Ofício das Leituras

V.
Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Esta introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.

Hino

Exulte o céu do alto,
aplaudam terra e mar;
o Cristo, ressurgindo,
a vida vem nos dar.

O tempo favorável
à terra já voltou;
felizes, contemplamos
o dia salvador,

no qual o mundo, salvo
no sangue do Cordeiro,
já brilha em meio às trevas
com brilho verdadeiro.

A morte mata a morte,
da culpa nos redime;
a força do vencido,
vencendo, apaga o crime.

É esta a nossa espera,
é este o nosso gozo:
também ressurgiremos,
com Cristo glorioso.

Por isso, celebremos
a Páscoa do Cordeiro,
repletos pela graça
do seu amor primeiro.

Jesus, sede a alegria
perene dos remidos;
uni na vossa glória
da graça os renascidos.

Louvor a vós, Jesus,
da morte vencedor,
reinando com o Pai
e o seu eterno Amor. 

Salmodia

Ant.1 Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
não te esqueças de nenhum de seus favores! Aleluia.

Salmo 102(103)

Hino à misericórdia do Senhor
Graças à misericordiosa compaixão do nosso Deus, o sol que nasce do alto nos veio visitar (cf. Lc 1,78).

I

2 Ouvi, Senhor, e escutai minha oração, *
e chegue até vós o meu clamor!
3 De mim não oculteis a vossa face *
no dia em que estou angustiado!
– Inclinai o vosso ouvido para mim, *
ao invocar-vos atendei-me sem demora!

 –4 Como fumaça se desfazem os meus dias, *
estão queimando como brasas os meus ossos.
5 Meu coração se tornou seco igual à erva, *
até esqueço de tomar meu alimento.
6 À força de gemer e lamentar, *
tornei-me tão-somente pele e osso.

 –7 Eu pareço um pelicano no deserto, *
sou igual a uma coruja entre ruínas.
 –8 Perdi o sono e passo a noite a suspirar *
como a ave solitária no telhado.
9 Meus inimigos me insultam todo o dia, *
enfurecidos lançam pragas contra mim.

 –10 É cinza em vez de pão minha comida, *
minha bebida eu misturo com as lágrimas.
11 Em vossa indignação, em vossa ira *
me exaltastes, mas depois me rejeitastes;
12 os meus dias como sombras vão passando, *
e aos poucos vou murchando como a erva.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
não te esqueças de nenhum de seus favores! Aleluia.

Ant.2 Como um pai se compadece de seus filhos,
o Senhor tem compaixão dos que o temem. Aleluia.

II

13 Mas vós, Senhor, permaneceis eternamente, *
de geração em geração sereis lembrado!
14 Levantai-vos, tende pena de Sião, *
já é tempo de mostrar misericórdia!
15 Pois vossos servos têm amor aos seus escombros *
e sentem compaixão de sua ruína.

 –16 As nações respeitarão o vosso nome, *
e os reis de toda a terra, a vossa glória;
17 quando o Senhor reconstruir Jerusalém*
e aparecer com gloriosa majestade,
18 ele ouvirá a oração dos oprimidos *
e não desprezará a sua prece.

 –19 Para as futuras gerações se escreva isto, *
e um povo novo a ser criado louve a Deus.
20 Ele inclinou-se de seu templo nas alturas, *
e o Senhor olhou a terra do alto céu,
21 para os gemidos dos cativos escutar *
e da morte libertar os condenados.

 –22 Para que cantem o seu nome em Sião *
e louve ao Senhor Jerusalém,
23 quando os povos e as nações se reunirem *
e todos os impérios o servirem.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Como um pai se compadece de seus filhos,
o Senhor tem compaixão dos que o temem. Aleluia.

Ant.3 Obras todas do Senhor, glorificai-o! Aleluia.

III

24 Ele abateu as minhas forças no caminho *
e encurtou a duração da minha vida.
= Agora eu vos suplico, ó meu Deus; †
25 não me leveis já na metade dos meus dias, *
vós, cujos anos são eternos, ó Senhor!

 –26 A terra no princípio vós criastes, *
por vossas mãos também os céus foram criados;
27 eles perecem, vós porém permaneceis; *
como veste os mudais e todos passam;
– ficam velhos todos eles como roupa, *
28 mas vossos anos não têm fim, sois sempre o mesmo!

 =29 Assim também a geração dos vossos servos †
terá casa e viverá em segurança, *
e ante vós se firmará sua descendência.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Obras todas do Senhor, glorificai-o! Aleluia.

V. Deus, o Pai, ressuscitou a Jesus Cristo
dentre os mortos, aleluia,

R. Para que esteja no Senhor a nossa fé
e esperança, aleluia.

Primeira leitura

Do Livro do Apocalipse 14,14-15,4

A colheita dos últimos tempos

Eu, João, 14,14 na minha visão, vi uma nuvem branca e sentado na nuvem alguém que parecia um “filho de homem”. Tinha na cabeça uma coroa de ouro e, nas mãos, uma foice afiada. 15Saiu do Templo um outro anjo, gritando em alta voz para aquele que estava sentado na nuvem: “Lança tua foice, e ceifa. Chegou a hora da colheita. A seara da terra está madura!” 16E aquele que estava sentado na nuvem lançou a foice, e a terra foi ceifada.

