SEGUNDA-FEIRAOfício das LeiturasPrimeira leitura
Do Livro da Sabedoria
9,1-18
Súplica para obter sabedoria
1“Deus dos Pais, Senhor de misericórdia,
que tudo criaste com tua palavra
2e com tua Sabedoria formaste o homem
para dominar as criaturas que fizeste,
3governar o mundo com justiça e santidade
e exercer o julgamento com retidão de vida,
4dá-me a Sabedoria contigo entronizada
e não me excluas do número de teus filhos.
5Pois sou teu servo, filho de tua serva,
homem frágil, de vida efêmera,
incapaz de compreender a justiça e as leis.
6Por mais perfeito que seja alguém entre os filhos dos
homens,
se lhe falta a Sabedoria que vem de ti, de nada valerá.
7Escolheste-me como rei de teu povo,
como juiz de teus filhos e de tuas filhas.
8Mandaste-me construir um templo em teu santo monte
e um altar na cidade onde fixaste a tua tenda,
cópia da tenda santa que preparaste desde a origem.
9Contigo está a Sabedoria que conhece tuas obras,
estava presente quando fazias o mundo;
ela sabe o que é agradável a teus olhos
e o que é conforme aos teus mandamentos.
10Dos céus sagrados, envia-a,
manda-a de teu trono de glória
para que me assista nos trabalhos,
ensinando-me o que de fato te agrada.
11E ela, que tudo sabe e compreende,
prudentemente me guiará em minhas ações
e me protegerá com a sua glória.
12Minhas obras serão assim bem acolhidas,
julgarei o teu povo com justiça,
serei digno do trono de meu pai.
13Pois, que homem conhece o desígnio de Deus?
Quem pode conceber o que deseja o Senhor?
14Os pensamentos dos mortais são tímidos
e falíveis os nossos raciocínios;
15um corpo corruptível pesa sobre a alma
e esta tenda de argila faz o espírito
pesar com muitas preocupações.
16A custo conjeturamos o terrestre,
com trabalho encontramos o que está à mão:
mas quem rastreará o que há nos céus?
17Quem conhecerá tua vontade, se não lhe deste Sabedoria
e não enviaste do alto teu espírito santo?
18Somente assim foram retos os caminhos dos terrestres,
e os homens aprenderam o que a agrada,
e a Sabedoria os salvou.”
Responsório
Cf. Sb 9,10.4
R. Concedei a vossa sabedoria, ó Senhor,
enviai-a do
trono de vossa glória,
para que, junto de mim, tome parte
em meus trabalhos,
* Para que eu saiba o que vos agrada.
V. dai-me a Sabedoria que partilha do vosso trono.
* Para que.
Segunda leitura
Dos Livros “As origens” de Orígenes, presbítero
(II, 6,2)
(Séc. III)
O mistério do verbo encarnado
Entre todas as coisas maravilhosas que podem ser ditas
sobre Cristo, há uma que supera absolutamente a admiração
daquilo que é capaz o espírito humano, e a fragilidade da
nossa inteligência mortal não sabe como compreendê-la ou
imaginá-la: que a onipotência da majestade divina, a própria
Palavra, a Sabedoria de Deus, na qual foram criadas todas as
coisas - as visíveis e as invisíveis - tenha se deixado fechar
nos limites de um homem que apareceu na Judeia. Este é
o objeto da nossa fé, porém, ainda mais, nós cremos que a
Sabedoria entrou no seio de uma mulher e nasceu entre os
vagidos e choros como todos os mortais. E sabemos que
mais tarde o Cristo conheceu o medo da morte a ponto de
exclamar: A minha alma está triste até a morte (Mt 26,38), e
que no fim foi conduzido à morte mais humilhante, mesmo
que depois tenha ressuscitado ao terceiro dia.
Nele encontramos, ao mesmo tempo, as características
divinas que são próprias somente daquela natureza soberana
e inefável. Diante disso, a inteligência humana, tão pequena, é tomada de tão grande admiração que não sabe o que
dizer nem como orientar-se. Sabe que Cristo é Deus, e no
entanto, o vê morrer; se portanto o considera um homem,
eis que o vê ressurgir com o seu penhor de vitória depois
de ter destruído o reino da morte.
A nossa contemplação, meditando no próprio Jesus a
verdade das duas naturezas, deve proceder com reverente
temor, seja evitando atribuir coisas indignas ou inconvenientes à inefável essência divina, seja evitando considerar
os acontecimentos históricos como ilusórias aparências.
Na verdade, explicar tais coisas à inteligência humana e
procurar expressá-las em palavras é uma tarefa superior às
nossas forças e aos nossos méritos e supera a inteligência
e as palavras. Ou melhor, penso que supere a capacidade
dos próprios apóstolos. E, ainda mais: a explicação desse
mistério transcende provavelmente toda a ordem das potências celestes.
Responsório
Fl 2,6-7; Jo 1,23
R. Cristo Jesus, estando na forma de Deus
não usou de seu
direito de ser tratado como um deus,
* Mas despojou-se de si mesmo
tornando-se semelhante
aos homens,
assumindo a forma humana.
V. Ele estava no princípio junto de Deus.
* Mas despojou-se.OraçãoÓ
Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a
graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao
encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.