Ofício das Leituras

V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
 
R. Socorrei-me sem demora.
 Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
 Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Esta introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.

Hino

Exulte o céu do alto,
aplaudam terra e mar;
o Cristo, ressurgindo,
a vida vem nos dar.

O tempo favorável
à terra já voltou;
felizes, contemplamos
o dia salvador,

no qual o mundo, salvo
no sangue do Cordeiro,
já brilha em meio às trevas
com brilho verdadeiro.

A morte mata a morte,
da culpa nos redime;
a força do vencido,
vencendo, apaga o crime.

É esta a nossa espera,
é este o nosso gozo:
também ressurgiremos,
com Cristo glorioso.

Por isso, celebremos
a Páscoa do Cordeiro,
repletos pela graça
do seu amor primeiro.

Jesus, sede a alegria
perene dos remidos;
uni na vossa glória
da graça os renascidos.

Louvor a vós, Jesus,
da morte vencedor,
reinando com o Pai
e o seu eterno Amor.

Salmodia

Ant.1 Levantai-vos, ó Senhor, vinde logo em meu socorro! Aleluia.

Salmo 34(35),1-2.3c.9-19.22-23.27-28

O Senhor salva nas perseguições
Reuniram-se... e resolveram prender Jesus por um ardil para o matar (Mt 26,3.4).

I

1 Acusai os que me acusam, ó Senhor, *
combatei os que combatem contra mim!
=
2 Empunhai o vosso escudo e armadura; †
levantai-vos, vinde logo em meu socorro *

3ce dizei-me: “Sou a tua salvação!”

9 Então minh’alma no Senhor se alegrará *
e exulta de alegria em seu auxílio.
10 Direi ao meu Senhor com todo o ser: *
“Senhor, quem pode a vós se assemelhar,
– pois livrais o infeliz do prepotente *
e libertais o miserável do opressor?” 

11 Surgiram testemunhas mentirosas, *
acusando-me de coisas que não sei.
12 Pagaram com o mal o bem que fiz, *
e a minh’alma está agora desolada!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Levantai-vos, ó Senhor, vinde logo em meu socorro! Aleluia.

Ant.2 Defendei minha causa, Senhor poderoso! Aleluia.

II

=13 Quando eram eles que sofriam na doença, †
eu me humilhava com cilício e com jejum *
e revolvia minhas preces no meu peito;
14 eu sofria e caminhava angustiado *
como alguém que chora a morte de sua mãe.

=15 Mas apenas tropecei, eles se riram; †
como feras se juntaram contra mim *
e me morderam, sem que eu saiba seus motivos;
16 eles me tentam com blasfêmias e sarcasmos *
e se voltam contra mim rangendo os dentes.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Defendei minha causa, Senhor poderoso! Aleluia.

Ant.3 Minha língua anuncia vossa justiça eternamente Aleluia.

III

=17 Até quando, ó Senhor, podeis ver isso? †
Libertai a minha alma destas feras *
e salvai a minha vida dos leões!
18 Então, em meio à multidão, vos louvarei *
e na grande assembleia darei graças.

19 Que não possam nunca mais rir-se de mim *
meus inimigos mentirosos e injustos!
– Nem acenem os seus olhos com maldade *
aqueles que me odeiam sem motivo!

22 Vós bem vistes, ó Senhor, não vos caleis! *
Não fiqueis longe de mim, ó meu Senhor!
23 Levantai-vos, acordai, fazei justiça! *
Minha causa defendei, Senhor, meu Deus!

27 Rejubile de alegria todo aquele *
que se faz o defensor da minha causa
– e possa dizer sempre: “Deus é grande, *
ele deseja todo o bem para o seu servo!”
28 Minha língua anunciará vossa justiça *
e cantarei vosso louvor eternamente!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Minha língua anuncia vossa justiça eternamente Aleluia.

V. Céus e terra se alegram cantando: aleluia,

R. Pela ressurreição do Senhor. Aleluia.

Primeira leitura

Do Livro do Apocalipse
22,1-9

O rio de água vivificante
O anjo mostrou-me depois um rio de água da vida, límpido como cristal, que saía do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da praça, de um lado e do outro do rio, há árvores da vida que frutificam doze vezes, dando fruto a cada mês; e suas folhas servem para curar as nações. Nunca mais haverá maldições. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e seus servos lhe prestarão culto; verão sua face, e seu nome estará sobre suas frontes. Já não haverá noite: ninguém mais precisará da luz da lâmpada, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e eles reinarão pelos séculos dos séculos. Disse-me então: “Estas palavras são fiéis e verdadeiras, pois o Senhor Deus, que inspira os profetas, enviou o seu Anjo para mostrar aos seus servos o que deve acontecer muito em breve. Eis que eu venho em breve! Feliz aquele que observa as palavras da profecia deste livro”. Eu, João, fui o ouvinte e a testemunha ocular destas coisas. Tendo-as ouvido e visto, prostrei-me para adorar o Anjo que me havia mostrado tais coisas. Ele, porém, me impediu: “Não! Não o faças! Sou servo como tu e como teus irmãos, os profetas, e como aqueles que observam as palavras deste livro. É a Deus que deves adorar!”

