Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Esta introdução se omite
quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
Agora é tempo favorável,
divino dom da Providência,
para curar o mundo enfermo
com um remédio, a penitência.
Da salvação refulge o dia,
na luz de Cristo a fulgurar.
O coração, que o mal feriu,
a abstinência vem curar.
Em corpo e alma, a abstinência,
Deus, ajudai-nos a guardar.
Por tal passagem, poderemos
à páscoa eterna, enfim, chegar.
Todo o Universo vos adore,
Trindade Santa, Sumo Bem.
Novos por graça entoaremos
um canto novo a vós. Amém.
Salmodia
Ant.1
Levantai-vos, ó Senhor, vinde logo em meu socorro!
Salmo 34(35),1-2.3c.9-19.22-23.27-28
O Senhor salva nas perseguições
Reuniram-se. e resolveram prender Jesus por um ardil para o
matar (Mt 26,3.4).
I
–1 Acusai os que me acusam, ó Senhor, *combatei os que combatem contra mim!=2 Empunhai o vosso escudo e armadura; †levantai-vos, vinde logo em meu socorro *3c e dizei-me: “Sou a tua salvação!”
–9 Então minh’alma no Senhor se alegrará *e exultará de alegria em seu auxílio.–10 Direi ao meu Senhor com todo o ser: *“Senhor, quem pode a vós se assemelhar,– pois livrais o infeliz do prepotente *e libertais o miserável do opressor?”
–11 Surgiram testemunhas mentirosas, *acusando-me de coisas que não sei.–12 Pagaram com o mal o bem que fiz, *e a minh’alma está agora desolada!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Levantai-vos, ó Senhor, vinde
logo em meu socorro!
Ant.2
Defendei minha causa, Senhor poderoso!
II
=13 Quando eram eles que sofriam na doença, †eu me humilhava com cilício e com jejum*e revolvia minhas preces no meu peito;–14 eu sofria e caminhava angustiado *como alguém que chora a morte de sua mãe.
=15 Mas apenas tropecei, eles se riram; †como feras se juntaram contra mim *e me morderam, sem que eu saiba seus motivos;–16 eles me tentam com blasfêmias e sarcasmos *e se voltam contra mim rangendo os dentes.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Defendei minha causa, Senhor
poderoso!
Ant.3 Minha
língua anunciará vossa justiça eternamente.
III
=17 Até quando, ó Senhor, podeis ver isso? †Libertai a minha alma destas feras *e salvai a minha vida dos leões!–18 Então, em meio à multidão, vos louvarei *e na grande assembleia darei graças.
–19 Que não possam nunca mais rir-se de mim *meus inimigos mentirosos e injustos!– Nem acenem os seus olhos com maldade *aqueles que me odeiam sem motivo!
–22 Vós bem vistes, ó Senhor, não vos caleis! *Não fiqueis longe de mim, ó meu Senhor!–23 Levantai-vos, acordai, fazei justiça! *Minha causa defendei, Senhor, meu Deus!
–27 Rejubile de alegria todo aquele *que se faz o defensor da minha causa– e possa dizer sempre: “Deus é grande, *ele deseja todo o bem para o seu servo!”–28 Minha língua anunciará vossa justiça *e cantarei vosso louvor eternamente!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Minha língua anunciará vossa
justiça eternamente.
V. Voltai ao Senhor vosso Deus.
R. Ele é bom, compassivo e clemente!
Primeira leitura
Do Livro do Êxodo 12,21-36
A morte dos primogênitos
Naqueles dias, 21Moisés convocou todos os anciãos
de Israel e lhes disse: “Ide, tomai um animal para cada uma das vossas
famílias, e imolai a vítima da Páscoa. 22Tomai um ramo de
hissopo, molhai-o no sangue que estiver na bacia, e aspergi com ele os
dois marcos e a travessa das portas. Mas ninguém de vós saia fora da
porta da sua casa até o amanhecer. 23Quando o Senhor passar
pelo Egito para castigá-lo, e vir sangue sobre os marcos e as travessas
das portas, passará adiante de vossas portas e não deixará que o
exterminador entre em vossas casas e faça dano. 24Observareis
este preceito como decreto perpétuo para vós e vossos filhos. 25E,
quando tiverdes entrado na terra que o Senhor vos há de dar, conforme
prometeu, observareis este rito.
26E quando vossos filhos vos perguntarem: ‘Que
significa este rito?’, 27respondereis: ‘É o sacrifício da
Páscoa do Senhor, quando ele passou adiante das casas dos filhos de
Israel no Egito, ferindo os egípcios e livrando as nossas casas’”.
Então o povo, ouvindo isto, prostrou-se e adorou. 28E,
saindo dali, os filhos de Israel fizeram o que o Senhor tinha mandado a
Moisés e Aarão.
