espírito é um só
e indivisível e, com sua presença e ação, reúne os que
individualmente são distintos uns dos outros, fazendo com
que em si mesmo todos sejam um só. Assim como a virtude
do corpo sagrado de Cristo transforma num só corpo os
que dele participam, parece-me que o único e indivisível
Espírito de Deus, habitando em cada um, vincula todos
numa unidade espiritual.
Por isso, novamente São Paulo se dirige a nós: Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos outros no amor, solícitos em guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança à qual fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, acima de todos, no meio de todos e em todos (Ef 4,2-6). Se efetivamente é um só o Espírito que
habita em nós, também o único Deus e Pai de todos estará
em nós por seu Filho, unindo entre si e consigo todos os
que participam do mesmo Espírito.
Desde agora, torna-se evidente que, de alguma maneira,
estamos unidos ao Espírito Santo por participação. De fato,
se de uma vez por todas abandonamos a vida puramente
natural e obedecemos às leis do espírito, é claro que,
deixando de lado nossa vida anterior e unindo-nos ao
Espírito Santo, adquirimos uma configuração espiritual e,
até certo ponto, transformamos em outra nossa natureza.
Assim já não somos simplesmente homens, mas filhos de
Deus e habitantes do céu, pelo fato de nos termos tornado
participantes da natureza divina.
Todos, portanto, somos um só no Pai, no Filho e no
Espírito Santo. Um só, repito, pela identidade de condição,
um só pela união da caridade, pela comunhão do corpo
sagrado de Cristo e pela participação do único Espírito
Santo.
Responsório Cf. 1Cor 10,17;Sl 67(68),11.7
R. Porque há um só pão, nós,
embora muitos, somos um
só corpo,
* Pois todos participamos desse único pão
e desse único
cálice, aleluia.
V. Com carinho, preparastes essa terra para o pobre;
é o
Senhor quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados.
* Pois.
Oração
Nós vos pedimos, ó Deus, que venha a nós a força do Espírito Santo,
para que realizemos fielmente a vossa vontade e a manifestemos por uma
vida santa. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.