SEXTA-FEIRA

Ofício das Leituras

Primeira leitura
Do Livro de Judite 12,1-13,3

O banquete de Holofernes
Holofernes, 1mandou introduzi-la no lugar onde era colocada sua baixela de prata e ordenou que lhe preparassem a mesa com suas iguarias e que ela bebesse de seu vinho. 2Disse-lhe, porém, Judite: “Não comerei delas para que isso não seja motivo de falta para mim, mas me servirei das que trouxe comigo.” 3- “E se acabar o que tens, donde traremos coisa semelhante para dar-te?”, perguntou Holofernes. “Entre nós não há ninguém de tua raça.” 4Disse-lhe Judite: “Viva em paz, meu senhor, pois não acabará o que tenho comigo antes que o Senhor faça por minhas mãos o que decidiu.” 5Os ajudantes de campo de Holofernes conduziram-na à sua tenda. Ela dormiu até meia-noite. Quando chegou a vigília da manhã, levantou-se 6e mandou dizer a Holofernes: “Que meu senhor ordene que deixem tua serva sair para oração.” 7Ordenou, pois, Holofernes aos seus guardas que não a impedissem. Ela permaneceu três dias no acampamento. De noite, saía em direção da escarpa de Betúlia e se banhava na fonte, no posto avançado. 8Enquanto subia, pedia ao Senhor Deus de Israel que dirigisse seu caminho para o reerguimento dos filhos de seu povo. 9Depois de purificar- se, voltava e permanecia em sua tenda até o momento em que, à tarde, lhe traziam o alimento.
10
No quarto dia, Holofernes deu um banquete só para os seus oficiais, não convidando nenhum dos seus serviçais. 11Disse a Bagoas, o eunuco que cuidava de seus afazeres: “Vai e convence a mulher hebreia, que está junto de ti, a vir até nós, para comer e beber conosco. 12Seria uma vergonha para nós deixarmos esta mulher partir sem termos relações com ela. Se não a seduzirmos, rirão de nós!” 13Bagoas saiu da presença de Holofernes, foi ter com Judite e lhe disse: “Não tarde esta jovem beleza a vir à presença do meu senhor para ser honrada. Beberá conosco um vinho de regozijo e será, hoje, como uma das filhas dos assírios que vivem no palácio de Nabucodonosor.” 14Respondeu-lhe Judite: “Quem sou eu para opor-me ao meu Senhor? Tudo o que for agradável aos seus olhos eu o farei e isto será para mim motivo de alegria até o dia de minha morte.”
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Levantando-se, ela se adornou com suas vestes e com todos os seus enfeites femininos. Sua serva a precedeu e estendeu por terra, diante de Holofernes, as peles que recebera de Bagoas para seu uso diário, a fim de reclinar- se sobre elas para comer. 16Judite entrou e recostou-se. O coração de Holofernes foi arrebatado por ela, e seu espírito se agitou. Estava possuído de um intenso desejo de se unir a ela. Desde o dia que a vira, espreitava um momento favorável para seduzi-la. 17Disse-lhe Holofernes: “Bebe e alegra-te conosco.” 18Respondeu-lhe Judite: “Beberei, sim, senhor, porque nunca, desde o dia em que nasci, apreciei tanto a vida como hoje.” 19E, tomando o que sua serva havia preparado, comeu e bebeu diante dele. 20Holofernes ficou fascinado por ela e bebeu tanto vinho como nunca bebera em nenhum dia, desde que nascera.
13,1
Quando ficou tarde, seus oficiais apressaram-se em partir. Bagoas fechou a tenda por fora, depois de ter afastado da presença de seu senhor os que ali estavam. Foram dormir, pois estavam todos cansados por causa do excesso de bebida. 2Judite, porém, foi deixada sozinha na tenda com Holofernes, que estava caído em seu leito, afogado em vinho. 3Judite disse então à sua serva que ficasse do lado de fora do quarto e aguardasse sua saída, como fazia todo dia. Pois dissera que iria sair para sua oração, e também conversara com Bagoas nesse sentido.