ResponsórioAp 22,5.3
R. Não haverá mais noite,
porque o Senhor Deus vai brilhar sobre seus servos,
* E eles reinarão para toda a eternidade, aleluia.
V. Na cidade estará o trono de Deus e do Cordeiro
e seus servos poderão prestar-lhe culto. * E eles.

Segunda leitura
Das Cartas de São Cipriano, bispo

(Epist. 63,8-9: CSEL 3, pars 2,706-708)
(Séc. III)

Sobre os sacramentos da vida
Todas as vezes que, na Sagrada Escritura, a água é mencionada sozinha, proclama-se o Batismo, como se vê ilustrado em Isaías: Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos. Eis que eu farei coisas novas, e que já estão surgindo: acaso não as reconhecereis? Pois abrirei uma estrada no deserto e farei brotar rios na terra seca para dar de beber a meu povo, a meus escolhidos. Esse povo, eu o criei para mim e ele cantará meus louvores (Is 43,18-21). O Senhor prenunciou, por meio do profeta, que entre os pagãos, em lugares antes carentes de água, apareceriam depois rios abundantes que matariam a sede do povo eleito, isto é, dos que por meio do Batismo se transformariam em filhos de Deus.

E outra vez se prenuncia e se prediz que os judeus que tiverem sede de Cristo e o procurarem, hão de beber junto de nós, isto é, conseguirão a graça do Batismo. Não sofrem sede, quando o Senhor os guia pelo deserto; para eles tira água das pedras, pois, ao rachar a pedra, as águas correm (Is 48,21), e meu povo beberá.

Isso se vê realizado no Evangelho quando Cristo, que é a pedra, é traspassado pela lança durante a paixão. é ele ainda que, referindo-se ao que antes fora prometido pelo Profeta, clama dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba (Jo 7,37). Quem crê em mim – conforme diz a Escritura: “De seu interior correrão rios de água viva” (Jo 7,38). E para ficar mais claro que o Senhor não falava aqui do cálice, mas do Batismo, acrescentou a Escritura: Ele disse isso falando do Espírito que haviam de receber os que acreditassem nele (Jo 7,39).

No Batismo recebe-se o Espírito Santo, e só os batizados que o receberam é que podem beber o cálice do Senhor. Ninguém se admire de que a Escritura divina, falando do Batismo, diga que temos sede e bebemos, já que o Senhor afirma no Evangelho: Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça (Mt 5,6). De fato, aquilo que se recebe com ávido e ardente desejo, se alcança com maior plenitude e abundância. De resto, a Igreja sempre tem sede do cálice do Senhor, e sempre o bebe.

Não são necessários muitos argumentos, para provar que, com a designação da água, se indica o Batismo, e que assim devemos entender, visto que o Senhor, com sua vinda ao mundo, nos manifestou a verdade do Batismo e do cálice. Foi ele que mandou dar aos fiéis, com o Batismo, a água da vida eterna, e ensinou, por seu magistério, que no cálice se misturam simultaneamente o vinho e a água. De fato, na véspera de sua paixão, ele tomou o cálice, abençoou-o, e o entregou a seus discípulos, dizendo: Bebei dele todos, pois este é o meu sangue da nova aliança, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. Eu vos digo: de hoje em diante não beberei desse fruto da videira, até o dia em que, convosco, beberei o vinho novo no Reino de meu Pai (Mt 26,27-29).

Dessa passagem conclui-se que foi um cálice misturado que o Senhor apresentou, e que antes era vinho o que ele disse ser sangue. Daqui também se conclui, com evidência, que não se oferece o sangue de Cristo se falta o vinho no cálice, e não se celebra legitimamente o sacrifício divino, se nossa oblação e nosso sacrifício não correspondem à paixão do Senhor. Como então podemos beber com Cristo, no Reino do Pai, o fruto novo da videira se, no sacrifício de Deus Pai e de Cristo, não oferecermos o nosso vinho, e não preparamos o cálice segundo o exemplo do Senhor?

Responsório Sl 46,8;cf. Sl 131(132),7
R.
O Senhor nos introduziu em sua morada santa,
e nós vimos a fonte de água que jorra leite e mel;
* E oferecemos as primícias, aleluia.
V. Entramos no lugar em que ele habita,
ante o escabelo de seus pés o adoramos!
* E oferecemos.

Oração
Amparai, ó Deus, nossos corações para vivermos dignamente os mistérios pascais, a fim de que esta celebração realizada com alegria nos proteja por sua força inesgotável e nos comunique a salvação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R.
Demos graças a Deus.