5a SEMANA DO TEMPO COMUM

I Semana do Saltério

QUARTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Da Carta de São Paulo aos Gálatas 3,15–4,7

A função da lei
3,15Irmãos, falo como homem: um testamento humano feito legitimamente não pode ser anulado nem modificado. 16Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: "e a seus descendentes , como se fossem muitos, mas fala de um só: e a teu descendente que é Cristo. 17Afirmo, portanto: o testamento autenticado por Deus não pode ser anulado, de modo que a promessa seja anulada por uma Lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois. 18Pois, se a herança se obtivesse pela Lei, já não proviria da promessa. Ora, Deus concedeu a graça a Abraão pela promessa.

19Então, por que a Lei? É um apêndice acrescentado devido às transgressões, promulgado por anjos, em mão de um mediador, até que viesse o Descendente, a quem fora feita a promessa. 20Ora, não há intermediário, tratando-se de uma pessoa só, e Deus é um só. 21Então, a Lei seria contra as promessas de Deus? – De modo algum! Com efeito, se tivesse sido dada uma lei capaz de comunicar a vida, então a justiça viria realmente da Lei. 22A Escritura pôs todos e tudo sob o jugo do pecado, a fim de que, pela fé em Jesus Cristo, se cumprisse a promessa em favor dos que crêem.

23Antes que se inaugurasse o regime da fé, nós éramos guardados, como prisioneiros, sob o jugo da Lei. Éramos guardados para o regime da fé, que estava para ser revelado. 24Assim, a Lei foi como um pedagogo que nos conduziu até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. 25Mas, uma vez inaugurado o regime da fé, já não estamos na dependência desse pedagogo. 26Com efeito, vós todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo. 27Vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo. 28O que vale não é mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um só, em Jesus Cristo. 29Sendo de Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa.

4,1Enquanto o herdeiro é menor de idade, ele não se diferencia em nada de um escravo, embora já seja dono de todos os bens. 2É que ele depende de tutores e curadores até à data marcada pelo pai. 3Assim, nós também, quando éramos menores, estávamos escravizados aos elementos do mundo. 4Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, 5a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. 6E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá – ó Pai! 7Assim já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus.

Responsório Gl 3,27.28; cf. Ef 4,24
R. No Cristo batizados, revestimo-nos de Cristo.
Já não há judeu nem grego,
* Todos nós somos um só em Jesus Cristo, Senhor nosso.
V. Revesti-vos do homem novo que, à imagem do Senhor,
foi criado na justiça e santidade verdadeira.
* Todos nós.

Segunda leitura
Das Cartas de Santo Ambrósio, bispo

(Ep. 35,4-6.13: PL 16 [ed. 1845],1078-1079.1081)
(Séc. IV)

Somos herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo
Quem, diz o Apóstolo, faz morrer pelo espírito as obras da carne, viverá. Não admira que viva, pois quem tem o Espírito de Deus se torna filho de Deus. É verdadeiro filho de Deus porque não recebe o espírito de servidão, mas de adoção dos filhos, a ponto de dar o Espírito Santo a nosso espírito o testemunho de que somos filhos de Deus. Este testemunho vem do Espírito Santo, pois é ele mesmo quem clama em nossos corações: "Abá! meu Pai! , como se lê na Carta aos Gálatas. Grande testemunho é sermos filhos de Deus, porque somos assim herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo. Co-herdeiro é aquele que é conglorificado com ele; e conglorificado é quem, sofrendo por ele, padece com ele.

Para estimular-nos à paixão, Paulo acrescenta que tudo quanto sofremos é pouco e sem proporção às recompensas dos futuros bens que se revelarão em nós. Recriados à imagem de Deus, mereceremos ver sua glória face a face.

Para aumentar a grandeza da futura revelação, o Apóstolo acrescenta que também as criaturas estão na expectativa desta revelação dos filhos de Deus, apesar de agora estarem submetidas, não por própria vontade, mas na esperança. Esperam de Cristo a paga de seus serviços. Isto é, serem libertas da escravidão da corrupção, a fim de que também elas sejam incluídas na liberdade da glória dos filhos de Deus. Deste modo haverá uma única liberdade, a liberdade das criaturas e dos filhos de Deus, quando se revelar sua glória. Na verdade agora, demorando tanto a revelação, toda criatura geme, enquanto aguarda ansiosa nossa adoção e redenção gloriosas, dando já à luz o espírito de salvação, no desejo de libertar-se da sujeição à vaidade.

O sentido é muito claro: possuindo as primícias do Espírito, eles gemem, na expectativa da adoção de filhos. Esta adoção é a redenção de todo o corpo, quando, como filho adotivo de Deus, verá face a face aquele divino e eterno Bem. Há a adoção de filhos na Igreja do Senhor, quando o Espírito clama: Abá, Pai, tal como se diz aos Gálatas. Contudo só será perfeita no momento em que todos ressuscitem incorruptos, belos, gloriosos, todos os que merecerem contemplar a face de Deus. Só então a condição humana se sentirá verdadeiramente remida. Por isso rejubila-se o Apóstolo ao dizer: Pela esperança somos salvos. A esperança salva à semelhança da fé, da qual se diz: Tua fé te salvou.

Responsório Rm 8,17b; 5,9
R. De Deus somos herdeiros e de Cristo co-herdeiros.
* Se, com Cristo, padecemos, com ele nós seremos,
também, glorificados.
V. Justificados por seu sangue, por ele nós seremos
salvos da ira, que há de vir. * Se, com Cristo.

Oração

Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.