QUINTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Segundo Livro dos Reis 2,1-15

Elias é arrebatado ao céu
Naqueles dias, 1eis o que aconteceu quando o Senhor arrebatou Elias ao céu no turbilhão: Elias e Eliseu partiram de Guilgal, 2e Elias disse a Eliseu: “Fica aqui, pois o Senhor me enviou até Betel”; mas Eliseu respondeu: “Tão certo como o Senhor vive e tu vives, não te deixarei!” e desceram a Betel. 3Os irmãos profetas que moravam em Betel foram ao encontro de Eliseu e disseram-lhe: “Sabes que hoje o Senhor vai levar teu mestre por sobre tua cabeça?” Ele respondeu: “Sei; calai-vos.” 4Elias lhe disse: “Eliseu, fica aqui, pois o Senhor me envia só até Jericó”; mas ele respondeu: “Tão certo como o Senhor vive e tu vives, não te deixarei!” E foram para Jericó. 5Os irmãos profetas que moravam em Jericó aproximaram-se de Eliseu e lhe disseram: “Sabes que hoje o Senhor vai levar teu mestre por sobre tua cabeça?” Ele respondeu: “Sei; calai-vos.” 6Elias lhe disse: “Fica aqui, pois o Senhor me envia só até o Jordão”; mas ele respondeu: “Tão certo como o Senhor vive e tu vives, não te deixarei!” E partiram os dois juntos.

7Cinquenta irmãos profetas foram também e ficaram parados a distância, ao longe, enquanto eles dois se detinham À beira do Jordão. 8Então Elias tomou seu manto, enrolou-o e bateu com ele nas águas, que se dividiram de um lado e de outro, de modo que ambos atravessaram a pé enxuto. 9Depois que passaram, Elias disse a Eliseu: “Pede o que queres que eu faça por ti antes de ser arrebatado da tua presença.” E Eliseu respondeu: “Que me seja dada uma dupla porção do teu espírito!” 10Elias respondeu: “Pedes uma coisa difícil: todavia, se me vires ao ser arrebatado da tua presença, isso te será concedido; caso contrário, isso não te será dado.” 11E aconteceu que, enquanto andavam e conversavam, eis que um carro de fogo e cavalos de fogo os separaram um do outro, e Elias subiu ao céu no turbilhão. 12Eliseu olhava e gritava: “Meu pai! Meu pai! Carro e cavalaria de Israel!” Depois não mais o viu e, tomando suas vestes, rasgou-as em duas. 13Apanhou o manto de Elias, que havia caído, e voltou para a beira do Jordão, onde ficou.

14Tomou o manto de Elias que havia caído dele e bateu com ele nas águas, dizendo: “Onde está o Senhor, o Deus de Elias?” Bateu também nas águas, que se dividiram de um lado e de outro, e Eliseu atravessou o rio. 15Os irmãos profetas de Jericó viram-no a distância e disseram: “O espírito de Elias repousa sobre Eliseu!”; vieram ao seu encontro e se prostraram por terra, diante dele.

Responsório Mt 3,23-24; cf. Lc 1,15.17

R. Eis que enviarei o profeta Elias
antes que chegue o grande e terrível dia do Senhor,
* Para que converta o coração dos pais pelos filhos
e o coração dos filhos pelos pais.

V.
João será grande diante do Senhor:
caminhará a sua frente, com o espírito e o poder de Elias,
* Para que.

Segunda leitura
Do “Tratado sobre os Mistérios”, de Santo Ambrósio, bispo

(Nn. 52-54.58: SCh 25 bis, 186-188.190)

(Séc. IV)

Este sacramento, que recebestes, tem por fonte a palavra de Cristo

Vemos que são maiores as obras da graça do que as da natureza. Entre as obras da graça, incluímos a graça da bênção profética. Se a bênção humana teve a força de mudar a natureza, que diremos da própria consagração divina, em que agem as palavras mesmas do Senhor e Salvador? Porque este sacramento que recebes se realiza pela palavra de Cristo. Se tanto pôde a palavra de Elias que fez o fogo descer do céu, não terá a palavra de Cristo o poder de mudar a substância dos elementos? Já leste acerca da criação do mundo inteiro que ele falou e tudo foi feito, ele ordenou e tudo foi criado. Portanto, a palavra de Cristo, que pôde do nada fazer o que não era, não poderá mudar o que existe para aquilo que não era? Dar novas naturezas Às coisas não é menos do que mudá-las.

Mas por que apresentamos argumentos? Voltemo-nos para seus exemplos, confirmemos pelos mistérios da encarnação a verdade do mistério. Acaso, quando Jesus nasceu de Maria, foi observada a natureza comum? Normalmente, a mulher concebe pela união com o homem. Está, portanto, bem claro que a Virgem gerou fora da ordem natural. E este que consagramos é o corpo que proveio da Virgem. Por que exiges aqui que seja segundo a natureza, quando foi além da natureza que da Virgem se deu o nascimento do mesmo Senhor Jesus? é realmente a verdadeira carne de Cristo que foi crucificada, sepultada; é verdadeiramente o sacramento desta carne. O próprio Senhor Jesus declara: Isto é o meu corpo. Antes da bênção das palavras celestes era outra realidade; depois da consagração, entende-se o corpo. Ele mesmo diz que é seu sangue. Antes da consagração é outra coisa; depois da consagração, chama-se sangue. E tu dizes: “Amém”; o que quer dizer: “é verdade”. Confesse o nosso interior o que proclamam os lábios, sinta o afeto o que a palavra soa.

Vendo tão grande graça, a Igreja exorta seus filhos, exorta os amigos a que acorram ao sacramento: Comei, amigos meus, bebei e inebriai-vos, meus irmãos. O que comemos, o que bebemos, o Espírito Santo pelo Profeta o exprimiu: Provai e vede, como é suave o Senhor; feliz de quem nele confia. Neste sacramento está Cristo porque é o corpo de Cristo. Não é, por conseguinte, alimento corporal, mas espiritual. O Apóstolo, falando da sua figura, dizia: Nossos pais comeram o pão espiritual e beberam da bebida espiritual. O corpo de Deus é corpo espiritual; o corpo de Cristo é corpo do espírito divino, porque Cristo é espírito, como lemos: O Espírito diante de nossa face, o Cristo Senhor. E na carta de São Pedro encontramos: E Cristo morreu por vós. Por fim este pão fortalece o nosso coração, e esta bebida alegra o coração do homem; assim nos lembra o Profeta.

Responsório Mt 26,26; Jó 31,31

R. Na Ceia derradeira Jesus tomou o pão,
deu graças e o partiu, deu aos discípulos, dizendo:
* Tomai e comei, pois isto é o meu corpo.

V.
Não diziam as pessoas que habitam minha tenda:
quem não se saciou da carne de sua mesa? * Tomai.

Oração

Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os filhos e filhas que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação, e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.