17Então saiu do templo que está no céu mais um anjo. Também ele tinha nas mãos uma foice afiada. 18E saiu, de junto do altar, outro anjo ainda, aquele que tem o poder sobre o fogo. Ele gritou em alta voz para aquele que segurava a foice afiada: “Lança a foice e colhe os cachos da videira da terra, porque as uvas já estão maduras”. 19E o anjo lançou a foice afiada na terra, e colheu as uvas da videira da terra. Depois, despejou as uvas no grande lagar do furor de Deus. 20E o lagar foi pisado, fora da cidade, e dele saiu sangue, que subiu até a altura do freio dos cavalos, numa extensão de trezentos quilômetros. 

15,1 Depois, vi no céu outro sinal, grande e admirável: sete anjos, com as sete últimas pragas. Com elas o furor de Deus ia-se consumar. 2Vi também como que um mar de vidro misturado com fogo. Sobre este mar estavam, de pé, todos aqueles que saíram vitoriosos do confronto com a besta, com a imagem dela e com o número do nome da besta. Seguravam as harpas de Deus. 3Entoavam o cântico de Moisés, o servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: 

“Grandes e admiráveis são as tuas obras,
Senhor Deus, Todo-poderoso!
Justos e verdadeiros são os teus caminhos,
ó Rei das nações!
4
Quem não temeria, Senhor,
e não glorificaria o teu nome?
Só tu és santo!
Todas as nações virão
prostrar-se diante de Ti,
porque tuas justas decisões se tornaram manifestas”.

Responsório Ap 15,3; Ex 15,11

R. O canto do Cordeiro eles cantavam:
Como são grandes e admiráveis vossas obras,
ó Senhor e nosso Deus onipotente!
* Vossos caminhos são verdade, são justiça,
ó Rei dos povos todos do universo! Aleluia.
V.
Quem será igual a vós, entre os fortes, ó Senhor?
Quem será igual a vós, tão ilustre em santidade?
Quem será igual a vós, em prodígios, glorioso?
* Vossos caminhos.

Segunda leitura

Do Tratado sobre a Trindade, de Santo Hilário, bispo

(Lib. 8,13-16: PL10,246-249)

(Séc.IV)

A união natural dos fiéis em Deus pela encarnação do Verbo e pelo sacramento da Eucaristia

Proclamamos como uma verdade que a Palavra se fez carne (Jo 1,14) e que na ceia do Senhor nós recebemos esta mesma Palavra que se fez carne. Então, como se pode negar que permaneça naturalmente em nós aquele que, ao nascer como homem, não só assumiu a natureza da nossa carne como inseparável de si, mas também uniu sua natureza humana à natureza divina no sacramento em que nos dá a comunhão do seu corpo? Deste modo todos somos um só, porque o Pai está em Cristo e Cristo está em nós. Portanto, ele está em nós pela sua carne e nós estamos nele; e através dele, o que nós somos está em Deus.

Em que medida estamos nele pelo sacramento da comunhão com sua carne e com seu sangue, o próprio Cristo o afirma quando diz: Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis, porque eu vivo e vós vivereis, pois eu estou no meu Pai e vós em mim e eu em vós (Jo 14,19.20). Se com estas palavras o Senhor pretendia apenas significar uma unidade de vontade, por que então estabeleceu uma certa gradação e ordem na realização de tal unidade? Assim procedeu para acreditarmos que ele está no Pai pela natureza divina, e que nós estamos nele pelo seu nascimento corporal; além disso, ele também está em nós pelo mistério dos sacramentos. Ensina-nos desta forma a perfeita unidade estabelecida por meio do único Mediador. Nós estamos unidos a Cristo, que é inseparável do Pai, e Cristo, sendo inseparável do Pai, permanece unido a nós. Deste modo, temos acesso à unidade com o Pai. Porque se Cristo está por natureza no Pai, por ter sido gerado por ele, e se nós por natureza estamos em Cristo, então de certa maneira, também nós estamos por natureza no Pai através de Cristo.

Até que ponto esta unidade é natural em nós, o mesmo Senhor o declara: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele (Jo 6,56). Realmente, ninguém poderá estar em Cristo, se Cristo não estiver nele; isto é, Cristo somente assume em si a carne daquele que recebe a sua. O Senhor já havia ensinado antes o mistério desta perfeita unidade, dizendo: Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim (Jo 6,57). Vive, portanto, pelo Pai; e do mesmo modo que vive pelo Pai, também nós vivemos pela sua carne.

Toda a comparação deve ser adaptada à inteligência de tal modo que o exemplo proposto nos ajude a compreender o mistério de que tratamos. Esta é, portanto, a causa da nossa vida: Cristo, pela sua carne,habita em nós, seres carnais, para que nós vivamos por ele como ele vive pelo Pai.

Responsório Jo 6,56; Cf. Dt 4,7

R. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue,
* Em mim permanece e eu fico nele. Aleluia.
V.
Não há nação tão grande assim,
que tem seu Deus tão perto dela,
como temos nosso Deus, que está junto de nós.
* Em mim permanece.

Oração

Ó Deus, vida dos que têm fé em vós, glória dos humildes, e felicidade dos justos, atendei com bondade às nossas preces, e saciai sempre com vossa plenitude os que anseiam pelas riquezas  que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da hora

V. Bendigamos ao Senhor.

R. Graças a Deus.