8a SEMANA DO TEMPO COMUM

IV Semana do Saltério

QUINTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro de Jó 11,1-20

Discurso de Sofar sobre a opinião corrente
1
Sofar de Naamat tomou a palavra e disse: 2"O falador ficará sem resposta? Vamos dar razão a quem muito fala? 3Tua vã linguagem calará os homens? Zombarás sem que ninguém te repreenda? 4Disseste: Minha doutrina é pura, sou inocente aos teus olhos. 5Mas se Deus quiser falar e abrir os lábios para te responder, 6se te revelar os segredos da Sabedoria, que desconcertam todo o entendimento, então saberás que Deus muita culpa te perdoa. 7Acaso podes sondar a profundeza de Deus, e atingir a perfeição do Todo-Poderoso? 8É mais alta que o céu: que poderás fazer? Mais profunda que o abismo: que poderás saber? 9É mais vasta que a terra, mais extensa que o mar. 10Se ele intervém para encerrar e convocar a assembleia, quem pode impedi-lo? 11Ele conhece a falsidade dos homens; vê a maldade e não presta atenção? 12Mas o homem estúpido começará a ser sábio: ao nascer, é parecido com um burro que se vai domesticar. 13Se dirigires teu coração a Deus e estenderes as mãos para ele, 14se afastares das tuas mãos a maldade e não alojares a injustiça em tua tenda, 15poderás levantar teu rosto sem mancha, serás inabalável e nada temerás; 16e esquecerás tuas desgraças ou as recordarás como a água que passou; 17tua vida ressurgirá como o meio-dia, a escuridão será como a manhã; 18terás segurança na esperança, e se vivias perturbado, dormirás tranquilo; 19repousarás sem sobressaltos e muitos procurarão o teu favor. 20Quanto aos ímpios, os seus olhos ficam cegos, o seu refúgio não existe, a sua esperança é um sopro que se extingue".

Responsório 2Cor 4,8-9a.10

R. Somos, em tudo, atribulados, mas não angustiados;
dificultados em extremo, mas não desesperados;
* Nós somos perseguidos, mas não abandonados.
V. Trazemos sempre em nosso corpo a agonia de Jesus,
para que a sua vida se revele em nosso corpo.
* Nós somos.

Segunda leitura
Dos Livros "Moralia" sobre Jó, de São Gregório Magno, papa

(Lib. 10,7-8.10: PL 75,922.925-926)
(Séc. VI)

Múltipla é a lei do Senhor
Nesta passagem, o que se deve entender por lei de Deus a não ser a caridade? Pois por meio dela sempre se pode encontrar na mente como traduzir na prática os preceitos de Deus. Sobre esta lei de Deus, é dito pela palavra da Verdade: Este é o meu mandamento, que vos ameis uns aos outros. Desta lei fala Paulo: A plenitude da lei é o amor. E ainda: Carregai os fardos uns dos outros e cumprireis assim a lei de Cristo. O que de melhor se pode entender por lei de Cristo senão a caridade, vivida na perfeição, quando suportamos os fardos dos irmãos por amor?

No entanto, esta mesma lei pode-se dizer ser múltipla, porque com zelosa solicitude a caridade se estende a todas as ações virtuosas. Começando por dois preceitos, ela vai atingir muitos outros. Paulo soube enumerar a multiplicidade desta lei ao dizer: A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não se ensoberbece, não age mal; não é ambiciosa, não busca o que é seu, não se irrita, não pensa mal, não se alegra com a iniquidade, mas rejubila com a verdade.

Na verdade é paciente a caridade, pois tolera com serenidade as afrontas recebidas. É benigna porque retribui os males com bens generosos. Não é invejosa porque, nada cobiçando neste mundo, não tem por onde invejar os êxitos terrenos. Não se ensoberbece; deseja ansiosamente a retribuição interior, por isso não se exalta com os bens exteriores. Não age mal, pois somente se dilata com o amor a Deus e ao próximo, por isto ignora tudo quanto se afasta da retidão.

Não é ambiciosa porque, cuidando ardentemente de si no íntimo, não cobiça fora, de modo algum, as coisas alheias. Não busca o que é seu, pois tudo quanto possui aqui considera-o transitório e alheio, sabendo que nada lhe é próprio a não ser aquilo que permanece sempre com ela. Não se irrita, pois, quando insultada, não se deixa levar por sentimentos de vingança, já que por grandes trabalhos espera prêmios ainda maiores. Não pensa mal, porque, firmando o espírito no amor da pureza, arranca pela raiz todo ódio e não admite na alma mancha nenhuma.

Não se alegra com a iniquidade: o seu único anseio consiste no amor para com todos sem se alegrar com a perda dos adversários. Rejubila, porém, com a verdade porque, amando os outros como a si próprio, enche-se de gozo ao ver neles o que é reto como se se tratasse do progresso próprio. É múltipla, portanto, a lei de Deus.

Responsório Rm 13,8.10b; Gl 5,14

R. Não devais coisa alguma a ninguém
a não ser o amor mútuo;
pois aquele que ama o seu próximo,
tem cumprido a lei.
* Pois amar é cumprir plenamente a lei do Senhor.
V. Esta frase contém toda a lei:
Ama o próximo como a ti mesmo. * Pois amar.

Oração

Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.