29Era meia-noite, quando o Senhor feriu todos os
primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito do Faraó, que se
assentava em seu trono, até ao primogênito do prisioneiro que estava no
cárcere, e a todos os primogênitos dos animais. 30O Faraó
levantou-se de noite, e com ele todos os seus servos e todos os
egípcios, e houve um grande clamor no Egito, pois não havia casa onde
não houvesse um morto. 31O Faraó, chamando Moisés e Aarão
de noite, disse: “Levantai-vos, saí do meio do meu povo, vós e os
filhos de Israel; ide, oferecei sacrifícios ao Senhor, como dissestes. 32Levai
convosco também vossas ovelhas e vosso gado, como pedistes; e,
despedi-vos de mim e saí”. 33Os egípcios pressionavam o
povo e insistiam com ele para que saísse depressa da sua terra,
dizendo: “Morreremos todos!” 34O povo teve de tomar a
farinha amassada, antes que levedasse; e, envolvendo-a nas capas, a pôs
sobre os ombros. 35Além disso, os filhos de Israel fizeram
o que Moisés lhes tinha dito, pedindo aos egípcios objetos de ouro e
prata e grande quantidade de roupas. 36O Senhor fez com que
o povo encontrasse graça aos olhos dos egípcios, de maneira que estes
lhes davam o que pediam; assim eles despojaram os egípcios.
Responsório Cf. Ex 12,7.13; cf. 1Pd 1,18.19
R. Com o sangue do cordeiro marcareis
os dois pórticos e os umbrais de vossas casas.
* Este sangue servirá como sinal.
V. Não foi nem com ouro, nem prata,
que fostes remidos, irmãos;
mas sim pelo sangue precioso de Cristo,
o Cordeiro sem mancha.
* Este sangue.
Segunda leitura
Do “Espelho da Caridade”, do Bem-aventurado Elredo, abade
(Lib. 3,5: PL 195,582)
(Séc.XI)
O amor fraterno a exemplo de Cristo
Nada nos impele tanto ao amor dos inimigos – e é nisso que
consiste a perfeição do amor fraterno – do que considerar com gratidão
a admirável paciência de Cristo, o mais belo dos filhos dos homens
(Sl 44,3). Ele apresentou seu rosto cheio de beleza aos ultrajes dos
ímpios; deixou-os velar seus olhos que governam o universo com um
sinal; expôs seu corpo aos açoites; submeteu às pontadas dos espinhos
sua cabeça, que faz tremer os principados e as potestades; entregou-se
aos opróbrios e às injúrias; finalmente, suportou com paciência a cruz,
os cravos, a lança, o fel e o vinagre, conservando em tudo a doçura, a
mansidão e a serenidade.
Depois, como cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha
diante dos que a tosquiam, ele não abriu a boca (Is 53,7). Ao ouvir
esta palavra admirável, cheia de doçura, cheia de amor e de
imperturbável serenidade: Pai, perdoa-lhes! (Lc 23,34), quem
não abraçaria logo com todo o afeto os seus inimigos? Pai,
perdoa-lhes!, disse Jesus. Poderá haver oração que exprima maior
mansidão e caridade? Entretanto, Jesus não se contentou em pedir; quis
ainda desculpar, e acrescentou: Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o
que fazem! (Lc 23,34). São, na verdade, grandes pecadores, mas não
sabem avaliar a gravidade de seu pecado. Por isso, Pai, perdoa-lhes!
Crucificaram-me, mas não sabem a quem crucificaram, porque, se
soubessem, não teriam crucificado o Senhor da glória (1Cor 2,8).
Por isso, Pai, perdoa-lhes! Julgaram-me um transgressor da lei, um
usurpador da divindade, um sedutor do povo. Ocultei-lhes a minha face,
não reconheceram a minha majestade. Por isso, Pai, perdoa-lhes! Eles
não sabem o que fazem!
Por conseguinte, se o homem quer amar-se a si mesmo com amor
autêntico, não se deixa corromper por nenhum prazer da carne. Para não
sucumbir a essa concupiscência da carne, dirija todo o seu afeto à
admirável humanidade do Senhor. Para encontrar mais perfeito e suave
repouso nas delícias da caridade fraterna, abrace também com verdadeiro
amor os seus inimigos. Mas, para que esse fogo divino não arrefeça
diante das injúrias, contemple sem cessar, com os olhos do
coração, a serena paciência de seu amado Senhor e Salvador.
Responsório Is 53,12b; Lc 23,34
R. Ele próprio entregou a sua vida
e deixou-se colocar entre os facínoras.
* Tomou nossos pecados sobre si,
intercedendo em favor dos pecadores.
V. Jesus dizia, na cruz: Perdoai-lhes,
ó Pai,
pois não sabem o que fazem. * Tomou nossos.
Oração
Concedei, ó Deus, que vosos filhos e filhas se preparem
dignamente para a festa da Páscoa, de modo que a mortificação desta
Quaresma frutifique em todos nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, voso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.