8a SEMANA DO TEMPO COMUM
IV Semana do Saltério
SEXTA-FEIRA
Ofício das Leituras
Primeira leitura
Da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios 11,30-12,13
Quando estou débil, é então que sou forte.
Irmãos, 11,30se é preciso gloriar-se, de minha fraqueza
é que me gloriarei. 31O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é
bendito pelos séculos, sabe que não minto. 32Em Damasco,
o etnarca do rei Aretas guardava a cidade dos damascenos
no intuito de me prender. 33Mas por uma janela fizeram-
me descer em um cesto ao longo da muralha, e escapei às
suas mãos.
12,1É preciso gloriar-se? Por certo, não convém. Todavia
mencionarei as visões e revelações do Senhor. 2Conheço um
homem em Cristo que, há quatorze anos, foi arrebatado ao
terceiro céu - se em seu corpo, não sei; se fora do corpo,
não sei; Deus o sabe! 3E sei que esse homem - se no corpo
ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe! - 4foi arrebatado
até o paraíso e ouviu palavras inefáveis, que não é lícito ao
homem repetir. 5No tocante a esse homem, eu me gloriarei;
mas, no tocante a mim, só me gloriarei das minhas fraquezas. 6Se quisesse gloriar-me, não seria louco, pois só diria
a verdade. Mas não o faço, a fim de que ninguém tenha a
meu respeito um conceito superior àquilo que vê em mim
ou me ouve dizer.
7Já que essas revelações eram extraordinárias, para eu
não me encher de soberba, foi-me dado um aguilhão na
carne - um anjo de Satanás para me espancar - a fim de
que eu não me encha de soberba. 8A esse respeito três vezes
pedi ao Senhor que o afastasse de mim. 9Respondeu-me,
porém: “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a
força manifesta todo o seu poder”. Por conseguinte, com
todo o ânimo prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para
que pouse sobre mim a força de Cristo. 10Por isto, eu me
comprazo nas fraquezas, nos opróbrios, nas necessidades,
nas perseguições, nas angústias por causa de Cristo. Pois
quando sou fraco, então é que sou forte.
11Procedi como insensato! Vós me constrangestes a isto.
A vós que tocava recomendar-me. Pois em nada fui inferior
a esses “eminentes apóstolos”, se bem que eu nada seja.
12Os sinais que distinguem o apóstolo realizaram-se entre
vós: paciência a toda prova, sinais milagrosos, prodígios e
atos portentosos. 13Que tivestes a menos do que as outras
Igrejas senão o fato de que não vos fui pesado? Perdoai-me
essa injustiça!
Responsório 2Cor 12,9; 4,7
R. Prefiro gloriar-me das minhas fraquezas,
para que habite
em mim a força de Cristo.
* Porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha
força.
V. Temos este tesouro em vasos de barro,
para que transpareça claramente
que este poder extraordinário provém de
Deus e não de nós.
* Porque é.
Segunda leitura
Dos “Discursos”, de Santo Agostinho, bispo
(247,5-6)
Não sou eu, mas a graça de Deus que está comigo.
Presta atenção ao apóstolo Paulo, reflete sobre suas
palavras: O meu sangue está para ser derramado em libação, e chegou o tempo da minha partida. Combati o bom
combate, terminei a minha corrida, conservei a fé. Agora
só me resta a coroa da justiça que o Senhor, justo Juiz, me
entregará naquele Dia (2Tm 4,6-8).
Não negará o devido Aquele que doou o que não era
devido. O juiz justo dará a coroa: de fato, Ele já sabe a quem
dá-la. Combati o bom combate, terminei a minha corrida,
conservei a fé. Oferecerá a coroa por esses méritos, e não
negará o devido - como já mencionei - Aquele que doou o
que não era devido. O que significa o não devido? Ouçamos
o próprio Paulo enquanto confessa a própria vida e elogia
o doador da graça.
Outrora, ele diz, eu era blasfemador, perseguidor, e
violento (1Tm 1,13). Então, era justo que te tornasses um
apóstolo? O que significa ser justo para um blasfemador,
perseguidor e violento? O que não se a danação eterna? Ao
invés, o que recebeste? Mas obtive misericórdia porque
agia sem saber, longe da fé (ibid.). Esta é a misericórdia
que Deus lhe deu, sem que ele a merecesse.
Escuta ainda outra sua afirmação, nesta passagem: Nem
sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a
Igreja de Deus (1Co 15,9). Apóstolo, é verdade que não eras
digno. Mas de onde veio o teu ser digno? Porque agora és
assim? Mas pela graça de Deus sou o que sou (1Co 15,10).
Era minha a culpa por ser o que eu era, mas pela graça de
Deus sou o que sou. Mas pela graça de Deus sou o que
sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei
muito mais do que todos eles (ibid.).
Então, correspondeste à graça de Deus? Recebeste, mas
também restituíste? Nota bem, Paulo, o que falaste. Noto,
ele declara: não eu, mas a graça de Deus que está comigo
(ibid.). Então, a este apóstolo que é determinado, que está
disputando uma boa disputa, que conserva a fé, negará
Deus, juiz justo, o prêmio devido, depois de lhe dar uma
graça não merecida?
Constataste que existe em teu corpo outra lei que se opõe
às tuas crenças e te arrasta, feito escravo, subjugando-te à
lei do pecado: podes percebê-la em cada parte de teu corpo.
Como obter a vitória sem levar em consideração o seguinte:
Infeliz de mim! Quem me libertará deste corpo de morte?
Sejam dadas graças a Deus, por meio de Jesus Cristo, nosso
Senhor! (Rm 7,24-25).
Daí provêm a luta, o esforço, a perseverança, a vitória.
Observai este homem que luta: Quem nos poderá separar
do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição,
a fome, a nudez, o perigo, a espada? Como diz a Escritura:
Por tua causa somos entregues à morte o dia inteiro, somos
considerados como ovelhas destinadas ao matadouro (Rm
8,35-36). Quanta fraqueza, esforço, miséria, perigos, tentações! De onde vem a vitória, para quem combate? Ouve
o seguinte: Mas em todas estas coisas somos mais do que
vencedores por meio d’Aquele que nos amou (Rm 8,37).
Com ajuda de quem completaste o teu caminho? Sob
qual guia, comando? O que podes declarar a esse respeito?
Foste fiel, é verdade. Em primeiro lugar, de que fidelidade
se trata? Daquela que definiste por ti mesmo?
Não é verdade o que disseste: Tenhais de vós mesmos
um conceito justo, de acordo com a fé, na medida que Deus
concedeu a cada um (Rm 12,3)? Não és tu que, para alguns
de teus companheiros de batalha, de trabalho e corrida no
estádio da vida, falas assim: A vós foi concedida a graça,
não só de crer em Cristo, mas também de sofrer por Ele
(Fl 1,29)?
Crer em Cristo e sofrer por ele: essas coisas nos são
presenteadas, como dádivas.
Responsório 1Cor 2,3-4.5.1
R. E eu estive convosco na fraqueza,
e no temor, e no grande
tremor.
A minha linguagem e a minha pregação não consistiram
em palavras persuasivas de sabedoria,
* Para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos
homens,
mas no poder de Deus.
V. Quando fui ter convosco,
anunciando-vos o testemunho
de Deus,
não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria.
* Para que.
Oração
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na
paz que desejais, e vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.