Responsório 1Cor 1,27.29; 2Cor 12,9; 1Cor 1,28
R. Mas o que é fraqueza no mundo,
Deus o escolheu para confundir o que é forte,
a fim de que nenhuma criatura possa vangloriar-se diante de Deus.
* Pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder.
V. Deus escolheu o que no mundo é vil e desprezado,
o que não é, para reduzir a nada o que é.
* Pois é na fraqueza.

Segunda leitura

Do Tratado “sobre a oração”, de Orígenes, presbítero
(Nn. 7-8)
(Séc. III)


A oração assídua
Quanto à oração antes do nascer do sol, cumpre dizer o seguinte: Também o sol goza de alguma liberdade, pois que com a lua canta o Senhor, segundo diz a Escritura: Louvai o Senhor, sol e lua (Sl 148,3). O mesmo vale, é claro, para lua e, por consequência, para todas as estrelas: “Louvai o Senhor, todas as estrelas e a luz”. Como dissemos, Deus se serve do livre arbítrio de cada um de nós na terra, e o ordena em vista do bem de todos. Devemos, igualmente, supor que ele se serve da liberdade do sol, da lua e das estrelas, e como essa liberdade é imutável, firme, estável e sábia, ele dispõe em ordem tanto o ornato do céu, como os movimentos harmônicos dos astros do universo. Se, pois, não é em vão que eu oro pelas coisas que dependem da minha liberdade, com maior razão o faço em relação às coisas subordinadas à liberdade dos corpos celestes, que dançam ordenadamente no céu, de modo salutar para todo o universo.
Não é absurdo usar de exemplos, como o seguinte, para levar os homens a orar e afastá-los da sua negligência. Assim, portanto, não multipliqueis as palavras, não peças coisas insignificantes, nem coisas terrenas, nem venhas à oração encolerizado e de ânimo perturbado. É também incompreensível que alguém se entregue à oração sem a devida purificação. Como também não pode aquele que ora alcançar o perdão dos seus pecados, se não tiver, de coração, perdoado o irmão que o ofendeu e lhe pede indulgência (cf. Mt 18,21-22).
Penso que muitas são as vantagens destinadas a quem ora conforme convém ou se esforça a isto, na medida das suas forças. Antes de mais nada, é do maior proveito que a pessoa, preparando-se em espírito antes da oração, guarde essa atitude enquanto ora, e imagine que está na presença de Deus e lhe fala, como a alguém que por sua vez, também o vê e lhe está presente. Assim como certas imaginações e lembranças guardadas na memória mancham os pensamentos delas oriundos, assim também - devemos crer - é útil essa recordação da presença de Deus em quem pusemos a nossa confiança, e que conhece todos os movimentos da alma em suas últimas profundezas. Ele conhece, assim, que aquela alma se compõe para lhe agradar como a alguém que está presente e olha e acode a todo pensamento, aquele que examina os corações e perscruta os rins (cf. Sl 7,10).
Ainda que, por hipótese, aquele que dispõe o seu espírito para orar não colhesse disso nenhum fruto, não seria de pouco valor para ele ter-se recolhido tão piamente na hora da oração. Se, com efeito, a lembrança e a consideração de um homem bondoso e sábio nos provocam à emulação e refreiam as nossas inclinações ao mal, quanto mais a recordação de Deus, Pai de todas as coisas, unida à oração a ele dirigida, ajudará aqueles que estão certos de se encontrar na presença de Deus, estar junto dele, escutá-lo e com ele falar!

Responsório Cf. Jr 29,12-13; cf. Lc 18,1
R. Vós me invocareis,
e ireis e orareis a mim, e eu vos ouvirei.
* Buscar-me-eis, e me achareis,
quando me buscardes de todo o vosso coração.
V. É preciso orar sempre, sem nunca desfalecer.
* Buscar.

Oração

Ó Deus, que mostrais vosso poder sobretudo no perdão e na misericórdia, derramai sempre em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V.
Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.